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1112LCBRJC462b

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Género de textoResposta de desenvolvimento
Student
PLM/PLNMPLM
GenderF
Task
Task descriptionRedija um comentário crítico a respeito do seguinte excerto: Na língua coreana, um convite para jantar terá formas diferentes conforme a pessoa a quem se dirige (o que é muito comum em diferentes línguas), mas terá também palavras diferentes para “jantar”, conforme se dirija o convite a um professor ou a um estudante. Estas práticas não refletem apenas a etiqueta, mas também o reflexo da cultura oriental na própria língua, bem como a ideia segundo a qual temos identidades diferentes conforme as pessoas a quem nos dirigimos. (Richard E. Nisbett, The Geography of Thought, Londres: Nicolas Brealey Publishing, pp. 52 – 53, texto traduzido e adaptado).
Task ID1112LCRD02
ContextoClausura
Curso
UniversityUniversidade de Coimbra
ÁreaCiências Sociais e Humanas
CursoJornalismo e Comunicação
DisciplinaLinguagem e Comunicação
School year2011-2012
Collection
PaísPortugal

O script do Java parece estar desligado, ou então houve um erro de comunicação. Ligue o script do Java para mais opções de representação.

O excerto apresenta-nos uma realidade relacionada com diferentes aspetos, sendo um deles a diversidade de comportamentos de cultura para cultura.

Antes de mais, convém esclarecer o conceito de cultura. Segundo o Dicionário Escolar da Língua Portuguesa (Porto Editora, 2009), cultura é o conjunto de costumes que constituem a herança de um povo ou comunidade. De facto, a cultura pode ser considerada um sistema de crenças, valores e visões acerca do mundo, transmitido de geração em geração numa comunidade, que guia as nossas acções e comportamentos.

Dentro de cada cultura pode ainda considerar-se um conjunto de parâmetros que nos permitem caracterizá-la, como por exemplo o facto de ser ou não uma cultura individualista, formal ou até masculina (sendo que todos esses termos têm opostos).

No anos 30 do século XX, Edwar Sapir e Benjamin Whorf formularam a tese que viria a ser conhecida como Hipótese Sapir-Whorf e que diz que os indivíduos vivem segundo as suas culturas em universos mentais distintos que se expressam pela língua que falam. Ou seja, o estudo de uma língua pode esclarecer uma concepção do mundo e a cultura que a acompanham. Acompanhando esta hipótese, a teoria do Determinismo Linguístico dita que uma língua não codifica certas perspetivas da realidade mas também afeta o processo de pensamento dos seus falantes. (Linda Thomas, Shân Wareing, Ishtla Singh, Jean S. Peccei, Joanna Thornborrow, Jason Jones, Language, Society and Power: Na Introduction, Routledge, 2004, p.25) (texto traduzido). Tendo em conta o que foi anteriormente referido, constato que, efectivamente, as práticas da língua coreana refletem a sua educação e etiqueta e, como consequência, a cultura oriental na língua, de acordo com a hipótese Sapir-Whorf. De facto, a língua coreana possui formas de convite para jantar e até palavras para jantar que variam de acordo com a formalidade da situação, o que indica que falamos de uma cultura que se insere no parâmetro da forma cidade. Este tipo de culturas adota normas de procedimento, regras de etiqueta e protocolo, muito mais rígidas e definidas que uma cultura considerada informal, e como tal, a sua língua vai refletir esta preocupação de adaptação. Por oposição, uma cultura informal será aquela que não possui diferenciação no tipo de tratamento das pessoas, não sendo relevante a sua hierarquia ou poder. Provavelmente um convite para jantar ao reitor da universidade seria feito de forma descontraída e sem grandes normas de etiqueta, o que chocaria qualquer cidadão coreano. Conclui-se, portanto, que a cultura formal oriental está, sem dúvida, patente na língua coreana, que apresenta particularidades típicas deste tipo de culturas e que o estudo da língua coreana (como acontece com quase todas as outras) nos informações preciosas sobre o universo mental dos seus falantes.

O enunciado chama-nos a atenção para outro aspeto essencial: o facto de assumir-mos identidades distintas de acordo com a situação e as pessoas a quem nos dirigimos. Esta ideia foi estudada por Goffman, que construiu o modelo ao qual designou de modelo de fachada/máscara. Segundo Goffman, a identidade de cada pessoa é uma construção (própria e alheia) que se traduz no facto de, por exemplo, seguirmos guiões de representação que nos permitem assumir diferentes personae, de acordo com a situação em que nos deparamos. Assim, cada indivíduo adota comportamentos diferentes, dependendo da sua realidade, construindo uma fachada física e pessoal. Pensando na situação do excerto, um estudante construirá duas fachadas diferentes num jantar com a sua mãe e noutro com o seu professor universitário. No primeiro caso, terá certamente uma postura descontraída, sem grandes constrangimentos em dizer o que pensa acerca de certo assunto e não terá cuidado extremo quanto à indumentária. Na segunda hipótese, o jovem provavelmente terá o cuidado de escolher um sítio mais selecto para o jantar, utilizar linguagem mais formal e formas de tratamento formais. As duas identidades que construiu [...] são, assim, reflexos claros do modelo de fachada”/máscara de Goffman.

Este excerto constitui, assim, um excelente exercício de estudo de uma cultura e dos aspetos que lhe dizem respeito, pois abarca uma série de conceitos importantíssimos no que diz respeito à comunicação e às diferentes formas de estudar e analisar uma língua e, por conseguinte uma cultura.

De facto, a forma como comunicamos reflete aquilo que somos, a forma como fomos educados e a cultura em que nos inserimos.


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