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1718LCMBHA69a

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Género de textoEnsaio
ContextoLivre
DisciplinaLinguagem e Comunicação
ÁreaCiências Sociais e Humanas

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Linguagem e Comunicação

Abstract A interpretação da realidade e comunicação é influenciada pela cultura e situação social da época, seja no passado seja no presente. O exemplo que irei apresentar será do pintor Gustave Coubert. Este foi considerado revolucionário e socialista devido às suas ideias e ações, o que se traduziu nas suas obras polémicas. Com este trabalho tenho por objetivo aprofundar a vida de Gustave Coubert, e mostrar através de duas obras do pintor, fazendo uma breve comparação entre elas, e demonstrando a realidade da sua vida e o que gostaria de transmitir com a sua arte. A pesquisa é baseada numa análise critica das suas obras tentando sempre transpor a perspectiva de Coubert, tendo em conta, com o que as obras comunicavam no antes e o que comunicam no agora. Com esta análise verifiquei que as vivências do pintor foram representadas nas suas obras, aliás Gustave confessou ao seu mecenas de Montpellier ?During my life, I have painted myself many times, whenever my state of mind changed. In short, I have written the story of my life?, por isso, com esta transcrição, percebemos que a comunicação da realidade do pintor está na sua arte.

O Pintor

Infância   Nascido no verão de 1819 num pequena vila rural, Ornans, perto dos Alpes Franceses, Gustave cresceu com uma família bastante harmoniosa. Na escola, Gustave era o centro das atenções e entretinha os colegas de turma com o seu charme. Apesar ter tido uma educação sólida, o seu treino da arte era medíocre. Aos catorze anos teve aulas de um pintor Neoclássico. A família orgulhava-se imenso de Coubert, pois este estudava direito na universidade local, enquanto Coubert estudou sentia-se deslocado e infeliz, até um professor de desenho o convidar a ir a aulas de pintura. Isto deu-lhe a confiança no seu potencial artístico e convenceu-o a perseguir a sua paixão pela arte.

Primeiros Anos

Aos vinte e um anos, Coubert mudou-se para Paris. Rejeitou estudar artes em escolas académicas, preferindo as independentes, até rejeitou a Escola das artes em Paris, a Ecole des Beaux-Arts. Em vez disso ele foi tirando algumas aulas de pintura em estúdios menos conhecidos, mas sobretudo, Coubert aprendeu sozinho ao copiar grandes obras de Caravaggio, Rubens e outros tantos que estavam no Louvre. Enquanto os estudantes da academia esperavam um ano para pegar num pincel (tinham aulas de desenho primeiro), Coubert criou o seu próprio calendário e começou por pintar em vez de desenhar. Coubert copiava grandes obras mais do que uma vez para tentar descobrir os segredos daqueles pintores. Quando visitava a família em Ornans pintava amigos e família. Coubert tinha a sua visão pessoal do Realismo, que rejeitava qualquer dogma clássico. Mesmo sendo esta visão bastante radical para a época, ele manteve sempre o objetivo de ser aceite nos Salões Franceses Oficiais. Mas, durante os seus primeiros sete anos em Paris três das suas vinte e cinco tentativas foram aceites.

Maturidade

Durante a sua estadia em Paris, Coubert pintava à sua maneira o Realismo, em vez de se seguir pelos dogmas clássicos. Por exemplo, quando ele recusou um trabalho que lhe fora encomendado da imagem de uns anjos para uma igreja- ele respondeu ?Mostra-me um anjo e eu pinto-te um?. Em vez disso, ele pintou pessoas normais a fazerem coisas normais mas de forma muito gloriosa, e por isso, não foi uma surpresa, quando em 1848, o grupo que acompanhou o crescimento de Coubert o considerou o líder do movimento realista de Paris. Também em 1848, sob uma República recém-formada, o Salão de Paris tornou-se livre dos júris por um ano. Isto permitiu a entrada de dez pinturas para ganhar automaticamente a aceitação, o que ajudou o pintor a ganhar a medalha de ouro no ano seguinte. Sob as regras da Academia, a medalha de ouro deu imunidade a Coubert contra futuros júris de seleção, um pass que ele desfrutou até 1857, quando essa regra foi alterada. O governo francês tornou-se num Império autoritário sob Napoleão III. Coubert permaneceu firmemente contra o seu governo, e com o tempo, o Imperador também teria motivos para manifestar desgosto aos nus de Coubert. Estes nus, na altura, eram pura pornografia, o que chocava as pessoas que estavam habituadas a ir a uma galeria de arte e observar e admira pinturas de natura morta, ou paisagens, ou pinturas de cariz religioso (de mitologia ou anjos). Esse choque que era sentido pela população era o objetivo de Coubert. Dois anos depois, quando três das mais importantes das catorze telas que Coubert submeteu ao jurado da Exposição Mundial de Paris 1855 foram rejeitadas, o artista inventou uma maneira de fazer negócios tão chocantes e inovadores como as suas pinturas. Ele fez o seu próprio pavilhão, e exibiu quarenta pinturas de seu período de trabalho de 15 anos. Durante 1860 Coubert estava focado em nus eróticos, cenas de caça, paisagens da terra e do mar. Nestes trabalhos, ele devorou completamente o Classicismo Académico de maneira a promover a sua nova visão e a inspirar outros modernistas. Por exemplo, as suas paisagens do mar são consideradas a grande inspiração dos Impressionistas. Os nus de Coubert desta década desafiaram as normas da época e, em alguns casos, continuam em confronto até ao presente. O mais notório, Origem do Mundo (1866). Coubert pinta de maneira a indicar ao observador para onde deve olhar. Pois, o objetivo do pintor não era chocar a população, mas também dar uma mensagem, e neste caso, desta pintura, a mensagem presente é mesmo que a origem do mundo (da população) é graças ao sistema reprodutivo da mulher, e por isso, Coubert pintou os genitais femininos de forma tão realista que para uns não passa de uma imagem pornográfica. Durante a maior parte da sua carreira, Coubert não foi bem visto pela Academia francesa e outros institutos estaduais. Mas em 1970 foi premiado com a Legion d?Honneur, a maior ordem de mérito do país, e que Coubert procedeu a recusar.

Período Final e Morte

Coubert foi eleito presidente da Comissão de Artes Republicanas. Quando o Partido Comunista de Paris fracassou, Coubert foi preso em 1871 durante seis meses. Em 1873, foi condenado a pagar 300 mil francos de multa. Uma multa impossível de pagar, ele decidiu fugir para a Suíça. Ele continuou a pintar, mas nunca voltou a França. Morreu embriagado e com uma doença hepática em La Tour-dePails, na Suíça em 1877, aos 58 anos.

A Origem do Mundo

Descrição da Obra

A Origem do Mundo mostra os genitais femininos da maneira mais crua possível. Vê-se um torso da mulher, os seios, o ventre, as pernas afastadas e a vagina entreaberta. A novidade recente, é que teria sido encontrada a parte superior do quadro, que exibe os ombros e a face da modelo, confirmando hipóteses anteriores que afirmavam ser ela a irlandesa Joanna Hiffernan, e que estaria envolvida afetivamente com Gustave Courbet na altura em que o quadro estava a ser pintado.

A Obra

Provocadora, esta obra distorce os dogmas da época. Regras que toleravam nus inscritos nos contextos das grandes cenas mitológicas, sem se confrontarem diretamente com o nu. Gustave Coubert rejeitava os nus planos e, claro, os nus idealizados da pintura académica. Na época em que foi pintada, A Origem do Mundo podia ser considerada como pornográfica, esta teve de andar a passar de comprador para comprador às escondidas, por isso se como era um choque para a sociedade da época, a partir de 1900 é que a obra foi redescoberta, foi posta em exposição a 1995 no Museu d?Orsay. As transformações na maneira como a sociedade acolheu A Origem do Mundo mostra como a arte, enfrentando a censura e os preconceitos da época, luta para representar o que é considerado inaceitável. Dessa forma, a arte está permanentemente em evolução e a quebrar os limites e as fronteiras daquilo que é permitido pela moral e/ou os pelos costumes. A Arte é essencial na comunicação de conhecimentos. Na medida em que representa conteúdos até então excluídos, na época, torna possível o pensar e o refletir sobre eles. Neste caso, nesta obra, que é considerada das mais polémicas da História da Arte, a obra comunica a realidade da censura dos temas dos pintores da época e de tudo que tenha a ver com a exposição do corpo nu, principalmente da mulher. Por isso, no fundo, estamos falando da liberdade de expressão, pois a arte comunica a realidade. Pornografia ou arte, o quadro de Gustave Courbet mostra como a representação explícita dos genitais mantém um efeito perturbador sobre nós. A obra evoca, sim, a "origem do mundo", o mistério da vida, o enigma da diferença sexual cujo impacto determinante ocorrido na infância continuará para sempre repercutindo em nossas existências.

 

 


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