Sistema de informação em saúde: conceções e perspetivas dos enfermeiros sobre o
prontuário eletrónico do paciente
Introdução
A informática é um recurso tecnológico atual em constante expansão,
apresentando-se como uma área inovadora que facilita o acesso às informações
(Oliveira, 2005). Tal recurso associado à saúde tem-se mostrado bastante
eficaz, contribuindo para otimizar o tempo e facilitar tarefas, principalmente
no que diz respeito ao sistema de informação nesta área.
O sistema de informação em enfermagem deve ser capaz de auxiliar o enfermeiro
durante a avaliação, planejamento e execução dos cuidados. De acordo com Marin
(1995), os sistemas de informação hospitalar e de informação em enfermagem
estão intrinsecamente relacionados, pois possuem objetivos em comum, como por
exemplo, alcançar uma maior produtividade, tornar as informações mais
disponíveis e facilitar o processo de comunicação.
Na busca por um modelo assistencial que utilize a informação com
características fundamentais para a organização, surge o prontuário eletrónico
do paciente (PEP), uma estrutura computacional que tem como proposta agrupar os
diversos dados que são produzidos durante o atendimento ao cliente por
diferentes profissionais da equipe de saúde (Moraes, 1994). Dessa forma,
devemos entendê-lo como uma estrutura eletrónica, onde há o armazenamento de
informações sobre a condição de saúde da pessoa ao longo da vida, além dos
tratamentos e cuidados prescritos e recebidos na instituição.
De acordo com Marin, Massad e Neto (2003), o registo em prontuário de forma
individualizada e cronológica dos factos surgiu no início do século XX. Em
meados desse século, os sistemas de informação em saúde foram impulsionados,
apresentando-se novos recursos. Para Gubiani, Rocha e D' ornellas (2003), a
partir dos anos 60 os sistemas de informação hospitalar começaram a surgir,
como também os microcomputadores, ocorrendo um crescimento exponencial de
aplicações de informática na área de saúde. A princípio, era utilizada para
atividades administrativas do hospital, como controle de stock prescrição
médica e faturamento. Nesse período, o registo médico continuava sendo
realizado em papel. No final desta década e início de 70, houve uma marcante
evolução dos sistemas computacionais, de forma a possibilitar o surgimento dos
primeiros sistemas de PEP.
Em 1991, o Institute of Medicine dos Estados Unidos, encomendou um estudo com o
objetivo de definir o PEP, além de propor medidas para a sua melhoria. O
resultado desse estudo, publicado no livro The Computer-based Patient Record -
An Essential Technology for Health care (Dick, Steen e Detmer, 1997), trouxe
novos conceitos, direcionou ações e definiu metas para a melhoria dos
prontuários.
Em conformidade com Gubiani, Rocha e D' ornellas (2003), os conceitos
apresentados nesse trabalho apontam para a utilização da informática como meio
de organizar e guardar informações existentes no prontuário em papel,
enfatizando que a responsabilidade de manter a informação é do médico, mas
também do cliente.
Diante dessas considerações, pode-se dizer que o PEP é um registo eletrónico
que reside num sistema especificamente projetado para facilitar o acesso a um
completo conjunto de dados, apoiar decisões e disponibilizar outros recursos,
como links para bases de conhecimento médico (Institute of Medicine,1997 apud
Marin, Massad e Neto, 2003).
A utilização de registos contribui seguramente para o planeamento, aplicação e
avaliação dos cuidados prestados, tornando-os individualizados, contínuos e
progressivos (Simões e Simões, 2007). Através do PEP o enfermeiro pode
apresentar um domínio mais amplo e mais consistente sobre as suas atividades,
permitindo um atendimento com menor chance de erros em tomadas de decisão. Além
disso, com o PEP não há perdas de informação e não há o perigo de erros devido
a registos ilegíveis. (Bemmel, 1997 apud Marin, Massad e Neto, 2003).
Apesar dos sistemas de informação computacionais representarem uma ferramenta
facilitadora na prática do enfermeiro, observa-se que muitas instituições
hospitalares brasileiras, sobretudo as públicas, ainda não a utilizam como
recurso para a enfermagem. Na instituição utilizada como cenário desse estudo,
por exemplo, apesar da adoção do PEP ser uma das metas da assessoria de
informática, o prontuário de papel ainda é o modelo em uso.
Diante da importância da participação do enfermeiro no processo de implantação
deste sistema de informação na instituição, contribuindo para o atendimento das
reais necessidades da prática, foram elaboradas as seguintes questões de
pesquisa: quais as concepções dos enfermeiros sobre o PEP? quais as
perspectivas dos enfermeiros em relação à implementação do PEP na instituição?
A partir dessas questões surgiram os objetivos: identificar as concepções dos
enfermeiros sobre o PEP e apontar as perspetivas desses profissionais sobre a
implantação do PEP na instituição.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa descritiva-exploratória, com abordagem qualitativa. As
pesquisas descritivas têm como principal objetivo a descrição das
características de determinada população ou fenómeno, ou então o
estabelecimento de relações entre variáveis obtidas por meio da utilização de
técnicas padronizadas de coletas de dados, tais como questionário e observação
sistemática (Figueiredo, 2008). Esse tipo de pesquisa permite reunir maiores
informações sobre o assunto investigado. Dessa forma é possível definir melhor
os objetivos ou ainda descobrir uma nova visão do estudo em questão. É uma
maneira de aprimorar as ideias, podendo ser através de entrevistas com pessoas
que têm experiências na área estudada.
A pesquisa foi realizada no Hospital Universitário Antônio Pedro da
Universidade Federal Fluminense (UFF) Niterói/RJ - Brasil. Os sujeitos da
pesquisa foram enfermeiros responsáveis por setores de internação, selecionados
de forma aleatória e de acordo com a disponibilidade e aceitação para
participar da pesquisa. Obtivemos uma amostra de 10 profissionais, que foram
entrevistados em seu próprio ambiente de trabalho, no período entre abril e
maio de 2010.
A técnica escolhida para coleta de dados foi entrevista semiestruturada. As
entrevistas foram gravadas e posteriormente transcritas e categorizadas. Para
preservar a identidade dos sujeitos, cada entrevista foi identificada por meio
de código numérico (E1).
Os dados foram analisados pelo método de análise de conteúdo descrito por
Bardin. Assim, após a leitura sistemática dos relatos colhidos, foi realizada
uma pré-análise (leitura flutuante); exploração do material e tratamento dos
resultados; inferência e posterior interpretação dos dados obtidos.
Foi realizada a codificação em recortes de unidades de contexto e de unidades
de registos que constituíram o recorte de ordem semântica que expressa a
essência das falas dos sujeitos, abrangendo os objetivos do estudo e a fase de
categorização, onde ocorreu o agrupamento em razão das unidades de registro
(Bardin, 1994). Os dados obtidos seguiram essas etapas, seguidas de discussão
dos resultados à luz dos referenciais teóricos que abordam a temática do
estudo.
O projeto foi submetido ao Comité de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (CEP)
do Hospital Universitário Antônio Pedro, como preconizado na Resolução 196/06
do Conselho Nacional de Saúde (CNS). O mesmo foi aprovado em 16 de abril de
2010, conforme parecer CEP CMM / HUAP nº 036/2010 CAAE nº 0144.0258.000-09. Os
sujeitos do estudo foram orientados a assinar um Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido, após explicitação dos objetivos do estudo e seus direitos como
participantes do mesmo.
Resultados e discussão
Apresenta-se a seguir as unidades de registo (UR) obtidas a partir das
respostas dos sujeitos em relação a cada pergunta realizada durante a
entrevista:
QUADRO 1 ' Apresentação das unidades de registro (UR)
A partir da interpretação e análise das unidades de registo, foram construídas
as seguintes categorias: prontuário eletrónico do paciente: um conhecimento a
ser conquistado pelos enfermeiros e perspetivas do enfermeiro sobre o
prontuário eletrónico do paciente, conforme descritas a seguir.
Prontuário eletrónico do paciente: um conhecimento a ser conquistado pelos
enfermeiros
No que diz respeito às concepções dos enfermeiros sobre o PEP, constata-se que
houve predominância de profissionais que visualizam este sistema de informação
como uma ferramenta que poderá trazer acesso, rapidez, disponibilidade,
facilidade, clareza, praticidade e otimização do espaço físico a partir do
armazenamento das informações em banco de dados. Essas concepções podem ser
evidenciadas nos discursos a seguir:
É um sistema online onde é possível acessar todas as informações pertinentes a
um paciente utilizando o número do prontuário ou cartão SUS. E1
Entendo que as informações referentes ao paciente estarão disponíveis de uma
forma mais ampla e fácil captura de dados. ...é facilmente utilizado pela
equipe e agiliza decisões quanto à terapêutica do paciente. Evita utilização de
espaço físico e avarias das impressões computadas de dados. E2
Ainda não faz parte da minha prática, mas acredito que seja prático, pois mais
pessoas podem acessar um mesmo prontuário ao mesmo tempo, quando necessário. O
paciente não precisará aguardar a chegada do prontuário para ser avaliado.E5
Acredito que seja uma excelente prática..., pois os dados clínicos do paciente
em todos os atendimentos ambulatoriais ou clínicos serão armazenados num banco
de dados, acabando com os imensos prontuários. ... e agiliza o atendimento. E7
Nos dá facilidade de acesso aos dados com mais rapidez, clareza, sem as
dificuldades do prontuário original, que muitas vezes não temos acesso, pois
outro profissional está usando, não entendemos a letra do profissional que
escreveu, etc.. E9
Essas concepções vão ao encontro do que refere Llapa Rodriguez et al., 2008,
quando ressalta os benefícios deste sistema, entre eles, o rápido acesso às
informações, que permite uma melhor atualização e avanços nas pesquisas frente
ao cuidado. Além de facilitar o compartilhar das informações com outros
profissionais e ampliar o conhecimento, permite a tomada de decisão mais
assertiva. Neste sentido, promove a personalização do atendimento e traz
efetividade, eficiência, eficácia e resolutividade ao cuidado.
Diante das concepções dos enfermeiros entrevistados em relação ao PEP,
constata-se um conhecimento superficial, enfim, que não acompanha a
cientificidade das inovações tecnológicas disponíveis na atualidade, o que nos
leva a afirmar a necessidade da atualização desses profissionais em relação à
temática em questão. Ressalta-se ainda, a ausência de conhecimentos, inclusive
por não possuírem esse sistema no hospital, fato evidenciado conforme o exemplo
a seguir:
Nunca ouvi falar E3
A esse respeito, Llappa Rodiguez et al. (2008) lembram a importância do
reconhecimento dos profissionais, das instituições e da sociedade em geral, em
relação ao uso do computador na área da saúde, assim como seus potenciais
benefícios, já que este recurso facilita o acesso, a comunicação e a qualidade
do cuidado.
Compartilhando com este pensamento, Benito e Liheski (2009) referem a
necessidade da constante atualização dos profissionais da saúde, pois quanto
mais conscientes, tornam-se mais capazes para desvendar a realidade, procurando
desmascarar sua mitificação e alcançar a realização do trabalho humano com
ações de transformação da realidade.
Nesse contexto, destaca-se a educação permanente, voltada para uma prática
institucionalizada, que enfoca os problemas de saúde e objetiva a transformação
das práticas técnicas e sociais. Ela é utilizada como política de formação e
qualificação dos profissionais, onde o processo educativo deve ser dinâmico e
trazer avanços sociais. Assim, auxilia os profissionais na adequação aos
contínuos avanços tecnológicos, como por exemplo, o PEP (Mancia, Cabral e
Koerich, 2004). Neste sentido, destaca-se ainda que o envolvimento do
enfermeiro no processo de educação permanente acontece com a aquisição contínua
de habilidades e competências que estejam de acordo com o contexto
epidemiológico e com as necessidades dos cenários de saúde, para que resultem
em atitudes que gerem mudanças qualitativas no processo de trabalho da
enfermagem.
Estas inovações exigem das organizações de saúde, neste caso do HUAP, processos
de mudança, que visem facilitar a inserção/atualização dos profissionais, pois
a falta de adesão ao sistema, segundo Mourão e Neves (2006), representa uma das
maiores causas do insucesso dos projetos de informatização nas organizações.
Perspetivas do enfermeiro sobre o prontuário eletrónico do paciente
Ao serem questionados sobre as perspectivas que teriam sobre a implantação do
PEP, as unidades de registo revelam perspectivas positivas, conforme
exemplificam as falas a seguir:
... histórico do paciente, exames recentes e melhoria nas repostas dos
pareceres entre as especialidades E1
Que venha melhorar a qualidade da assistência e agilizar o processo de
atendimento. ... facilidade em acessar os dados, em prescrever E6
Seria ótimo. Vai facilitar muito o serviço
E9
Costa (2001) descreve que são muitos os benefícios de um PEP, entre eles
destacam-se: a contribuição à decisão e a permuta eletrónica dos dados entre
setores e instituições. Enfatiza que, ao contrário do que se concebe, o PEP é
muito mais seguro e possui maior possibilidade de manutenção da
confidencialidade do que os prontuários em papel, no qual o risco de um acesso
não autorizado ocorrer é maior que num sistema eletrónico.
Apesar dos enfermeiros pesquisados não trabalharem com sistemas de informação
computacionais na instituição, acreditam no PEP como um sistema facilitador.
Entretanto, apontam a necessidade de capacitações e estrutura para implantação
do sistema, conforme mostram as falas a seguir:
Deverá ter cursos de capacitação para todos os funcionários, vários
computadores para acesso E3
Espero que haja treinamento e discussão sobre boas práticas de como facilitar
os serviços e beneficiar o atendimento ao cliente
E2
Cientes da necessidade da capacitação, alguns temem que a mesma não ocorra.
É um benefício quando a capacitação vem para todos antes da implantação do
processo. Caso contrário será um transtorno.Mais um fator de estresse, caso
não haja capacitação E8
É obvio para os enfermeiros que para se obter benefícios com o prontuário
eletrónico do paciente é preciso saber usá-lo.
Um outro ponto abordado foi a questão do sistema propiciar o estudo e a
pesquisa.
Para o profissional de saúde grandes benefícios para busca do histórico dos
pacientes e para pesquisa (estudo de caso) E1
Em conformidade com Mourão e Neves (2006), esse suporte eletrónico permite a
realização de estudos, servindo de apoio para o diagnóstico e para o tratamento
da saúde das pessoas, além da possibilidade oportunizar um melhor gerenciamento
dos recursos, melhorar os processos administrativos e financeiros e, ainda,
facilitar a avaliação da qualidade.Os sistemas de informação favorecem
pesquisas em texto livre e, quando armazenados de forma estruturada,
possibilita encontrar dados específicos para determinar se um item em
particular foi registado ou não, permitindo pesquisas coletivas e corroborando
com o levantamento estatístico (Costa, 2001).
Em relação às suas perspectivas quanto à operacionalidade do sistema,
descrevemos a fala a seguir:
... quando o sistema estiver fora do ar não tem como acessar o prontuário E5
Uma perspetiva negativa destacada pelos enfermeiros refere-se ao facto de o
sistema estar sujeito a falhas. A esse respeito, McDonald e Barnet (1990) apud
Marin, Massad e Neto (2003) citam a possibilidade do sistema ficar inoperante
por minutos, horas ou dias, o que não possibilita a consulta das informações
pretendidas. Essa questão também deve ser levada em consideração, porque
realmente o tempo de indisponibilidade das informações pode ser crucial. Porém,
vale lembrar que um bom sistema reduz a probabilidade de falhas desta natureza.
Além disso, uma boa gestão deve prever as possíveis falhas e estar apta a
corrigí-las de forma imediata.
Como todas as solicitações são online, às vezes a comunicação interpessoal se
perde. E6
A possibilidade de perda da comunicação interpessoal entre os componentes da
equipe de saúde foi ressaltada pelos enfermeiros. Esta possibilidade, segundo
Dejours (1993) apud Fonseca e Santos (2007), depende do tipo de relação que os
profissionais de saúde têm no seu lugar de trabalho. A cooperação está
profundamente relacionada à vontade das pessoas de trabalharem juntas e de
superarem coletivamente as contradições que nascem devido aos mandos da
organização do trabalho.
É bem complexo. Se for implantado deverá ter uma estrutura.E3
Para o intercâmbio de dados e gerenciamento de recursos, é necessária a adoção
de padrões de comunicação, leis e regras que regulamentem o processo de
transmissão, especialistas no desenvolvimento de sistemas de PEP e de redes
locais, regionais e nacionais que compreende uma infraestrutura mínima para a
sua implantação. (Marin, Massad e Neto, 2003).
Outra perspetiva destacada, diz respeito à segurança das informações, conforme
citação a seguir:
...as informações podem ficar à disposição de pessoas não aptas e podem
ocorrer falhas no sistema. E2
De facto, um sistema como este deve ser regido por um forte esquema de
segurança. Se na construção do sistema a segurança não for valorizada, a
probabilidade do mesmo fracassar é grande. Além disso, muitos processos legais
podem ser movidos contra a instituição (Valle et al., 2011; Marin, Massad e
Neto, 2003).
A indiferença quanto ao PEP pode ser destacada na fala a seguir:
... talvez o PEP não altere, ou seja, não irá interferir significativamente no
meu trabalho em particular. No contexto geral, talvez faça diferença E5
É natural que o novo cause estranheza e até mesmo rejeição dos profissionais
envolvidos, no entanto, uma boa aceitação depende da forma como a mudança é
apresentada. As inovações submetem as organizações de saúde a processos de
mudança que podem ser dificultados por uma atitude de resistência por parte dos
utilizadores (Cunha, Ferreira e Rodrigues, 2010). Sistemas que interferem nos
hábitos rotineiros das pessoas, em geral, não são bem aceites ou demoram algum
tempo para serem aceites, exigindo, portanto, envolvimento constante,
treinamento e ensino (Marin, Massad e Neto, 2003; Costa, 2001).
É seguro afirmar que, muitas vezes, não é a tecnologia que dificulta a
realização de novos sistemas, mas a natureza da organização ou forma de
trabalho tradicional dos profissionais. Sistemas integrados pressupõem não
somente serviços e organizações integradas, mas principalmente, profissionais
integrados. Este aspecto caracteriza, muitas vezes, a barreira crítica no
desenvolvimento e adoção de um PEP (Marin, Massad e Neto, 2003).
Conclusão
As conceções dos enfermeiros sobre o PEP destacaram que se trata de um sistema
facilitador da prática, tendo em vista o acesso, a disponibilidade das
informações, a rapidez, a praticidade, a clareza e a otimização do espaço
físico. Porém, as falas dos mesmos revelam um conhecimento superficial sobre o
assunto, facto que denuncia a necessidade urgente de capacitação, para
viabilizar a implantação do sistema na instituição.
Em relação às perspetivas, houve predomínio nas respostas dos enfermeiros de
pontos positivos como agilidade e pesquisa, entretanto, deixaram claro que sem
estrutura e capacitação, a implantação se torna inviável, tornando um possível
auxílio em um transtorno a mais para ser administrado. De facto, toda a
tecnologia do sistema pode se tornar inútil se não houver uma adesão em massa
dos profissionais.
A esse respeito, ressalta-se que a construção e a implantação de um sistema PEP
é complexo e requer intenso estudo, planeamento e treinamento intensivo para os
usuários. Embora muitas vezes atenda a todos estes requisitos, o sistema é
passível de rejeição pelos profissionais. Tal facto é extremamente importante e
merece uma atenção especial, devendo a organização manter os funcionários
informados e participantes do processo de construção e implantação, para
consequente compreensão do mesmo como facilitador de sua prática.
Os pontos negativos apontados como falha do sistema, impessoalidade nas
relações e falta de segurança são pertinentes, principalmente, pela falta de
conhecimento mais profundo sobre o tema e pela falta da vivência prática, já
que a instituição ainda utiliza o prontuário tradicional.
Ressalta-se que somente uma implantação bem feita e que conte com profissionais
conscientes e capacitados, trará como reflexo um trabalho bem estruturado,
planeado e organizado, com influência direta na atenção integral ao cliente.
Por fim, a compreensão do PEP como um processo e não um produto torna-se
premente, devendo ser considerado como um sistema de informação que permitirá
acesso, segurança e padronização. Assim, a implantação do PEP é uma grande
jornada, que necessita de trabalho conjunto com a participação de todos.