Querida amiga,
há muito tempo que não escrevo-te, e por isso peço-te desculpa. Não foi por minha vontade que dexei este meio de comunicação, para mim muito agradável: foram as circunstâncias de vida a levar-me para outras actividades.
Todavia podes ficar tranquila, porque nunca poderia esquecer-me de ti, de nós. Quase todos os dias apresentam-se na minha mente as imagens do nosso passado, dos momentos lúdicos que preenchem a nossa memória infantil. O mesmo posso dizer acerca da nossa adolescência, período no qual nós afastamos um bocado, por causa da frequentação de differentes lugares, a partir da escola
lembras-te? Mas mesmo assim, nós continuamos a partilhar experiências da vida quotidiana, quer de felicidade, quer de tristeza. E com certeza não vou acabar agora de fazer isso. Já sabes que desde Setembro estou em Portugal a fazer o Erasmus, não é? Tenho de precisar que esta não é somente uma experiência universitária, mas também, e nomeadamente, uma fundamental experiência de vida. Nunca até agora precisei desta curagem, desta força. Desde o princípio tive de enfrentar tarefas que costumava fazer em companhia de outras pessoas, e que sem elas constituivam um momento de difficuldade. Estou a falar das viagens do avião, do qual sempre tenho tido medo: para mim não foi nada fácil a primeira viagem sozinha. Todavia não tive outras possibilidades, e a minha reacção foi positiva: escolhei de tentar. E assim eu fiz em relação a todas as outras tarefas que aqui apresentavam-se, como por exemplo a necessidade de procurar uma nova casa, novos amigos, e tudo isso com o problema da lingua! Foi mesmo como construir uma nova vida a partir do zero
E não poderia ter sido melhor! Agora estou com muita vontade de contar-te tudo isso, minha querida! Até logo!