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BrBRHUAp0080-21072013000300015

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National varietyBr
Year2013
SourceScielo

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Ambiente favorável ao desenvolvimento de inovações: proposição de um modelo de análise organizacional

1. INTRODUÇÃO O estudo sobre competitividade das nações tem se tornado relevante nos meios acadêmico, empresarial e governamental. Pesquisadores buscam compreender os fatores que podem influenciar a competitividade dos países e organizações, enquanto os governantes buscam informações precisas sobre os requisitos necessários para inserir o país em cenário competitivo. Nesse sentido, relatórios sobre competitividade têm sido gerados por institutos de pesquisas e consultorias a fim de identificar as lacunas que necessitam de maior atenção por parte dos governantes.

Dessa forma, tanto o World Economic Forum (WEF) como o Institute for Management Development (IMD) têm publicado anualmente índices de competitividade das nações que dão subsídios a tomadores de decisões na escolha do país que poderá render melhores retornos aos investimentos. Esse diagnóstico, apresentado por meio do Índice de Competitividade Global (WEF) e pelo Anuário de Competitividade Mundial (IMD), ressalta as áreas da economia nacional que estão carentes de investimentos e que, se forem atacadas, podem gerar um ambiente que favoreça a inovação e a prosperidade das empresas. Verifica-se nos relatórios publicados pelas instituições citadas que a inovação se constitui como pilar da competitividade, e com essa consideração pondera-se que a competitividade de um país é suportada pelos graus de inovação e desenvolvimento das empresas que nele estão situadas, seguindo um princípio clássico da economia schumpeteriana (SCHUMPETER, 1911, 1961).

Assim como é verificada a necessidade do ambiente favorável à inovação nos países, que constitui o ambiente externo das organizações, faz-se necessária a verificação de que fatores do ambiente interno organizacional podem contribuir para o desenvolvimento de inovações. De acordo com Van de Ven e Chu (1989), o ambiente externo tem influência sobre o ambiente interno organizacional, o qual pode impactar diretamente nos resultados da inovação da empresa. Com essas considerações, evidencia-se a necessidade de um instrumento que, assim como os relatórios publicados pelo WEF e pelo IMD, possa diagnosticar o ambiente inovador organizacional no intuito de direcionar atenção da gerência às falhas empresariais.

Nesse sentido, uma metodologia foi desenvolvida pelo Minnesota Innovation Research Program (MIRP) para a avaliação da relação dos processos internos e externos à organização sobre os resultados da inovação, que foi denominada Minnesota Innovation Survey (MIS). Essa metodologia foi validada internacionalmente e aplicada no Brasil por Barbieri (2003), Machado (2004), Vicenti (2006) e Barzotto (2008). No entanto, as aplicações em empresas brasileiras apresentaram baixas percepções por parte dos funcionários de níveis hierárquicos inferiores quanto às questões relacionadas ao ambiente externo (demográfico, tecnológico, legal e econômico), o que gerou a necessidade de adaptação. A adaptação feita por Carvalho e Machado (2010), além de mudar o foco de análise da metodologia de processo para o ambiente, reduziu o número de questões e dimensões de estudo, possibilitando análises mais acuradas do que as que haviam sido feitas por Van de Ven e Chu (1989). O foco, voltando-se para o ambiente, leva o respondente a visualizar seu entorno, trazendo a seu cotidiano e a suas relações a análise sobre a inovação, deslocando-o, portanto, do processo.

Apesar da adaptação, ao longo da aplicação da metodologia MIS no Brasil, têm-se observado que questões e dimensões de análises têm se apresentado com significantes correlações, configurando multicolinearidade entre construtos. No entanto, sabe-se que a presença de multicolinearidade entre variáveis independentes pode influenciar a confiabilidade dos resultados devido à utilização de construtos redundantes. A análise de fatores comuns tem sido uma alternativa para modelos estruturais, que são compostos por um conjunto de regressões lineares múltiplas, permitindo a reaplicação parcimoniosa dos dados multivariados (JOHNSON e WICHERN, 1988).

Dessa forma, a proposta neste estudo é a geração de um novo modelo de análise que utilize como base os construtos que formam as dimensões da metodologia MIS com foco no delineamento de ambiente propício ao desenvolvimento de inovações.

O modelo propõe uma lógica baseada nos conceitos da análise multivariada que possa traduzir em melhores explicações o ambiente de inovação nas organizações e suas influências nos resultados.

Os dados utilizados neste trabalho são oriundos de pesquisas realizadas no ano de 2010 com a utilização da metodologia MIS adaptada. As novas estruturas de análise foram testadas primeiramente em uma empresa piloto do setor metal mecânico, reconhecidamente inovadora no cenário brasileiro. Após a verificação, os questionários foram reaplicados em uma organização hospitalar para validação dos resultados. A diversidade de ramo da indústria e localidade geográfica objetivou a robustez da análise dos dados.

O presente artigo, além desta introdução que apresenta o objetivo do estudo, contém o referencial teórico no tópico dois. O tópico três contém a metodologia utilizada no desenvolvimento do modelo proposto. Para a elucidação, a metodologia está dividida em um histórico que ilustra a coleta dos dados, a construção da problemática e das hipóteses que originaram o estudo, o design e a perspectiva da pesquisa, a descrição da empresa piloto e como foram coletados os dados nessa empresa, culminando com os procedimentos de análise dos dados.

No tópico quatro apresentam-se os resultados obtidos, indicando as questões que se tornaram relevantes para a formação do modelo proposto, o teste qui-quadrado e a aderência do modelo proposto ao modelo MIS e o teste de prova do modelo proposto. O tópico cinco, em que se apresentam as considerações finais, é seguido das referências utilizadas.

2. REFERENCIAL TEÓRICO A palavra inovação é frequentemente usada para descrever um objeto, que pode ser um microcomputador, ou um novo modelo de carro. Embora ela se refira a algo concreto, os teóricos do assunto concordam que inovação pode assumir outras formas de definição (VAN DE VEN, 1980; KIMBERLY, 1981; BARBIERI, 2003). O estudo da inovação diferencia algumas perspectivas teóricas sob três abordagens. A primeira perspectiva fixa-se na visão pessoal da inovação, levando em consideração o ser humano como agente inovador. A segunda foca as abordagens mais estruturais da inovação, em que a estrutura organizacional é que propicia as inovações. E a terceira é uma interação entre as duas anteriores, recursos humanos e estrutura organizacional. Nessa abordagem, a perspectiva de análise da inovação como um processo interativo parece responder mais prontamente as questões acerca da inovação. Essa visão aborda inovação como um processo e tem nos trabalhos de Van de Ven et al. (1999) uma particular abordagem, que focaliza aspectos humanos e estruturais que envolvem a inovação.

O tipo de processo analisado pelo grupo de pesquisa de Van de Ven et al. (1999) envolve a descrição e a análise de sequências temporais que ocorrem no desenvolvimento e na implementação de inovações. Essa abordagem possibilita a visualização dos eventos que propiciaram ou inibiram o processo de inovação, fornecendo com isso a interação entre comportamentos humanos, pela análise de grupos organizacionais, bem como da estrutura que possibilitou esses agrupamentos. A análise desses eventos é feita por meio da triangulação entre percepção dos agentes organizacionais, da interação entre eles e das formas de agrupamento existentes na organização, envolvendo a estrutura e as comunicações organizacionais.

As inovações tecnológicas e organizacionais ou administrativas têm sido tratadas de modo diferente, constituindo campos distintos de estudo. Os textos que tratam de um tipo geralmente não tratam do outro. Afuah (1998) distingue a inovação administrativa da inovação técnica ou tecnológica. Para esse autor, a inovação administrativa pode ou não afetar a técnica, assim como esta pode requerer ou não inovações administrativas. Van de Ven et al. (1999) discordam dos que creem que esses dois tipos de inovações não possam ser comparados e discordam dos que as enxergam como distintas, pois tal distinção conduz a classificações fragmentadas do processo de inovação, que a maioria das inovações envolve componentes de ambos os tipos. Ambos os tipos de inovação requerem a gestão de pessoas, materiais, instalações, equipamentos e outros recursos em diferentes níveis de decisão, do estratégico ao operacional.

Requerem também articulações externas com clientes, fornecedores, instituições de ensino e pesquisa, órgãos públicos reguladores, fontes de financiamento, etc. Uma ideia presente nessa abordagem é que existem certos elementos de gestão recorrentes, em qualquer empresa inovadora, independentemente do setor em que atuam. Tanto os aspectos internos quanto os externos são importantes fatores que condicionam o modo de conduzir as atividades específicas de inovação. Um processo contínuo de geração de inovações administrativas e tecnológicas depende tanto de fatores internos quanto externos à organização.

Fatores condicionantes externos das inovações tecnológicas haviam sido reconhecidos desde muito, dentre eles, a estrutura de mercado, tais como tamanho da empresa, grau de concentração, barreiras à entrada e às saídas e outros componentes dessa estrutura (VAN DE VEN et al., 1999).

Estudos derivados dessa abordagem, em que os ambientes interno e externo exercem influência sobre a geração de inovação, foram desenvolvidos no Brasil e apresentam resultados semelhantes quanto à identificação de fatores motivadores, pertencentes a esses ambientes, para o desenvolvimento de inovações. Assim, Castro e Basques (2006) verificaram que o ambiente interno constituído de uma gestão flexível com ênfase na gestão de pessoas e o processo permanente de investimento em tecnologias podem conferir melhores resultados à organização. De forma mais específica, Leite, Dutra e Antunes (2006) analisaram os fatores habilitadores de geração de ideias presentes no ambiente interno e, em consonância com os estudos de Castro e Basques (2006), constataram que os processos de gestão associados ao fator humano e à cidadania organizacional apresentam papéis relevantes no desenvolvimento de inovações. Coutinho e Bomtempo (2007) identificaram que o investimento em pesquisa e desenvolvimento, a estrutura organizacional e o estilo gerencial contribuem para a geração de ideias e a implantação da inovação. Outros estudos ainda apontam que a comunicação antiburocrática, a integração funcional entre as diversas áreas da empresa, o encorajamento por parte da alta administração ao enfrentamento de desafios e um processo decisório participativo podem contribuir como fatores motivadores do ambiente interno à geração de inovações (MIGUEL e TEIXEIRA, 2009; VICK, NAGANO e SANTOS, 2009; PAROLIN e ALBUQUERQUE, 2010; VICENTI e MACHADO, 2010).

Embora os estudos descritos buscassem identificar aspectos dos ambientes interno e externo que favorecem o desenvolvimento de inovações, não se ativeram à mensuração da influência desses aspectos sobre os resultados da inovação.

Nesse sentido, surge a perspectiva de estudo apresentada neste trabalho, no qual se busca, por meio de uma metodologia adaptada do Minnesota Innovation Research Program, preencher essa lacuna na literatura científica e fornecer informações necessárias aos tomadores de decisões quanto às áreas organizacionais que necessitam de investimentos para potencialização dos resultados gerados pela inovação.

3. METODOLOGIA A seguir apresentam-se os principais recursos metodológicos utilizados para a definição de um novo modelo de análise do ambiente de inovação.

3.1. Breve histórico do instrumento de coleta de dados De acordo com o objetivo proposto neste estudo, busca-se encontrar um modelo de análise do ambiente de inovação que expresse de forma multidimensional as características que se apresentam favoráveis ao desenvolvimento de inovações.

Para isso, o processo foi iniciado pela utilização da metodologia Min-nesota Innovation Survey (MIS) desenvolvida pelo Minnesota Innovation Research Program (MIRP). A metodologia MIS refere-se a um instrumento de coleta de dados que engloba 29 dimensões que caracterizam os processos inovadores.

Essas dimensões encontram-se descritas nos estudos de Van de Ven e Chu (1989) e foram testadas no Brasil por Barbieri (2003), Machado (2004), Vicenti (2006) e Barzotto (2008).

O questionário MIS foi desenvolvido, originalmente, em língua inglesa e possui duas partes: MIS I e MIS II. Elas englobam 41 questões objetivas e 10 questões subjetivas, as quais tratam de fatores internos e externos à organização que podem interferir nos processos de inovação. As questões objetivas desdobram-se em 93 afirmativas com opções de respostas escalonadas em escala Likert de cinco pontos.

Uma adaptação do MIS I e MIS II foi feita por Carvalho e Machado (2010), que deixaram apenas as dimensões que poderiam ser perceptíveis aos funcionários da organização e não apenas à alta administração. Outra modificação refere-se à mudança de foco do instrumento, que deixou de ser uma análise de processos, para tornar-se análise do ambiente inovador. Esse questionário adaptado contemplou 21 dimensões agrupadas em três grandes grupos, conforme consta na Figura_1. Esses grupos representam a influência de uma dimensão sobre a outra, conforme representado pela modelagem de equações estruturais (MEE).

A MEE é uma metodologia estatística que possui abordagem confirmatória na análise da estrutura teórica sobre determinado fenômeno. A análise confirmatória incide sobre os testes das hipóteses e a teoria representa processos causais que geram observações sobre múltiplas variáveis (BENTLER, 1988).

Com esse entendimento, as dimensões externas, que atuam como preditoras no modelo adaptado, impactam as características das dimensões internas que por sua vez impactam a percepção de eficiência nos resultados, sendo este também impactado diretamente pelas dimensões externas. Com a adaptação, o questionário chegou a 71 itens para resposta que estavam alocados em 45 questões objetivas e agrupadas em 21 dimensões, conforme descrição exposta no Quadro_1.

A aplicação do questionário parte do pressuposto de que uma empresa reconhecidamente inovadora apresente percepção de presença das dimensões internas e externas que influenciam os resultados. Após adaptação, esse instrumento serviu de base para outros estudos, tais como Carvalho (2010), Raduenz (2010) e Ropelato (2010).

3.2. Problemática e hipóteses O questionário original proposto pelo MIRP contém 93 afirmativas que devem ser assinaladas pelos respondentes. Com a adaptação, que consistiu na retirada das dimensões, o número de afirmativas caiu para 71. Mesmo com a redução de 22 afirmativas, observou-se que o questionário demandava muito tempo dos respondentes, os quais, ao longo do processo, poderiam perder o comprometimento com a fidedignidade das respostas. Observou-se ainda que os estudos que utilizaram a adaptação do questionário e o questionário original relataram altas correlações entre as questões e entre as dimensões que caracterizam constructos (MACHADO, 2004; VICENTI, 2006; BARZOTTO, 2008; CARVALHO, 2010; RADUENZ, 2010; ROPELATTO, 2010).

Diante desse cenário, surge a proposta de um novo modelo que, com auxílio da estatística multivariada, elimine questões e dimensões altamente correlacionadas (multicolinearidade) e que possa gerar resultados semelhantes ou melhores do que os modelos existentes. A redução do número de questões e dimensões apresenta conveniências para a coleta de dados, garantindo maiores fidedignidade e confiabilidade, além de eliminar a redundância de medição de construtos e economia no tempo de coleta dos dados.

Com essas considerações, a proposta do novo modelo demanda as seguintes hipóteses: H0- O modelo proposto, com redução de questões e dimensões da metodologia MIS, apresenta divergências significantes do modelo adaptado em relação à influência dos ambientes internos e externos sobre a eficácia da inovação.

H1- O modelo proposto, com redução de questões e dimensões da metodologia MIS, apresenta convergências com o modelo adaptado em relação à influência dos ambientes internos e externos sobre a eficácia da inovação.

A proposta do novo modelo de análise mantém a estrutura das relações entre grupos, conforme mostra a Figura_1, e apresenta dimensões que agrupam construtos correlacionados.

3.3. Design e perspectiva da pesquisa A pesquisa está dentro dos moldes de um estudo descritivo com método quantitativo. Para Vieira (2002), as pesquisas descritivas podem apresentar interesse pelas relações entre variáveis, podendo aproximar-se das pesquisas experimentais. Para Hair Jr. et al. (2005), os planos da pesquisa descritiva formam-se no intuito de medir características de determinado construto teórico.

No caso da presente pesquisa, essas características referem-se às dimensões de ambiente de inovação, aquele que favorece o surgimento delas.

3.4. Empresa piloto e coleta de dados A empresa Alpha, da indústria metal mecânica foi escolhida de forma intencional, não probabilística, para constituir objeto de estudo desta pesquisa pelo fato de ser uma das empresas mais inovadoras no Brasil e ganhadora do prêmio Finep de inovação por dois anos consecutivos. Em 20 anos, a empresa contabilizou centenas de milhares de sugestões e ideias, com grande número de implantações bem-sucedidas, gerando novos produtos e, de forma positiva, impactando o desenvolvimento e a melhoria dos processos produtivos, na otimização dos sistemas administrativos e nas condições gerais do trabalho.

Em 2010, foram recebidas 205.536 ideias, o que representa uma média de 212,1 ideias enviadas por funcionário por ano; um número elevado até mesmo para o padrão japonês. Diante do histórico de inovação, acredita-se que a empresa Alpha tenha percepção da maioria das dimensões em estudo. O questionário adaptado por Carvalho e Machado (2010) foi aplicado nessa organização a 349 funcionários de um total de 991, representando uma significância de 95,7%.

A técnica utilizada foi survey que, de acordo com Malhotra (2001), se baseia no questionamento aos participantes com perguntas relacionadas a comportamento, intenções, atitudes, percepção, motivações, características demográficas e de estilo de vida. O período para a realização da pesquisa, incluindo a coleta de dados, foi de setembro de 2009 a janeiro de 2010.

3.5. Procedimento de análise dos dados Para iniciar o procedimento de redução de questões e dimensões, foram analisados os construtos teóricos que sustentam as dimensões propostas pelo MIRP e o tangenciamento que estas poderiam ter. Foram analisados os estudos que Van de Ven e Chu (1989) descrevem como fundamentais e em-basadores para a constituição das dimensões formadoras da metodologia MIS.

Após esse procedimento, com os dados obtidos pela aplicação dos questionários na empresa Alpha, a análise fatorial foi realizada no intuito de verificar quais questões constantes nas dimensões correlacionadas são mais representativas e possuem maior comunalidade, que indica o grau de associação ou parte em comum existente entre as variáveis em análise (HAIR JR. et al., 2005). Após identificadas as questões que melhor representam as novas dimensões, foram feitas as médias das respostas das questões a fim de obter-se uma medida única da dimensão. Em seguida foi realizada a comparação das frequências das médias das dimensões dos ambientes interno e externo, antes e depois da redução dos dados, por meio do teste qui-quadrado, lembrando que o ambiente é externo ao grupo de inovação. Essa metodologia de avaliação de construtos e redução de dados está de acordo com os descritos por Churchil Jr.

(1979) e Stratman e Roth (2002).

Na sequência, compararam-se as informações apontadas no grupo Resultados, antes e depois da redução dos dados, por meio de modelagem de equações estruturais.

De acordo com a hipótese alternativa, para a validação do novo modelo, os resultados devem apresentar-se similares em ambas as metodologias.

Para garantir a robustez da análise, foram realizados testes de prova (ou testemunha) e aderência do modelo proposto à base de dados coletada em estudo anterior feita por Raduenz (2010), que utilizou empresa de indústria diferente. A rejeição da hipótese nula, oriunda das similaridades de resultados de ambas as organizações, confere validação e eficácia ao novo modelo de análise. Em contrário, havendo a divergência entre os resultados entre as organizações, aceita-se a hipótese nula, configurando a ineficácia do modelo proposto.

4. RESULTADOS Neste capítulo, apresentam-se os resultados oriundos dos testes da base de dados da empresa Alpha, a fim de validar o instrumento proposto com resultados similares ao questionário adaptado de Van de Ven e Chu (1989). O processo de constituição do novo modelo partiu da análise do construto teórico sobre as dimensões, a fim de verificar semelhanças ou tangenciamentos entre elas que justificassem o agrupamento. Foram analisados os mesmos trabalhos descritos por Van de Ven e Chu (1989) como norteadores das dimensões. Assim, essa análise possibilitou o agrupamento conforme consta no Quadro_2.

A numeração das dimensões constantes no questionário adaptado de Carvalho e Machado (2010) manteve a numeração original dos estudos de Van de Ven e Chu (1989). Salienta-se que devido à adaptação do questionário, as dimensões qualitativas e de ambiente externo relacionadas a demografia, economia, tecnologia e legislação foram retiradas e, por esse motivo, as dimensões apresentam lacuna numérica entre as dimensões 13 e 22.

4.1. Identificação das questões relevantes O grupo Resultados não sofreu agrupamento de dimensões uma vez que é formado por apenas uma dimensão (DIMENSÃO 1 - Eficácia percebida com a inovação) e constituído por três questões que relatam o nível de satisfação geral (Q1D1), individual (Q2D1) e da empresa (Q3D1) em relação ao resultado da inovação.

De acordo com o Quadro_2, as dimensões 2, 4 e 23 estão baseadas no mesmo construto teórico e, assim, as questões pertencentes a essas dimensões foram submetidas a análise fatorial para verificação daquelas que pudessem ser mais representativas na definição da nova dimensão (Tabela_1).

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Por meio do relatório fatorial expresso na Tabela_1, observa-se que a junção de três dimensões da metodologia MIS pode ser representada por quatro questões.

Assim, a nova dimensão Processo passa a ser constituída por questões referentes à percepção de certeza de que a inovação teria sucesso (Q40D2), tempo de antecedência que o trabalho era conhecido pelos funcionários antes do desenvolvimento da inovação (Q44D2), existência de regras e procedimentos que indicam como o trabalho deve ser realizado (Q33aD4) e grau de apoio de pessoas- chave no desenvolvimento de inovações (Q37fD23).

A dimensão 3 do modelo proposto, denominada Recursos, é formada pela dimensão 3 do modelo anterior (vide Quadro_2), que trata do grau de disputa da equipe de inovação para conseguir recursos financeiros (Q29aD3), materiais, espaços e equipamentos (Q29bD3), atenção da gerência (Q29cD3), pessoas (Q20dD3) e aumento de carga de trabalho (Q43D3). Nessa dimensão, a questão referente ao aumento de carga de trabalho durante a fase de desenvolvimento de inovações não apresentou correlação com as demais e, dessa forma, na simplificação do modelo, foi excluída da análise.

Em relação à nova dimensão 4, intitulada Liderança, as expectativas de prêmios e sanções, liderança do grupo de inovação e a percepção dos funcionários sobre o estimulo à aprendizagem constituem construtos da análise. Nesse sentido, as questões que puderam ser significativas para análise são demonstradas por meio da Tabela_2.

[/img/revistas/rausp/v48n3/15t02.jpg]

Verifica-se que os três construtos agrupados podem ser representados por três questões, assim, o grau de cobrança sobre poucos indivíduos (Q5bD6), a preocupação do líder com o bom relacionamento do grupo (Q9D7) e o grau de valorização da empresa aos funcionários que tentam fazer coisas diferentes mesmo ocorrendo erros ocasionais (Q15D9) são significativos para a análise da dimensão Liderança.

Da mesma forma que foram analisadas as dimensões Processo e Liderança, as demais dimensões seguiram o mesmo padrão de análise. Para evitar excesso de tabelas na apresentação dos resultados, as análises seguem em textos descritivos.

A próxima dimensão constante do novo modelo é chamada de Autonomia, visto que engloba a liberdade para expressar dúvidas e a influência nas decisões por parte dos funcionários. Para essa dimensão, verificou-se que a participação na definição dos recursos financeiros necessários para o desenvolvimento de inovações (Q30cD5) e a liberdade para expressar o que pensa sobre os processos de inovação (Q13D5) foram relevantes.

A dimensão 6, que caracteriza o relacionamento entre os integrantes do grupo de inovação, é medida pela frequência de comunicação de agentes externos quanto a problemas encontrados na interação do grupo, conflitos e a forma de resolução de conflitos dentro do grupo. Assim, verificou-se por análise fatorial que as questões referentes à comunicação feita por consumidores (Q34eD22), grau de envolvimento entre os desenvolvedores de inovação (Q38eD24) e a resolução de conflitos de forma não superficial (Q38bD5) são indicadores de um relacionamento satisfatório e propício ao desenvolvimento de inovações.

A dimensão 7 difere da dimensão 6 ao analisar o relacionamento entre grupos de inovação pertencentes à mesma organização. Assim, a percepção de que o trabalho realizado em parceria com outros grupos poderá ser realizado em outros projetos (Q26D26) e a frequência de conflitos entre grupos (Q27D27) apresentaram cargas fatoriais relevantes para a determinação do construto estudado.

A Dependência de recursos externos (dimensão 8) manteve as mesmas questões do questionário adaptado por Carvalho e Machado (2010), que ele apresenta apenas duas questões que quantificam o nível de apoio e ajuda de grupos externos à organização (Q18D10) e a carga de trabalho que deveria ser desenvolvida pelo grupo de inovação e que precisou ser desenvolvida por grupos externos (Q19D10).

De igual forma, a dimensão 9, Formalização, utilizou as mesmas questões do questionário adaptado por Carvalho e Machado (2010) por não haver necessidade de redução de dados. A dimensão Formalização pode ser medida pela existência de conversas e discussões (Q20D11) e documentação delas (Q20D11) para a realização da inovação.

A última dimensão da análise refere-se à percepção de efetividade do relacionamento externo à organização. Esse tipo de relacionamento pode ser avaliado pelo nível de satisfação dos funcionários em relação à parceria (Q22D12), pelo comprometimento de ambas as partes (Q23D12) e pela flexibilidade do relacionamento (Q24D13).

O questionário adaptado com a nova metodologia encontra-se no Quadro_3. Os testes de sua aderência ao modelo existente e consequente modelo proposto serão apresentados na sequência.

4.2. Teste qui-quadrado (χ2) e aderência do modelo proposto Conforme descrito nos procedimentos metodológicos e no Quadro_2, três grandes grupos de análise são constituídos a partir da natureza das dimensões. Dessa forma, a dimensão 1 é pertencente ao grupo Resultados, as dimensões 2 até 7, ao grupo das Dimensões Internas, e as três últimas dimensões ao grupo das Dimensões Externas ao Grupo de Inovação.

Cada grupo obteve uma média originada das dimensões que o compõem e, dessa forma, foi possível a avaliação do novo modelo em relação ao modelo existente.

Nessa análise, foram utilizadas apenas as dimensões que puderam ser percebidas no ambiente organizacional, as quais são evidenciadas por meio de altas frequências nas escalas 4 e 5. O teste qui-quadrado (χ2) para os ambientes internos e externos pode ser visto na Tabela_3.

Analisando o grupo de dimensões internas, constituídas pelas dimensões percebidas, observa-se umχ2 de 1,027 que para dois graus de liberdade fica abaixo do valor crítico de 5,991. Dessa forma, pode-se dizer que igualdade estatística entre ambos os modelos, ou seja, admite-se que os desvios não são significativos em uma probabilidade de ocorrência de 95%.

Da mesma forma, o grupo de dimensões externas, apesar de ter sofrido menos alterações, apresentouχ2 maior, mas que está abaixo do valor crítico para uma probabilidade de ocorrência de 95% (HAIR JR. et al., 2005).

A operacionalização da relação entre as dimensões internas e externas sobre os resultados, conforme apresentado na Figura_1, pode ser verificada por meio da Figura_2 com o uso da modelagem de equações estruturais (MEE).

De acordo com a Figura_2, observa-se que nem todas as dimensões foram percebidas pela empresa Alpha para ambos os modelos, que as não percebidas não constam entre as dimensões internas ou externas apresentadas na figura.

Verifica-se, ainda, que a correlação entre o grupo das dimensões externas sobre o das internas apresentou queda de 15% (de 69,4% para 54,7%) do modelo original para o proposto. Isso se deve à exclusão de dimensões internas que estavam altamente correlacionadas (multicolinearidade) e que aumentavam a correlação entre os grupos. Pelo mesmo motivo, observa-se que a relação entre o grupo das dimensões internas sobre os resultados apresentou queda de 11% (de 39,9% para 28,8%).

Em contrapartida, evidencia-se que as relações do grupo das dimensões externas sobre os resultados foram representadas com o aumento de 11,6% (de 15,1% para 26,7%). Embora tenham se apurado diferenças significativas de correlação entre os grupos de dimensões, não se constataram diferenças significativas do poder de explicação dos grupos de dimensões sobre os resultados. A variação do coeficiente de determinação (R2), dos grupos de dimensões sobre os resultados (- 3,4%), destacado com um círculo branco na Figura_2, não significa que houve perda do poder de explicação. De acordo com as teorias e práticas estatísticas, sabe-se que a inclusão ou a exclusão de variáveis (dimensões ou questões) de um modelo, mesmo que elas apresentem correlação espúria sobre a variável latente (resultados), pode alterar o coeficiente de determinação (PARDOE, 2006; TRIOLA, 2008).

Em suma, atendendo ao objetivo proposto, percebe-se que a redução das questões e dimensões do modelo proposto não diminui significativamente o poder de explicação da variável latente (Resultados).

Combinando essas informações com os resultados do teste qui-quadrado (χ2), rejeita-se a hipótese nula em que se afirma que a redução de dimensões internas e externas gera diferenças significativas sobre os resultados. Assim, aceita-se H1: o modelo proposto, com redução de questões e dimensões da metodologia MIS, apresenta convergências com o modelo adaptado em relação à influência dos ambientes internos e externos sobre a eficácia da inovação.

Para garantir a robustez das análises, utilizou-se a base de dados dos estudos de Raduenz (2010) para avaliar o ambiente inovador em uma organização hospitalar. O objetivo dessa nova análise é dar confiabilidade aos processos realizados quanto à proposição do novo modelo de análise.

4.3. Testes de prova do modelo proposto Conforme mencionado, os dados da organização-prova foram utilizados para garantir a confiabilidade das análises. Dessa forma, realizou-se o teste qui- quadrado e a modelagem de equações estruturais (MEE), conforme apresentado no item 4.2. Ver Tabela_4.

Por meio da Tabela_4, observa-se que os dados apresentam similaridades, com baixo valor, observa-se umχ2 de 0,211, principalmente se comparado ao valor crítico (5,991) para dois graus de liberdade sob uma probabilidade de ocorrência de 95%. Verifica-se, portanto, que ambos os grupos de dimensões não apresentam desvios significativos em relação ao modelo adaptado do MIS, apresentando assim igualdade estatística.

Tratando-se da influência das dimensões internas e externas sobre os resultados, ela pode ser avaliada por meio da MEE observada na Figura_3.

Verifica-se que a relação das dimensões externas com os resultados foi acentuada e as demais minimizadas. De acordo com o objetivo do estudo, a influência das dimensões internas e externas sobre os resultados foi superior, no modelo proposto, em 1,5%. Assim, compreende-se que a exclusão de dimensões redundantes teve impacto positivo na determinação dos resultados.

Sendo assim, o teste-prova realizado está em consonância com os argumentos apresentados neste estudo e permite ampliação de uso em outros estudos que objetivam analisar as relações entre os ambientes de inovação e os resultados.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Em observância aos objetivos deste estudo, buscou-se desenvolver uma metodologia de análise do ambiente de inovação das empresas que, além de diagnosticar as áreas de desenvolvimento organizacional para inovação, obtivesse construtos baseados em literatura pertinente e com procedimentos de análise estatísticas coerentes.

Dessa forma, o modelo proposto não objetiva a reestruturação de relações de ambientes internos e externos sobre os resultados da inovação, mas, sim, o agrupamento de construtos das dimensões formadoras de tais ambientes.

Verificou-se, então, por meio de teoria pertinente e estudos anteriores, que os construtos da metodologia MIS são altamente correlacionados. Dado esse contexto, originou-se uma nova metodologia de análise do ambiente inovador organizacional com agrupamento das dimensões e eliminação de questões pelo método de fatores comuns.

A redução de dados proveniente dos testes estatísticos impactou em significantes alterações na metodologia de base, culminando no surgimento de uma nova metodologia de análise caracterizada pela diminuição de 70% dos dados multivariados.

A metodologia apresentada nos resultados deste estudo é compatível com todos os níveis hierárquicos organizacionais por utilizar linguagem de fácil entendimento e por contemplar questões que podem ser percebidas em todas as áreas da empresa. Além dessa vantagem, verifica-se que o processo de coleta de dados torna-se mais rápido e confiável devido ao menor tempo ocupado dos respondentes para assinalar as questões de diagnóstico, evitando a dispersão do respondente, minimizando erros de preenchimento e aumentando a confiabilidade/ fidedignidade dos dados.

A metodologia, ou modelo proposto, é composta por 28 questões alocadas em dez dimensões, sendo uma dimensão de resultado, seis dimensões relacionadas ao ambiente interno ao grupo de inovação e três ao ambiente externo a esse grupo.

O modelo ganha robustez ao ser reaplicado em uma organização de setor e tamanho de amostra diferente da empresa piloto e por apresentar dados consistentes e satisfatórios que possibilitaram a verificação de igualdade estatística ou ausência de desvios significativos do modelo original. Com base nos testes estatísticos deste estudo, rejeitou-se a hipótese nula, ou seja, pela similaridade dos resultados entre as organizações e pela aderência do modelo proposto aos resultados que se apresentaram na aplicação do modelo original, valida-se o modelo proposto. Devido à formatação e à plástica da apresentação dos dados, não foi possível apresentar todas as tabelas e testes que serviram de guia para a validação do novo instrumento.

O novo modelo contribui com a comunidade científica por meio da minimização do instrumento de medida de ambientes inovadores, possibilitando uma análise simples, objetiva e multidimensional com resultados semelhantes a estudos que utilizaram a metodologia original em sua totalidade. Sendo assim, pondera-se que a nova metodologia, apesar de eliminar 65 questões do instrumento de coleta de dados, não reduz seu poder de explicação e eficácia quanto às relações dos ambientes organizacionais com os resultados da inovação propostas no modelo original de Van de Ven e Chu (1989).

Para que possa dar robustez à capacidade explicativa do modelo proposto, sugere-se a aplicação dessa ferramenta em outras indústrias com diferentes tamanhos de amostras, bem como a incorporação de variáveis tangenciais aos ambientes e à inovação.

As limitações deste estudo encontram-se no caráter psicométrico do questionário, em que as divergências de percepções sobre o ambiente inovador podem ser influenciadas por fatores relacionados a diferentes tempo de trabalho na empresa, cargo e idade do funcionário. Assim, embora a empresa possua uma cultura comum a todos os departamentos, esses podem desenvolver subculturas que podem diferenciá-los da percepção geral da empresa.


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