Teses de Doutoramento
Teses de Doutoramento
António Carlos Ribeiro Silva (2006). Abordagem curricular por competências no
Ensino Superior: um estudo exploratório nos cursos de Administração, Ciências
Contábeis e Economia no Estado da Bahia — Brasil. Tese de Doutoramento em
Educação apresentada à Universidade do Minho (Área de conhecimento:
Desenvolvimento Curricular)
Resumo
As abordagens sobre a organização curricular no Ensino Superior não têm
ocorrido com tanta frequência como na escola dos Ensinos Básico e Secundário,
pois repensar o currículo nestes níveis proporciona reflexão sobre a actual
tensão em torno da qualidade dos cursos. Esta tese consiste num estudo sobre a
abordagem curricular por competências, com ênfase nos cursos de graduação de
Administração, Ciências Contábeis e Economia. O trabalho desenvolve-se a partir
da identificação das orientações curriculares do Ministério da Educação do
Brasil, que sinalizam a abordagem por competências como eixo norteador para os
cursos de graduação. Assim, o estudo teve estes objectivos: a) identificar as
actuais abordagens curriculares nos cursos investigados; b) analisar as
competências e habilidades definidas pelo MEC para os cursos em estudo; c)
constatar a importância atribuída pelos coordenadores dos cursos quanto às
directrizes curriculares; d) conhecer as normas estabelecidas pelo MEC para os
cursos de Administração, Ciências Contábeis e Economia; e) propor referenciais
para uma abordagem curricular por competências. As bases analíticas foram
elaboradas a partir da trilha teórica construída sobre o assunto, associada à
trilha metodológica, procurando descobrir se, nos cursos pesquisados, havia o
predomínio de currículos centrados em aspectos conteudais, com ênfase no ensino
transmissivo, ou se se encontravam adaptados às mudanças legais, contidas num
ensino por competências. O estudo empírico baseou-se numa metodologia
quantitativa e qualitativa, com recurso à análise documental, ao inquérito por
entrevista e ao inquérito por questionário. Os sujeitos pesquisados foram os
coordenadores de cursos, os professores e os alunos do último semestre ou ano
dos cursos pesquisados, nas Instituições de Ensino Superior com mais de sete
anos, que ofereciam tais cursos no Estado da Bahia – Brasil. Foram aplicados
inquéritos por questionário aos docentes e discentes, realizadas entrevistas
aos coordenadores de cursos e foi também realizada uma análise documental
(dispositivos legais que abordam as directrizes curriculares nacionais). Em
síntese, os dados revelam que, nos cursos investigados, o ensino é ainda de
natureza transmissiva, reprodutora e conteudista, com escassas mudanças
relativamente ao que é preconizado nas orientações legais, pois não é ainda
utilizada a abordagem curricular por competência. Por isso, a preocupação
principal deste trabalho investigativo foi a de elaborar alguns referenciais
para a organização de um currículo por competências, capaz de contribuir para
mudanças de paradigma educacional, através da construção de novos caminhos
educativos, criando e recriando condições que nos permitam desenvolver
alternativas de aprendizagens, que atendam às necessidades, interesses dos
sujeitos aprendentes.
Artur Manuel Sarmento Manso (2006). Filosofia educacional na obra de Agostinho
da Silva. Tese de Doutoramento em Educação apresentada à Universidade do Minho
(Área de conhecimento: Filosofia da Educação)
Resumo
Este trabalho, intitulado Filosofia educacional na obra de Agostinho da Silva,
é a tese de Doutoramento em Educação, área de especialização em Filosofia da
Educação, de Artur Manso. É constituído por três capitulos, um índice, uma
introdução, uma conclusão e um anexo.
Na introdução, justificam-se os objectivos da investigação, explicando-se a
metodologia usada e a forma como é organizado o trabalho.
No primeiro capítulo, é feita a apresentação e a classificação da totalidade da
obra agostiniana reunida para estudo.
No segundo capítulo, expõem-se as ideias pedagógicas de Agostinho da Silva,
inventariando as suas reflexões sobre a educação escolar e extra-escolar e
sobre aquelas que considerou serem figuras modelares da Humanidade. Apresentam-
se, ainda, as suas reflexões sobre a educação portuguesa, evidenciando, por um
lado, os modelos educativos que rejeitou e, por outro, os rumos que apontou,
apresentando-se, ainda, aquelas que, em sua opinião, eram as figuras modelares
da portugalidade.
No terceiro capítulo, abordam-se os fundamentos filosóficos das ideias
pedagógicas. Num primeiro momento, investiga-se a sua reflexão em torno do
Conhecimento, do Ser, de Deus e do Mundo, bem como a sua concepção de Homem e a
sua visão sócio-económica. Num segundo momento, trata-se exclusivamente de
Portugal, expondo os núcleos essenciais da especulação que o pensador nos legou
sobre a origem, evolução e destino da sua Pátria.
Na conclusão elencam-se, capítulo a capítulo, as principais ilações retiradas
do trabalho desenvolvido de acordo com os objectivos de investigação
previamente demarcados.
Quanto à bibliografia, organiza-se em três campos: I. De Agostinho da Silva;
II. Sobre Agostinho da Silva; III. Complementar.
Anexam-se três documentos. 0 primeiro é a impressão das últimas dez páginas de
um manuscrito ainda inédito de Agostinho da Silva e a fixação do texto. 0
segundo é a reprodução de uma Circular, assinada por Agostinho, que acompanhou
as colecções dos Cadernos, no ano de 1942. Por último, dão-se a conhecer as
folhas do livro de termos de abertura e renovação de matrícula do Liceu
Rodrigues de Freitas, do Porto, que registam a progressão escolar do pensador
ao longo dos anos em que o frequentou.
Ana Maria Coelho de Almeida Peixoto (2006). As Ciências Físicas e as
actividades laboratoriais na Educação Pré-Escolar: diagnóstico e avaliação do
impacto de um programa de formação de Educadores de Infância. Tese de
Doutoramento em Educação apresentada à Universidade do Minho (Área de
conhecimento: Metodologia do Ensino das Ciências)
Resumo
Desde os primeiros anos de vida, as crianças vão construindo ideias acerca dos
fenómenos físicos que observam no mundo que as rodeia. Quando ingressam na
Educação Pré-Escolar usam estas ideias para compreender muitos fenómenos
físicos e para explicarem a sua ocorrência. Muitas vezes, os Educadores de
Infância não estão conscientes da existência dessas ideias e conduzem as
crianças à exploração do mundo como se se tratasse do primeiro contacto da
criança com os fenómenos físicos em causa. Diversos autores atribuem esta
postura à insegurança científica e metodológica destes profissionais e ao seu
receio em serem questionados pelas crianças relativamente a assuntos que
dominam pouco. Esta insegurança pode dever-se à escassez de formação no domínio
das ciências, facultadas a estes profissionais durante o Ensino Secundário e
Superior. Esta falta de formação é particularmente relevante no caso da Física
e da Química, dada a pequena expressão que as ciências têm nos currículos dos
cursos de formação de Educadores de Infância, e pode também justificar o baixo
recurso a actividades laboratoriais, especialmente do domínio das Ciências
Físicas, por parte destes profissionais, bem como o facto de as actividades
laboratoriais implementadas serem, geralmente, do tipo ilustrativo, com
procedimento desenhado e executado pelo Educador de Infância, e não
explicitamente relacionadas com os conhecimentos prévios das crianças.
Neste contexto, foi realizada uma investigação que envolveu dois estudos
complementares. No primeiro, através do inquérito por questionário, procurou-se
caracterizar as práticas referentes à abordagem de assuntos do âmbito das
Ciências Físicas, com recurso a actividades laboratoriais, dos Educadores de
Infância portugueses (N=228), do distrito de Viana do Castelo, e analisar a sua
formação prévia em ciências, bem como as eventuais necessidades de formação
sentidas pelos participantes no estudo. No segundo estudo, avaliou-se o impacto
de um programa de formação que foi desenhado e aplicado a 16 Educadores de
Infância do concelho de Viana do Castelo, na abordagem de assuntos do âmbito
das Ciências Físicas, com recurso a actividades laboratoriais com crianças dos
três aos seis anos de idade.
Os resultados do primeiro estudo mostraram que: a formação em ciências da maior
parte dos participantes no estudo terminou no 9° ano de escolaridade; durante a
formação inicial e em serviço a maioria destes profissionais não abordaram
assuntos do domínio das Ciências Físicas, com recurso a actividades
laboratoriais; muitos deles afirmaram evitar a abordagem com as crianças de
assuntos relacionados com este domínio, embora estejam convencidos que as
crianças aderem bem às actividades laboratoriais; a maioria reconheceu ter
falta de formação aos níveis cientifico e metodológico para a abordagem de
assuntos do domínio das Ciências Físicas.
O segundo estudo envolveu quatro fases: diagnóstico, formação, aplicação de
conhecimentos no Jardim-de-Infância e avaliação final. As entrevistas
realizadas na fase de diagnóstico mostraram que os Educadores de Infância
acreditavam nas potencialidades das actividades laboratoriais, mas apenas as
usavam para abordar temas relacionadas com a água. Para além disso, as
actividades usadas eram fechadas, de tipo ilustrativo, e não tinham em conta as
ideias prévias das crianças. Na sequência da formação, os Educadores de
Infância passaram a implementar, com as suas crianças, diferentes tipos de
actividades laboratoriais, com diferentes graus de abertura, sendo a maioria
destas actividades destinadas à reconstrução de conhecimento conceptual das
crianças e ao desenvolvimento de conhecimento procedimental. A avaliação final,
baseada em observação de práticas, análise de documentos e entrevistas, mostra
que: as dificuldades científicas e metodológicas inicialmente manifestadas
pelos Educadores de Infância foram diminuindo e que, para tal, contribuiu o
acompanhamento da formadora na fase de aplicação; as concepções sobre
actividades laboratoriais e sua utilização no ensino das ciências evoluiram,
aproximando-se das concepções mais consensuais entre os especialistas neste
assunto.
Os resultados desta investigação apontam para a necessidade, não só de uma
reformulação dos currículos da formação inicial de Educadores de Infância, de
modo a incrementar a formação científica e metodológica dos novos
profissionais, mas também de um maior número de acções de formação no âmbito
das Ciências Físicas, em geral, e do seu ensino com recurso a actividades
laboratoriais, em particular, a fim de reforçar a formação dos educadores em
serviço e de contribuir para que as crianças comecem, desde cedo, a olhar mais
crítica e interessadamente para o mundo que as rodeia.
Cleomar Landim Oliveira (2006). Deficiência mental leve: o lugar da
representação espacial do corpo na aprendizagem da escrita. Tese de
Doutoramento em Psicologia apresentada à Universidade do Minho (Área de
conhecimento: Psicologia da Educação)
Resumo
Este estudo investigou a construção da escrita em crianças deficientes mentais
leves, em processo de inclusão em escolas públicas e particulares. Compuseram a
amostra 61 crianças com idade entre 8 e 11 anos (29 meninas e 32 meninos). Os
instrumentos usados foram: Matrizes Progressivas Coloridas de Raven para
verificação da inteligência; ABC para averiguar o nível de maturidade e a
motricidade fina; Bender para esclarecer a possibilidade de organicidade;
Goodenough para verificação do esquema corporal e a idade mental (IM); Escala
de Ozeretzki, revista por Guilmain e adaptada por Costallat, para a verificação
da idade motriz (IMo); Teste de Representação do Corpo para o estudo da relação
entre a funcionalidade motora e a representação espacial do corpo (TEREC);
teste de Relações Espaciais; Anamnese com os pais, para verificação da história
de vida da criança; Entrevista com as professoras e o levantamento nos
prontuários de cada criança para a verificação das variáveis idade, atraso,
retenção escolar e etiologia normal e patológica. Verificou-se que o
desenvolvimento do esquema corporal encontrou valores inferiores nas crianças
do grupo de controle no pós-teste do que no grupo experimental. Apesar das
crianças do grupo experimental terem, ainda, uma rotina de movimento longe do
esperado, apresentaram maiores índices de movimentação e aumento do nível
mental, após se submeterem ao programa psicomotor de estimulação. Também a
nível da escrita, puderam ser verificados ganhos significativos nos quatro
parâmetros considerados (flexibilidade, direccionalidade, ligação e traçado)
por parte das crianças do grupo experimental. Pode-se inferir, com base nestes
resultados, que há uma falta de estimulação psicomotora nos diversos contextos
de desenvolvimento destas crianças. Muitas vezes os seus pais, por
superprotecção, bem como por falta de informação e medo de os exporem a
perigos, acabam por não oferecer situações favoráveis ao seu desenvolvimento
psicomotor. Outros elementos que podem vir a explicar os resultados encontrados
referem-se à idade de início da escolaridade. Neste contexto, o problema existe
pela falta de experiências motoras infantis e pela falta de convívio
significativo para esse desenvolvimento, assim como pela pressão que sofrem por
parte dos pais e dos professores para a aprendizagem da escrita. No estudo
realizado, as dificuldades na aprendizagem da escrita mostram a necessidade de
um trabalho psicopedagógico e psicomotor que aborde o desenvolvimento cognitivo
e psicomotor, a fim de desenvolver a representação espacial do corpo, a
orientação espacial e a motricidade da criança.
Centro de Investigação em Educação
Instituto de Educação
Universidade do Minho - Campus de Gualtar
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