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variedadeEu
ano2003
fonteScielo

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Editorial Editorial Os artigos publicados neste número de Sociologia, Problemas e Práticasinscrevem-se numa dinâmica de crescente internacionalização das ciências sociais, que aqui se manifesta pelos temas, pelos autores e pelas línguas de publicação.

Os textos de Rosemary Crompton e de Michael Vester correspondem a duas conferências apresentadas no ISCTE, resultado de colaboração do CIES e do Departamento de Sociologia deste instituto com a Fundação Friedrich Herbert, que convidou estes investigadores para virem a Portugal abordar a problemática das desigualdades sociais.

No seu artigo, Rosemary Crompton desenvolve uma reflexão em torno de debates que focam as relações entre género e classes sociais. Reportando-se às perspectivas emergentes nas décadas de 1980 e 90, que destacam a dimensão cultural em detrimento da económica, a autora mostra como o que designa por viragem cultural no feminismo, ao centrar-se em exclusivo na componente da sexualidade no género, descura a dimensão de classe, apesar da importância desta última, nomeadamente, para a análise da divisão sexual do trabalho.

Michael Vester propõe uma interpretação dinâmica das teorias de Bourdieu sobre o habitus de classe e o espaço social, a partir das quais e tendo como base uma série de pesquisas empíricas realiza uma análise elaborada das estruturas e das culturas de classe na Alemanha. Para além da evidenciação das potencialidades analíticas generalizáveis do modelo teórico-operatório desenvolvido pelo autor (aplicado também à França, à Itália e à Grã-Bretanha), os resultados empíricos permitem-lhe ainda refutar as teses do desaparecimento das classes sociais.

No domínio sócio-político, Carsten Schneider analisa as problemáticas da corrupção e da confiança nas instituições, e o respectivo papel na consolidação das democracias da América Latina. A comparação empírica internacional permite- lhe discutir a questão teórica das relações entre atitudes dos cidadãos e processos de consolidação da democracia.

O contributo de Miguel Correia Pinto e Manuel Mira Godinho discute a relação entre conhecimentos tradicionais e propriedade intelectual. Chamando a atenção para a importância que os conhecimentos tradicionais podem presentemente representar para a inovação, em concreto no domínio da biotecnologia, os autores defendem a necessidade de ser criada regulamentação internacional e tecem uma reflexão em torno dos principais aspectos que esta deverá contemplar.

Gustavo Cardoso, Carlos Cunha e Susana Nascimento analisam as representações dos deputados portugueses sobre as novas tecnologias da informação e sobre o uso que fazem da Internet na sua actividade política, identificando também os obstáculos que se colocam à construção de uma democracia digital.

Cristina Lobo e Cristina Palma Conceição escrevem sobre o recasamento em Portugal. A partir da exploração de várias fontes de informação estatística, estas autoras traçam um quadro das principais tendências que o fenómeno assume no país, identificando ao mesmo tempo o perfil social de quem o protagoniza.

O texto que Tom Burns apresenta, em co-autoria com Marcus Carson, decorre, por seu turno, de uma das várias conferências por ele proferidas enquanto permaneceu no Departamento de Sociologia, como professor visitante do ISCTE, apoiado pela Fundação Calouste Gulbenkian. Os autores analisam os padrões de elaboração de políticas e as configurações da governança em diferentes sistemas políticos, aplicando a perspectiva do novo institucionalismo à comparação entre modelos pluralistas e neocorporativos, evidenciando ainda as especificidades do modelo desenvolvido na União Europeia.

Por fim, na rubrica Notas, o leitor encontrará ainda um texto de João Peixoto e Rafael Marques sobre a sociologia económica em Portugal.

Maria das Dores Guerreiro


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