coraudis_08coraudis_08
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no processo
, em que é arguida
1 e vem acusada de um crime
acusada
e pronunciada
por um crime
de
0.9 ameaça agravada , previsto e punido pelo artigo
cento
e
oitenta e seis
cinquenta e três , um , e cento e cinquenta e cinco , um , a ) , ambos do Código Penal .
Quanto às exposições introdutórias , Ministério Público
Prescindo .
Assistente
Prescindo
.
Defesa
Passamos à identificação da arguida , à qual é obrigada a responder e com verdade , sob pena
,
podendo intervir em qualquer momento da audiência , desde que essa intervenção se refira ao objeto de processo , sem
qu ’
o silêncio a possa desfavorecer . Nome completo
1 .
Estado civil
Viúva .
Profissão
Agora estou ausente
do
serviço de comerciante .
E agora está reformada , é ?
Não
estou reformada . Infelizmente ,
sotor
!
Vivo
do
da renda da casa .
Da renda do café
Atãosic
,
po
tá
sem atividade
Sem atividade !
Laboral
Ora !
Data de nascimento
DATA .
Nome dos pais
2 ,
3 .
A senhora é natural da freguesia e concelho de
De
FREG
de FREGUESIA . Distrito de
1
Distrito do
DISTRITO
Conc
Concelho de
1 .
No concelho de
1
.
E onde mora ?
1 , RUA ,
,
.
.
em
2 , não é ?
Sim ,
sotor
.
Vem acusada de , no dia vinte e dois do nove de dois mil e quinze , pelas dezasseis e quarenta e cinco , em
1 ,
no
concelho de
2
de se ter dirigido ao assistente
4 , nos seguintes termos , visando o
passo
a citar :
Um dia destes , eu mato-te !
. Fim de citação . A arguida agiu livre , deliberada e conscientemente , pretendendo com o comportamento por si perpetrado infundir um fundado
fundir no
ofen
no
ofendido um fundado receio de
qu ’
um mau futuro lhe sucederia , nomeadamente à sua própria vida de que logrou , bem sabendo
qu ’
a sua conduta era proibida e punida por lei . Vem , por isso , acusada de um crime de
AMEAÇA
agravada .
Quer falar sobre isto ?
disse
eu disse isso , realmente ,
c ’
ossic
testemunhas disseram , mas eu
foi sem intenção . Foi
de
de ataque de nervos
não foi
não foi com
com maldade , nem
co ’
a intenção de fazer mal a ninguém !
A
senho
A senhora
tamém
acredita
na
naquele
n ’
O Exorcista ?
Aquele filme , O
Erxorc
O Exorcista ?
Sotor
, eu agora já
a
gente já
acredit
já acreditamos tudo !
Num
Num
Num viu ?
Num viu ?
Não ! Não vi !
Era um filme onde havia quem falasse
pla
própria pessoa , isto é , a
a
a
a pessoa
Infelizmente ,
eu não via TV . Tenho filhos .
ha
havia
havia alguém que falava
pla
própria pessoa . E eu pergunto-lhe : certamente , não
não foi o seu
caso
Não .
A
se
Não ! No meu caso ,
fui eu .
A senhora , quando proferiu esta expressão
Foi
Sim !
MAS FÊ-LO CONSCIENTE DE QUE ESTAVA A PROFERIR A EXPRESSÃO
?
Não sei ,
sotor
. Se realmente
estava
tava
com medo
qu ’
isso fosse alguma coisa de mal
eu
f
Foi um desabafo !
Sim !
Saiu de cá de dentro !
M
Ace
Ace
Aceito
qu ’
a senhora o entenda como um desabafo . A verdade é
qu ’
a outra parte , se calhar , não o entendeu
como um desabafo !
Não
Podendo ser ,
nesses termos , a verdade é
qu ’
a senhora proferiu intencionalmente
Ou não ?
Não !
Não ?
Não
!
Não foi intencionalmente ?
Não foi intencional , não
não foi
foi normal e
num
sem pensar em mal !
Uma coisa é dizer intencionalmente
Sabe o
qu ’
é que significa intencionalmente ?
Tenção é tenção de fazer .
Não , não ! Com intenção de
LHE DIZER AQUILO
!
De dizer ? Não , não , não ! Saiu
Saiu-me !
Ó
Ó
1
!
Saiu disparado !
mas teve
consciência
Mas disse ! Mas tenho consciência que disse ! Pronto !
Ministério Público
Não pretendo nada .
Assistente
Não ,
sotor
!
Defesa
Ó
sotor
, só uma pergunta por causa da
da
da confissão !
Ó
dona
1 !
Eu não posso considerar confissão !
Porqu ’
ela diz que não foi intencionalmente que lhe saiu ! Não posso considerar isto uma confissão !
Por mais esforço
qu ’
eu fizesse , ela não
não foi
não chegou lá ! Ela diz :
Não foi intencionalmente , saiu !
Poi
! Não foi intenção de lhe
de dizer
Mas tem consciência que
o disse ?
Eu disse !
Tão
, eu já disse ! Tenho consciência que o disse !
OLHE
! O que
Eu vou-lhe dizer uma coisa que não é intencional ! A senhora , com certeza , já esteve numa daquelas situações em que se magoou e sai-lhe um daqueles
palavrões
Bem grandes !
Não é ?
Sem intenção !
Ora ,
ESSES É QUE NÃO SÃO COM INTENÇÃO
!
POR ISSO , SAEM ! A PESSOA NEM PENSA , MAS AQUILO SAIU-LHE
! Não é ? Saem-lhe ! E a pessoa até fica :
Ai que palavrão !
Porquê ? Porque
f
foi
foi uma daquelas coisas
uma reação a um facto que
que
que
porque nos magoou muito , aquilo
sai aquela coisa . Nós nem
PENSAMOS NELA
! Mas ela sai !
Sim , sim
!
Isso
Isso é uma daquelas coisas que se pode dizer que não é
inten
que nos sai !
Como muitas outras a
a pessoa pode
estar
ter uma reação
tá
a tomar banho e , quando dá conta , vem uma daquela água
vem
um
um duche de água fria ,
quando
está
quando está
co ’
a água
qu
quente ou o contrário !
Ou o contrário !
Ou o contrário e a pessoa
ma
ma
tem um
repi
uns arrepios .
Isso não tem nada a ver
d ’
intencional ! Não é ?
Isto
pra
dizer que
NÃO SAI CONSCIENTEMENTE DE NÓS
!
É um ato de reflexo !
É um ato reflexo !
Mas , proferir uma expressão destas ,
TEM UMA LÓGICA , UMA RAZÃO E UMA FINALIDADE
! Não quer dizer
que a pessoa tenha a
intenção
de
pratica
de praticar estes
factosic
! A maior parte das vezes que as pessoas proferem expressões destas só têm como intenção
intimidar
! Não têm intenção
fazer
!
Porqu ’
isso
Por isso é
qu ’
isso não é
uma
tentativa
d ’
homicídio ! Porque , senão , era uma tentativa de homicídio ! É um
É um crime
d ’
ameaça ! Significa só
uma
ameaça ! A pessoa
AMEAÇA
!
Não é ? Ameaça ! Senão , era outro crime !
Por isso é
qu ’
é uma ameaça
!
MAS É INTENCIONAL
! A senhora
A senhora persiste em dizer que não foi intencional , mas isto é intencional ! Mas
tá
bem !
Mas
Mas
Mas sei
Eu sei que disse ! Eu sei que disse ! E confirmo que disse !
Mas
d
Mas diz que não foi
intencional
!
Mas teve consciência de que
tava
a
dizer ?
Mas tenho consciência que disse o mal
disse que estava
mal
o
qu ’
havia
disse que não havia ter dito ,
mas
disse . Pronto !
Embora não o fosse fazer !
Mas isso é
diferente !
Ó dona
1 !
Posso ,
sotor
?
É claro !
Ó dona
1 ! Mas confessa livre e integralmente aquilo que
tá
aqui ?
Exatamente !
Pronto
!
Ó
sotora
, mas aqui está
tá
dito
que ela
TEM CONSCIÊNCIA
!
que ela agiu de forma
livre , deliberada e
CONSCIENTEMENTE
!
A dona
1 tinha consciência daquilo que estava a dizer ?
Não !
consciência
Ó
sotor
!
0.10
Tudo ?
Pois ,
sotor
!
Nada a fazer !
Venha a primeira
Pode sentar !
Ó doutor ! As minhas testemunhas prescindo !
Tamém
não
tá
cá
Ok
ninguém !
Tá
!
sotor
, pode chegar
pra
cá !
Tá
com uma perna de cada lado !
tudo bem !
Sotor
, veja lá ! Que já estiveram aí muitos mais advogados !
debaixo
da secretária
cabe !
É isso
! Mas também não dá
pa
chegar mais à frente !
Que está
Que está na
pontinha
!
Não ! A questão é
qu ’
o colega
tava
com uma perna de cada lado !
Ora
Nome completo
4 .
O
4 é o assistente , não é ?
sim , sim
consigo !
Nessa qualidade , o senhor não é obrigado a prestar juramento , mas está obrigado ao dever de verdade . O que significa que ,
s ’
o senhor faltar à verdade , comete o crime de falsas declarações .
Faz favor de se sentar ! Vai responder às perguntas da
sotora
procuradora adjunta !
Ó
senhor
4 ! O senhor
4 recorda-se
de
dos motivos pelos quais apresentou queixa relativamente à senhora que está aqui a ser julgada , a dona
1 ?
Eu recordo , sim ,
sotora
!
Então o
qu ’
é que se passou ,
senhor
4 ?
Foi que fui amaçado de morte
E foi ameaçado como ? O
qu ’
é que lhe foi dito ? E de que forma ? Quer dizer , eu pretendia saber se
em que contexto é
qu ’
isso se passou ? E
porqu ’
é que o
senhor
Eu presumo que o senhor
pra
ter ido
pra
ter ido apresentar denuncia à PSP
porque sentiu
qu ’
isso era verdadeiro , não é ?
Senti-me ameaçado . Senti-me ameaçado
O
qu ’
é que foi dito de concreto , senhor
4 ?
com
com muita convicção . Portanto , a senhora dirigiu-me
Portanto ,
ameaça de morte .
Então e qual era o contexto ? Os
se
Davam-se mal , não davam
Tinha acontecido alguma coisa que justificasse ou que
tivesse
originado essa situação
O
qu ’
é que se passou ?
A senhora já há muito tempo
que
, portanto ,
tem uma relação
ptanto
,
e intenta , portanto ,
determinadas coisas
portanto , é a vizinha confinante
,
portanto
, faz
apresenta bastante
portanto
,
ameaça
Pronto !
Nós deixámos
deixámos
de
nos falar . Portanto , pura e simplesmente
íamos a passar na rua
Ptanto
, no dia vinte e dois de setembro de dois mil e quinze , às dezasseis e quarenta e cinco
isto foi uma terça-feira
e , qual é o meu espanto ,
qu ’
a senhora sai de dentro de casa
, portanto
, dirigindo
, portanto ,
ameaça de morte .
E até teve
até
até
teve a tentativa
d ’
ir
atrás de mim ,
de perseguir , com um ar agressivo
para
e foi segura por
uma
por
uma
senhora ,
qu ’
eu acho
qu ’
é testemunha
por
uma
por uma vizinha
qu ’
acho
qu ’
até é testemunha do processo
que a agarrou
pra
que
ela
voltasse
pa
trás . Pronto !
E via-se convictamente
Portanto , ela estava
mesmo
maldisposta e zangada consigo , é isso ?
Sim , mesmo com intenção
com intenção
de tirar a vida .
Então e diga-me uma coisa !
E
E
Enfim , a
d
a
a
sô
dona
1 é uma senhora já
d ’
idade , embora
qu ’
, enfim , ainda
diria eu , que está
com
com aspeto de ter uma saúde razoável , não é ?
Pra
Pra
sua idade . O senhor
Havia algum
Nesse dia , houve algum problema nas
vossasic
O facto de serem vizinhos
Tinha surgido
algum
Nesse dia
não ,
sotora
.
alguma quezília , alguma
coisa ?
Não ! Nesse dia , não !
Anteriormente ,
é
qu ’
a senhora , portanto ,
desde
desde
invasões de propriedade , desde abertura de respiros
pa
minha propriedade ,
lança uma série de
de
, portanto ,
d ’
ameaças
portanto ,
representa
representa uma série
d ’
ameaças , que nos levaram a cortar
por amor , Deus ! Assim não dá , não é ?
a cortar relações .
Olhe ! E o
senhor
trabalha ?
A cortar relações ,
porque
Durante o dia está em casa ? Não está
Durante o dia ,
vou
vou à hora
d ’
almoço a casa . Trabalho .
Mas
trabalha ?
Sim ,
trabalho .
E a senhora ? Está sem ocupação laboral ?
A dona
1 ?
Eu
não sei ,
sotora
! Não
sei .
Não sabe ?
Não sei . Desconheço
Desconheço , portanto , a vida particular da senhora .
Portanto ,
Pois
não sei ! Não sei !
Não sabe a
qu ’
é
qu ’
ela se dedica ? Se tem alguma atividade laboral , se só está em casa
Eu não sei ,
sotora
Olhe ! Então ,
senhor
4 , o
qu ’
é que foi dito em
concretamentesic
?
Com ’
é
qu ’
ela se dirigiu a si ? Nisso que o senhor sentiu que estava a ser ameaçado , o
qu ’
é
qu ’
ela disse concretamente ?
Um dia destes , eu
mat-te
!
Ouvistessic
?
Mat-te
!
Com
Com
Com uma profundeza
Convicção
Convicta
Com convicção . O senhor acha que foi dito com convicção
Disso
qu ’
o senhor
diz com profundeza
Foi a
minha
portanto , foi
uma
Claro !
não foi assim uma coisa dita de passagem , é o
é o
qu ’
o senhor quer dizer , é isso ?
Não .
Olhe ! E o senhor contou que , entretanto , até houve uma senhora que impediu
qu ’
ela fosse atrás de si , é
i
e a
senhora , a dona
1
Sim
levava alguma coisa com ela
Não levava
Que eu me tivesse apercebido , não
porque
eu ia a caminhar , portanto ,
ia-me a dirigir
pa
pa
pa
chamar
pa
minha habitação para chamar as autoridades ,
porque
estávamos perante
uma
uma situação bastante anormal e ameaçadora .
Não pretendo mais nada !
Eu
Eu tenho que
passar
normalmente
Diga
senhor
Peço desculpa !
Tenho que passar
junto
portanto ,
pla
frente
Da casa da dona
1
É ! Da casa da dona
1
pra
uma outra propriedade que tenho , a escassos metros ,
mas depois dos edifícios
da
da dona
1 ,
e tenho que passar
pla
frente e na qual a senhora dona
1 tem
um
estabelecimento ,
onde
estão sempre pessoas , também
pla
frente ,
e foi aí que a senhora dona
1 , portanto ,
Proferiu essas express-
essa expressão
Com certeza !
Sim , sim
.
Assistente
Co ’
a devida vénia ,
sotor
.
?
Bom dia , senhor
4 .
Já descreveu aqui a
fac
a
a factualidade . Parece que não resultam dúvidas .
Relativamente
ao
ao
ao
ao
ao
Com ’
é que ficou ? Posteriormente a esta situação ,
com ’
é que ficou ?
Sotor
, senti que a minha vida foi toda afetada
Sim
portanto ,
d ’
um modo geral , tanto emocionalmente
como
, portanto , até materialmente
houveramsic
prejuízos
porque
eu fiquei , portanto , deprimido de tal forma
que
tive que meter baixa médica
Sim
Pronto !
E acontece que , portanto , a minha
relação
familiar também alterou
Mas porquê ? Porquê ?
Porqu ’
é que alterou a sua relação familiar
Portanto ,
a partir daí
, portanto , comecei-me a
sentir
com medo
Certo
portanto , alguma tristeza
também .
Portanto ,
tenho a minha habitação , onde tenho
portanto , não sinto
qualquer
culpa disso , portanto ,
E houve uma ameaça , portanto , o facto
de
diariamente
Portanto ,
a nossa habitação é o uso que fazemos
onde vivemos
ter que me dirigir
pa
minha habitação , depois
duma
ameaça
duma
vizinha
que tenho na minha parede do lado
quer dizer ,
isto
causa
causa medo , causa tristeza ,
afeta-me
portanto ,
afetou
a minha vida .
Pronto !
Ainda hoje
não é bem a mesma coisa . O uso dos espaços confinantes
afetou
Afetou !
Já não
mui
Já não os usa da mesma forma
que usava anteriormente a isto ?
Não os uso da mesma
da mesma forma . Claro que não ! Porque não sei até que ponto é
que
, portanto , a senhora usa a proximidade para
, portanto , efetivar o
que
ameaçou .
Certo ! E
E o senhor consegue dormir bem
Não consegue
Muitos distúrbios
do sono . Através de medicação
tive
medicado !
Ainda
, embora tenha reduzido
Ainda hoje
tomo algumas coisas para conseguir descansar .
E
E
continuo com a minha
portanto , com a minha relação
familiar
portanto ,
emocionalmente
há uma diferença
do que eu era para o
que
fiquei
depois disto .
Mas
o senhor era senhor
pra
portanto , ali
na
nas proximidades da sua residência , sair , ir ao café , passear
c ’
o seu filho ,
co ’
a sua esposa
Era senhor
pa
fazer isso nessa altura ?
ANTES
dos factos terem ocorrido , o senhor , com alguma frequência , dava um passeio , ia ao café
Ou não
Claro ,
sotor
! Claro !
Claro
o quê ?
Claro !
Sim ,
saía
.
Era diferente !
Agora
, portanto ,
evito !
Evito ! Por vários motivos !
Pra
já ,
sempe
que saio
tenho
que
cruzar
portanto
E é
E é muito provável
que me tenha que cruzar com
a
com a pessoa que
m ’
ameaçou .
E , claro , a
a vida
não é
não
é
deixa de
ser
deixa de ter aquela normalidade .
Deixamos de
ter
, no fundo , aquela liberdade
que eu tinha que
quando
m ’
apetecia sair ,
saía . Ora bem , não é a mesma coisa !
Eu vou sair , mas há sempre aquele
mas
E
alguém que
m ’
ameaçou
que
está no caminho
, não é ?
Olhe !
perguntar outra coisa . No dia destes episódios , o senhor estava acompanhado por alguém ?
Estava acompanhado pelo meu filho .
Portanto
Portanto
E
existiam
várias pessoas à frente do estabelecimento .
Certo !
Os factos passaram-se ,
ptanto
, à frente do estabelecimento da
da
da
da
sô
dona
1 ?
Correto ?
sotor
!
Pronto ! E o senhor
tava
acompanhado
plo
seu filho ?
Na via pública ! Eu ia
acompanhado pelo meu filho .
E o senhor sentiu-se
envergonha
do
por terem sido
proferidas
Além do medo que sentiu , sentiu
v
vergonha
por
por estas expressões terem sido proferidas à frente do seu filho e
asic
demais pessoas ou não ?
Perfeitamente ,
sotor
. Foi uma vergonha completa ,
uma
barraca , como se costuma dizer , no meio da rua
qu ’
eu fiquei
Eu , primeiro , não estava a acreditar :
Mas
isto
afinal é o quê ?
Pr ’
amor , Deus !
Isto não é vida para mim ! Eu sou uma pessoa respeitadora , educada !
desta
deste
conceito
de relações .
E fiquei
estupefacto com esta
com esta atitude . Mesmo !
Pra
Pra
além disso , claro , afetou-me perfeitamente !
O senhor disse aqui
que
que foi
foi seguido ? Foi isso
qu ’
eu percebi ? Foi seguido ali
na
na psiquiatria foi isso que me disse ?
Foi isso que disse ou não ?
Sim , ainda andei em
seguimento
. Sim , andei a fazer acompanhamento e a tomar medicação
, portanto ,
por
motivado por todo
este
portanto ,
por este medo !
Por este episódio !
E ainda
hoje
continuo sem
sem saber muito bem
até ao dia que a senhora realmente
Não sei !
Se
Tenta
efetivar
o que ameaçou .
Olhe ! E
E já aconteceram mais episódios como este ou não ? Isto foi um episódio isolado ou
Sotor
, os outros são irrelevantes !
Ó
sotor
!
Os outros são
irrelevantes
!
só
pa
constatar
Se não eram
Se não eram relevantes , o
sotor
não pode trazer . Como é evidente ! Eu não posso ter em consideração !
Não faz parte do objeto do processo .
Certo ! Certo ! Claro ! Com certeza !
S ’
houve outros ,
sotor
, ele apresenta a respetiva queixa e é analisado no respetivo processo .
É tudo ,
sotor
!
É tudo ,
sotor
!
Ó senhor
4 , diga-me uma coisa !
O senhor referiu que a dona
1 saiu e lhe proferiu esta expressão .
Mas saiu sem nada ? Não houve uma conversa ? Não houve uma discussão antes ?
Entre si e a dona
1 ?
Antes
a senhora dona
1
No momento !
motivou , portanto , o corte de , portanto ,
de relações .
, portanto ,
Tou
a falar neste
dia !
Não é isso
qu ’
a
sotora
está a dizer !
Neste dia ! Neste dia !
Ah ! Nesse dia , não !
Tá
a dizer o momento anterior
a
Nesse dia não !
Não , Não ! Nesse dia , não !
Ptanto
, ela sai
sai da porta
pra
fora
e
Correto !
E o senhor não proferiu nenhuma expressão ? Não houve discussão nenhuma ?
Não ,
sotora
!
A dona
1 saiu e disse
Sim
.
Olhe ! Quando é
qu ’
o senhor começou a ser seguido na psiquiatria ?
Foi
logo , portanto , após
após a isso . Após
Não sei se
O
sotor
juntou algum documento ?
Não !
tem ali
tem ali o texto
Posso ver ? Deixe-me ver !
Ó
sotor
, o documento que juntar
hoje
vai ser
su
vai ser sujeito a
a
A avaliação ! Ainda não vi o documento ,
sotor
!
É a primeira vez
qu ’
eu estou
estou
a sanção !
é a primeira vez
qu ’
estou
Diga-me
uma
Ah !
Ma
não é
não importa quando é
qu ’
sotor
tem conhecimento ,
sotor
! É o sujeito processual !
Diga-me uma coisa !
Com ’
é que são as vossas relações de vizinhança ?
O senhor foi
pra
lá morar quando ?
Fui pra lá
morar
nos anos dois mil
e
e nove
e
oito
Dois mil e oito . Os factos ocorreram em dois mil e quinze . Diga-me uma coisa ! Durante
osic
dois mil e oito a dois mil e quinze ,
com ’
é que foram as vossas relações de vizinhança ?
As nossas relações de
vizinhança
foram boas
até uma determinada data
que
a senhora , portanto , começou
, portanto ,
a
a ter práticas menos
menos boas .
Práticas menos boas ?
Sim
.
E nunca houve nenhuma discussão entre vocês ?
Nunca houve nenhuma discussão entre nós !
Antes destes factos
nunca houve nenhuma
Não !
discussão
?
Não , senhora doutora !
Nada ?
Nada !
Então , a dona
1 sai disparada de
casa
Não houve discussão , mas houve quezílias !
Pelos vistos não ,
sotor
!
Houve ! Houve , houve , houve ! Ele próprio disse que houve quezílias !
Por parte da senhora !
Várias
Várias agressões , invasão de
propriedade
,
abertura
de
abertura
de
de fenestrações
Não ! Isso
Isso
pr ’
aqui não interessa ! Eu
tou
a falar
em termos de
RELAÇÕES
Sotora
! Se ele
di
Se ele
di
Se ele diz que estavam de relações cortadas ,
com ’
é
qu ’
é possível
Ó
sotor
, mas eu quero ver se existe algum fundamento ! Quer dizer , parece que
tamos
a falar
duma
pessoa completamente descompensada que sai de casa e diz à primeira pessoa :
Eu mato-te !
Pra
ela
Evidentemente ,
pra
ela dizer isto é porque estavam de relações cortadas ou ,
plo
menos , andavam
com animosidade ,
um relativamente a outro .
Andavam com animosidade , sim senhora ,
sotor
! Mas , quer dizer , não tem lógica não haver uma discussão
antes
!
A não ser
qu ’
a arguida fosse esquizofrénica !
Houve alguma discussão antes ,
senhor
4 ?
Não ,
sotora
!
Não ?
Olhe ! Diga-me uma coisa !
Refere que
tava
lá
várias pessoas
no café e que foi à frente do café
Sim , claro ! Estavam várias pessoas à frente do café .
E
conhecia alguma delas ?
S
Não ! Não conheço !
Sei que são pessoas lá da povoação .
Não conheço .
Não conheço propriamente .
Sei que são pessoas que vivem na povoação
Sim .
Ó doutora ,
s ‘
ela reconheceu que o
que o
que o ameaçou !
Atãosic
, desde dois mil e oito que já lá mora não conhece as
a
a
os vizinhos que estavam lá no café ?
E
qu ’
assistiram a tudo
Eu considero que conheço uma pessoa quando convivo
portanto
Ó SENHOR
4 , DESCULPE LÁ
! Vamos ali na rua , eu sou agredida
eu , quer dizer , no
máximo
indico as
outas
pessoas que
tão
ali nem que peça :
Olhe , desculpa lá ! A senhora viu , não se importa de
d ’
ir confirmar isto que foi dito ?
Ah ! Mas a
sotora
então não sabe
que
a
sô
dona
1
ameaçou as pessoas ,
dizendo que se fossem dizer alguma
coisa que iam ver o que lhe
faziamsic
!
Pr ’
amor , Deus !
Ó ! Ó SENHOR
4
!
S ’
AMEAÇASSE
TAMÉM
ESTARIAM AQUI COM
COMO O SENHOR ESTÁ
!
Diga-m ’
uma coisa ! O senhor tem
qu ’
idade ?
Quarenta e três ,
sotora
!
Ptanto
,
considera-se de boa forma física
Ul
Ultimamente nem por isso ,
sotora
!
O que é
ultimamente
?
EM DOIS MIL E QUINZE
!
Com ’
é
qu ’
o senhor se sentia em termos de forma física ?
ATIVO
?
Claro !
Uma pessoa dinâmica ?
Claro !
Uma pessoa capaz de fazer face a
a
um imprevisto ?
Sim ,
sotora
!
Imprevisto
!
ATÃOsic
COM ’ É
QUE TEVE MEDO
?
sou capaz
sou capaz de
de
governar a minha vida , não é ?
Mas
atãosic
explique-me
com ’
é que sentiu medo
duma
senhora de
de
A
sotora
se for ameaçada de morte
perto de
anos !
com ’
é que se sente ? Com convicção ?
Se eu for ameaçada , dada a minha idade , por um adolescente , ah pode ter a certeza que não tenho medo !
Ai só um adolescente é que faz mal ?
NÃ
O ! EU
TOU
A FALAR EM TERMOS DE
EM TERMOS
D ’
IDADE DE
A mim não !
DE ASPETO
EH
FÍSICO
Ó senhor
4 ! O senhor
O senhor acha esse seu comportamento normal ?
Se calhar , aqui ninguém na sala acha !
O senhor está a exponenciar um facto
qu ’
a generalidade das pessoas , apesar de ter algum temor , não entra em
DEPRESSÃO
!
Está a perceber o
Está a perceber
asic
porquê
o porquê das perguntas da
sotora
?
Tem a ver essencialmente
co ’
isso ! O senhor é
duma
sensibilidade
EXTREMA
!
Tá
a perceber ?
Agora , uma senhora da idade da arguida que , de facto , lhe diz isto
porqu ’
andam de relações cortadas
S ’
os senhores
S ’
os senhores se dessem bem e ela lhe dissesse isso , é
qu ’
o senhor devia ficar
prejud
pre
preocupado !
Agora ,
s ’
os senhores se davam mal e ela se saiu com isso
Isso , infelizmente ,
FAZ PARTE DA VIDA
! Quando as pessoas se dão mal ,
CHAMAM-SE
S , AMEAÇAM ! FAZ PARTE
!
Ó
sotor
! Eu até compreendo alguma sensibilidade
não sei , como o senhor doutor diz , em
em termos de coiso . Agora , o senhor dizer que deixou de fazer a sua vida normal , que sentiu efetivamente
NÃO TEM AQUI NENHUM VIZINHO , SÓ TEM O SEU FILHO COMO TESTEMUNHA
!
Quer dizer ! Não
Não
HÁ
DIZ-ME QUE NÃO HÁ NENHUMA DISCUSSÃO
ANTES
!
Sotor
, é só !
Posso ,
sotor
?
Tudo ?
É !
Pode sentar lá atrás !
Diga
só um bocadinho .
Vamos lá tentar
cons
con
contextualizar aqui a
a
os factos .
Ó DOUTOR , CONTEXTUALIZAR É DIFÍCIL E
ESTÁ DEMAIS !
Ó
sotor
!
Parece
Parece que
que resulta aqui , desta audiência
em julgamento ,
qu ’
a senhora foi a primeira vez que proferiu esta expressão .
Não
Não
Não é verdade !
Ó
sotor
!
Ó
sotor
! Se for
Se há outras ele
ti
ele não as
pode vir buscar todas agora
pr ’
aqui ,
sotor
!
Mas há
Mas há
Sotor
! Mas há queixas-crime apresentadas ,
sotor
!
Ó
sotor
, isso é outra questão ! Isso é outra questão ! Se
ELE
já andava com medo dela relativamente a outras ,
sotor
,
atãosic
não é neste pedido que deve fazer esse pedido ! Deve dizer é assim :
Isto agravou
Que já havia acontecido noutros
noutros casos em que ela já lho tinha
FEITO
!
Certo !
Pronto !
Então ! São coisas
diferen
tes !
mas ele próprio vem dizer que não faz discussões
que não houve discussões !
Mas
pa
contextualizar ,
sotor
! Desculpe !
Pa
contextualizar
Pra
contextualizar ,
, não é situação isolada como
como
a
a minha ilustre colega quer aqui
transparecer !
Ó
sotor
, mas ele é que está a dizer ! O
arguidosic
é que disse que é !
Ó
sotor
Porque disse
qu ’
até nessa
al
até essa altura andava muito bem , conforme a
sotora
disse . Até essa altura andava muito bem e , com esta expressão , esta única expressão , sem nunca terem qualquer confronto direto
Não ! Mas isso
isso não corresponde à realidade ,
sotor
!
MAS FOI ELE QUE DISSE
!
Ó
SOTOR
! MAS FOI ELE QUE O DISSE
!
Ó
SOTOR
!
Ó
sotor
!
FOI ELE QUE O DISSE
!
Eu perguntei assim :
Há
Houve várias discussões
?
Nunca discutimos ! A senhora , por várias vezes ,
a senhora , por várias vezes ,
O
argui
O
O assistente ?
que eu entrasse em conflito com ela
em confronto direto .
E eu é que nunca
Eu não pactuei com isso !
EU PERGUNTEI-LHE , SENHOR
4 , SE JÁ TINHA HAVIDO DISCUSSÕES
ANTES
!
O SENHOR DISSE-ME :
QUEZÍLIAS
! Até o
sotor
Quezílias
fui eu !
Quezília
quezílias
Havia quezílias
porqu ’
ele tinha dito
qu ’
ela
andava-lh ’
a abrir respiradouros e tra-tra-ta-ta !
Pronto !
Lá na
Quezílias de vizinhança ! Próprias da vizinhança !
Perguntei
s ’
havia
discussõ
es !
Se já tinha havido
confron
to !
POIS
! E ele disse que não !
Ele disse que não
!
Ele disse que não !
Ó senhor
4 , vamos aqui esclarecer ! O que são
pra
si quezílias ? Diga lá !
Sotor
, não é
pra
ele !
Quem falou de quezílias fui eu !
Porque
Pronto ! Pronto ! Mas ó
ó
ó senhor
4 ! Contextualize ! O
qu ’
é
qu ’
aconteceu
ANTES
destes factos
p ’
os senhores deixarem de falar ? Porque
n
o senhor não acordou , certamente , num dia e deixou de falar
pa
senhora ou a senhora deixou de falar
pra
si ! O
qu ’
é
qu ’
aconteceu ?
Claro que não ! A senhora motivou , portanto ,
essa
esse corte de
de
relações .
Mas o
qu ’
é
qu ’
ela fez ? O
qu ’
é
qu ’
ela
fez ?
Portanto , ela
abriu respiros
pa
minha proprieda
de
Sim
mandou invadir a minha
propried
dizendo
qu ’
a minha propriedade que é de
la
E mais ?
que
qu ’
aquilo
qu ’
é tudo dela
Sim
tem um estabelecimento a funcionar
que
é um incómodo constante ,
portanto , não tenho
Pois !
Pronto !
Tudo isso
Tudo isso
Pronto !
Foram essas questões
que
MAS ISSO NÃO TEM A VER DIRETAMENTE COM ISTO
!
Não , mas também
não foi neste episódio
qu ’
a senhora
Mas é isso que ele cá
faz quando deduz o pedido cível !
Quer que seja tudo
relativamente
metido aqui , no saco azul !
relativamente
Não pode ser !
Olhe ! O senhor quando foi morar
pra
lá , já havia lá o café ?
Quando mudei , já tinha o café .
Pronto !
Ó senhor
4 !
Só
Só mais uma pergunta . Se
Se me permite .
Mas não
não funcionava com os horários
que
passou a funcionar .
Mas isso é a câmara
!
Senhor
4 , permita-me ! Permita-me !
Responda-
me
às minhas questões , por favor !
O senhor é uma pessoa sensível ?
O senhor é uma pessoa sensível ? Foi a primeira vez que foi acompanhado na
psiquiatria
Não ,
sotor
! Eu apenas
Eu apenas preciso viver na minha casa .
Precisa de viver na sua casa .
É só isso .
Não é isso que eu lhe perguntei !
S ’
é uma pessoa
sensível
?
SE
estas palavras que foram proferidas
Não ,
sotor
! Eu tenho sido altamente resistente .
se estas palavras que foram proferidas pela
pela
pela
pela arguida
se o deixaram num estado de ansiedade ,
de medo , de depressão que
preci
Claro ,
sotor
! Claro !
se foi este o
motivo
Claro !
qu ’
o levou
a recorrer à
Claro !
à
psiquiatria
?
Claro !
Não me responda
claro
!
Pelo amor
de Deus
!
Ó
sotor
,
eu já lhe tinha dito que sim ! Só
qu ’
o
qu ’
é que nós já vimos ? Que não ! Que não foi só isso !
Não é ?
Qu ’
isto é um
acumular
de situações que já vinham sendo
t
tendo ,
ptanto
, que já vinham acontecendo e que , com isto , acabaram por ser mais uma gota !
Que contribui para que ele , de facto , se deixasse afetar . Claro !
É tudo ,
sotor
!
O
des
É evidente
qu ’
o desgaste do dia a dia de quezílias de
viz
de vizinhos
é
é suscetível de gerar intranquilidades nas pessoas e
e as pessoas andam ali todos os dias a
CHATEAR-SE
e depois deixam-se
DESGASTAR
, ficam emocionalmente mais
IRRITADAS
. Essas coisas todas !
Mais frágeis
!
Faz parte , não é ?
Claro
!
isto é a normalidade da vida !
Senhor
4 , quanto é
qu ’
o senhor ganha por mês ?
Uns quinhentos euros .
Líquidos ?
0.8
Com quem vive ?
Vivo
com o meu filho
com
com
Com quem vivo ,
sotor
? Com o meu filho
e com
a
portanto ,
a mãe do meu filho .
Sua companheira ?
Sim , sim !
Quanto é
qu ’
ela ganha ?
Anda também em
mais ou menos
pelo meu
pelo meu vencimento .
Quinhentos euros .
Qu ’
idade tem o seu filho ?
Tem dezoito .
Casa própria ou arrendada ?
Casa
Casa própria .
Paga ao banco ou não ?
Pago ao banco .
Quanto ?
Cerca
duns
trezentos euros .
Amortização
d ’
emp
do empréstimo , não é ?
Amortização
d ’
empréstimo .
Trezentos mensais , é ?
Mensais .
Que estudos tem ?
Tenho o décimo segundo .
Agora pode sentar lá atrás .
licença !
Aqui nesta cadeira ,
tá
bem ?
Sim .
5 .
O senhor é filho do senhor
4 , não é
Sim , sim
.
E
isso impede-o de dizer a verdade ?
Não
.
Jura por sua honra dizer toda a verdade e só a verdade ?
Sim !
O seu pai diz que tem dezoito anos , é assim ?
Exato !
Sabe que , se faltar à verdade , comete um crime de falso depoimento ?
Sim !
Faz favor de se sentar ! Vai responder às perguntas que lhe vai fazer a
sotora
procurado adjunta !
Então !
O
senhor sabe , certamente , o
qu ’
é que se passou , não é ?
Pra
que o seu pai tivesse apresentado queixa e
plo
que está aqui a responder a dona
1 , sabe ?
Sei .
O
qu ’
é que se passou ? Que o senhor tenha assistido e ouvido
Nós estávamos a caminho da nossa garagem e , quando estávamos no caminho ,
a senhora dirigiu-se ao meu pai a insultá-lo ,
de um modo bastante agressivo , ameaçando-o até de morte .
E
, quando o meu pai voltou
pa
trás ,
pa
ir a casa ,
pa
chamar a polícia ,
a senhora continuou a persegui-lo
, mais uma vez de modo agressivo , e teve que ser parada por uma das pessoas que
tava
presente no local .
E o
qu ’
é
que
Relativamente ao
ao que ela dizia , que o
senh
que , portanto , que diz que era em
em termos agressivos e
d ’
ameaçar , o
qu ’
é
qu ’
ela dizia ?
Chamando-lhe entre vários
no
mes ,
a dizer que
qu ’
o matava , a fazer gestos , tudo e mais
algu
tudo e mais alguma coisa !
E que tipo de gestos ?
Que lhe dava uma pancada . Fazia gestos assim
, atrás dele . E ele , simplesmente , de costas
pa
pa
ir chamar a polícia , a casa . Mais nada .
Olhe e isso
O seu pai disse alguma coisa antes
Não disse
Não ! Nós estávamos a caminho da garagem . Eu ia
po
treino
e
a
a senhora simplesmente
sai de casa e desata
Portanto , o seu pai ia levá-lo ao treino , é
isso ?
Exato ! E a nossa garagem
tá
separadosic
da casa . Nós temos que passar lá à frente .
Da casa da
da dona
1 ? Têm que passar à frente
da casa dela
Sim . Exato !
Olhe ! E ela dizia isso
já disse que em tom
sério , era ?
Sim .
Ela inclusive até
Tava
zangada
Ela , inclusive , teve que ser parada por uma das pessoas que
tava
lá presente .
Não pretendo mais nada .
Assistente
Co ’
a devida vénia ,
sotor
!
Portanto , já descreveu aqui os factos constantes
da
deste
deste triste episódio , o que lhe quero perguntar é :
sentiu no
no seu pai algum
algum medo ?
Ah ! Sim !
Sentiu ?
Sim !
Principalmente
quand ’
ela
começou
a andar atrás dele .
Ela andou atrás dele ?
Sim !
E
E , por acaso ,
reparou
se tinha
algum
objeto na mão
Se trazia alguma coisa
Não , não ! Mas
se
fazia gestos ,
mas
Fazia gestos
Sim !
Com
Com
Com
Portanto , gestos
esic
ameaçadores ! É isso ?
Exato !
Como quem matava , é isso ?
O
qu ’
é que
Sim
.
Que gestos é que
elesic
fazia ? Consegue
Ela , basicamente , disse que lhe
dava
que dava uma pancada
e
que lhe tirava a vida .
Pronto ! Proferiu as expressões que
que o matava e , depois ,
fazia gestos no sentido de
como quem fosse executar , é isso ?
E o
E o
E o
5 , teve medo ?
Eu
Eu
fiquei
fiquei onde nós
távamos
. O meu pai depois decidiu voltar
pa
trás , eu decidi ficar parado
a
a assistir , porque eu nem sabia o
qu ’
é
qu ’
havia de fazer
e
e fiquei preocupado !
Nã
Não por aquele dia porque , entretanto , uma pessoa foi lá parar a senhora ,
mas
pelo
pelos outros
.
Obviamente , uma pessoa fica com medo !
Exato !
Pronto
! Isto
Isto foi um episódio
isola
do
Já
Já havia quezílias
en
entre o seu pai e a
e a dona
1 ou
Isto foi uma
Com ’
é que explica
qu ’
isto tenha acontecido ?
Não ! Isto não foi assim
algo
Isto não foi algo por acaso , isto
já
já dura há algum tempo
Sim
inclusive , nós estamos em casa e estamos constantemente a ser incomodados .
Temos pessoas
que
invadem a nossa propriedade , temos música aos altos berros , de manhã cedo , ninguém consegue descansar em casa
Sim
Tudo e mais alguma coisa !
Ptanto
, os senhores não têm paz , tranquilidade
em casa ?
Não !
E
depois
duma
ameaça de morte , uma pessoa não fica propriamente descansada .
Muito menos
a passar da nossa casa
pa
garagem que fica exatamente onde a senhora vive .
Tava
no meio .
E
E
E
com ’
é que se sentiu o seu pai , após este episódio ?
O meu pai ? O meu pai ,
obviamente
Ele consegue dormir bem ?
Nem por isso ! Ele anda sempre preocupado ! Ficava até mais tarde
acorda
do , caso
houvesse alguma coisa
Sim !
Olhe ! E
E
E
soube
s ’
ele , por acaso , recebeu
tratamento
hospitalar
Psiquiátrico
Sim , recebeu .
Recebeu ?
Sim !
Derivadosic
asic
estes factos ?
Sotor
! Isso só se prova com o documento !
Certo ,
sotor
! Exato !
Foi isso
qu ’
aconteceu ? O seu pai teve que
receber
tratamento psiquiátrico , foi isso ?
Olhe ! E
E relativamente
Ele
Ele
Ele não era pessoa , antes destes episódios ,
pa
sair
, ir ao café , dar um passeio consigo ali pela redondezas ? Ou não ?
Nós vivemos ali . De vez em quando , íamos dar umas voltas de bicicleta pela
zona
, etcétera ,
mas
nada assim
de
E depois ? E depois
E depois
destesic
episódios ? Continuaram a fazer isso ,
a vossa vida normal ou
Não ?
Não !
Mas
porqu ’
é que não continuam a fazer isso ?
Exatamente pelo receio
d ’
alguma coisa ,
porque
as pessoas
aquilo há lá um café
tamém
,
nesse meio
Sim , sim
e
as pessoas todas são influenciadas . Uma pessoa nunca sabe o
qu ’
é que poderá acontecer e , então , retém-se um bocado . Uma pessoa só ia à garagem mesmo quando era preciso irmos
p ’
algum lado ou assim .
Portanto , no fundo , deixaram de poder sair de casa
co ’
a mesma tranquilidade ,
c ’
a mesma paz ,
c ’
o mesmo sossego com que faziam anteriormente ?
Exato !
Deixaram de frequentar o café
Por isso ?
Mas
já
já tínhamos deixado há algum tempo , por causa das outras coisas todas passadas
Certo !
É tudo ,
sotor
!
Sotor
!
O
5 tem algum receio da senhora ?
A partir do momento
qu ’
ameaça o meu pai de morte , com bastante
convicção
, passei a ter um bocado .
Um rapaz de dezoito anos
duma
duma
velha de
de
de
Ah !
Isso
Isso quer dizer muito pouco !
que tem receio o quê ?
Qu ’
ela tenha lá uma caçadeira em casa ?
Isso não sei .
Ou
qu ’
ela ponha uma bomba e mande aquilo tudo
plos
ares ?
Ó meu Deus
!
Não ! Estou
Agora estou
Agora estou a
ques
estou a questionar ! Precisamente porque não percebo
com ’
é
qu ’
um rapaz de dezoito anos , numa situação destas , também
também se
d
se
se
se fica na sombra dos medos do pai !
Não é propriamente nos medos do meu pai !
É os medos
Então ?
criados por mim .
Porque
MEDOS CRIADOS POR SI
?
Exato ! Naquela situação
porque
é assim , não é preciso
tamém
SE SÃO VIZINHOS , JÁ CONHECEM A SENHORA , JÁ CONHECEM A VIDA DELA , JÁ SABEM O
QU ’
ELA FAZ , QUE TIPO DE PESSOA ELA É , NÃO É
?
Sim .
Se fosse um
uma pessoa
qu ’
aparece ali de repente
e ninguém conhece de lado nenhum , as pessoas ficam sabe-se lá !
Pode ser uma pessoa doida !
Sim , mas
porque
é assim
Agora , são vizinhos , sabem o
qu ’
a senhora faz , sabem a vida da senhora
,
sab
sabem
qu ’
o
a
as pessoas mandam cá
pra
fora coisas da boca
pra
fora que
que saíram e pronto !
Eu posso explicar
que
é assim , houve mais acontecimentos
p ’
além deste .
Este aqui não
Sim
foi um isolado
Sim , mas
Há mais acontecimentos anteriores a este
Rela
De
De
Tanto a música , que nós não podemos descansar
ISSO ACONTECE EM TODO O LADO
!
invasão de
propriedade
TEMOS OS VIZINHOS QUE PÕEM MÚSICA ALTA ,
VIZINHOS QUE FAZEM BAILES , OUTROS QUE FAZEM FESTAS DOS
FILHOS
E AS PESSOAS QUE ESTÃO POR BAIXO TÊM , NECESSARIAMENTE , QUE AGUENTAR ! TODOS
ISSO ACONTECE EM TODOS OS LADOS
! Já nem
J
O tempo das
qu ’
as pessoas viviam em
em
habitações separadas , já lá vai ! Desde que criaram o elevador , passou a haver
A partir
ca
casas com muitos pisos !
E depois
Sim
a
as
deixa
deixa
d ’
haver construção de qualidade
porqu ’
eles querem rentabilizar ao máximo e
NÃO HÁ
SO
ISOALIZAÇÃOSIC
DOS PRÉDIOS ! MAS ISSO
ISSO TODA A GENTE SOFRE
!
Eu percebo
isso
esporadicamente e não constantemente . Sempre , de manhã , bastante cedo . Já
pa
não falar
que
Mas já deviam estar habituados ! Se sabem
qu ’
ela faz isso !
A PESSOA ENTRA NESSA ROTINA
!
Ma
não fazia !
Posso
?
Ma
não fazia ! Anteriormente , nós dávamo-nos bem
e , a partir do momento
qu ’
houve uma venda de propriedade ,
el
a senhora vendeu-nos uma propriedade e depois , basicamente , dizia que não era nossa
nós não tínhamos dado dinheiro nenhum ! Quando tínhamos
e
temos a prova de documento disso
Pronto !
E as coisas foram-se
foram-se avolumando a partir daí
Exato !
ENTÃO
! Mas vocês sabem que tipo de pessoa ela é !
Acham
qu ’
ela é capaz
Nem por isso ! A partir do momento
em que nos
ACHAM
QU ’
ELA É CAPAZ DE FAZER ISSO QUE DISSE
?
Eu acho !
Acha ?
Sim !
Porque
E ela fazia isso como ?
C ’
uma faca e
d ’
alguidar ?
Daqu
Daquelas de
de
de matar os porcos ?
Há homicídios bate-
bastante esquisitos ,
inclusivessic
com colher ! Por isso , a partir
daí
Como ?
Pessoas que matam outras pessoas
c ’
uma colher ! Já houve disso ! Já aconteceu ! Há incidentes disso !
É
Um
Qualquer objeto pode servir como arma !
O
so
So
O
so
O senhor anda a utilizar muito a internet , não ?
Não ! É verdade !
Eu não digo que seja em Portugal , mas acontece !
O
qu ’
eu quero dizer é : qualquer objeto serve como arma .
TÁ
BEM
!
Mas
Mas
E a partir do momento
têm
têm que se situar naquela situação concreta e tirar daí as devidas
ilações
! Sabe
qu ’
uma vizinha
os senhores sabem a rotina da
da vida dela , do dia a dia , que tipo de pessoa ela é , com quem convive
Isso não
se
Isso não serve ?
A partir do momento que nos dávamos bem e , depois , há uma mudança de atitude repentina , completamente diferente , uma pessoa deixa de saber se realmente conhece ou não .
U
Uma coisa é as pessoas
cor
cortarem de relações e
até
ficarem chateadas , outra coisa
É A PESSOA SER CAPAZ DE PRATICAR DETERMINADOS ATOS
!
Não está aqui em causa
Não está aqui em causa se este tipo de comportamento dela é suscetível ou não de
re
ge
gerar receios .
ISSO EVIDENTEMENTE QUE É
!
NÃO É ISSO
QU ’
EU ESTOU A DIZER
! O que estou a dizer é : eu acho
é que
que o
mais o
o seu pai
ESTÁ
A EXPONENCIAR ISTO
que não tem , de facto , esse relevo !
É isso ! É só isso
É só isso
qu ’
eu quero transmitir !
Então
Então e uma
pessoa que fica com medo
TÁ
A SER EXPONENCIADO UM FACTO QUE NÃO TEM ESSE RELEVO
!
Tão
uma pessoa que é ameaçada de morte não há de ficar com medo ?
Mas eu não disse isso !
Eu não disse isso !
Estou
Estou a referir-me é àquilo
qu ’
o seu pai diz que foram as consequências disto !
Está a perceber ?
A ponto de não passarem
pa
garagem , essas
coi
essas coisas !
Doutora
Não ,
sotor
!
A
sotora
!
Sou eu !
Ó
Ó
5 ! Bom dia !
Bom dia !
Diga-me uma coisa !
Referiu do medo , não sei quê , mas a
a dada altura disse que não teve
medo por
AQUELE DIA
Então
?
Eu
tou
a falar
tamém
do medo que veio a seguir ,
tamém
!
Mas
naquele
dia ! O senhor referiu que não teve
medo por aquele dia
!
Não só por aquele dia .
Não ! Não
Não teve
medo por aquele dia
. Foi a expressão
usada .
Não
.
N
Não
!
Então
Claramente
Então
Tipo
Obviamente
qu ’
há receio daquele dia !
Não é ? Daquela
altura !
A expressão é sua !
Então
, eu
eu não sei o
qu ’
hei de
dizer
Porqu ’
é que não foi
com
Nã
Nã
Não
Se
S ’
houvesse medo ,
porqu ’
é que não acompanhou o seu pai ,
quando voltaram
pa
trás
pa
ele ir chamar a polícia ?
Não acompanhei ?
Sim .
PORQUE FIQUEI ESTUPEFACTO !
C ’
O FACTO , DO NADA ,
I
AQUILO ACONTECER
!
Não
houve nenhuma discussão antes ?
E ele
E ele
Nenhuma discussão ?
O quê ? Entre
Entre o seu pai
e
a dona
1 .
O quê ?
Na
Naquele dia ?
Sim !
Naquele dia , não ! Nós , simplesmente , tínhamos acabado de sair de casa
pa
ir
po
treino .
Olhe ! Diga-me uma coisa ! Referiu
de
música e não sei
quê
Sim !
Tá-s ’
a
referir
do café que lá há ?
Não ! Não me
tou
a referir do café !
Tou
a falar de um rádio que , quando a senhora saía de casa e ia
po
autocarro , o deixava ligado vinte e quatro
sete
)
Atãosic
, mas com ’ é que sabia que ela saía para ir apanhar o autocarro ?
Via-a a sair ,
sotora
!
Ouvia-se da porta !
Hã ?
Via-a a sair ,
sotora
!
Via-a a sair
à janela ?
CLARO ,
SOTORA
!
Ó
SOTOR
!
Ou na porta ! Ou à varanda !
Ou à porta !
Então eu sei lá se os meus vizinhos saem
pa
apanhar o autocarro , doutor !
Viam
qu ’
ela
já saiu !
Não ! Nós ouvimos a porta ! A porta bate sempre ,
com bastante estrondo .
E tinha que ser ela !
ENTÃO
! E dá
pa
ver pela janela ! A janela
tá
virada
pa
rua !
SIM
!
OLHE
! Referiu que costumava dar uma
vo
ltas por
lá
Também deixou
d ’
andar de bicicleta ?
E de passear
Eu não deixei de andar ! Mas com menos regularidade .
Não está em causa ele ! Só
tá
em causa o pai !
Ó
sotor
, ele disse que dava umas voltas com
c ’
o pai
quando ia de bicicleta .
Não ! Quando ia
c ’
o pai !
C ’
o pai !
C ’
o pai ?
Pois !
C ’
o pai .
E agora dá sozinho as voltas de bicicleta ?
EU NÃO DOU SOZINHO ! EU NÃO
EU NÃO DISSE QUE NÓS DEIXÁMOS
D ’
DE BICICLETA
! Eu disse que deixámos
d ’
andar mais regularmente .
Com ’
andávamos !
Por causa desta situação ?
Sim , também !
Assistiu mais alguma vez a alguma discussão entre o seu pai e a dona
1 ?
Sim ! Sempre que nos invadiam a propriedade !
Pronto !
Atãosic
não foi
a
já havia
as relações estavam mal entre
ambos
Já havia antes
Invasões de propriedade e outros incidentes !
Exato !
Pronto ,
sotor
! É tudo !
Pode sentar lá atrás !
Toda a gente ? Tem a palavra o Ministério Público
p ’
alegações !
Peço Justiça !
Assistente
Devida vénia ,
sotor
!
o
sotor
juiz ,
ilustre procuradora do Ministério Público ,
ilustre colega , senhora funcionária e os demais presentes !
parece
que
resulta provado desta audiência de
em julgamento que
que
que a arguida
1 proferiu
assic
expressão
que dirigiu , neste caso , ao
ao assistente a
a ameaça agravada .
Ptanto
, foi aqui dito quer pelo arguido quer
quer pelo assistente
quersic
pelo
quer pela testemunha que , efetivamente , as expressões foram
foram
foram
den
dirigidas , contextualizaram os factos e também a
assistentesic
, inicialmente , tentou aqui fazer uma confissão integral e sem reservas , mas
tal
tal não
surtousic
o
o
o
o devido efeito .
Ptanto
, relativamente
à
à parte crime , parece-me que resulta provado que , efetivamente , a arguida cometeu os factos que vêm constantes da
do auto
d ’
acusação pública . No concerne à
ao pedido indemnizatório
, também foi aqui dito quer pelo
pelo assistente quer pela testemunha que
que
qu ’
a
qu ’
a senhora proferiu a
as expressões de forma livre ,
voluntária e consciente
da
d
daquilo que estava a fazer .
TAMBÉM
Também foi aqui dito quer pelo
pelo
pelo
pelo assistente quer pela
pela testemunha que o senhor teve medo ,
perdeu o sono ,
perdeu a paz , a tranquilidade , o sossego ,
ptanto
, tudo que
, do nosso ponto de vista , deve ser contabilizado para
para efeitos de
de
do
do pedido indemnizatório . Desta forma ,
, Vossa Excelência , a tão acostumada Justiça .
Apresento os meus cumprimentos a este Tribunal .
Quanto à parte de crime e quanto à
ao facto da
da
da expressão ter sido proferida , a arguida assumiu desde logo , mas é obvio
qu ’
é uma expressão que
surge
num
âmbito
duma
discussão . Apesar da
da
Uma discussão , não naquele momento , mas de quezílias já anteriores de má
relações de má vizinhança . Evidentemente ,
terãosic
havido discussões de parte a parte , mas isso não interessa . Saiu , por isso é
qu ’
arguida diz que não tem consciência de ter dito ,
porqu ’
as
é o calor do momento ,
dizem-se coisas
sem querer , sem pensar ,
terá sido o
qu ’
ocorreu
neste dia ! E isso
a arguida assumiu perfeitamente .
Quant ’
ao pedido
de indenização cível , não ficou minimamente provado que
o
o arguido
o assistente
TENHA
ido
pa
consultas de psiquiatria no
ÂMBITO
deste
acontecimento .
Pode-se ter sido
sentido incomodado . Ninguém diz que não !
Agora ,
MEDO
,
inquietação
ou
receio
não é plausível
qu ’
um homem de quarenta e três anos
em
DOIS MIL E QUINZE
, ele próprio assumiu que
tava
em perfeitas condições físicas
sentisse
MEDO
ou receio
duma
pessoa de setenta anos ! Quer dizer , isso não faz o menor sentido ! Pronto ! Quanto a isso ,
o pedido cível deve ser julgado improcedente , por não provado . Quanto à parte criminal , deve ser arguida
pena mínima
,
porqu ’
, efetivamente , proferiu a expressão e isso não há dúvida . Consciente ou inconscientemente ,
mas cometeu .
Pode-se levantar a arguida
Quer dizer mais alguma coisa em sua defesa ?
Ó
sotor
!
Tá
tudo dito !
Quanto é
qu ’
a senhora ganha por mês ?
Eu ?
de
duzentos e cinquenta
duma
renda de casa e cento e sessenta do meu falecido marido .
É o dinheiro que entra em minha casa .
Duzentos e cinquenta mais cento e sessenta
Cento e sessenta . Medicamentos
e
alimentação , fico
co ’
a barriga sem comer !
0.9
Ptanto
, os duzentos e cinquenta de rendas e os cento e sessenta de reforma do falecido marido
Tou
a ver .
Com quem vive ?
Vivo só . Vou
po
pé dos meus filhos , de vez em quando . Ainda agora estive
uns
quase um ano ao pé da minha filha .
e vinha . E estive
uns
dias
em
casa
cheguei a casa ,
tavasic
assim umas coisas assim um bocadinho desorientadas ,
ma
não
Casa
Doutor
Casa própria ou arrendada ?
A sua casa .
É
É própria . É minha .
Tem cinquenta e dois anos !
Casa própria
.
Que estudos tem a senhora ?
Eu tenho a quarta classe .
Trabalho desde os treze anos .
0.8
Ora
0.8
6 , o dia dezasseis é uma quinta , não é ?
sotor
!
Pere
aí !
dezasseis
é uma quinta
!
Então
Ó
sotor
, eu tenho leitura às duas e meia ! É
tamém
aqui .
Aqui mas no
2 .
Esta é às dezasseis !
Não é por a
sotora
falar , mas eu leio às dezasseis .
Portanto
dezasseis de março , às dezasseis horas ! É a leitura !
Tá
encerrada a audiência ! Bom dia ! Podem ir !
Bom dia ,
sotor
! Obrigada !
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