A comunicação é a interação que se estabelece entre indivíduos. É dos processos mais complexos que existem (Hakansson, G e Westander, J (2013). “Communication in Humans and Other Animals. Amsterdam/Philadelphia: John Benjamin Publishing Company).
Para melhor compreendermos a comunicação devemos ter em conta o modelo processual de Shannon e Weaver, através do qual nos são apresentados três problemas decorrentes da comunicação: problemas técnicos (nível A), problemas semânticos (nível B), problemas de eficácia (nível C). Estes três problemas [...] estão inter-relacionados mas não independentes. O objetivo do modelo processual de Shannon e Weaver é melhorar a precisão e a eficácia no processo da comunicação.
O ruído, problema técnico, (nível A), constitue uma das principais preocupações de Shannon e Weaver. O ruído não é só [...] algo sonoro, é tudo aquilo que nos impede de recebermos uma mensagem. Um caso exemplificativo do mencionado anteriormente é: quando estamos a assistir a uma palestra e de repente entra no recinto um [...] senhor cego acompanhado do seu cão-guia. As pessoas que tem fobia a cães, obviamente, que irão concentrar toda a sua atenção nos movimentos [...] do animal, deixando de prestar atenção ao que está a decorrer na palestra.
Existem dos gêneros de ruído: o semântico (nível B) e o da engenharia (nível A). O ruído semântico tem a ver com a falta de compreensão correta, isto é, se eu disser ao meu interlocutor que conheço um cigano que é gay, e ele entender que todos os ciganos são gay. Houve, claramente, ruído semântico. Já o ruído da engenharia é aquele com que nos deparamos quando estamos a estabelecer uma ligação telefónica. É um ruído altamente imprevisível e incontrolável.
A previsibilidade e a escolha são altamente imprescindíveis para se compreender o processo da comunicação.
A eficácia (nível C) tem a ver com o facto de a mensagem ter chegado ao interlocutor com sucesso. Estudiosos posteriores a Shannon e Weaver encaram o feedback como uma característica fundamental para que haja eficácia. Pois, é através do [...] feedback que nos apercebemos se a mensagem chegou com sucesso ao interlocutor.
A redundância e a entropia também são fundamentais no processo comunicativo. A redundância é a passagem de pouca informação e altamente previsível e a entropia é a passagem de [...] muita informação [...] pouco previsível.
A redundância tem duas funções: como ajuda técnica e como ajuda nas relações sociais.
Relativamente à redundância como ajuda técnica, estamos, invariavelmente, a referirmo-nos, por exemplo, quando estamos ao telefone e temos que repetir a informação porque por qualquer motivo o meu interlocutor não captou a mensagem.
A redundância é importante na comunicação. Ora vejamos, programas televisivos com pouca informação e altamente previsíveis apresentam audiências mais elevadas (Casa dos segredos, TVI) do que programas bastante informativos e pouco previsíveis (Diga Doutor, RTP1). A nível político a redundância também é fundamental, uma vez que os políticos à partida não tem a atenção das pessoas servem-se desta técnica proferindo um discurso com pouca informação e altamente previsível. A redundância pode ser fundamental para transmitir mensagens entrópicas, como por exemplo, quando damos a notícia a alguém de que um ente querido faleceu. A pessoa ficará em choque com a mensagem entrópica e por isso pode haver a necessidade de repeti-la.
A redundância nas relações sociais diz respeito à comunicação fática (“olá”, “adeus”, “está tudo bem?”), que é altamente previsível e apresenta pouco informação. A redundância verifica-se, ainda, na sociedade, isto é, atribuímos facilmente gostos musicais, culturais a determinadas faixas etárias.
Todo o processo comunicativo engloba um canal, sinal e meio. Por exemplo, se eu estou a falar ao telefone o meio á a minha voz, o canal é o fio telefónico e o sinal é a corrente elétrica.
Existem três tipos de meios: os meios representativos, os meios apresentativos e os meios mecânicos.
Os meios representativos dependem de um comunicador e são por isso o rosto, as expressões faciais…
Os meios apresentativos englobam as imagens, pinturas, fotografias… [...] Não dependem de um comunicador.
Os meios mecânicos são a rádio e a televisão. Servem-se de meios representativos e apresentativos. O que distingue os meios mecânicos dos meios representativos e apresentativos é a engenharia. Claro que, podem ocorrer problemas de nível A nos meios mecânicos que são impensáveis nos restantes meios.
[...]
Obviamente, que a vida em grupo favorece o processo comunicativo, por isso é que as pessoas que se isolam tendem a adquirir depressões e esgotamentos.
