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1718LCCSFIL62a

1718LCCSFIL62a

Género de textoEnsaio
ContextoLivre
DisciplinaLinguagem e Comunicação
ÁreaCiências Sociais e Humanas

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A Comunicação determina a nossa Realidade

A Realidade da Existência do eu a partir de Si-Mesmo e a partir do Outro

Abstract

Este trabalho destina-se a abordar a realidade do ser em Filosofia tendo por base a visão de dois filósofos distintos, Martin Heidegger e Emmanuel Levinas. Para análise deste assunto é realizada uma abordagem pela filosofia de ambos e em seguida são apontados os pontos pelos quais se tornam filósofos distintos. Após esta abordagem é realizada uma ligação com a Linguagem e Comunicação enumerando a matriz de Johari e os seus quatro tipos de eu, e ainda a representação do eu segundo Erving Goffman.

Pretende-se desta forma demonstrar que a realidade pode ser vista de várias formas nas mais variadas áreas do saber. Neste contexto em concreto perceber que a realidade na Filosofia aborda a questão do ser, do sujeito este que pode ter a sua determinação por si mesma, ou pela resposta ao outro.

 

Palavras-chave: realidade, pensamento, linguagem, comunicação, ser, outro, eu

Introdução

Neste trabalho pretendo abordar a realidade do Ser em Filosofia. Recorrendo deste modo a dois filósofos opostos. Martin Heidegger filósofo da fundamentologia hermenêutica, que nos mostra a identidade do eu a partir do ser, por sua vez Emmanuel Levinas defensor da meta-ética mostra-nos que o eu depende sempre da fundamentação do apelo do Outro. Representa o outro como rosto. Com Heidegger pretendo abordar também a questão do pensamento, que segundo este autor o pensamento é a partir do Ser.

Através de Levinas e da sua meta-ética pretendo relacionar a questão do Outro com a matriz de Johari que nos mostra que existem quatro eu’s, e ainda com a questão representação do eu segundo Erving Goffman.

 

O pensamento Segundo Martin Heidegger

Martin Heidegger é um dos filósofos mais importantes da contemporaneidade. É reconhecido como o filósofo da fundamentologia (ontologia fundamental) o qual nos diz que a filosofia obriga-nos a pensar o pensamento como uma tarefa. A metafisica da presença pensa o ente como modo de representação. Para Heidegger a filosofia como metafisica da presenta, é tecida em construção pelo princípio de razão.

Segundo este filósofo o pensamento é o pensar o Ser. O que apela o sujeito a pensar é aquilo que nós não pensamos ainda, e é por este motivo que a filosofia pensa de forma da fundamentologia. Pensar é relacionar-se ao Ser. É aquilo que mais a pensar, é o que não se deixa ainda pensar, é o que provavelmente nunca se consiga pensar. É na sua obra Carta sobre o Humanismo que Heidegger define que o pensamento não pode pertencer ao homem, mas pertence ao Ser, e como tal pensar é relação e responder ao Ser. É ainda na mesma obra que Heidegger refere-se ao pensamento como poder, o poder de pensar. O que mais a pensar é a ideia de que o pensamento é uma dádiva do Ser. Pensar é igualmente uma reunião, união é uma versammlung.

         O Ser entendido como o mais originário o mais fundamental, o gesto próprio do Ser é o estar sendo, o Ser está antes da teoria. O pensar é o pensar do Ser, é um dom do Ser. O pensar é essência do Dasein, o Dasein que é o Ser-aí o ser-no-mundo, sendo o Ser que o apela. Deste modo podemos pensar esta relação à luz da alteridade do Ser, pois o ser está primeiro. Para Heidegger a realidade do ser segundo este filósofo é uma realidade na qual identifica o ser como pensamento, e o ser como alteridade que a vida ao próprio homem.

Pensar o sentido do ser é escutar a realidade nos

vórtices das realizações, deixando-se dizer para si

mesmo o que é digno de ser pensado como o outro.”[1]

A relação parte do ser, e é o homem, o Dasein que escuta o apelo, o Dasein está numa atividade de passividade para com o ser. Onde está o outro homem para Levinas, em Heidegger está o ser. O homem pensa porque é o ser que o torna pensante. Pensar é agradecer ao ser que a pensar, o Dasein reconhece o Dom do ser. O Dasein possui três traços de existência, a linguagem, a compreensão e o sentimento da situação. (Heidegger,2005)

Quanto à linguagem, esta é a casa do ser, e nesta habitação mora o homem, ele vive na linguagem e esse morar é relacional. O Dasein habita em relação ao ser. O Dasein é relação ao ser, e depois se constitui um ser-com, um ser-social. O Dasein é igualmente pensado em termos de liberdade, um conceito paradoxal com a liberdade pois ele é livre com o ser, mas é uma liberdade que pressupõe a obediência ao ser. É livre porque está separado ao ser, mas obrigado, porque é obrigado a responder ao ser, e assim se pode humanizar.

A comparação de perspetiva da existência a partir do Ser e do Outro

 

A diferença de Heidegger é evidente com a relação heteronómica dissimétrica de Levinas, para Heidegger o Dasein para se relacionar com o Outro (os outros Dasein’s) primeiro o Dasein tem de se relacionar com o ser, e a partir dessa relação e de si enquanto Dasein se pode relacionar com o outro. O Dasein mostra o próprio acontecer do ser. Pensa o nunca pensado, daquilo que ainda não ideia, revela o desconhecido. O Dasein é o portador do novo, isto é, a transitividade do ser. O homem é relação ao ser, e depende do ser como transcendência pura e simples, como o absoluto e em trânsito, o ser dá-se, retirando-se.

         O encontro entre o ser e o Dasein é sempre um encontro adiado, e é este adiamento a condição de possibilidade do Dasein pensar. O ser desloca-se para evocar o homem a pensar, mas imediatamente se retira. O homem é atirado por aquele que se retira, mostrando a direção do que retira. No entanto o Dasein nunca se mostra, nunca se anuncia ao ser, porque quando o ser se ele retira-se simultaneamente.

Segundo Emmanuel Levinas, o filosofo Heidegger apenas se lembra tardiamente do Outro. Segundo Levinas o Outro está primeiro em qualquer circunstância e primeiro que qualquer outra coisa. O eu em Levinas se releva após responder e tomar responsabilidade pelo outro. Por sua vez, a realidade de Heidegger é bastante diferente, este mostra-nos que em primeiro lugar existe o Ser, e a partir do próprio Ser que se desenrola as demais questões: o pensar, a linguagem, o sentimento de situação e o próprio Dasein. Levinas diz-nos à cerca de Heidegger que o dito não conta tanto como o próprio dizer, segundo Levinas a ontologia é a compreensão do próprio Ser, vai mais longe afirmando: (Levinas,1988)

Habitualmente, fala-se da palavra ser como se

fosse um substantivo, embora seja, por excelência,

um verbo. Em francês, diz-se l’être (o ser), ou 

«un être» (um ser). Com Heidegger na palavra ser

revelou-se a sua «versatilidade», o que nele é

acontecimento, o «passar-se» do ser.”[2]

  Estamos perante duas realidades distintas, a comunicação do Ser, do eu, determina duas realidades distintas e paralelas. Uma delas que toma o Ser como algo individual que necessita do próprio Ser para se concretizar (Heidegger) e outra que nos mostra que o eu é Ser na medida que responde responsavelmente ao apelo do outro (Levinas).

A Filosofia do Outro em Emmanuel Levinas

Emmanuel Levinas entende a Filosofia como uma Ética Primeira, uma meta-ética sendo também considerada meta-filosófica, meta-ontológica, meta-gnosiológica, e meta-teológica. A meta-ética propõe-se a pensar a eticidade da ética do humano enquanto humano, a ética da responsabilidade ou seja a responsabilidade para com o Outro homem.

Este autor reconhece a sua ética como sendo o reconhecimento da santidade. A santidade é a tradução do Kadosh que significa o separado. O reconhecimento do absolutamente separado, isto é, sinónimo de alteridade do Outro como separado e como primeiro. O reconhecimento da santidade é o reconhecimento da primazia do Outro e o reconhecimento do humano enquanto humano, eu reconheço a minha dignidade a partir do momento que dou a primazia ao outro. O eu sujeito, está abaixo do Outro ou seja, é sujeito ao Outro. O eu apresenta-se perante o Outro, ajoelhando-se e respondendo sempre ao apelo do Outro. O eu tem de estar sempre à disposição para responder ao Outro, pois possui essa mesma responsabilidade.

A liberdade do outro não começa a partir da

minha liberdade, ou seja, no agora contemporâneo,

representa-me. A responsabilidade pelo outro não pode

ter inicio no mesmo compromisso da minha decisão.

A responsabilidade ilimitada para com o outro,

na qual eu me encontro advém da necessidade da

minha liberdade e anterior à minha memória [3]

Tem de estar sempre disponível. Na relação do eu para com o Outro, o Outro possui todavia primazia, pois é ele que me apela, o eu possui responsabilidade de responder ao Outro. O eu tem de estar sempre disponível para com o Outro. (Levinas, 1988)

Esta ética demonstra uma relação do eu perante o Outro, em que a relação é de sentido único, dissimétrico e heteronómico. Levinas considera que o eu sujeito está sempre e sujeito ao Outro. A ideia de encontro, relação, experiência, é sempre heteronómica, porque o Outro é que nos escolhe. (Levinas, 1990)

A Comunicação

A comunicação resulta da convivência entre indivíduos no seio de um grupo, é uma forma de socialização e ferramenta para construir comunidades. Trata-se de um meio de transmissão, interação entre os indivíduos impendentemente de o fazer com meios que não a linguagem verbal. Pode ser vista ainda como uma ferramenta de integração, troca mutua e desenvolvimento mas acima de tudo uma ferramenta de sobrevivência. A comunicação faz parte da nossa definição enquanto seres humanos. Em particular a linguagem não-verbal é caracterizada por ser realizada através de sinais não linguísticos, gestos, expressões faciais. (Santos,2011)

Podemos então agora após uma breve introdução ao tema da comunicação, relacionar a linguagem não-verbal com o tema da relação heteronómica-dissimétrica do eu perante o outro em Levinas. Esta mesma relação parte de uma comunicação, o Outro apela o eu não por meio de uma linguagem verbal mas sim por meio de uma linguagem não-verbal. O apelo é feito silenciosamente, no entanto o Outro tem de estar predisposto a receber esse mesmo apelo, e responder responsavelmente. O eu recebe o apelo mesmo que este seja feito de forma silenciosa, e responde afirmativamente também silenciosamente. Para ser compreendida a linguagem não necessita de acontecer verbalmente. Podemos até ir mais longe dizendo que o silêncio é uma das essências fundamentais da linguagem.

Uma outra possibilidade constitutiva do discurso,

o silêncio, possui o mesmo fundamento existencial.

Quem silencia no discurso da convivência pode

dar a entender com maior propriedade, isto significa,

pode elaborar a compreensão por oposição àquele

que não perde a palavra.”[4]

No quadro da proxémica podemos afirmar que o eu e o Outro possuem uma relação intima, pois o eu depende do apelo do outro para responder e assim se tornar responsável e possuir deste modo a significação própria de eu. Quanto à cinésia que se caracteriza pela forma em que o sujeito se move num determinado espaço e a forma que nos movemos em relação aos outros. As nossas atitudes, posturas corporais, movimento são fruto da nossa intencionalidade. Podemos então verificar que o sujeito eu se encontra numa relação no qual o espaço que os separa é visto como a alteridade, o outro encontra-se acima do eu. O eu relaciona-se com o Outro no entanto este encontra-se separado, sob uma perspetiva de alteridade, este está acima de si. (Levinas, 1980)

A matriz de Johari em relação ao Outro de Emanuel Levinas

A matriz de Johari criada por Harrington Ingham e Joseph Luft, representa um das componentes da linguagem não-verbal. Mostra-nos a forma como o eu se mostra perante os outros, identificando deste modo quatro tipos de eu, o eu aberto, eu cego, eu desconhecido e eu oculto. Os quais irei caracterizar em seguida.

  • O Eu cego caracteriza-se por ser visto pelos outros mas eu não o conseguir ver. Como por exemplo eu posso considerar-me uma pessoa confiante mas no entanto não ser isso que transpareça para os outros, e assim ser vista pelos outros como uma pessoa insegura.
  • O Eu aberto caracteriza-se por ser aquele que é partilhado por todos, ou seja aquilo que eu vejo e os outros também veêm. Como por exemplo o meu aspeto físico, a cor dos meus olhos, a cor do meu cabelo, a minha altura.
  • O eu desconhecido, é caracterizado por ser aquele eu que não é visto por mim nem pelo os outros, é uma parte de mim da qual eu desconheço e os outros também. Por exemplo, vou pela primeira vez pintar um quadro e resulta bastante bem, descubro nesse momento que possuo uma competência/ capacidade que até então eu e todos os outros que me rodeiam desconhecíamos.
  • O eu oculto: é caracterizado por aquilo que eu sei de mim mas mais ninguém sabe, ou seja apenas foi visto por mim e não visto pelos outros. Como por exemplo, sei que cometi um erro no meu passado mas as pessoas com quem me relaciono não sabem isso, pois não o presenciaram e eu não o contei.

Podemos relacionar a matriz de Johari -o eu perante o Outro, com a filosofia de Emanuel Levinas. Como a matriz nos mostra o eu não se reconhece verdadeiramente, pois existe eu que este não conhece. Como por exemplo, o eu cego este não é reconhecido pelo Ser, apenas é reconhecido pelos outros. Podemos então fazer a  seguinte comparação: no pensamento Levenisiano idêntica o Outro a partir do conceito de rosto (visage). Este rosto não é percetível isto é, não se a conhecer absolutamente. Ele é desconhecido que nunca pode ser verdadeiramente conhecido pelo eu. O Outro apresenta-se ao eu de forma oculta, sem que eu nunca possa verdadeiramente desvela-lo. O Outro é sempre um mistério e essa é uma característica essencial para que se guarde sempre respeito pela singularidade do Outro. O facto de ele nunca se dar a conhecer, permite preservar a sua Identidade.

 O eu através da relação com o Outro/outros, que nos revelam eu e nos mostram coisas até agora desconhecidas.

 

As representações do eu segundo Erving Goffman

     Segundo este sociólogo é através do eu que adotamos diferentes personagens. Todos nós possuímos uma espécie de máscara, no caso particular do filósofo Emanuel Levinas essa máscara é o rosto. Segundo Goffman a máscara é usada como representação própria, a qual nos ajuda a transmitir a imagem que pretendemos transmitir. De facto é impossível fazer controlo da linguagem não-verbal, nesse sentido, recorremos à máscara para tentar de uma certa forma rodear o que estamos a transmitir:

 

Uma vez que não controlamos todos os meios pelos quais

montamos essa peça- e, muito em particular, não controlamos

a comunicação verbal, porque nem sequer temos consciência

de tudo o que revela a nosso respeito-, as personagens que

representamos não são totalmente controladas e artificiais,

mas também não são, por outro lado, totalmente inocentes.  [5]

É exatamente isso que ocorre através da linguagem não-verbal, transmitimos coisas que não pretendemos mas que no entanto não são totalmente falsas, ou seja, podemos dizer que são involuntárias mas de uma certa forma verdadeiras. A máscara possui como principal objetivo contornar a situação, tentar esconder de uma certa forma aquilo que não queremos transmitir. Não podemos entender a máscara/ representação, como algo que seja mentira. A nossa representação altera-se consoante não o momento no qual estamos inseridos mas também consoante o interlocutor que nos está a escutar.

Este sociólogo distingue dois tipos de fachadas: a fachada pessoal e fachada física. Por fachada física entende-se o quadro no qual nos movemos a proxémica:

Por exemplo, o espaço e os adereços. Numa sala

de estar, a decoração, os moveis, os bibelôs, os quadros,

até o sitio onde colocamos o sofá ou a televisão são

significativos, na medida em que projetam um dado estilo

de vida. A disposição não é apenas determinada pelo

nosso próprio conforto, como o comprova o facto de,

com muita frequência, a alterarmos quando alguém

aparece inesperadamente.”[6]

Tomámos desta forma consciência de que a forma como organizamos as coisas num determinado espaço não é atoa, acabando também por fazer parte da sua personalidade e vivência. Daí quando aparece alguém e queremos tomar um certa personalidade alteramos os objetos de lugar. Pelo facto dessa alteração demonstra a importância da organização que damos aos demais objetos.

 Por sua vez, por fachada pessoal entende algo mais subtil, faz parte do próprio sujeito, consiste nas marcas distintivas de cada sujeito como a idade, etnia, sexo, postura, tom de voz. Embora sejam marcas que fazem parte da fachada pessoal estas podem alterar-se ao longo dos anos, como por exemplo a nossa voz ao longo dos anos pode sofrer alterações. A sintonia entre estas duas fachadas, representa o conjunto de representações que cada um de nós possui, o conjunto de papéis que cada um forma, podemos ir mais longe afirmando que no interior de cada pessoa existe enumeras outras. (Santos, 2011)

 No caso de Emmanuel Levinas a máscara, é a representação é o rosto. O Outro responde enquanto rosto, isto é, o rosto é primeiro e surge por si próprio impondo-se. O rosto é autoexpressão, nudez, desvelamento, vulnerabilidade, altura, resistência ética, e primazia. Rosto como autoexpressão, isto significa que o rosto é a primeira palavra, o rosto apela e interpela o eu mesmo que a expressão seja muda. O rosto é a representação do Outro que o guarda que o protege do que o rodeia. Uma representação para que não transpareça mais do que aquilo que pode transparecer, o Outro apenas apela o eu. Não se pode desvelar pois colocaria a sua alteridade em risco.

O rosto está presente na sua recusa de ser conteúdo.

Neste sentido, não pode ser compreendido, isto é,

englobado. Nem visto, nem tocado porque na sensação

visual ou táctil, a identidade do eu implica a alteridade

do objeto que precisamente se torna conteúdo. [7]

Conclusão

Concluindo, a Realidade diferencia-se consoante as demais áreas do saber. No caso da Filosofia a Realidade Filosófica estuda essencialmente o Homem e a Vida. Neste trabalho abordei a questão do Ser, tendo por base duas perspetivas opostas. Primeiramente Martin Heidegger que nos mostra o Ser em relação a Si-Mesmo, tanto o pensar como o Dasein advêm do Ser. O pensamento refere-se ao pensar do Ser. O que apela o sujeito a pensar, é aquilo que nós não pensamos ainda, e é por este motivo que a Filosofia pensa de forma da fundamentologia. Pensar é relacionar-se ao Ser. A relação parte do Ser, e é o Homem, o Dasein que escuta o seu apelo, o Dasein está numa atividade de passividade para com o Ser. Primeiramente o Dasein tem de se relacionar com o Ser.

Emmanuel Levinas o filósofo da meta-ética, oferece-nos a possibilidade de refletir a relação incondicional do sujeito em relação ao outro. Este filósofo defende que o eu se concretiza na sua singularidade na medida em que assume que o Outro está acima de Si, e que tudo deve ao Outro sem esperar nada dele. O eu está sempre disponível para receber o apelo do Outro respondendo responsavelmente. Isto é, o Outro que o apela e o chama a responder, ao qual o eu deve estar sempre disponível para responder responsavelmente. O rosto é apresentado como o Outro, a alteridade absoluta, o absolutamente separado que demonstra a representação do Outro. É possível fazer ainda uma comparação com a matriz de Johari no qual este nos mostra os vários tipos de eu. O eu cego no qual o ser se reconhece na medida que os outros consiguem ver aquilo que ele não , tal como em Levinas o eu se fundamenta na verdade na medida em que está sujeito ao Outro.

A Realidade pode ser vista nas variadíssimas formas, a Comunicação molda a Realidade na medida em que a comunicação consegue alcançar as demais vertentes de uma Realidade, a comunicação é como que um instrumento e uma ferramenta para alcançar a realidade. No que diz respeito a este trabalho, a comunicação é vista como a relação que existe entre o sujeito e o Outro, e a realidade entendida como ser.

[1] MARTIN Heidegger, Ser e tempo, 2005, pp.15

 

[2] LEVINAS Emanuel, Ética e Infinito,1988, pp.30

[3]  La liberte d’autrui n’aura jamais pu commencer dans la miennem c’est-à-dire tenir dans le même présent, être cintemporaine, m’être représentable. La responsabilité pour autrui ne peut avoir commencé dans mon engagement, dans ma décision. La responsabilité ilimitée je me trouve vient d’en deçà de ma liberte, d’un « antérieur-à-tout-souvenir». LEVINAS, Emanuel, Autremet qu’être ou au-delà de l’essence, 1990, pp.24

[4] MARTIN Heidegger, Ser e tempo, 2005, pp.223

[5] SANTOS, Joana Vieira, Linguagem e Comunicação,2011, pp. 81

[6] SANTOS, Joana Vieira, Linguagem e Comunicação,2011, pp. 82

[7] LEVINAS Emanuel, Totalidade e Infinito,1988, pp.173


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