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BrBRCVAg0100-29452002000100026

BrBRCVAg0100-29452002000100026

National varietyBr
Country of publicationBR
SchoolLife Sciences
Great areaAgricultural Sciences
ISSN0100-2945
Year2002
Issue0001
Article number00026

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Introdução e avaliação de clones de goiabeira de polpa branca (Psidium guajava L.) na região do Submédio São Francisco INTRODUÇÃO E AVALIAÇÃO DE CLONES DE GOIABEIRA DE POLPA BRANCA (Psidium guajava L.)NA REGIÃO DO SUBMÉDIO SÃO FRANCISCO1

LUIZ GONZAGA NETO2

Objetivando avaliar a variabilidade genética e selecionar alternativas de cultivo para o mercado de goiaba " in natura" com polpa branca, foram introduzidas e avaliadas, preliminarmente, algumas variedades de goiaba na região do Submédio São Francisco. Foram introduzidas 22 variedades de goiabeira, provenientes do banco de germoplasma de goiabeira da empresa IPA, entre as quais algumas produtoras de fruta com polpa branca obtidas através de mudas propagadas através de enxerto, utilizando-se de quatro plantas por acesso, no espaçamento de 6,0 x 6,0 m. Nesta primeira etapa, foram avaliados os seguintes descritores: produção por planta (em kg), número de frutos colhidos e peso médio do fruto em grama. Destacaram-se as variedades Banaras e Luck Now, com potencial agronômico para serem introduzidas na área de produção comercial, com produção média (seis anos). A Banaras produziu 98,07 kg/planta, 813 frutos/ ciclo, com peso médio de 176.97 g, enquanto a Luck Now produziu 118.22 kg , 940 frutos, com peso médio de 131.39 g, respectivamente, destacando-se principalmente no descritor peso médio do fruto, que é um dos mais importantes na seleção de variedades para consumo in natura. No que se refere às características químicas, vê-se que a Seleção IPA B38.1 apresentou o maior grau Brix, 12.7o, enquanto, nos frutos da variedade Allahabad Safeda, foi registrado o menor, 9.8o.

INTRODUÇÃO A agricultura irrigada do Nordeste brasileiro tem se caracterizado como uma opção de mercado do agronegócio. Dentro deste cenário, a fruticultura irrigada apresenta destacada importância na economia regional (Gonzaga Neto et al., 1999). Diversas fruteiras compõem os sistemas de produção em exploração, destacando-se, entre outras, a mangueira, a bananeira, a videira, o coqueiro e a goiabeira.

A área explorada com a cultura da goiabeira tem crescido intensivamente, estimando-se hoje uma área próxima de 4 mil hectares, somente na região do Vale do São Francisco. Apesar de a goiabeira apresentar uma importância econômica relativa (Maia et al., 1988) e da existência de ações de pesquisas, visando a caracterizar e selecionar variedades, a maioria dessas são direcionadas para a seleção de variedades com polpa vermelha (Gonzaga Neto et al., 1988). Por outro lado, as áreas comerciais em exploração com a goiabeira, no Nordeste do Brasil, são baseadas quase que exclusivamente em plantas produtoras de frutos com polpa vermelha. Isto ocorre, principalmente, devido ser aquela a coloração mais demandada pela indústria de processamento e para consumo ²in natura². Embora a oferta de goiaba branca, no Brasil, e principalmente no mercado nordestino, seja ainda pequena, quando comparada à oferta da goiaba vermelha, observa-se a ocorrência de nichos destas no mercado, quando são disponibilizadas em casas especializadas e supermercados. Além disso, o pólo de agricultura irrigada implantado na região do Submédio São Francisco é bastante dinâmico, o que enseja uma maior demanda por outras cultivares de goiabeira.

A variedade Paluma, de polpa vermelha, é hoje a principal variedade explorada em escala comercial na região, estimando-se que ocupe mais de 90% da área plantada com goiabeira.

É importante frisar, também, que o Brasil produziu goiaba de polpa branca para o mercado externo (Gonzaga Neto et al, 1995), podendo voltar a participar deste mercado, caso sejam selecionadas variedades adaptadas à região do Submédio São Francisco.

Existem, em exploração no Estado de São Paulo, algumas variedades de goiabeira com polpa branca (Kawati, 1997); entretanto, como existem diferenças edafoclimáticas entre aquela região e a do Submédio São Francisco é importante que haja a introdução, caracterização e avaliação desses genótipos, nas condições de cultivo do Vale, antes da implantação em escala comercial.

Paiva et al. (1997), em estudo com variedades de goiabeira, encontraram variações no período de floração e frutificação, quando cultivadas em diferentes condições climáticas, o que pode determinar o sucesso agronômico dos cultivos comerciais, consolidando ou não uma variedade em determinado ecossistema. Passos et al. (1979), em estudo realizado no Estado de Minas Gerais, destacaram que algumas variedades foram bem sucedidas, enquanto outras não foram, evidenciando assim a necessidade de avaliação das variedades em ambientes agrícolas nos quais se pretende explorar essas variedades em escala de mercado. Considerando estes aspectos, foram introduzidos, caracterizados e selecionados, sob irrigação, genótipos de goiabeira produtores de frutos com polpa branca, na região do Submédio do São Francisco.

MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no campo experimental de Bebedouro, em Petrolina- PE, não tendo sido utilizado delineamento estatístico, uma vez que não era propósito do estudo comparar os clones introduzidos. A região apresenta uma altitude de 266,4m, com temperatura média anual de 26,3º C e umidade relativa do ar em torno de 68%.

Os clones foram propagados através de enxertia pelo processo de borbulhia de placa em janela aberta, sendo o enxerto realizado durante o mês de outubro de 1992, em condições de campo, em porta-enxertos com oito meses de idade. Após o enxerto atingir 8 a 10 cm de comprimento, foram realizadas podas de formação, visando a conduzir a muda em haste única até a altura de 50 a 60cm a partir do nível do solo. Nesta ocasião, procedeu-se o corte do broto terminal a fim de orientar a formação de três ou quatro ramos principais, bem distribuídos, para a formação da copa da planta. O pomar recebeu todas as práticas necessárias de irrigação, capina, adubacão e tratos fitossanitários (Gonzaga Neto & Soares, 1995). Foram observados, preliminarmente, os seguintes parâmetros: produção por planta, número e peso médio do fruto, e coloração da polpa.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Considerando a análise dos dados médios de seis anos, obtidos no período de 1993 a 1998, verifica-se, na Tabela_1, que a produção média de quatro plantas variou de 98,07 kg na variedade Banaras até 162,22 kg para a seleção IPA 38.1.

Gonzaga Neto et al. (1991), em estudo com algumas variedades, na região do Vale Rio Moxotó, em Ibimirim-PE, registrou para a seleção IPA 38.1, também sob condições irrigadas, em média de onze anos de produção, valor de 92 kg/planta.

Maranca (1981) e Marteleto (1980) registraram em goiabeiras, após o sexto ano de produção, valores de 20 a 60 kg/planta/ano. Destaca-se também neste estudo a produção da variedade Allabama Safed que, em média, produziu 147,14kg/planta, valor que pode ser considerado bom numa planta de goiabeira conduzida com irrigação. É importante frizar que, embora todas as plantas, em todas as variedades, tenham sido propagadas vegetativamente, observaram-se variações em todos os parâmetros. Dentro da seleção IPA B38.1, a mais produtiva na média, observou-se variação de 96,12 a 180,20kg/planta. Considerando que os porta¾enxertos utilizados foram provenientes de propagação sexual (semente), pode-se levantar a hipótese de que a variação registrada, na performance dos clones avaliados, pode ser atribuída a possível variabilidade dos porta¾enxertos. No caso da variedade Banaras, a variabilidade na produção por planta apresentou uma amplitude ainda maior, indo de 20,44 a 140,13 kg/planta, provavelmente pela mesma hipótese levantada anteriormente, uma vez que todos os genótipos em estudo receberam os mesmos tratos culturais e foram obtidos por enxertia.

Paiva et al. (1997), em estudo de competição de cultivares de goiabeira, em Eldorado do Sul, observaram, também, variações na produção em função da cultivar estudada. Teófilo Sobrinho et al. (1992), em estudo com cítrus também registraram variação com referência à performance produtiva dos clones experimentados. Isto reforça a tese da necessidade de introduzir e caracterizar genótipos de goiabeira antes de recomendá-los para uso em escala comercial.

Com referência ao número médio de frutos colhidos por planta, no período de 1993 a 1998, verifica-se, na Tabela_1, que, em média, variou de 813, na variedade Banaras, a 1594 frutos/planta/ciclo na Seleção IPA B38.1. Gonzaga Neto et al. (1991), estudando algumas variedades na região do vale do Rio Moxotó, encontraram variações de 720 a 1922 frutos/planta/ano, registrando para Seleção IPA B38.1, na ocasião, em média de onze anos, um total de 1483 frutos/ planta, valor muito próximo daquele obtido neste estudo.

Com relação, também , a esse parâmetro, observa-se que variação dentro das mesmas variedades, o que pode ser explicado pela mesma tese da origem do porta- enxerto, comentada. É importante frizar que as plantas foram conduzidas sem desbaste de frutos, expondo, portanto, todo o seu potencial produtivo, o que explica, em tese, o baixo peso médio do fruto registrado em algumas plantas analisadas neste trabalho.

Considerando cada variedade, observou-se que o maior peso médio de fruto (176,97g) foi registrado para a Banaras, na qual o número médio de frutos colhidos foi 813. A Banaras foi a variedade que produziu o menor numero médio de fruto. Isto possibilita levantar a hipótese de que estas variedades, se trabalhadas com desbaste, poderiam incrementar o peso médio do fruto. Gonzaga Neto et al. (1997), em trabalho conduzido com a variedade Rica, na região do Submédio São Francisco, informam que o melhor é conduzir a planta com um total de 500 frutos, por safra, de modo a obter um peso médio dentro dos padrões requeridos pelo mercado consumidor da fruta ²in natura". Observa-se, na Tabela_1, que, de modo geral, os maiores valores de peso médio do fruto foram alcançados nas variedades que produziram um menor número de frutos. Dentro desta análise, destacam-se as terceiras plantas das variedades Luck Now 49.3 e Banaras 3, as quais produziram frutos com maior peso médio: 190, 13 e 257, 11g, respectivamente. Com referência às característica químicas, verifica-se, na Tabela_2, que o brix variou de 9,80, na variedade Allahabad Safeda, a 12,70, na seleção IPA B38.1. A maior relação SST/acidez, (3,3) foi registrada na variedade Allahabad Safeda.

CONCLUSÕES Considerando os resultados obtidos neste trabalho, pode-se concluir: 1. As variedades Luck Now 49.3 e Banaras 3 apresentam potencial agronômico que as tornam passíveis de introdução na área de produção comercial, no segmento de polpa branca.


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