A língua e a cultura estão intimamente ligadas entre si, assim, a cultura em que estamos inseridos influencia a nossa maneira de agir e de comunicar, ao mesmo tempo que comunicamos com a nossa língua estamos a transmitir a ideia de que esta faz parte do nosso património cultural, ou seja, a língua representa a nossa cultura e é condicionada por ela.
Assim, e segundo a hipótese de Sapir-Whorf, “As pessoas vivem segundo as suas culturas em universos mentais muito distintos, que são determinados pelas diferentes línguas que falam”, ou seja, a língua condiciona a perspetiva como vemos o mundo assim como a nossa cultura, contudo, não impede de vermos as realidades de outras culturas e de outras línguas. Ao contactarmos com outras línguas sabemos que a tradução de uma língua para a outra não é perfeita, além de que poderá haver mais do que uma palavra diferente para referir a mesma coisa. [...] Pode-se afirmar, então, que a hipótese Sapir-Whorf pretende sublinhar a importância da língua e da cultura.
Contudo, esta hipótese foi sujeita a uma revisão o que se pode concluir que o facto de termos uma língua e cultura própria, não impede de percebermos outras realidades que não nos são familiares.
A cultura que é um sistema de crenças, valores e ideias acerca do mundo, partilhado por uma comunidade, transmite-se de geração em geração e guia todo o nosso comportamento.
Com isto, podemos afirmar que o nosso mundo é um mundo intercultural pois todos nós circulamos nele, temos treino e aprendizagem de diferentes línguas e diferentes [...] culturas, mas para haver [...] comunicação intelectual tem-se que obedecer a várias indicações tais como possuir competências na cultura de origem, possuir competências na língua verbal, sentir abertura ao outro, ao desconhecido e à novidade e ausência de preconceitos.
Por conseguinte, funcionamos de acordo com alguns parâmetros que são transversais e que organizam a cultura e cada cultura reage de forma diferente a determinados aspetos.
Efetivamente, todos os nossos [...] atos e práticas são reflexo da cultura em que estamos inseridos, contudo, compreendemos outras línguas e outras culturas.
Além desse aspeto, é de referir que [...] assumimos identidades diferentes de acordo com as pessoas com quem comunicamos. Assim, segundo Erving Gooffman, nós representamos em permanência vários papéis, isto é, representamos um papel de acordo com as pessoas a quem nos dirigimos [...]. Somos muitos Eu’s com diferentes identidades que fazem parte da mesma pessoa, ou seja, a nossa identidade é uma construção. Por exemplo, quando vamos a uma festa com os amigos assumimos uma determinada identidade e vestimo-nos de [rasurado] maneira mais formal em contrapartida quando estamos em casa com os nossos pais assumimos outra identidade muito mais prática, ou seja, os guiões de representação mudam ao longo do dia e um bom comunicador tem consciência da representação desse papel. Assim, transmitimos aquilo em que nos queremos transformar e tornamo-nos nisso ainda que estejamos a representar um papel, sendo esse um papel verdadeiro porque faz parte da nossa identidade e quanto mais avançamos na idade mais papéis representamos e mais consciência e habilidade temos disso, ou seja, assume-se o papel com naturalidade, por exemplo, na fase da adolescência assume-se o papel de filho/a, numa fase adulta assume-se o papel de mãe/pai ou avô/ó.
Em suma, tudo aquilo que fazemos ou dizemos é o reflexo da nossa cultura e da nossa língua contudo, somos capazes de compreender outras línguas e outras culturas. Além desse aspeto, tem-se noção de que independentemente da [rasurado] língua ou cultura em que estejamos inseridos, todos os seres humanos assumem diferentes identidades “conforme as pessoas a quem nos dirigimos” e em função do que os outros [...] esperam de nós.