“Comunicar” tem vindo, ao longo dos anos, a evoluir em termos de definição.
Segundo Joana Vieira, “comunicar” vem do latim “communicare”, que significa “transferir, pô em comum, partilhar”. Assim, comunicar seria partilhar informação com os outros. À primeira vista, a comunicação fazia-se com o objetivo (com a intencionalidade) de passar essa tal informação, da [...] pessoa A para a pessoa B. assim, surgiu o modelo processual [...] da comunicação, que via a mensagem como um produto, como algo que estaria acabado assim que chegasse a B e B codificasse a mensagem era um bloco monolítico. Porém, este modelo [...] tinha limites, tais como não admitir a capacidade interpretativa, a imprevisibilidade, e o facto de haver uma multiplicidade de meios através dos quais podemos comunicar.
Aliás, a comunicação humana é extremamente complexa e variada. É fácil de entender e observar que todos os animais comunicam, não apenas os seres humanos. No entanto, enquanto os animais irracionais têm apenas um número limitado de “sons” ou de mensagens que podem transmitir ao longo da sua vida, já demarcados no seu genótipo, e cujo objetivo da comunicação é satisfazer as suas necessidades (reprodução, alimentação, [...] sobrevivência) momentâneas (já que apenas se referem ao aqui e agora- presente- e não têm capacidade de referir o passado ou futuro, os seres humanos, por sua vez, não têm um número de mensagens limitado, têm a capacidade de comunicar [...] acerca de tudo (desde que não ultrapasse o domínio da memória) e, [...] por último, mas não menos importante, podemos comunicar sem haver intenção. Não é necessário que se queira comunicar para o fazer. Desta forma, a comunicação torna-se num processo complexo, [...] no qual o meio e o conteúdo se tornam um todo, não se podem dissociar, já que o meio [...] condiciona a transmissão e a compreensão, interpretação da mensagem.
Se não há intencionalidade de comunicação, então o meio pelo qual vai haver comunicação não será certamente o domínio da linguagem verbal, mas o da linguagem não-verbal, através de gestos, atitudes, movimentos, entre outros.
Assim, a comunicação humana torna-se num processo simbólico- pois obviamente utilizamos sinais que podem ser interpretados pelos outros- e um processo contínuo- já que “não podemos desligar o botão” da comunicação, como por exemplo, não escolhemos corar.
Da mesma forma que é um processo contínuo, [...] do qual não necessitamos de ter intenção, [...] também nós temos capacidade interpretativa para interpretar [...] e selecionar toda essa informação que recebemos. Assim, comunicar não se trata apenas de enviar uma mensagem (informação) a outro, também devemos dar valor ao recetor, no sentido em que a forma como ele interpreta aquilo que recebe de nós e nos devolve a sua reação (feedback) também é essencial para comunicar.
O feedback torna-se assim essencial na construção [...] de sociedades, relações, comunicações. Ou seja, comunicação torna-se [...] numa forma de socialização e numa ferramenta para construir comunidades, pois é através [...] dela que se constroem relações.
Neste sentido, [...] criou-se o modelo semiótico da comunicação, através do qual o recetor e a mensagem adquirem [...] um papel central, e no qual a mensagem deixa de ser um bloco monolítico e passa a ser uma [...] construção negociada pelas minhas vivências e pelo contexto. Ou seja, [...] a mensagem apenas faz sentido sob determinados aspetos, [...] num determinado tempo e espaço, sob determinados valores e ideias (Santos Joana, 2011)
Em suma, comunicação não diz respeito apenas ao envio intencional de uma mensagem a outro, pois não é necessário haver intenção para enviar uma mensagem. Trata-se, sim, de um processo complexo, entre indivíduos, através do qual partilham ideias, valores, conhecimentos, [...] que dependem, muitas vezes, de um contexto.
