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BrBRCVAg0100-29452001000300056

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National varietyBr
Year2001
SourceScielo

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CONTROLE DE Cerconota anonella (SEPP.) (LEP.: OECOPHORIDAE) E DE Bephratelloides pomorum (FAB.) (HYM.: EURYTOMIDAE) EM FRUTOS DE GRAVIOLA (Annona muricata L.) COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA

INTRODUÇÃO A crescente demanda e o interesse pela polpa por parte do consumidor e das indústrias de suco, sorvetes e doces, justificam a inclusão da graviola no rol das frutas tropicais brasileiras de maior aceitação comercial, sendo amplamente cultivada nas regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste (Junqueira et al., 1996). Vários problemas fitossanitários, entretanto, limitam o cultivo dessa planta. A broca-do-fruto, Cerconota anonella (Sepp.) (Lepidoptera.: Oecophoridae) e a broca-da-semente,Bephratelloides pomorum (Fab.) (Hymenoptera: Eurytomidae) são consideradas as pragas mais importantes, pelos danos expressivos que causam direta e indiretamente à cultura.

Algumas medidas de controle culturais para combater C. anonella, como catação e queima ou enterrio dos frutos atacados, poda de formação e rejuvenescimento e também as medidas físicas, com a utilização de armadilhas luminosas, têm sido indicadas (Melo et al., 1983; Calzavara & Muller, 1987; EMATER/AL, 1989). A utilização de invólucros que não prejudiquem o desenvolvimento normal dos frutos e garantam proteção contra a praga tem sido incentivada. Esta prática é considerada profilática e assegura bom controle, se for iniciada assim que os frutos tiverem aproximadamente 2,5 cm de comprimento (Doesburg, 1964; Melo et al., 1983; McComie, 1987; Carneiro & Bezerril, 1993; Manica, 1994). Embora Pinto & Genu (1984) tenham usado inseticidas carbamatos e Bustillo & Peña (1992) coberto os frutos com saco plástico aberto em uma das extremidades e tratado com clorpirifós, o êxito do controle foi pouco expressivo.

Para B. pomorum, foram recomendadas as seguintes medidas de controle: inspeção semanal do pomar, a partir do período de frutificação, coletando, queimando ou enterrando os frutos atacados a uma profundidade de 50 cm; ensacamento dos frutos ainda pequenos, com invólucros de diversos materiais. Indica-se, também, a cada 15-20 dias, a pulverização dirigida aos frutos ainda pequenos, com inseticidas à base de trichlorfon, monocrotophos ou endossulfan, nas concentrações de 0,10%, 0,05% e 0,08%, respectivamente, ou com uma calda à base de melaço (10 ml), sementes de graviola trituradas (10 g), monocrotophos (5ml) e água (10 ml) (Junqueira et al., 1996; Braga Sobrinho et al., 1998).

Após a entrada dessas brocas nos frutos, entretanto, o controle químico torna- se ineficaz e, quando os piretróides são usados, continuadamente, ocorre aumento de danos causados por ácaros. Os inseticidas, quando usados preventivamente, além de contaminar o meio ambiente, eliminam os inimigos naturais e os vários polinizadores, que são importantes, pois a cultura apresenta os problemas fisiológicos da dicogamia protogínica. Isto significa que, mesmo sendo planta hermafrodita, a autopolinização é rara, pois os estigmas amadurecem antes dos estames.

O tamanho do fruto para início do controle é um aspecto que merece ser ressaltado, pois Broglio- Micheletti (1999) utilizou comprimentos entre 1 a 3 cm e 6 a 10 cm. Sugeriu, no entanto, que um tamanho intermediário seria razoável, que, com esses tamanhos, ocorreram alguns inconvenientes, como excesso de abortamentos para 1 a 3 cm e infestação pré-controle para os comprimentos maiores.

Considerando que a gravioleira tem grande destaque na fruticultura da região nordestina brasileira, e a importância dessas pragas, são necessários estudos visando a estabelecer formas mais viáveis de seus controles.

MATERIAL E MÉTODOS Os efeitos de diferentes formas de controle da boca-do-fruto e da broca-da- semente foram testados em plantação de graviola localizada no Sítio Aldeia Verde, em Maceió-AL, no período compreendido entre outubro/1999 a fevereiro/ 2000.

Os tratamentos utilizados foram: 1- frutos sem proteção (testemunha); 2- saco de papel kraft (43cm de comprimento x 24cm de largura); 3- saco plástico comum fechado na extremidade inferior, apenas com alguns orifícios feitos para permitir o escoamento da água (49cm de comprimento x 28cm de largura); 4- saco plástico comum aberto na extremidade inferior (49cm de comprimento x 28cm de largura; 5- saco plástico perfurado (49cm de comprimento x 28cm de largura); 6- saco de papel impermeável nas duas faces (45cm de comprimento x 32cm de largura); 7- pulverização dos frutos semanal e localizada, com triflumuron 250g/kg, sendo a dosagem 100g/há; 8- pulverizações com triflumuron 250g/kg, na dosagem 100g/ha, sendo posteriormente os frutos ensacados com saco plástico perfurado; 9- pulverização dos frutos semanal e localizada, com imidacloprid 700g/kg, sendo a dosagem 100g/ha. Os tratamentos foram aplicados em frutos de 4 a 6 cm de comprimento, repetidos 20 vezes, em plantas diferentes.

Antes de realizar quaisquer tratamentos, certificava-se de que não houvesse insetos na superfície dos frutos. Se isso ocorresse, eles eram retirados com pincel. Os sacos foram presos aos ramos acima dos frutos, por meio de arame plastificado. Semanalmente, até a colheita, foram realizadas inspeções para a verificação de queda de frutos e/ou danificação do invólucro. No caso do tratamento com os inseticidas, considerou-se o intervalo de segurança de 10 dias que antecedem a colheita, para suspender a aplicação dos produtos em campo.

Na ocasião da colheita, foram avaliadas as características: número de orifícios causados por C. anonellae por B. pomorum, peso, comprimento e diâmetro dos frutos. Realizou-se a análise estatística dos dados, aplicando-se o teste da DMS para comparar as médias dos tratamentos das variáveis peso, comprimento e diâmetro dos frutos e o teste não-paramétrico de Kruskal-Wallis para comparar as médias dos tratamentos da variável número de orifícios ocasionados por C.

anonellae por B. pomorum. Avaliou-se também a percentagem de frutos colhidos para cada tratamento. Fez-se, ainda, a análise econômica.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela_1, estão apresentados os resultados médios do número de orifícios ocasionados por C. anonella e por B. pomorum, peso, comprimento, diâmetro, percentagem de frutos colhidos e custos unitários para proteger os frutos de graviola. Nota-se que os tratamentos que tiveram percentagem de frutos colhidos acima de 80% foram: saco plástico perfurado (85,00) e saco plástico fechado (90,00).

Considerando-se a variável número de orifícios ocasionados por C. anonella, verifica-se que os tratamentos saco de papel kraft, saco plástico aberto e saco plástico perfurado não diferiram estatisticamente da testemunha, sendo semelhantes entre si. os tratamentos saco de papel impermeável, saco plástico fechado, triflumuron, triflumuron + saco plástico perfurado e imidacloprid apresentaram expressiva redução do número de orifícios e não diferiram entre si.

Em relação ao número de orifícios causados por B. pomorum, nenhum tratamento diferiu estatisticamente da testemunha e do imidacloprid, porém havendo significativa redução no número entre o saco de papel kraft, saco de papel impermeável, saco plástico fechado, saco plástico aberto, saco plástico perfurado e triflumuron + saco plástico perfurado, em relação ao triflumuron.

A característica peso dos frutos apresentou a média geral no ensaio de 1,217 kg. Os tratamentos triflumuron e o imidacloprid diferiram estatisticamente dos demais. Em seguida, os tratamentos saco plástico perfurado, saco plástico fechado, o triflumuron + saco plástico perfurado, saco plástico aberto, saco de papel impermeável e de papel kraft, com pesos acima da média, não diferiram entre si. A testemunha apresentou peso abaixo da média (0,99 kg) e diferiu dos tratamentos saco de papel kraft, saco de papel impermeável e triflumuron.

Os frutos protegidos com o saco de papel kraft, saco de papel impermeável, triflumuron + saco plástico perfurado, saco plástico aberto e saco plástico fechado foram os que tiveram os seus comprimentos acima da média, não diferindo estatisticamente entre si. os tratamentos testemunha, saco plástico perfurado, triflumuron e imidacloprid apresentaram seus comprimentos abaixo da média. Em relação aos diâmetros, não foi observada diferença estatística entre os tratamentos.

A embalagem de papel kraft apresentou a desvantagem de dificultar a colheita, pois externamente aos invólucros havia gafanhotos e internamente, formigas Camponotussp. (Hymenoptera: Formicidae), além do que ficava difícil de se determinar o ponto de colheita. Os frutos que se desenvolveram nestas embalagens tenderam a ser amarelados. A embalagem de papel impermeável teve a desvantagem de ter de ser montada, a partir de folhas individuais, pois, em Alagoas, elas não são comercializadas prontas para o uso.

Quanto à análise econômica, os inseticidas testados possibilitaram custos superiores em relação aos demais tratamentos. Além da baixa eficiência no controle de B. pomorum, apresentaram o inconveniente de não serem registrados para a cultura em questão, podendo ocasionar, além disso, a contaminação ambiental, eliminação de inimigos naturais das pragas e de insetos polinizadores.

No Estado de Alagoas, em relação ao controle de pragas na cultura de graviola, o que prevalece é a utilização indiscriminada de agrotóxicos. Os produtores alegam que a técnica do ensacamento encarece o produto final, devido à mão-de- obra que deve ser disponibilizada para tal fim. Mas, o que se observa no geral, é que quem realiza esta prática, tem os frutos apresentando qualidade superior, o que possibilita um efetivo retorno financeiro.

Como se observou pelos resultados obtidos, os sacos plásticos (comuns ou perfurados) foram as formas mais viáveis de controle de C. anonella e de B.

pomorum, mas a limpeza do campo deve ser o primeiro passo para se ter sucesso com o controle de pragas em anonáceas, pois os adultos continuam a emergir de frutos infestados mesmo após eles terem caído ao solo, servindo como fonte de reinfestação. Estes frutos devem ser removidos das plantas e do solo que fica sob elas e serem completamente destruídos.

CONCLUSÃO O ensacamento dos frutos com saco plástico comum ou com saco plástico perfurado (ambos com 49cm de comprimento x 28cm de largura) é a forma mais efetiva e econômica para controle de C. anonella e B. pomorum.


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