O excerto da obra de Richard E. Nisbett que aqui nos é apresentado, utilizando o exemplo de um convite para jantar na língua coreana, poderá remeter-nos para a hipótese Sapir-Whorf, já que [...] esta nos diz que a cultura da nossa comunidade influencia a nossa maneira de agir e de comunicar, ou seja, que cada língua é parte do património cultural e intelectual de um povo, sendo influenciada pelos [...] seus hábitos culturais, ao mesmo tempo que os condiciona.
Pegando no exemplo do texto, é-nos dito que, na língua coreana, existem [...] “palavras diferentes para “jantar””. Apesar de essas palavras existirem, para a língua portuguesa, por exemplo, elas serão sempre traduzidas numa única: “jantar”, o que [...] comprova o relativismo linguístico de Sapir e Whorf (nenhuma língua consegue traduzir de forma perfeita aquilo que foi transmitido noutra). Contudo, apesar de não haver uma tradução perfeita, qualquer falante do português conseguirá perceber que se trata de um jantar, o que prova que, mesmo que não falemos determinada língua, não somos impedidos de observar e compreender o mundo que nos rodeia. Por exemplo, os nativos do Deserto do sahara talvez não tenham várias palavras para distinguir várias tonalidades de azul (já que ali [...] essas tonalidades não são comummente observáveis na natureza), mas, se for aos pólos, observa-las-á de certo e compreenderá do que se trata.
Outra informação que o texto nos transmite relativamente á língua e cultura coreanas é o facto de “um convite para jantar [ter] formas diferentes conforme a pessoa a quem se dirige”. O que nos leva a pensar que [...] uma das características [...] desta cultura será a sua formalidade, uma vez que o interlocutor influencia a forma de comunicar, havendo, certamente, [...] formas de tratamento diferentes que variam com o estatuto da pessoa com quem estamos a falar- “conforme se dirija o convite a um professor ou a um estudante”. Além do que já foi referido, este pormenor relativo à cultura coreana poderá ainda comprovar a teoria da construção de diferentes identidades, desenvolvida por Goffman, já que este nos diz que cada ser humano possui uma variedade de “eus” que organiza e molda de acordo com as circunstâncias comunicativas em que se encontra. Neste caso, o interlocutor determina a forma como é emitido um convite para jantar, pelo que se torna necessário escolher que “eu” iremos projetar para o exterior, já que “temos identidades diferentes conforme as pessoas a quem nos dirigimos”.
Em suma, a nossa língua poderá influenciar a forma como descrevemos o mundo, mas nunca nos impedirá de o observar e [...] compreender, apesar de olharmos, muitas vezes, para o que nos rodeia, à luz da nossa cultura, essa que, na minha opinião, sim, nos condiciona um pouco, já que nos educa em determinados padrões que não existem noutras culturas. Contudo, [...] isso não deverá ser [...] um facto que nos incite a olhar para as outras culturas como melhores ou piores, mas [...] sim como diferentes, diferenças essas que só deverão contribuir para o enriquecimento do nosso património intelectual.