Comunicação é falar uns com os outros, é televisão, é uma crítica literária- a lista é interminável (Fiske, 1993). Comunicação é um conjunto de signos e códigos, no entanto, há duas conceções diferentes acerca do processo comunicativo. São o modelo de transmissão e o modelo semiótico.
O primeiro modelo afirma que a comunicação é uma mera transmissão voluntária de mensagens, ou seja, defende que trata-se de um ato [...] intencional entre [...] um emissor e um recetor, rejeitando, assim, a comunicação paraverbal e a não verbal. Para este modelo, a mensagem enviada é monolítica (produto acabado) e quando o recetor não a recebe tal como o emissor a criou, tal é justificado pelo ruído- uma interferência que ocorre no processo de transmissão que impossibilita a [...] descodificação da mensagem com exatidão e que não era planeada pelo primeiro interlocutor, podendo ser auditiva, visual, olfativa ou tátil, por exemplo, um lugar desagradável, com maus cheiro, pode impossibilitar a compreensão de uma mensagem, devido ao desconforto que o recetor sente. Acrescenta, ainda, que a redundância é impertinente, sendo um fator negativo para a comunicação.
Por sua vez, o modelo semiótico defende que a comunicação é um processo de produção e troca de significados, sendo simbólica, contínua, interpretativa e um ato de partilha de conhecimento. Para este modelo a comunicação não tem de ser necessariamente voluntária- assumindo que a linguagem paraverbal e não verbal são comunicação, defende que tudo é comunicativo, desde que haja interpretação. Para ele, a [...] comunicação não é uma [...] transmissão de [...] A para [...] B, a comunicação é contínua, está [...] sempre a ocorrer, [...] sendo que as reações faciais [...] do recetor (o chamado feedback) são também mensagens (apesar de involuntárias). Vê a mensagem como uma cooprodução entre os interlocutores: os mal-entendidos, neste modelo são vistos como diferenças culturais e não justificados pelo ruído, por isso, a mensagem não é um produto monolítico como o primeiro modelo referido [...] acima. As mensagens são potencialmente interpretáveis, sendo que o seu [...] significado depende a enciclopédia social [...] e pessoal de cada um (Santos, 2011), [...] desta forma, o contexto/cultura em que o ato comunicativo ocorre é importante (há culturas que interpretam/ [...] vêm a mesma realidade de modos diferentes), sendo que por este facto, é necessário conhecer uma cultura antes de intrevirmos nela, com o risco de cometermos uma fraude. Este modelo defende que a redundância é útil, aliás essencial para a comunicação, resolvendo problemas interpretativos ou interferências (quando alguém não entendeu o que dizemos, voltamos a repetir, talvez por outras palavras).
Podemos concluir que o modelo semiótico é o mais adequado para a representação da comunicação, pois, de facto, ela é contínua- está ocorrer mesmo no momento da receção da mensagem (através das expressões faciais ou do olhar)- e, por isso, vista como uma cooprodução entre os interlocutores, sendo que [...] o sentido de uma mensagem é dado depois da negociação [...] feita entre ambos- é, portanto, cooperativa; é, também interpretativa (o que nós entendemos por uma coisa, pode significar outra numa cultura diferente da nossa- é o caso da palavra “cara” que para a língua [...] portuguesa é sinónimo de “face”, é o mesmo que “pessoa” na língua brasileira.