Neste excerto de Hakansson e Westander sobre comunicação, podemos ver que se estão a confrontar duas perspetivas e dois modelos de comunicação.
Quando é dito que comunicar “tem a ver com o envio intencional de uma mensagem” estão a referir-se ao modelo processual de Shannon e Weaver. Um modelo matemático e linear criado para a comunicação através do telefone em que um emissor codifica e transmite uma [...] mensagem (bloco monolítico, visto como produto acabado) e um emissor que nada faz a não ser recebê-lo (este modelo exclui a descodificação, [...] interpretação e colmatação de falhas, por parte do recetor) neste modelo só é comunicação o que for comunicado intencionalmente, o feedback nada mais é do que a resposta verbal do recetor à mensagem enviada pelo emissor e a redundância é desvalorizada e [...] e tida como pouco importante (uma vez que está a ser dito algo que já foi dito antes).
Por outro lado, quando dizem que “comunicar tem mais a ver com uma sincronia interativa em que os participantes cooperam para criar sentidos e para chegarem a um entendimento mútuo” e que “a comunicação é um processo complexo enquadrado num determinado contexto e os significados são, frequentemente, parte integrante do contexto” referem-se ao modelo semiótico estudado e trabalhado por Pierce e por Saussurre. Neste modelo os interlocutores estão inseridos num contexto e numa cultura e partilham pensamentos, emoções, conhecimentos e sentimentos o que cria um sentido. A mensagem é uma coprodução, inserida num contexto e enquanto está a ser descodificada e interpretada pelo recetor, este transmite um feedback ao emissor, que é a sua reação o que está a interpretar, o que permite ao emissor adaptar o seu discurso. Para Pierce e Saussurre toda a comunicação está inserida num contexto e é, também por isto, que lhe é conferido um sentido, para eles a redundância é bastante importante porque quanto mais partilhada for uma informação, melhor será compreendida. Ao [...] contrário do modelo de Shannon e Weaver, neste modelo o recetor interpreta a mensagem, depois de a descodificar e, em conjunto com o emissor, confere-lhe um sentido com base no contexto em que ambos, bem como a sua comunicação estão inseridos e o feedback, para além da resposta verbal, é a reação do recetor, transmitida através da comunicação verbal, não verbal e paraverbal. Por fim, para Pierce, Saussurre e todos os semióticos para haver comunicação basta haver um sinal/[...] mensagem emitido por um emissor, voluntariamente, ou não e esse sinal ser interpretado por um recetor.
Apesar de haver muitas opiniões acerca do que significa comunicar, creio que a mais acertada e mais apta é a semiótica de Pierce e de Saussurre (Santos, 2011) (Fiske, 1990) (Hakansson e Westander, 2013)
