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EuPTCVAg0871-018X2011000100021

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National varietyEu
Year2011
SourceScielo

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Porta-enxertos afetando o crescimento e a produção de plantas de Coffea Arabica L.

INTRODUÇÃO A enxertia de linhagens produtivas de C. arabica sobre outras tolerantes a algumas espécies de nematóides tem sido utilizada com bons resultados em regiões de ocorrência generalizada desta praga, oferecendo aos cafeicultores uma alternativa para o cultivo do cafeeiro nessas áreas. Em áreas isentas de nematóides, deve-se considerar a possibilidade de melhoria no vigor da planta, aumento de produção de frutos, maior aproveitamento de nutrientes, adaptação a ambientes com precipitação pluvial mais limitada, pelo fato de alguns porta- enxertos terem sistemas radiculares mais desenvolvidos.

Em trabalhos realizados com videiras, na cidade de Taubaté, no Estado de São Paulo, no Brasil, verificou-se que as plantas enxertadas apresentaram maior produção do que as não enxertadas (Pauletto et al., 2001). Para citros, com diversos porta-enxertos utilizados na produção, encontraram-se diferenças relacionadas com o vigor ou a velocidade de crescimento, podendo refletir, também, em variações quanto às necessidades nutricionais (Carvalho, 1994).

No Brasil, na cultura do cafeeiro, em regiões infestadas por Meloidogyne incognitaverificaram-se aumentos na altura, no diâmetro de copa e na produção de plantas de café enxertadas, em relação às não enxertadas (Fazuoli et al., 1983). A eficiência da enxertia em áreas infestadas por nematóides foi confirmada também por Costa et al. (1991), em que a produção de café beneficiado por hectare da cultivar Mundo Novo enxertada emC. canephora,foi 4,6 vezes superior ao da mesma sem enxertia.

Em condições isentas de nematóides, Fahl et al. (1998) observaram maior desenvolvimento da parte aérea (altura e diâmetro de copa), e maior formação de gemas frutíferas em plantas adultas de C. arabica enxertadas sobre progênies de C. canephora e de C. congensis. Os mesmos concluíram que, por meio da enxertia, se aumentou a produção de café da cultivar Catuaí.

Estudando quatro genótipos de C. arabica, envolvendo progênies de Catimor e linhagens de Caturra, Catuaí Vermelho e Mundo Novo, Alves (1986) verificou que o Catimor enxertado sobre Caturra, Catuaí e Mundo Novo proporcionou aumentos significativos na taxa de crescimento da área foliar em relação às cultivares não enxertadas.

Avaliando o crescimento de quatro genótipos de C. arabica, enxertados em três porta-enxertos de C. canephora e um porta-enxerto de C. arabica em meio hidropônico Tomaz et al. (2002), verificaram que a enxertia pode influenciar o desenvolvimento dessas plantas, ocorrendo variação dos resultados conforme combinação enxerto/porta-enxerto.

Os cafeeiros do grupo Coffea canephora, em relação aos do grupo do C. arabica, podem apresentar sistemas radiculares mais extensos e eficientes, tanto em termos de maior absorção de água e nutrientes, como em maior resistência a fatores adversos do ambiente (Ramos e Lima, 1980). No entanto isso não ocorre para todos os cafeeiros do grupo Coffea canephora (Rena e DaMatta, 2002).

O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de porta-enxertos diversos no crescimento e produção de C. arabica.

MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi desenvolvido na área experimental da Fazenda Jatobá, localizada no município de Paula Cândido ' MG, nas coordenadas geográficas de 20º49'45,9"S e 42º55'5,7"O, no período de novembro de 1999 (preparo das mudas) a junho de 2006 (colheita final).

Utilizaram-se como enxertos as variedades Catuaí Vermelho IAC 15 (Catuaí 15) e Oeiras MG 6851 (Oeiras) e as progênies H 419-10-3-1-5 (H 419), H 514-5-5-3 (H 514) de C. arabica, sendo as três últimas resistentes a Hemileia vastatrixBerk.

& Br., agente etiológico da ferrugem do cafeeiro. Como porta-enxerto foram empregados três genótipos de C. canephora: Apoatã LC 2258 (Apoatã), Conilon M- 1 (Conilon), coletado em Muriaé, MG, Robustão Capixaba - EMCAPA 8141 (EMCAPA) e um genótipo de C. arabica: Mundo Novo IAC 376-4-32 (M.Novo).

O delineamento experimental foi o de blocos casualizados, com 20 tratamentos e quatro repetições, sendo 4 pés-francos e 16 combinações de enxertia. Utilizou- se para analise deste, o teste "t" de Student, a 5% de probabilidade para a comparação entre as médias. O processamento foi realizado, utilizando-se o programa GENES ' Aplicativo Computacional em Genética e Estatística (Cruz, 2001).

A semeadura foi feita, manualmente, em sementeiras com areia fina (< 2 mm), sendo colocadas em casa-de-vegetação até atingir o estádio "palito de fósforo", o que ocorreu em torno de 60 dias após aquela para os enxertos e 75 dias para os porta-enxertos de C. canephora. Depois deste período, efetuaram-se as enxertias do tipo hipocotiledonar, conforme Moraes e Franco, (1973).

Após a enxertia, as plantas foram transplantadas para sacolas plásticas, e mantidas em câmara de nebulização fechada por um período de 12 dias, retirando- se então as plantas da câmara colocando-as em ambiente aberto, onde permaneceram por 20 dias sob sombrite, com 50% de intensidade, e 40 dias no ambiente, para aclimatação. Neste local, as mudas passaram por irrigações periódicas. Depois de aclimatadas, as plantas foram levadas para o campo, para montagem do experimento.

O plantio foi realizado em março de 2000 após a seleção quanto à uniformidade de tamanho e vigor da planta. Utilizou-se quatro plantas por parcela com 6 pares de folhas, e espaçamento 3,0 x 0,80 metros. As adubações foram realizadas de acordo com o recomendado para a cultura mediante análise previa de solo. Os tratos culturais e fitossanitários foram efetuados de acordo com as necessidades.

As mensurações (altura da planta, número de ramos plagiotrópicos da haste principal, comprimento do ramo plagiotrópico mediano, diâmetro do caule e produção) foram realizadas em junho de 2005 e 2006. O cálculo de rendimento foi realizado pela média de 10 amostras de 1 kg de café cereja retiradas das parcelas e secas em estufas a 70º C até atingir aproximadamente 11% de umidade.

Com o café seco efetuou-se o beneficiamento e cálculo de rendimento, convertendo os valores em produção média de café beneficiado por hectare.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Avaliação ' 2005 A enxertia proporcionou aumento na altura da planta nas combinações H 419/ Conilon e H419/EMCAPA quando comparadas com os respectivos pés-francos (Quadro 1). Plantas com crescimento superior em altura são desejáveis, desde que ocorra aumento da produtividade sem comprometer o custo de produção.

Quadro_1 - Altura de planta, número de ramos plagiotrópicos da haste principal, Comprimento do ramo plagiotrópico mediano, diâmetro do caule, produção de café cereja por planta, estimativas de sacas beneficiadas por hectare em materiais de café não enxertados (pé-franco) e enxertados em diversas combinações.

Fazenda Jatobá, Paula Cândido-MG, 2005.

Em relação ao número de ramos plagiotrópicos da haste principal, a combinação H 419/Apoatã foi inferior à do respectivo pé-franco, as demais combinações de enxertia não diferiram (Quadro 1). O aumento do número de ramos plagiotrópicos pode contribuir para um aumento das ramificações secundárias, podendo proporcionar à planta um melhor crescimento, vigor de copa e um aumento de produção.

Fazendo estudo da interação copa/porta-enxerto em plantas jovens de cafeeiro, Fahl e Carelli (1985), observaram que plantas de C. arabica, enxertadas sobre C. canephora, do grupo dos robustas, apresentavam maior crescimento em altura e área foliar quando comparadas aos controles, o que poderia levar a aumentos na produção, devido a um maior desenvolvimento e vigor das plantas.

Para Pauletto et al. (2001), normalmente os porta-enxertos mais vigorosos apresentam maior capacidade de absorção e translocação de água e nutrientes, e maior produção de substâncias estimuladoras de crescimento, o que favorece o desenvolvimento da copa.

Analisando o comprimento do ramo plagiotrópico mediano verificou-se que não houve diferenças entre as combinações de enxertia quando comparadas com os respectivos pés-francos. Para o diâmetro do caule somente a combinação H419/ EMCAPA teve crescimento superior ao respectivo pé-franco. As demais combinações não apresentaram resultados significativos (Quadro_1).

Com relação à produção de café cereja por planta e as estimativas de sacas (60 kg) beneficiadas por hectare a combinação H419/Mundo Novo apresentou redução quando comparada com o respectivo pé-franco. As demais combinações enxerto/ porta-enxerto não apresentaram diferenças significativas quando comparadas com as do pés-francos (Quadro_1).

Avaliação ' 2006 De acordo com as análises estatísticas não houve diferenças significativas para as variáveis, altura de planta e comprimento do ramo plagiotrópico mediano, nas comparações das diferentes combinações de enxerto/porta-enxerto com os respectivos pés-francos (Quadro 2). Avaliando a altura de plantas de C.

arabicaenxertadas sobre progênies de C. canephorae C. congensis, seis anos após a implantação, (Fahl et al., 1998), observaram que, na média de três locais avaliados, as plantas franco de Catuaí e Mundo Novo não diferenciaram das enxertadas no porta-enxerto Apoatã. Em estudo do comportamento de cultivares de cafeeiro (C. arabica.) com e sem enxertia em materiais de C.

congensis,cultivadas no campo, no município de Selvíria Estado do Mato Grosso do Sul, Brasil, Santos et al. (2005) observaram que após 667 dias depois do plantio, não foram observadas diferenças entre as plantas enxertadas e os pés- francos.

Quadro_2 - Altura de planta, número de ramos plagiotrópicos da haste principal, Comprimento do ramo plagiotrópico mediano, diâmetro do caule, produção de café cereja por planta, estimativas de sacas beneficiadas por hectare em materiais de café não enxertados (pé-franco) e enxertados em diversas combinações.

Fazenda Jatobá, Paula Cândido-MG, 2006.

Com relação ao número de ramos plagiotrópicos da haste principal e diâmetro do caule, a combinação H 419/EMCAPA suplantou o respectivo pé-franco (Quadro 2).

Avaliando o crescimento inicial de cafeeiros enxertados, em condição de campo, no período de estiagem (março-setembro), Ferrari (2003) também encontrou um aumento no diâmetro médio de caule para a combinação H419/EMCAPA quando comparada com o respectivo pé-franco.

Os resultados referentes à produção média de café cereja por planta e as estimativas de sacas (60kg) beneficiadas por hectare das combinações Catuaí 15/ Conilon, Oeiras/Apoatã, Oeiras/EMCAPA e H419/EMCAPA mostraram-se superiores aos respectivos pés-francos (Quadro_2).

CONCLUSÕES Foi evidente que a enxertia em cafeeiro influenciou o desenvolvimento das plantas, quando se comparam diferentes combinações enxerto/porta-enxerto com os respectivos pés-francos.

Em plantas de cafeeiro enxertadas de seis anos (avaliadas em 2006) as combinações de enxertia Catuaí 15/Conilon, Oeiras/Apoatã, Oeiras/EMCAPA e H419/ EMCAPA suplantaram os respectivos pés-francos na produção de café.

Dentro destas combinações (Catuaí 15/Conilon, Oeiras/Apoatã, Oeiras/EMCAPA e H419/EMCAPA) recomenda-se que o produtor adote a que apresenta potencial significativo de desenvolvimento local, levando em consideração a recomendação técnica para cada região.


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