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A herança romana no mundo atual

Abstract

O império romano ficou caraterizado pelo domínio de territórios vizinhos e pela sua vasta influência mundial. Relacionado com o seu apogeu é possível ouvir nomes como o de Octávio Augusto. A acumulação de diversos descuidos levou este império à sua ruína mas nem por isso ficou esquecido.

Palavras-chave: império romano; influência mundial; apogeu

Introdução

O estudo sobre a história de Roma é dos estudos mais importantes e fascinantes. Com ele aprendemos a definir a forma como observamos o mundo e olhámos para nós mesmos. Mesmo após tantos séculos, os Romanos continuam na base das artes, da política ocidental e de muitas outras coisas. O principal objetivo deste trabalho é mostrar que a arqueologia não é sinónimo de passado mostrando assim que estes vestígios possuem voz própria nos dias que correm.

O Latim

A fundação de Roma é um acontecimento ainda pesquisado por arqueólogos. Os Romanos elaboraram um complexo conto mitológico sobre a origem da cidade, que se uniu à obra histórica de Tito Lívio. Naquela época, as lendas oriundas de textos antigos foram trabalhadas e fundidas num conto único a favor do Estado. Os estudos arqueológicos feitos através de escavações tentam reconstruir a realidade que existe no conto mítico, no qual se reconhecem alguns elementos de verdade.

Foi com a evolução deste império que surgiu o latim. O latim é uma língua que teve origem na região do Lácio. No início era uma língua exclusiva de Roma mas à medida que o seu território se foi expandindo, o latim estendeu-se a toda a Europa dando origem a diversas línguas nomeadamente o português.

Nos dias de hoje, o latim é uma língua considerada morta por apresentar um número muito reduzido de falantes. Apesar disto, consegue se manifestar em várias situações do nosso dia-a-dia e ter uma influência enorme. Em primeiro lugar, o Latim está na origem de várias palavras que conhecemos e utilizamos diariamente. Toda a gente conhece por exemplo: curriculum vitae, priori, idem e ave. Estas palavras fazem parte de um leque enorme de vocabulário deixado pelo legado romano. Em segundo lugar, esta língua é a mais falada no vaticano. É neste idioma que o Papa reza a missa e lê a bíblia mostrando assim a grande influência romana.

De ponto de vista arqueológico, o latim continua a comunicar com a realidade através da epigrafia. Com a leitura de Epigrafes, os arqueólogos conseguem perceber a maneira como este povo escrevia e o valor que davam a certos eventos.

A Literatura

A literatura romana é um espelho da grega. Nos primórdios da literatura, o que existia era uma imitação das letras helénicas, limitavam-se a traduzir as obras mais populares da Hélade. Os mais notáveis vultos do período inicial são Plauto e Terêncio.  Plauto, “o poeta do povo”, chegou a gozar de grande popularidade, criticava nas suas  comédias os costumes de seu tempo e possivelmente foi o maior cómico romano.  Terêncio, embora cartaginês e escravo, foi na sua época um ídolo do patriciado romano com as suas peças “O atormentador de si mesmo”, “O eunuco”, “A sogra” e “Os dois irmãos”.

Embora Herdeira das formas literárias criadas pelos gregos, a sociedade romana foi um centro de difusão cultural, reunindo poetas, filósofos, juristas, teatrólogos e historiadores.

Um de seus mais notáveis escritores foi o poeta Virgílio, autor da Eneida, poema épico que narra a história de Eneias, herói proveniente da cidade de Troia, que escapou da destruição da cidade na guerra contra os gregos, se refugiou na península Itálica, e seria o ancestral dos fundadores de Roma.

Para além deste, destacou-se Cícero. A sua influência na língua latina foi tão grande que acredita-se que toda a história da prosa, não apenas no latim mas também nas restantes línguas europeias seja uma reação contra o seu estilo ou uma tentativa de retomar a ele. Segundo Michael Grant, “ a influência de Cícero sobre a história da literatura e das ideias europeias em muito excede a de qualquer outro escritor de prosa de qualquer língua”.

Cícero sempre mostrou coragem nas suas convicções e mesmo quando as coisas estavam difíceis se opôs ao regime absolutista de Júlio Cesar. Depois do assassinato de Júlio César, denunciou as pretensões de Marco António e por isso acabou decapitado. Mesmo com este fim trágico, Cícero teve uma enorme influência no mundo ocidental. Muitas grandes obras como as de Cícero continuam a ser objetos de estudo e de análise. Foi através da escrita que Cícero construiu as primeiras ideias de liberdade e ataques à tirania, ideias essas que influenciaram o mundo moderno e a sua maneira de pensar.

A Arte

 Arte romana foi influenciada pela cultura etrusca, arte popular que retratava o quotidiano e pela cultura greco-helenística que expressava o ideal de beleza,

Podemos dizer que a arquitetura foi um dos mais legados importantes das civilizações romanas para o mundo ocidental. Embora às vezes seja considerada como derivada da arquitetura grega, diferenciou-se por características próprias. Alguns tipos de edifícios característicos deste estilo propagaram-se por toda a Europa, nomeadamente o aqueduto, a basílica, uma grande rede de estradas, a   (residência), arcos do triunfo e o Panteão. Alguns destes símbolos também se encontram no nosso país como o templo de Diana ou o Aqueduto de Conimbriga. Neste tipo de construções também se destacam as termas, criadas pelos romanos para acabar com o sofrimento são atualmente utilizadas para efeitos medicinais. A longevidade e a extensão do Império Romano explicam o porquê de monumentos e edificações serem tão notáveis e numerosos em comparação com outras civilizações antigas. As estradas construídas pelos romanos também revelam técnicas sofisticadas de construção. É o caso da Via Ápia, a mais famosa das estradas que saíam de Roma. Outro ponto de destaque da arquitetura da época são os aquedutos, exemplo da associação entre construção e funcionalidade. Eles propiciaram o abastecimento das cidades antigas com a chegada de água originária de colinas e montanhas a mais de 80 quilômetros de distância.

Algumas características da arquitetura da Roma antiga ainda hoje são usadas. Os aquedutos continuam a fornecer água para algumas vilas modernas. As abóbadas instaladas desde os tempos da Antiguidade Clássica pelos romanos ainda compõem alguns núcleos de casas. E o cimento, que começou a ser usado na época da República de Roma, ainda é importante elemento de construção.

A pintura romana exerceu uma influência significativa na evolução da pintura ocidental. A Sua tradição reemergiu em vários momentos da história ao longo de muitos séculos, sendo especialmente importante na gestação da arte paleocristã, bizantina e românica. Hoje o estudo da pintura romana ainda está em progresso.

A escultura de Roma foi outra revolução artística. Desenvolveu-se em toda a área de influência romana, tendo o seu foco disseminador na capital. A tradição grega de escultura permaneceu uma referência constante ao longo de toda a trajetória da arte escultórica em Roma. Mas contradizendo uma antiga e generalizada opinião de que os romanos foram apenas meros copistas, hoje se reconhece que foram capazes não só de assimilar e elaborar as suas fontes com maestria, mas também de dar importante contribuição original a essa tradição, visível em especial na retratística, gênero que gozou de prestígio singular e deixou exemplos de suma perícia técnica e elevada expressividade, e na escultura decorativa dos grandes monumentos públicos, onde se desenvolveu um estilo narrativo de grande força e caráter tipicamente romano.

O direito

No campo do direito, este povo também ganha um brilho próprio. O aparecimento do direito romano ficou a dever-se à lei das doze tabuas. Esta criação era uma série de leis convencionadas e inscritas em tábuas de carvalho, consideradas um marco na evolução do Direito Romano, a começar pelo simples fato de pela primeira vez na civilização romana ocorrer o registro escrito da letra da lei, o que permitia um cumprimento lógico e rigoroso das regras estabelecidas.

Tal inovação favorecia o interesse das classes mais humildes, que geralmente não tinham força para fazer prevalecer os seus direitos à sociedade romana e permaneciam condicionados à submissão incerta dos costumes.

Assim como outras leis primitivas, as Doze Tábuas combinam penas rigorosas e procedimentos severos. O texto original perdeu-se quando os gauleses invadiram Roma, chegando aos nossos dias apenas fragmentos e citações por outros autores. Os fragmentos que restaram serviram para reconstruir parte do conteúdo nelas existentes, e com base nesse trabalho, um esboço do conteúdo das tábuas pode ser feito, permitindo ao estudioso contemporâneo uma ideia do que foi tal conjunto.

Apesar destas perdas, muitas das leis criadas pelos romanos continuam a ser estudadas e na base do direito atual. Atualmente, um estudante de direito tem de passar por Roma para se poder licenciar, mostrando assim que nos dias que correm os grandes pensadores romanos continuam a ter uma voz própria.

A política

Após uma experiência de tirania e desigualdade, instaurou-se em Roma uma república. A República Romana teve origem no ano de 509 a.C. quando o último rei etrusco  foi deposto e o Senado assumiu as funções de governo.

Depois da experiência monárquica, os romanos optaram por não deixar o poder nas mãos de um só indivíduo. Por isso, eliminaram a figura do rei e todos os cargos deveriam ser exercidos por duas ou mais pessoas.

Assim, não havia a figura de um só governante, mas dois, chamados cônsules. Estes tinham um mandato de um ano e deviam controlar-se mutuamente

A ideia de República e as suas instituições como o Senado e as Assembleias, instituídos pelos romanos, constituíram a base para a organização política da maioria dos Estados no mundo atual. As divisões administrativas romanas estão na origem também das atuais, desde a demarcação de países (então denominados províncias) aos conventus (colónias romanas de província, onde residiam cidadãos). As Câmaras Municipais também têm a sua origem nas instituições romanas: os municípios. Termos como república, ditadura, senado, plebiscito, cônsul e magistrado, por exemplo, são de origem romana.

A religião

A religião da Roma Antiga foi formada por diversos cultos e várias influências. Crenças etruscas, gregas e orientais foram incorporadas aos costumes tradicionais para adaptá-los às novas necessidades do povo.

Os Romanos da Antiguidade eram politeístas, ou seja, acreditavam em vários deuses. Os deuses eram antropomórficos, ou seja, possuíam características (qualidades e defeitos) de seres humanos, além de serem representados em forma humana. O Estado romano propagava uma religião oficial que prestava culto aos grandes deuses de origem grega, porém com nomes latinos.

Apesar de durante muito tempo terem perseguido os cristãos, acabaram por adotar os cristianismo como religião do império contribuindo assim para o seu desenvolvimento. Foram os romanos que estabeleceram as bases do cristianismo e traduziram grande parte da Bíblia. O seu destaque de Roma foi tao grande que nos dias de hoje continua a ser a cidade do símbolo máximo da religião, para não falar nas missas que continuam a ser rezadas em latim.

Conclusão

Em suma, podemos concluir que a civilização romana está na base de grande parte das coisas que nos rodeiam desde o pensamento até à religião. Foram fundadores de uma língua que deu origem à maior parte das línguas europeias, estiveram na base de um pensamento de liberdade que deu origem aos nossos direitos enquanto seres humanos e fizeram uma série de inovações que são muito importantes tanto para o nosso quotidiano como para a nossa vida.

A arqueologia é um passado muito presente que convive diariamente connosco.