Home   |   Structure   |   Research   |   Resources   |   Members   |   Training   |   Activities   |   Contact

EN | PT

1112LCIAJC471b

1112LCIAJC471b

Género de textoResposta de desenvolvimento
Student
PLM/PLNMPLM
GenderF
Task
Task descriptionRedija um comentário crítico a respeito do seguinte excerto: Na língua coreana, um convite para jantar terá formas diferentes conforme a pessoa a quem se dirige (o que é muito comum em diferentes línguas), mas terá também palavras diferentes para “jantar”, conforme se dirija o convite a um professor ou a um estudante. Estas práticas não refletem apenas a etiqueta, mas também o reflexo da cultura oriental na própria língua, bem como a ideia segundo a qual temos identidades diferentes conforme as pessoas a quem nos dirigimos. (Richard E. Nisbett, The Geography of Thought, Londres: Nicolas Brealey Publishing, pp. 52 – 53, texto traduzido e adaptado).
Task ID1112LCRD02
ContextoClausura
Curso
UniversityUniversidade de Coimbra
ÁreaCiências Sociais e Humanas
CursoJornalismo e Comunicação
DisciplinaLinguagem e Comunicação
School year2011-2012
Collection
PaísPortugal

O script do Java parece estar desligado, ou então houve um erro de comunicação. Ligue o script do Java para mais opções de representação.

A nossa forma de comunicar, de pensar e de agir é influenciada pela cultura da comunidade na qual cada um de nós está inserido. Dessa cultura absorvemos não os hábitos, os rituais, os costumes, mas também, uma parte muito importante de todo o património cultural que caracteriza a cultura da nossa comunidade: a língua. A nossa língua representa a nossa cultura e é condicionada por esta.

Nos anos 20 do século XX, os antropólogos Edward Sapir (1884.1939) e banjamin Lee Whorf (1897-1941), formularam uma hipótese (Hipótese Sapir- Whorf) na qual concluíram que a língua não é um instrumento de comunicação, como afirma a linguística estruturalista, mas é um factor decisivo na formação da visão do mundo. O mundo real, é construído, de maneira inconsciente, através dos padrões linguísticos da comunidade a que se pertence. Em suma, a citando a hipótese de Sapir-Whorf, as pessoas vivem segundo as culturas em universos mentais muito distintos, que são determinados pelas diferentes línguas que falam.

Analisando o excerto em análise, conseguimos ter uma plena percepção acerca da forma como a língua interfere no quotidiano de diferentes pessoas em diferentes comunidades.

É referido no excerto que na língua coreana o conceito jantar pode ser empregue de variadíssimas formas. Esta perspectiva leva-nos às duas importantes variantes da hipótese Sapir-Whorf: o determinismo linguístico e o relativismo linguístico. Isto é, no primeiro, é sabido que a língua codifica as perspectivas sobre a realidade e os processos de pensamento dos falantes, ou seja, [...] nós temos associado a um determinado conceito, uma imagem correspondente (conforme a comunidade em que estamos inseridos).

No relativismo linguístico, é sabido que as diferentes línguas compreendem diferentes sistemas de representação, que podiam não ser equivalentes, isto é, o facto de, por exemplo, [rasurado] a tribo Pirahã (Amazónia) não [...] prever os números, não implica que esta não tenha [...] noção da quantidade.

O radicalismo excessivo da hipótese Sapir-Whorf, levou Steven Pinker (1954- psicólogo e linguísta [...] da Universidade de Harvard e escritor de livros de divulgação científica) a rever o conteúdo desta tese e a mais tarde sublinhar que em todos nós emoções que não têm nome em várias línguas. E que a actualidade nos remete para um bom acontecimento em Portugal- Fado como património imaterial da Humanidade- nada melhor do que referir um exemplo enquadrado nesta temática: o facto de os Portugueses terem uma palavra para o sentimento/sensação saudade, não implica que outros povos, de outras culturas, de outras comunidades, não a sintam pelo simples facto de não lhe terem dado um nome.

Tentando não me desviar do objetivo inicial, regresso ao excerto e questiono-me: em português não existem também formas diferentes de fazer um convite para jantar? A pessoa a quem dirigimos o convite determina a forma como este vai ser feito? Existirão palavras diferentes para jantar conforme se dirija o convite a uma pessoa da nossa área de influência ou a alguém mais afastado? Em Portugal, e noutros países, a forma como fazemos um convite para jantar diverge muito. Se me dirijo ao meu pai ou à minha mãe pergunto simplesmente Querem jantar comigo, no entanto, se me dirijo à avó, pergunto-lhe delicadamente e com todas as normas de etiqueta que possam existir Quer fazer a excelência de jantar comigo, querida avó?. Estes exemplos permitem-me responder à questão que a seguir se colocou. É óbvio que, se me dirijo a alguém com quem tenho menos confiança ou com quem tenho de ter um grau elevadíssimos de educação, vou ter de adequar o meu convite a essa mesma pessoa. Se me dirijo ao meu namorado, à minha irmã, aos meus pais, o convite será, com certeza, muito mais relaxado e, por vezes, até um pouco descuidado. No entanto, não estarei tão certa de que existirão palavras diferentes (pelo menos em Portugal) para [...] jantar, no entanto, e tendo em conta que a cultura oriental [rasurado] possui um [...] vasto leque de pré-requisitos na comunicação interpessoal, é natural que conforme a pessoa a quem nos dirigimos (maior confiança, importância) se [...] varie o léxico, usando termos mais elegantes para, neste caso, a palavra jantar.

Para finalizar, é certo que as culturas orientais (e não ) reflectem a etiqueta na forma como falam, variando as suas atitudes, palavras, etc, tendo em conta a situação comunicativa em que se encontram e valorizando o receptor das suas mensagens. A última idéia a focar, explícita no excerto, remete-nos para o facto de cada um de nós assumir identidades diferentes conforme as pessoas a quem nos estamos a dirigir. Erving Goffman (sociólogo criador do modelo fachada”/márcara) constatou que a identidade de cada um de nós é uma construção própria e alheia, e que representamos em permanência vários papéis. Isto é, em público temos determinadas atitudes, numa conversa a dois assumimos uma outra forma de agir, o vestuário que usamos transmite a imagem que queremos transmitir e que é condicionada pela que os outros esperam.

Em conclusão, [...] independentemente da cultura, comunidade a que pertençamos, agimos e actuamos (mesmo que de diferentes formas) como que em sincronização com um modelo global de comunicação. Mesmo que as palavras, as atitudes, os pensamentos sejam diferentes, tentamos sempre construir diferentes representações de nós próprios, dos outros, e do mundo em si (segundo a visão que vamos obtendo deste) e transmitir tudo isso a [...] outro.


Download text