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EuPTCVHe0872-07542012000300015

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National varietyEu
Country of publicationPT
SchoolLife Sciences
Great areaHealth Sciences
ISSN0872-0754
Year2012
Issue0003
Article number00015

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Microbiota e cultura de arranque Microbiota e cultura de arranque

Helena Canário1 1Medical Advisor Nestlé Materno Infantil

A mucosa do trato gastrintestinal (trato GI) constitui a maior interface de contacto entre o organismo humano e o ambien­te externo. Através da mucosa intestinal, o hospedeiro interage com uma população microbiana de dimensão substancial que está presente no lúmen intestinal e que se denomina de micro­biota intestinal ' incluindo tanto a microflora intestinal (micror­ganismos residentes) como todos os microrganismos ingeridos pelo hospedeiro.

Uma vez que o trato GI funciona como uma barreira e, si­multaneamente, é uma superfície de interação com o ambiente, não é surpreendente que nele esteja presente a maior proporção de tecido linfoide do organismo. Cerca de 80% de todas as cé­lulas produtoras de imunoglobulinas encontram-se precisamen­te no trato GI, compondo o tecido linfoide associado à mucosa intestinal (GALT ' Gut Associated Lymphoid Tissue), um órgão imunológico major.

O crescente corpo de evidências científicas continua a elucidar-nos acerca dos potenciais benefícios do consumo de microrganismos vivos, geralmente referidos como probióticos. Através da modificação da composição da microflora intestinal, e melhoria do equilíbrio microbiano, os probióticos conferem benefícios ao hospedeiro, sobretudo através da modulação das respostas imunológicas do GALT.

Os probióticos podem assim ser definidos genericamente como microrganismos não patogé­nicos presentes nos alimentos capazes de conferir benefícios para a saúde do hospedeiro através de vários mecanismos. É ainda de salientar que a palavra probiótico significa, literalmente, para a vida.

Bactérias probióticas comuns incluem-se sobretudo nos géneros Lactobacillus e Bifidobacterium, sendo este último com­ponente predominante da microflora presente no cólon de lac­tentes alimentados com leite materno. O leite materno contém inúmeros componentes, incluindo prebióticos (oligossacáridos). Estes, tal como outros tipos de oligossacáridos presentes na ali­mentação de crianças e adultos, podem favorecer o crescimento de Bifidobactérias e Lactobacillus.

In utero, o tracto GI é estéril. Imediatamente após o nasci­mento, inicia-se a colonização bacteriana do tracto GI. Nos pri­meiros 2 dias de vida extra- uterina o tracto GI do recém-nascido é rapidamente colonizado com bactérias, maioritariamente enterobactérias. A alimentação influencia o desenvolvimento da mi­croflora intestinal, verifi cando-se um grande aumento de bifido-bactérias, a par de aumentos, menos marcados, de LactobacillieBacteroides e diminuição do número de enterobactérias. De salientar que lactentes alimentados com leite materno verifica-se uma predominância de espécies pertencentes ao género Bifido­bacterium (80 a 90% da microfl ora total).

Assim, em lactentes alimentados com leite materno, a mi­croflora intestinal é bifidodominante, estando também presentes espécies de Lactobacillus e algumas espécies de Staphylococ­cus. Pelo contrário, lactentes alimentados com fórmula com ida­des compreendias entre 1 e 4 meses apresentam uma microflora mais complexa, dominada por coliformes e Bacteroides (Figura 1). Com a diversificação alimentar, a microflora intestinal do lac­tente começa a assemelhar-se à do adulto, variando de indivíduo para indivíduo, mas permanecendo relativamente estável no pró­prio indivíduo.

De que modo é que o tipo de parte poderá influenciar a mi­crobiota intestinal? O começo não é igual para todos os bebés. Assim, podemos dizer que este começo estará dependente do tipo de parto, tempo de gestação (prematuridade), bem como se o bebé é sujeito a tratamento com antibióticos. Por outro lado, o que se verifica é que os bebés que nascem por cesariana têm um tipo de microbiota diferente dos bebés que nascem de parto vaginal, tendo estes últimos uma contagem total de bifidobacterias mais elevada. A colonização nos bebés nascidos por cesa­riana é mais lenta. A questão que se coloca é: que impacto tem na saúde futura do lactente? Parece haver uma correlação entre tipo de parto e determinadas patologias tais como: asma, alergia alimentar, infeções gastrintestinais etc.

Então qual será a melhor forma para modular a microbiota intestinal? Obviamente que o leite materno é a melhor forma e a mais natural. No entanto, face a novas evidências qual será a melhor atitude a tomar? Repensar a alimentação dos bebés não amamentados ou continuar a fornecer uma alimentação estéril?


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