A ideia de que a língua que os falantes usam determina e, em certos casos, condiciona a perceção da realidade e o processo cognitivo dos indivíduos não é nova. De facto, tem-se assistido à discriminação crítica dos falantes de acordo com as características [...] da língua falada. Em pleno século XX, [...] de acordo com aquilo que Faria nos apresenta ainda havia pessoas que pensavam que o Alemão era a melhor língua para tratar de assuntos filosóficos, que o italiano é virado para a linguagem poética, da realtiva facilidade do sistema linguístico inglês, que o crioulo nem chega a ser língua, etc. Um avanço neste pensamento e encontramos algo como a superioridade da [...] racionalidade alemã, o poeta que cada italiano é, a língua inglesa como sendo pragmática, a suposta incapacidade de desenvolvimento de povos indígenas, etc… O senso comum comporta, ainda, muitas vezes, ideias deste género. Mas afinal de que modo a língua que falamos condiciona, aumenta, dificulta ou define a perceção que temos da realidade envolvente?
O relativismo linguístico ou relatividade linguística já tinha sido levantado no século XVIII com [...] o alemão Herbert e, anos mais tarde, com [...] Humboldt. Ambos definiram que a língua [...] que os falantes usam, [...] e no seu caso particular o Alemão, encerra o espírito da nação e a natureza do seu povo, teoria que veio a dar ao crescimento do nacionalismo germânico.
No século XX, a hipótese de Sapir-Worf retomou o relativismo linguístico. Segundo Worf, a língua [...] que os falantes usam determina o modo como percecionam a realidade ou como entendem o universo ou a natureza. Seguindo esta perspetiva, a língua que se usa pode definir aquilo que é [...] mais ou menos importante para nós, ou seja, a língua pode estar relacionada com o interesse ou desinteresse numa determinada área do saber.
Benjamin Lee Worf associou também o uso da língua à cultura. [...] Deste modo, a partir da frase apresentada “(…)[...] se uma língua não tiver a palavra para veicular um determinado conceito, os falantes não serão capazes de compreender esse conceito.” compreende-se que o sentimento [...] de expressão é [...] cultural e, consequentemente, linguístico, já que varia consoante a língua falada. É o caso icónico da palavra [...] “desenrascanço” que apenas é compreendida, interpretada e usada na sua aceção plena por falantes do português e, em especial, europeu. A palavra “desenrascanço” não está, portanto, ligada só à língua (já que é exclusiva), mas também à sua cultura e aos falantes.
Desta forma, a hipótese de Sapir-Worf veio levantar a questão da relação [...] que existe entre [...] modo de pensamento dos falantes com a língua que usam, sendo que, na sua perspetiva, o idioma em questão é o principal fator de processamento cognitivo.