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BrBRCVAg0100-29452004000100031

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National varietyBr
Year2004
SourceScielo

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Crescimento de três clones de umezeiro (Prunus mume Sieb. et Zucc.) e pessegueiro cv. Okinawa (Prunus persica (L.) Batsch.) propagados por estacas herbáceas PROPAGAÇÃO

INTRODUÇÃO O umezeiro (Prunus mume Sieb. et Zucc.) é uma Rosaceaearbórea, de folhas caducas e nativa da China. No Japão, as primeiras cultivares foram introduzidas 2.000 anos e adquiriram significativa expressão na alimentação e nos costumes orientais. No ano de 1991, eram cultivadas no Japão cerca de 300 cultivares de umezeiro, que ocupavam uma área de 18.900 hectares e produção de 94.500 toneladas. Os japoneses também cultivam o umezeiro em jardins, em forma de bonsai, e utilizam as flores no preparo de arranjos. Os frutos, geralmente ácidos, podem ser consumidos na forma de picles, licores especiais (ume-shu), conservas (ume-boshi), compotas, geléias, sucos, extratos, na confecção de bolos e como uso medicinal, sendo associados a uma vida saudável (Yoshida, 1994).

A introdução desta espécie no Brasil deu-se, provavelmente, através dos imigrantes japoneses, que obtiveram produções satisfatórias somente a partir de 1970, em Botucatu-SP, após inúmeros fracassos em função da utilização de materiais muito exigentes em frio (Campo Dall'Orto et al., 1995-1998).

Nos últimos anos, a pesquisa brasileira despertou interesse em estudar o umezeiro como porta-enxerto para pessegueiros e nectarineiras, dada a proximidade parental das duas espécies e a compatibilidade da enxertia (Campo Dall'Orto et al., 1992 e 1994; Nakamura et al., 1999), sendo que também foi comprovada sua resistência aos nematóides causadores de galhas (Sherman & Lyrene, 1983; Rossi et al., 2002; Mayer et al., 2003). Além destas vantagens, foram observadas reduções no vigor das copas em até 50%, em relação às plantas enxertadas no pessegueiro cv. Okinawa (Prunus persica (L.) Batsch.), o que poderia possibilitar o adensamento dos pomares, facilitar os tratos culturais e influenciar na produtividade. O umezeiro como porta-enxerto também pode promover aumentos na massa dos frutos, teor de sólidos solúveis e porcentagem de vermelho na película (Campo Dall'Orto et al., 1992 e 1994). Entretanto, nestes estudos, foram verificadas expressivas diferenças de vigor entre as plantas de uma mesma cultivar-copa, tanto no viveiro como no campo, em decorrência da propagação por sementes do umezeiro e da variabilidade genética destes.

Como tentativa de solucionar este inconveniente, diversos trabalhos com propagação por estacas herbáceas foram realizados na FCAV/UNESP, Câmpus de Jaboticabal-SP, onde foram observados resultados bastante promissores em todas as estações do ano (Nachtigal et al., 1999; Mayer et al., 2001; Mayer & Pereira, 2002; Mayer et al., 2002; Mayer & Pereira, 2003) e que resultaram na seleção dos Clones 05; 10 e 15 de umezeiro. Entretanto, necessita-se de informações sobre os hábitos de crescimento destes clones e as possíveis diferenças entre si e em relação à cv. Okinawa, tradicional porta-enxerto utilizado na região Sudeste brasileira.

Desta forma, o objetivo do presente trabalho foi avaliar o crescimento de três clones de umezeiro (Clones 05; 10 e 15) e do pessegueiro cv. Okinawa propagados por estacas herbáceas.

MATERIAL E MÉTODOS Para o fornecimento de material propagativo (ramos herbáceos), plantas-matrizes dos Clones 05; 10 e 15 de umezeiro (Prunus mume Sieb. et Zucc.) e do pessegueiro cv. Okinawa (Prunus persica (L.) Batsch.) foram mantidas, respectivamente, em vasos plásticos sob ripado (50% de sombreamento) e em condições de campo, ambas as áreas pertencentes ao Departamento de Produção Vegetal da FCAV/UNESP, Câmpus de Jaboticabal-SP. Das plantas-matrizes de umezeiro, os ramos herbáceos foram coletados aos 90 dias após a poda de renovação e da cv. Okinawa, aos 60 dias. Os ramos foram acondicionados em sacos plásticos, umedecidos e transportados ao "Viveiro Paluma" (Taquaritinga-SP), local onde foram realizados o enraizamento das estacas e a condução do experimento. A estaquia dos clones de umezeiro foi realizada no dia 22 de agosto de 2001 e a cv. Okinawa, 19 dias após, em função das diferenças de desenvolvimento dos ramos.

Para a propagação dos porta-enxertos, utilizaram-se estacas de 12cm de comprimento com 3 a 5 folhas, tratadas com AIB a 2.000mg.L-1 por cinco segundos (Mayer et al., 2001). As estacas foram acondicionadas em caixas de madeira (48 x 33 x 9cm) contendo vermiculita fina como substrato e mantidas sob câmara de nebulização intermitente coberta com sombrite (25% de sombreamento).

Transcorrido o período de enraizamento, as estacas foram retiradas no dia 29 de outubro de 2001 para classificação e transplantio. As estacas enraizadas foram classificadas em uma escala de notas (que variou de 1 a 3), objetivando eliminar estacas mal enraizadas do experimento e evitar a formação de plantas com sistema radicular não satisfatório. O critério adotado para a classificação das estacas enraizadas foi visual, sendo: Nota 1= enraizamento deficiente (pequeno volume de raízes, raízes curtas e/ou inadequadamente distribuídas ao redor da base da estaca), sem condições de transplante; Nota 2= enraizamento satisfatório, em condições de transplantio; Nota 3= enraizamento excelente, em condições de transplantio.

Para o transplantio das estacas, foram utilizadas sacolas plásticas perfuradas para produção de mudas (28 x 18cm), as quais foram preenchidas até 2/3 da sua capacidade com substrato (Rendmax Citrus®), mantidas em piso cimentado e cobertas com sombrite (50% de sombreamento). As estacas enraizadas e selecionadas foram imediatamente transplantadas após a classificação, completando-se o volume do recipiente com substrato. Foi realizada uma adubação específica para a produção de mudas (Osmocote®), aos 19 dias após o transplantio, na dosagem de 6g/sacola plástica, de formulação 15-10-10 + micronutrientes. Foi feita também uma aplicação de calcário dolomítico (137% de PRNT, 45% de Cálcio e 25% de Magnésio), na dosagem de 4 a 5g/sacola plástica, aos 90 dias após o transplante. As plantas foram conduzidas em haste única, sendo tutoradas com lascas de bambu com 70cm de comprimento, as quais foram fixadas no substrato próximo do porta-enxerto e amarradas com barbante de algodão, quando necessário.

Para a composição do experimento, foram separadas, aleatoriamente, trinta plantas de cada clone, devidamente etiquetadas e numeradas, para a realização das avaliações de diâmetro da haste (a 5cm da estaca original) e comprimento (mensurado desde sua inserção junto à estaca original até o meristema apical).

As avaliações foram realizadas aos 40; 70; 100; 115; 130 e 145 dias após o transplantio das estacas para as sacolas plásticas, utilizando-se até paquímetro digital e fita métrica. O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado, com 4 tratamentos (Clones 05; 10 e 15 de umezeiro e cv. Okinawa) e 30 repetições, sendo cada parcela constituída por uma planta. Os dados foram submetidos à análise de variância, pelo teste F, e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade. Para a análise do comprimento e diâmetro da haste principal, em função do número de dias após o transplantio, utilizou-se a regressão polinomial até grau, de acordo com Gomes (1966).

RESULTADOS E DISCUSSÃO Os valores referentes ao comprimento da haste são apresentados na Tabela_1.

Verifica-se que, aos 40 e 70 dias após o transplante, a cv. Okinawa apresentou maior crescimento em relação aos Clones 05 e 15, sendo que não diferiu estatisticamente do Clone 10. aos 100 dias, o Clone 15 igualou-se estatisticamente ao Clone 10 e ao 'Okinawa'. A partir desta avaliação, a cv.

Okinawa estabilizou o crescimento. Entretanto, para os três clones de umezeiro, o crescimento continuou constante (Figura_1), resultando em plantas mais altas, com maiores comprimentos de haste e que não diferiram entre si, até o final das avaliações. Para os três clones de umezeiro estudados, a regressão linear foi a que melhor se ajustou às médias obtidas, sendo que para a cv. Okinawa foi a regressão quadrática (Figura_1).

Os valores observados para a variável diâmetro da haste são apresentados na Tabela_2. Verifica-se que, aos 40 dias após o transplante das estacas para as sacolas plásticas, o diâmetro (a 5cm da estaca original) da cv. Okinawa foi estatisticamente semelhante ao observado no Clone 10; entretanto, ambos foram superiores aos Clones 05 e 15. Nas avaliações seguintes, até os 130 dias, a cv.

Okinawa apresentou maior diâmetro em relação aos três clones de umezeiro estudados. Dentre os clones de umezeiro, as diferenças estatísticas foram observadas aos 40 e 70 dias após o transplantio. Nesta variável, todos os porta-enxertos ajustaram-se à regressão linear, conforme ilustra a Figura_2.

Aos 130 dias, aproximadamente 33% dos porta-enxertos de umezeiro encontraram-se aptos à realização da enxertia, segundo observações visuais.

Estes dados, juntamente com os de comprimento da haste, demonstram claramente os diferentes hábitos de crescimento das duas espécies. O umezeiro apresenta intenso crescimento da haste em comprimento, com diâmetro relativamente homogêneo ao longo da sua extensão, caracterizando um crescimento contínuo. o 'Okinawa' apresenta maior diâmetro na base da haste (a 5cm da estaca original) em relação aos clones de umezeiro, rápido crescimento inicial da haste até os 100 dias e posterior estabilização, refletindo-se em plantas mais baixas (Figura_1), porém com maior porcentagem de plantas aptas à realização da enxertia (em torno de 55%), em função do maior diâmetro. Desta forma, em termos práticos, pode-se destacar que, no caso do umezeiro, o comprimento da haste, que define a altura do porta-enxerto, não é uma característica importante para a definição da porcentagem de plantas aptas à enxertia, em função da característica de crescimento contínuo.

Verifica-se, com estas observações, que a propagação de porta-enxertos de umezeiro e 'Okinawa' por estacas herbáceas pode apresentar resultados satisfatórios e viáveis tecnicamente. Salienta-se, entretanto, que não foram encontrados na literatura trabalhos que comparassem os hábitos de crescimento de umezeiro com a cv. Okinawa propagados por estacas herbáceas, para fins de posterior utilização como porta-enxertos para pessegueiro. Campo Dall'Orto et al. (1992) apenas relatam que porta-enxertos da seleção de umezeiro 'Iacume' (IAC-3), obtidos por germinação de amêndoas em sacolas plásticas, foram levados para o campo com doze meses de idade e enxertados oito dias após o transplantio. Nesta ocasião, os porta-enxertos selecionados apresentavam, aproximadamente, 1m de altura e 1cm de diâmetro basal.

CONCLUSÕES Nas condições em que o experimento foi conduzido, pode-se concluir que: 1) Os Clones 05; 10 e 15 de umezeiro apresentam crescimento contínuo com relação ao comprimento da haste, enquanto a cv. Okinawa estabiliza o crescimento após 100 dias do transplantio, refletindo-se em plantas mais baixas.

2) Não existem diferenças entre os clones de umezeiro estudados no diâmetro da haste após 100 dias e no comprimento da haste após 115 dias do transplantio das estacas enraizadas.

3) A cv. Okinawa apresenta maior diâmetro da haste em relação aos Clones 05; 10 e 15 de umezeiro, o que define maior porcentagem de porta-enxertos aptos à realização da enxertia.


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