Tempo de mudanças
Nota editorial
Tempo de mudanças
Jorge Olímpio Bento
Aparentemente os ventos que hoje sopram no cenário internacional não são
determinados pela mudança. É como se eles fossem mais do mesmo. Todavia, se
eles não são directamente portadores de mudança, trazem no seu bojo razões de
sobra para que se proceda a alterações e transformações. Com efeito as mudanças
tanto são insufladas pela evolução da conjuntura como pela necessidade de
reagir à manutenção das circunstâncias.
Quando olhamos para o Mundo e para os acontecimentos mais importantes que nele
ocorrem, por exemplo, a reeleição do Presidente dos EUA e a eleição do novo
Papa, fica-se com a sensação de que pouco ou nada mudou, de que a continuidade
é a marca deste tempo. Mas não é bem assim; as reacções a este aparente
imobilismo não se fazem esperar.
Igualmente quando as coisas estão bem, seja com pessoas, seja com instituições
ou com projectos, acontece uma situação em tudo similar. Para que o bem-estar
se prolongue e consolide, urge inovar e avançar com decisões e medidas
susceptíveis de alargarem as perspectivas e horizontes. Mudar é uma exigência
imposta pelas leis da vida.
É precisamente neste conceito que a RPCD bebe as referências da sua orientação.
Os curtos anos da sua existência foram assinalados por um crescente
reconhecimento dentro e fora de portas. De resto ao dizer-se portuguesa ela não
se atém ao País, mas quer sobretudo enfatizar a sua ligação ao espaço
geográfico e cultural balizado pelo idioma em causa.
Para que a RPCD possa corresponder à aceitação que tem merecido junto da
comunidade das Ciências do Desporto e das entidades e instâncias de
financiamento e acreditação nacionais e internacionais, é chegada a hora de
proceder a algumas mudanças. Delas se espera um impulso renovador da missão que
preside à publicação.
A primeira mudança é a do aumento dos números de publicação anual, que passam
já no presente ano de dois para três. Com isto queremos melhorar as
possibilidades de satisfação do legítimo interesse de muitos investigadores que
pretendem ver os seus estudos publicados nesta revista e dentro de um horizonte
temporal razoável. A procura tem aumentado constantemente, sem que haja
qualquer tendência de abaixamento da qualidade dos trabalhos apresentados. É,
pois, justo que se melhore a oferta de oportunidades de publicação.
Uma segunda mudança coloca restrições à publicação de trabalhos de revisão
bibliográfica. Esses trabalhos somente serão aceites, se tiverem sido
elaborados a convite da RPCD. A restrição é ditada pelo elevado número de
estudos submetidos a apreciação, bem como pela necessidade de preservar a
vocação e identidade da revista como um espaço de publicação preferencial de
trabalhos originais. Ademais, se tudo continuasse como até agora, o tempo de
espera para publicação tenderia a alargar-se, com manifesto prejuízo para os
autores.
Do mesmo modo a revista passará a estar aberta à publicação de ensaios,
igualmente se forem por si encomendados. As normas de publicação passam a
conter indicações respeitantes a estes casos.
A terceira mudança ocorre nos órgãos editoriais e de consultoria, quer na sua
designação, quer na respectiva composição. Procura-se assim uma configuração
conforme aos padrões internacionais.
Acresce que os números já editados pela RPCD, com excepção dos números
correspondentes aos dois últimos anos, passam a estar disponíveis gratuitamente
no portal de que ela dispõe na internet. Desde o seu começo a revista nunca
perseguiu intuitos comerciais; pelo contrário, sempre se pautou pelos ideais de
divulgação, de partilha e solidariedade. Ora há instituições e pessoas para as
quais a medida adoptada pode ser de grande utilidade, razão bastante para a
tomar
Em suma, os tempos são de mudança. Para a RPCD, para todos e cada um de nós.
Com a finalidade de assim conservarmos, inovarmos e prolongarmos os princípios,
sonhos e ideais que nos movem.
Faculdade de Desporto da Universidade do Porto
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