No século XX, Safir Whorf através da teoria do relativismo linguístico, defende que a língua é o principal fator na determinação dos pensamentos. Simplificando a questão, [...] Whorf considerou que a língua interfere nas nossas relações sociais e experiências sociais, e que a capacidade de interpretar a realidade difere de língua para língua. (Faria et alii, 1996). Contudo, sabemos hoje que a sua hipótese continha muitos erros.
A suposição de que a língua restringe a nossa forma de pensar e agir no mundo, foi o seu maior erro.
Os argumentos que dava baseados em que “se uma língua não tiver a palavra para veicular um determinado conceito, os seus falantes não serão capazes de compreender esse conceito”, parecem incompreensíveis de alguma vez terem sido aceites. (Deutscher, 2010).
Se a sua teoria fosse [...] válida, [...] então defendia que se uma língua não utiliza-se o futuro, e por acaso essa língua viesse a ser extinguida, então os seus habitantes não conseguiriam compreender a noção de futuro. Vejamos o exemplo, o inglês “obriga” os seus falantes a descreverem os eventos e as ações de acordo com as diferentes formas verbais, se o evento foi ontem terá que usar o passado, se for amanhã, terá que usar o futuro. Um chinês, por outro lado, não tem que descrever o tempo exato através dessas formas verbais, pois eles utilizam a mesma forma verbal para todos os tempos, passado, presente e futuro. Porém, isto não significa que os chineses não têm noção do tempo só porque não o marcam nas formas verbais.
É evidente que todos os países tem um conceito próprio para uma determinada ação, evento ou emoção. Assim como Portugal tem o “fado” e a “saudade”, e [...] a Alemanha a palavra “schadenfreude”. Mas não é por os outros países não terem uma palavra equivalente a esses conceitos que não serão capazes de os entender. Por exemplo, apesar de [...] a língua inglesa não ter um conceito equivalente a “schadenfreude”, que um inglês não sabe o que é sentir o prazer de ver o infortúnio de outro, que merecia esse infortúnio. (Deutscher, 2010).
A hipótese de Safir Whorf nunca podia ser aceite na totalidade. Em primeiro lugar, porque sendo assim uma pessoa nunca poderia aprender um novo idioma. Além disso, por exemplo a função dos tradutores e a própria tradução seriam algo impossível de acontecer.
Porém, uma versão mais suave da sua [...] hipótese pode ser aceite, na qual [...] as línguas diferem uma das outras, [...] e até que a pessoa pode estar mais atenta a aspetos da realidade se a língua que estiver a ouvir ou a usar for a sua língua materna. (Faria et alii, 1996). [...]
Cada povo adapta a sua língua de acordo com suas necessidades e cada língua se adapta aos diferentes contextos e hábitos quotidianos, para assegurar a sobrevivência de cada povo.
Concluíndo, tudo o que num país estiver ancorado ao contexto cultural, torna-se mais difícil de compreender, mas não impossivel. O erro de Safir Whorf foi afirmar [...] que “se uma língua não tiver [...] uma palavra para veicular um determinado conceito, os seus falantes não seriam capazes de compreender tal conceito”.