A comunicação humana diferencia a ser humano, uma vez que, além de homo sapiens, somos homo loquens, ou seja, não sobrevivemos sem linguagem (SANTOS, 2011). Esta linguagem, por sua vez, agrupa as funções da voz e audição ligadas ao cérebro, junto com nossa autoconsciência de linguagem organizada pelo pensamento. Com essa tese em mente, os estudiosos Sapir e Whorf (1930) chegaram a uma hipótese de que a nossa língua materna condiciona a nossa forma de ver o mundo a nossa volta, e de como interpretá-lo. Essa teoria apresentou dois lados: o determinismo linguístico, no qual diziam que a linguagem determina o pensamento. Por exemplo, um menino vai em direção a casa de banho e, ao chegar a porta, lê-se um aviso de “fora de serviço”, que faz o menino desistir de ir, ou seja, a linguagem influenciou a sua decisão; e o relativismo linguístico, que dizia, por exemplo, se uma tribo indígena não tinha distinção entre amarelo e laranja, consequentemente, esta tribo não sabia dizer a diferença (PINKER, 1996).
Mesmo na época de 1930, as ideias de Whorf já encontravam-se, no mínimo, falaciosas, uma vez que há pensamento mesmo sem a linguagem. Por exemplo, um bébé pequeno que aponta para um objeto que deseja, já é uma consciência sem linguagem verbal. Podemos ver, também, um homem adulto que sofre um traumatismo que impede sua fala, mas ainda consegue fazer contas, ler mapas e diversas outras atividades, ou seja, seu pensamento não foi condicionado pela falta de linguagem. O erro dos estudiosos foi achar que a linguagem nos “enjaula” em nosso contexto pelas palavras, e não que, na verdade, só estamos habituados a obrigatoriamente usar aquelas palavras dentro do nosso contexto. O fato da tribo referida acima não utilizar palavras para definir as cores amarelo e laranja não significa que eles não saibam diferenciar. Por isso, como primeiro passo para entender a linguagem, devemos fazer melhor do que dizer que todos nós pensamos iguais (Deutscher, 2010).