Dez anos da Medievalista online: Um testemunho
DESTAQUE
Dez anos da Medievalista online ' Um testemunho
Adelaide Miranda*, Pedro Chambel**
*Universidade Nova de Lisboa, IEM - FCSH/NOVA, 1069-061 LISBOA, Lisboa,
Portugal.E-mail: mmac@fcsh.unl.pt
**Universidade Nova de Lisboa, IEM - FCSH/NOVA, 1069-061 LISBOA, Lisboa,
Portugal.E-mail: pedrochambel@live.com.pt
Data do texto: Novembro de 2014
Há dez anos nasceu a revista online do Instituto de Estudos Medievais, a
Medievalista. Ao lembrarmos agora o período que passámos como seus editores, a
primeira memória que nos surge é a do nosso mestre e colega Luís Krus, que teve
a visão pioneira de lançar a revista num formato digital.
Na verdade, a Medievalista online, ao seguir o caminho apontado pelo Luís,
abriu um futuro diferente para as revistas da área das Ciências Sociais em
Portugal, garantindo a exigência crítica e a qualidade que todos
ambicionávamos. Para o Luís, a revista devia ser abrangente no que tocava às
áreas a estudar da medievalidade, dando lugar não só à História, mas também à
Literatura, à Arte e à Música, praticando a multi e a interdisciplinaridade, de
que o nosso director era um acérrimo e esclarecido partidário e de cujas
vantagens estávamos todos conscientes. Pretendia-se ainda que a revista desse
notícias de acontecimentos que propusessem o aprofundar dos estudos da Idade
Média no nosso país, difundir trabalhos de novos investigadores - sem nunca
descurar a qualidade dos artigos apresentados - e que fosse um veículo para o
reconhecimento do recentemente criado Instituto, assim como um meio de
divulgação das suas actividades. A vontade de criar uma publicação associada ao
recente Instituto tinha sido uma prioridade sentida por todos os membros da
direcção do IEM da altura. Perspectivávamos uma edição como as que até então
tinham sido dominantes e usuais, ou seja, uma revista que fosse impressa em
papel. Dificuldades ligadas às exigências económicas dos editores, que punham
em causa o valor científico, levaram a que fosse criada em alternativa a
revista online.
O percurso da Medievalista acompanhou o do próprio IEM. O grupo inicial que
lutara pela sua implementação e apoiara a revista, aumentado com a entrada de
novos doutorados, reagiu à prematura morte do Luís Krus e acabou por levar o
IEM na senda de um caminho que ainda hoje se pauta pelos princípios que desde o
início o guiaram. O segundo número da Medievalista teve já a participação do
nosso colega Bernardo Vasconcelos e Sousa, que com dedicação e exigência
assegurou a continuidade do projecto.
O trabalho que fizemos logo para o número seguinte incluiu o pedido de artigos
dedicados ao estudo de diversas áreas da medievalidade, a sua leitura e
apreciação crítica, a normalização dos textos e finalmente o seu envio para
serem postos online. Em três anos, divulgámos teses, editámos trabalhos de
novos investigadores, iniciámos a publicação de recensões, tivemos as primeiras
colaborações internacionais e a revista passou a apresentar trabalhos numa
língua estrangeira. Na verdade, o nosso mérito foi sobretudo o de termos
assegurado a continuação do que já tinha sido perspectivado para a revista,
desde o seu primeiro número.
A partir do número 5, no segundo semestre de 2008, a revista
"profissionalizou-se" através de mudanças estruturais que acabaram
por fazer com que seguisse no rumo de reconhecimento que todos desejávamos. Foi
então que José Mattoso assumiu a direcção da revista, a redacção foi aumentada
com a entrada de Luís Filipe Oliveira e com o regresso de Bernardo de
Vasconcelos e Sousa, que em breve assumiu o cargo de subdirector, juntando-se-
nos mais tarde a Adelaide Costa, enquanto pela primeira vez pudemos contar com
uma assistente de redacção, a Maria Coutinho. Foi ainda criado o conselho
editorial e a periodicidade da edição mudou de anual para semestral. Passou
então a haver condições para evoluir e alcançarmos o reconhecimento que a
Medievalista tem hoje entre o conjunto das revistas que em Portugal se dedicam
ao estudo da História, para além de se destacar pela pluridisciplinaridade que
apresenta e com a ambição de abarcar análises interdisciplinares. Os artigos da
revista são escrutinados por árbitros nacionais e estrangeiros e surge
difundida em plataformas que lhe asseguram o reconhecimento internacional. Não
esqueçamos, como referimos, o seu lugar de pioneira no que respeita ao seu
suporte de divulgação e que hoje é consagrado em tantas publicações
científicas, sendo justamente considerada como uma precursora, uma revista que
acabou por abrir caminho em Portugal a outras pertencentes ao domínio dos
estudos sociais que vieram a seguir o seu original caminho e também optaram no
nosso país pela edição e difusão digitais.
É assim orgulho o que sentimos quando olhamos para trás e pensamos que ajudámos
a construir a Medievalista e, sobretudo, que na primeira hora estivemos ao lado
de Luís Krus, um amigo que não esqueceremos, ajudando-o a preparar a edição
desse número inicial que foi antes de mais resultado do seu trabalho e da sua
dedicação. Ao logo destes últimos 10 anos, através da participação no Conselho
Editorial, hoje alargado, contribuímos para garantir a periodicidade e a
qualidade da revista que surge, em cada semestre, como o resultado de um
trabalho de conjunto de uma equipa da qual ainda fazemos parte.
Esperamos, no futuro, continuar a fazer parte do grupo que duas vezes por ano
constrói a Medievalista, espaço aberto a todos que com exigência científica
pretendam divulgar, aprofundar e debater os estudos Medievais.
COMO CITAR ESTE ARTIGO
Referência electrónica:
MIRANDA, Adelaide; CHAMBEL, Pedro, "Dez anos da Medievalista online Um
testemunho". Medievalista [Em linha]. Nº17 (Janeiro - Junho 2015). [Consultado
dd.mm.aaaa]. Disponível em http://www2.fcsh.unl.pt/iem/medievalista/
MEDIEVALISTA17/mirandachambel1702.html.