A comunicação é um processo de interpretação do mundo e de partilha desse conhecimento com outros através de mensagens verbais, para-verbais e não-verbais. Para tal, há um modelo linear constítuido pela transmissão da mensagem (M) de um emissor (E) para um recetor (R), esquema consagrada desde o modelo matemático de Shannon e Weaver, difundido em 1949 e reaproveitado por Roman Jakobson para as funções da linguagem.
Todos os seres vivos comunicam, sem exceção. O que torna os seres humanos únicos, é a capacidade extraordinária que possuem para utilizar a linguagem verbal, inserindo-nos automaticamente na espécie de “Homo Loquens”, enquanto seres falantes. Esta forma sofisticada e parcialmente única é acompanhada por outras, parcialmente comuns a ouros seres- como o olfato, o tato e a visão-, a que damos o nome de comunicação não verbal. Podemos, então, comunicar com os outros através de expressões faciais, pela maneira como olhamos para os outros, por gestos e posturas, não se baseando num código linguístico. A dimensão da comunicação não verbal é de tal ordem, que em certas situações presenciais, mais de metade da comunicação humana (cerca de 55%, segundo a obra de Albert Mehrabian, 1972) é feita de forma não verbal.
O rosto é, sem dúvida, “a primeira fonte de comunicação não verbal”, não só pela número e complexidade dos músculos que aí se situam, como pela magnífica “capacidade emissora”, realçando os olhos, como uma das formas de comunicação não verbal mais reveladora que existe. Charles Darwin complementa esta afirmação, citando que “muitas das nossas expressões mais importantes não foram aprendidas”- são inatas. Daí que os comportamentos comunicativos não verbais são aprendidos de uma forma distinta da linguagem verbal, já que muitos nascem connosco ou são produzidos por necessidade, enquanto bebés.
As atitudes e posturas corporais são formas de comunicação, tidas como cinésicas (ou seja, “movimento), sendo o rosto e, mais especificamente o olhar, parte integrante desta definição. Realçando a importância do olhar enquanto ato comunicativo não verbal, é por ele que avaliamos os nossos interlocutores e é através dele que nos revelamos, enquanto seres sociais e culturalmente integrados numa comunidade. A boa visualização deste músculo é, também, um fator que devemos [...] ter em consideração no ato comunicativo, que nos permite interpretar as demais expressões universais, transmitidas e reconhecidas por qualquer ser humano da mesma maneira (exemplos de expressões como o medo, a surpresa, tristeza, entre outras). Mas atenção, nem todas as expressões são inatas e universais, sendo algumas aprendidas dependendo, claramente, do [...] fator social, cultural e económico (um olhar diretamente nos olhos pode ser considerado ofensivo em algumas sociedades).
O exemplo que melhor ilustra o papel comunicativo (não verbal) do rosto e, consequentemente do olhar, é o das nove fotografias, verificando-se uma multiplicidade de expressões que podem ser avaliadas segundo a posição labial, do olhar, das pálpebras, do nariz e das sobrancelhas. No [...] primeiro exemplo está bem explícito o contentamento da pessoa em questão, pelas bochechas levantadas e as rugas envolta do olho.
Concluindo, a cinésica e particularmente o rosto e o olhar são formas de comunicação não-verbais, possíveis de estudo, reveladoras e condicionantes na maneira como comunicamos com o mundo e a sociedade em que nos inserimos.