A hipótese de Sapir-Whorf, veiculada no início do século XX por estudiosos como Benjamin Lee Whorf foca-se fundamentalmente nos conceitos de determinismo e relativismo linguístico. O primeiro, determinismo linguístico, foca-se na linguagem verbal como objeto de uma relação estrita com o background cultural do utilizador. Isto é, a linguagem de um indivíduo [...] influencia (e é influenciada) pela sua perceção do mundo e dos outros. A língua [...] faz parte de um património cultural material partilhado por todos os utilizadores da mesma. Nela estão inscritos fatores particulares e identitários de determinada cultura, como saberes, formas de utilização do espaço e território ou formas de exprimir sentimentos, assim como formas de perceber e viver o mundo que nos rodeia, sendo que todas as organizações se encontram inscritas na linguagem. É no decorrer desta linha de pensamento que o determinismo linguístico ganha forma, os julgamentos de valor ou a exaltação moral que determinado sistema linguístico confere a determinada organização influenciam a perceção (e consequentemente reação) que um indivíduo [...] pertencente a tal sistema linguístico (e com uma postura menos crítica) terá sobre tais organizações, tenha-se como exemplo a quase misceginação que [...] a imprensa ocidental tem realizado entre os termos “terrorista” e “árabe” [...] no pós ataque à cidade de Paris, ou até à elevação normal [...] conferida a determinada pessoa, tenha-se como exemplo os padres e bispos, apenas por fazer parte de uma organização tida como benéfica para a sociedade, conferindo-lhes tempo de antena público para comentar assuntos que nada terão que ver com as suas funções. A par desta influência que o determinismo linguístico acarreta, também a língua é influenciada pela nossa forma de compreender o mundo. A existência de palavras intraduzíveis em todas as línguas, como o “fado” ou “saudade” na língua portuguesa é uma prova de como determinadas vivências individuais se traduzem verbalmente em diferentes formas. Tomando outro exemplo, os esquimós antárticos têm um grande leque lexical para definir a neve e o gelo consoante as suas características de espessura, tempo, consistência…, mas [...] terá o seu léxico palavras que permitam diferenciar um dromedário de um camelo da mesma forma que tribos africanas?
Em suma, poderei afirmar que o leque lexical de determinada língua está intimamente relacionado com a sua forma de percecionar e viver o mundo, concordando com Whorf na sua permissa de que “se a língua não tiver a palavra para veicular um determinado conhecimento, os seus falantes não serão capazes de compreender tal conceito”.