Estudo retrospetivo de lesões tumorais do punho e mão
INTRODUÇÃO
Os tumores da mão e do punho representam um motivo frequente de consulta da
sub-especialidade. A maioria destas lesões é benigna1.
A radiografia é suficiente para o diagnóstico da maioria dos tumores ósseos,
especialmente os de representação mais frequente.
Nos tumores de tecidos moles recorre-se em primeiro lugar à ecografia para a
ajuda no diagnóstico. A cintigrafia é um exame sensível, com o aumento da sua
captação nas áreas afectadas pela lesão bem como a detecção de metástases. No
entanto é inespecífico...
A TAC e a RMN são utilizadas em situações específicas para diagnóstico e
orientação do tratamento cirúrgico. A RMN, nas sequências de T1, T2 e STIR, é
útil e de grande sensibilidade no diagnóstico diferencial de necrose
avasculares,fraturas ocultas ou trabeculares2.
O tratamento cirúrgico está preconizado nas situações de alteração funcional ou
de agressão e invasão das estruturas adjacentes ou após o diagnóstico inicial.
OBJECTIVOS
Este trabalho teve como objectivo o estudo retrospectivo dos tumores do punho e
mão operados pela Unidade de Cirurgia da Mão. Também quisemos comparar os
resultados obtidos com os da literatura que é escassa e não apresenta
seguimento a longo prazo o que dificulta a orientação terapêutica.
MATERIAL E MÉTODOS
Trata-se de um estudo retrospectivo realizado a partir dos diagnósticos de uma
base de dados da Unidade no período de 2000 a 2009. Foram excluídos quistos
sinoviais, bossas cárpicas e tofos gotosos por decisão dos autores.
Nos processos consultados foram analisados os seguintes parâmetros:
* sexo;
* idade;
* diagnóstico;
* benignidade/ malignidade;
* Primário/secundário;
* origem (óssea, cutânea , vascular, nervoso);
* localização;
* clínica;
* tipo de cirurgia;
* evolução.
A maioria dos diagnósticos foi confirmada por exame anatomo-patológico.
RESULTADOS
Analisando especificamente cada um dos tipos de tumores (Tabela_1): nos casos
de tumores de tecidos moles o diagnóstico pré-operatório é difícil de
estabelecer. A ecografia e mais recentemente a RMN permitem-nos apenas conhecer
a exacta localização e dimensões. Em muitos casos mesmo após a visualização
intra-operatória da lesão não se consegue estabelecer o diagnóstico com
segurança, tendo que se aguardar o resultado do exame anatomo-patológico2.
(Tabelas_2 e 3, Figuras_1 e 2 e Tabela_4).
Figura_1
O tratamento dos tumores de tecidos moles foi na sua maioria a excisão
completa. Em dois quistos mucóides foi necessário recorrer a retalho cutâneo.
(Figura_3, Tabelas_5 e 6, Figuras_4e 5, Tabela_7, Figuras_6 e 7 e Tabela_8).
Figura_4
Figura_6
Figura_7
EVOLUÇÃO
Dos tumores de tecidos moles que recidivaram, 3 curaram após re-operação (2
glómicos e 1 histiocitoma) (Tabela_9). Actualmente encontram-se sob vigilância
1 condromatose, 1 schwanoma e 1 tumor desmóide. Um caso de quisto mucóide
abandonou o estudo.
Dos tumores ósseos que recidivaram, 2 curaram após re-operação (1 quisto ósseo
aneurismático e 1 condroma periostal) (Tabela_10). Actualmente encontram-se sob
vigilância 1 condrometaplasia sinovial e 1 lesão de Nora.
DISCUSSÃO
A prevalência de tumores de tecidos moles é superior à dos ósseos (55,4% -
44,6%)
Dos tumores de tecidos moles, o mais frequente foi o xantoma/ tumor de células
gigantes tenossinoviais (27,8%). Dos tumores ósseos o mais frequente foi o
encondroma (55,2%).
A frequência das lesões malignas foi de 1,5% de todos os tumores e 3,5% dos
tumores ósseos
Tal como noutros trabalhos trata-se de uma lesão osteolítica da 3ª falange do
4º dedo,secundária a um tumor pulmonar (osteofílico).
Apenas registámos um caso de tumor cutâneo-queratose actínica hiperqueratótica.
No entanto a realidade é muito superior, pois é na pele que a incidência de
lesões malignas da mão é mais elevada (1 em cada 5 casos)!
CONCLUSÕES
Os resultados encontrados são semelhantes aos descritos na literatura1-6. Os
trabalhos existentes sobre tumores da mão são escassos, especialmente em
relação aos mais raros, e na maioria dos casos não apresentam um seguimento a
longo prazo que permita estabelecer uma orientação de tratamento2.
Devida à raridade dos tumores malignos, um especialista, na sua prática
clínica, acaba por ter experiência limitada. Se a este facto se juntar um
quadro clínico inicial pouco específico, será o suficiente para explicar a
elevada percentagem de erros no seu diagnóstico numa fase inicial1.