Pinker, neste excerto, faz várias afirmações sobre a cognição e a linguagem, especialmente sobre a sua aquisição.
Afirma que “A linguagem não é um artefacto cultural cultural que aprendemos como aprenderíamos a dizer as horas” o que sem dúvida está correto, nós adquirimos a linguagem não só pela repetição das pessoas à nossa volta mas porque temos uma capacidade biológica para tal, o que, aliás, também é dito pelo autor “uma peça muito específica da constituição linguística do nosso cérebro”. Todos nós possuímos uma Gramática Universal (GU) [...] que permite às crianças de todo o mundo aprender qualquer língua, e que se “desenvolve espontaneamente na criança, sem esforço consciente nem instrução formal” pois está biológicamente implementada (como a nossa postura ereta). “Surge sem que essa criança tenha consciência da sua lógica, é qualitativamente idêntica em todos os seres humanos (…) ou comportamentos inteligentes” pois está implementado no nosso ADN. Mas [...] a capacidade biológica para a linguagem e a G.U. não chegam para uma criança adquirir linguagem, também é necessário “input”, ou seja, a criança tem de estar em contacto com falantes dessa língua para desenvolver a sua capacidade e este contacto tem de ser presencial e no seu ambiente. Por exemplo, uma criança filha de pais surdos-mudos, mesmo tendo contacto com a televisão e arádio, só aprende e desenvolve a língua gestual, que é a que vê os seus pais praticar. A criança desenvolve “o que vê” 'in loco'” e pode repetir, o que acaba sempre por acontecer, mas [...] como já foi referido anteriormente, não é dessa forma que as crianças aprendem. Um exemplo que o comprova são as generalizações que todas as crianças fazem, por exemplo na construção de plurais ou de formas verbais irregulares (cão-“cãos” ou sei- “sabo”) demonstrando que aprendem a regra e que a aplicam. Toda esta aprendizagem e contacto [...] “in loco” devem ser feitos durante o período crítico. Fase, durante a qual, a criança está desperta para a aprendizagem da linguagem, finda a qual, esta janela fecha-se, dando origem a várias complicações no ensino e aprendizagem de uma linguagem pela criança. Um caso que exemplifica na perfeição esta situação é o caso da Genie, uma menina que viveu enclausurada até aos seus 13 anos (ou seja, o seu período crítico já tinha sido ultrapassado uma vez que já se encontrava na adolescência e este período é ultrapassado nesta altura da vida) e quando foi resgatada apenas lhe conseguiram ensinar (e com bastante dificuldade) o básico a [...] nível da linguagem, para que pudesse comunicar. Estranhamente o que aprendeu, desenvolveu o hemisfério [...] direito do cérebro ao invés do esquerdo, como seria de esperar, uma vez que é este que detém a maior parte das nossas capacidades a nível linguístico.
O que [...] reforçar a ideia da interdependência das partes do cérebro, no que diz respeito às nossas capacidades linguísticas e refutar a hipótese da lateralização que durante bastante tempo esteve em vigor. Acreditava-se que o hemisfério esquerdo detinha inteiramente as funções no que dizia respeito à linguagem, muito devido às pesquisas de [...] Broca e Wernicke nos seus doentes afásicos. (Santos, 2011) (Yule, 2010) (Faria, 1996) (Pinter,)