Metodologias qualitativas em pesquisa na saúde: referencial interpretativo de
Patricia Benner
INTRODUÇÃO
O reconhecimento da pesquisa qualitativa no campo das ciências da saúde, bem
como a sua popularidade, tem aumentado de maneira significativa nas últimas
décadas(1-2). Sabe-se que, historicamente, a abordagem quantitativa foi
predominante na área da saúde, sendo de extrema importância para o entendimento
de dados sobre populações, questões relacionadas a doenças, e a ocorrência de
certos problemas de saúde(2).
O crescimento da popularidade da pesquisa qualitativa vem demonstrando uma
crise nas avaliações epidemiológicas tradicionais conhecidas nas ciências da
saúde. A pesquisa qualitativa, amplamente narrativa, firma-se,
fundamentalmente, em dados baseados na linguagem e comportamento, os quais a
relevância não é significativa através de cálculos numéricos e procedimentos
estatísticos(3).
Nesse contexto, diversas tradições qualitativas emergiram, tais como teoria
fundamentada nos dados, fenomenologia, hermenêutica, etnografia, teorias
feministas, pós-estruturalismo crítico, etnometodologia, pós-moderna,
narrativas, entre tantas outras. Cada uma delas possui metodologias distintas e
específicas para coleta e análise dos dados(4).
A fenomenologia, iniciada por Husserl, nasce como um movimento filosófico que
se preocupa com a dimensão subjetiva dos fenômenos presentes na natureza humana
e possui, nesse momento, um caráter puramente descritivo. Neste processo, o
foco é descrever os fenômenos da forma como eles apresentavam-se em sua
essência. Husserl estava interessado em conhecer os fenômenos da existência
humana através da percepção(5).
Na fenomenologia hermenêutica, Heidegger acrescenta às ideias de Husserl a
noção de "estar no mundo" como a forma na qual os seres humanos estão situados
significativamente no mundo através do tempo. Ainda, Heidegger afirma que a
interpretação constitui-se em um processo crucial para chegar à compreensão.
Este processo interpretativo é alcançado através do círculo hermenêutico, que
se move das partes da experiência para o todo, e volta-se para as partes, e
assim por diante, dando profundidade à compreensão(5).
Dentre os diversos campos de investigação fenomenológica, este artigo tem como
objetivo relatar a experiência de utilização da metodologia qualitativa
interpretativa com o referencial de Patricia Benner. Trata-se de uma pesquisa
vinculada a uma dissertação de mestrado, intitulada: "Sofrimento moral e as
vivências morais de enfermeiros que cuidam de crianças com necessidades
especiais de saúde", a qual foi desenvolvida em um período de estágio sanduíche
na Universidade McGill, em Montreal, Canadá, sob orientação do professor Dr.
Franco Carnevale. Essa dissertação encontra-se em fase de conclusão e foi
aprovada pelo comitê de ética em pesquisa.
A Fenomenologia Interpretativa de Patricia Benner
O método fenomenológico interpretativo, descrito por Benner, pauta-se nos
conceitos filosóficos de busca pela compreensão da condição humana, das
experiências vividas e das formas sobre como nós conhecemos e compreendemos o
mundo(6). Estes conceitos são advindos da fenomenologia existencial dos
filósofos Kierkegaard, Heidegger, Merleau-Ponty, Wittgenstein, Dreyfus e
Taylor, bem como da hermenêutica tradicional(6).
Com o objetivo de estudar os fenômenos em sua essência, o fenômeno e o seu
contexto estruturam o projeto interpretativo de compreensão do mundo dos
participantes e dos eventos referentes a ele. O pesquisador interpretativo deve
criar um diálogo entre os conceitos práticos e as experiências vividas ligando
raciocínio e imaginação ao mundo dos participantes(6).
Ao utilizar-se do método fenomenológico interpretativo, o pesquisador busca
compreender o mundo dos conceitos, hábitos e práticas apresentadas por meio das
narrativas dos participantes e de ações específicas. Estas compreensões são,
então, utilizadas para contrastar similaridades e diferenças inseridas nas
falas dos participantes e em ações específicas(6).
Compreender as inquietações humanas, os significados, a aprendizagem
experiencial, o comportamento prático hábil do dia a dia, quando eles estão
funcionando sem problemas ou estão em crise, é o objetivo em oposição à
explicação ou previsão por meio de leis casuais e proposições teóricas formais
(6). Desta forma, reconhece-se que, nas ciências humanas, a compreensão torna-
se mais rica do que apenas a explicação, tendo em vista que a compreensão liga-
se mais profundamente às experiências humanas e seus significados(6).
Para Benner, os pesquisadores interpretativos devem interessar-se pelas
distinções e afinidades entre os diversos mundos dos participantes estudados.
Para isso, deve compreender em que condições humanas, e os pontos em comum,
essas semelhanças se tornam possíveis(6).
Benner(6) descreve cinco fontes de semelhanças que devem ser exploradas pelo
pesquisador interpretativo nas narrativas dos sujeitos:
1. Situação: compreensão de como os indivíduos colocam-se nas diversas
situações, considerando sua história e contexto atual;
2. Corporeidade: compreensão dos indivíduos como um corpo dotado de
conhecimentos, práticas e habilidades;
3. Temporalidade: considera a experiência vivida como uma maneira de
projetar-se no futuro e compreender-se no passado, porém não de uma
maneira linear, e sim considerando a experiência vivida na sua
temporalidade;
4. Preocupações: a maneira como o indivíduo está situado significativamente
na situação, o que realmente importa para a pessoa;
5. Significados em comum: significados linguísticos e culturais comuns que
se apresentam e mostram quais seriam os possíveis problemas, acordos e
desacordos entre as pessoas(6).
Nesse sentido, os conhecimentos prévios dos pesquisadores fazem parte da
estrutura do projeto interpretativo, constituindo as vias de condução do
estudo. Para isso, o pesquisador precisa desenvolver a habilidade de engajar-
se, por meio do raciocínio clínico, nas diversas situações narradas pelos
participantes. Entretanto, é parte central nesse processo que o pesquisador
tenha a habilidade de manter um movimento constante de ida e volta a seus
conceitos inicias, compreendendo que dúvidas e interpretações equivocadas fazem
parte do processo de busca por uma compreensão o mais ampla possível(6).
Procedimentos de coleta, organização e análise dos dados
Para o desenvolvimento do projeto de pesquisa, teve-se como objetivo inicial
compreender as vivências de sofrimento moral de enfermeiros que cuidam de
crianças com necessidades especiais de saúde. A elaboração desse objetivo deu-
se a partir da pergunta de pesquisa: como o sofrimento moral se apresenta no
cotidiano de trabalho de enfermeiros que cuidam dessas crianças? Este estudo
teve sua coleta dos dados realizada nos meses de novembro e dezembro de 2014.
O fenômeno e o seu contexto conformam o projeto interpretativo de entender o
mundo vivido dos participantes da pesquisa. Nas bases da linha de investigação,
o pesquisador pode utilizar-se de fontes de texto e um grupo de situações que
podem incluir entrevistas individuais ou em grupo, observação participante,
documentos, entre outras fontes de dados. Ainda, por buscar a compreensão,
múltiplas entrevistas são possíveis para que o entrevistador tenha a
oportunidade de revisar cuidadosamente e revisitar o material para o
desenvolvimento de uma próxima entrevista. Isso permite que o pesquisador e o
participante tenham uma segunda chance na busca pela compreensão do fenômeno e
tantas outras quantas forem necessárias(6).
Utiliza-se a entrevista como uma estratégia pela qual o pesquisador poderá
acessar o mundo do participante, buscando a compreensão do objeto de estudo
inserido no contexto do vivido(6). O objetivo da entrevista, na fenomenologia
interpretativa, é estabelecer um diálogo verdadeiro entre pesquisador e
participante. Nesse movimento dialógico, o pesquisador está imerso no
compromisso de ouvir e representar a voz do participante. Assim, o pesquisador
precisa desenvolver um processo crítico-reflexivo, possibilitando uma abertura
entre este e o participante do estudo; além de exercitar a habilidade de ouvir
questionamentos e enfrentar desafios para as suas questões iniciais da
pesquisa, as quais ele não considerava previamente ao encontro com o contexto
do estudo(6).
A utilização da entrevista, com o intuito de reconhecer e dar a voz aos
participantes da pesquisa, foi desenvolvida buscando o relato das histórias de
seus mundos e conceitos práticos a fim de que eles descrevessem, de forma
natural, a sua prática cotidiana de cuidado. O papel do relato das histórias é
central na fenomenologia interpretativa, pois quando as pessoas constroem suas
próprias histórias, elas podem imergir em suas experiências mais imediatas, e o
risco de se criar generalizações ou ideologias é diminuído(6).
Os momentos de entrevistas exigiram concentração e escuta atentiva da
pesquisadora, uma vez que os participantes, em suas individualidades, variaram
entre aqueles que tinham muito a dizer, o que necessitou por parte da
pesquisadora uma escuta cautelosa para que o objeto de estudo continuasse a
perpassar e permear o diálogo e, também, aqueles que responderam de forma
objetiva, necessitando um esforço por parte da pesquisadora para que o objeto
de estudo fosse aprofundado, porém sem interferência de conceitos
preestabelecidos pela pesquisadora na fala dos sujeitos. Para tanto, questões
como: "como foi isso pra você?"; "você poderia me explicar mais sobre isso?";
"o que você acha que isso significa pra você?"; foram utilizadas para que os
participantes pudessem imergir mais profundamente em suas experiências, dando
clareza à narrativa.
Durante esse processo, houve momentos de incerteza e preocupação por parte da
pesquisadora em relação ao alcance dos objetivos da pesquisa. Este momento
exigiu concentração, momentos de leitura, bem como reuniões com os professores
orientadores, os quais destacaram que a condução das entrevistas estava
ocorrendo de maneira satisfatória. Porém, o movimento de busca pelo objeto de
estudo para os fenômenos apresentados pelos participantes deveria ser explorado
o máximo possível. O diálogo interpretativo começa com a primeira entrevista e,
a partir disso, a coleta dos dados, a investigação e a análise não caminham
mais separados, permitindo que o pesquisador estabeleça linhas de investigação
constituídas pelos próprios dados empíricos, assegurando a qualidade da
pesquisa(6).
Dessa forma, reconhece-se que, para além das dimensões do objeto de pesquisa
inicial, existiam outras dimensões ampliadas que foram descritas pelos
participantes, em um movimento no qual a questão de pesquisa lançada,
inicialmente, fosse confrontada. Isto propiciou espaço e oportunidade para que
o fenômeno estudado mostrasse as suas diversas facetas. Neste sentido, as
entrevistas foram conduzidas de maneira a ouvir o que importava para os
participantes, engajando-se na necessidade de ouvi-los.
Isto significa que nem sempre suas falas estavam centradas no sofrimento moral,
entretanto, houve um interesse por parte da pesquisadora em aprofundar os
pontos pertinentes para os participantes, considerando os conhecimentos prévios
da mesma quanto às questões éticas do cuidado. Nesse sentido, as narrativas dos
participantes trouxeram situações de sofrimento moral, relacionadas, por
exemplo, ao sentimento de impotência referente à impossibilidade de uma tomada
de atitude que diminua a dor da criança, a dificuldade em lidar com a morte na
infância, as dificuldades na relação com a equipe médica, entre outros. Ainda,
no movimento de compreensão, situações associadas à satisfação profissional ao
ver o retorno positivo do tratamento da criança, o sentimento de
compartilhamento de dilemas com os colegas de trabalho que reafirma a
moralidade das ações da enfermagem e a agência moral dos enfermeiros em relação
aos pacientes pediátricos, advogando em prol do bem-estar da criança, foram
analisadas e incluídas nos resultados como uma dimensão que amplifica a
compreensão sobre o sofrimento moral e o engajamento dos enfermeiros que cuidam
de crianças com necessidades especiais de saúde.
Esse momento configura-se como um momento fundamental na fenomenologia
interpretativa, pois reafirma que a análise dos dados não se constitui de uma
etapa que ocorre isolada do momento de coleta. Isto porque o pesquisador
utiliza-se de seus conhecimentos anteriores para desenhar os rumos da pesquisa,
porém compromete-se com a não imposição de pressupostos aos fenômenos
estudados, permitindo que os mesmos assumam diversas conformidades(6). Na
investigação hermenêutica, há sempre uma preocupação em desenvolver um
movimento cíclico "corretamente", considerando a maneira como o pesquisador
compreendia o fenômeno anteriormente. Entretanto, é necessário que este esteja
aberto a respeitar a possibilidade de que o fenômeno estudado mostre-se de
formas diferentes durante a interpretação(7).
Ao final do processo de coleta de dados, nove entrevistas foram realizadas. O
momento de encerrar as entrevistas, em uma abordagem fenomenológica, pode ser
entendido como aquele em que as falas dos participantes possuem estruturas
suficientes para que a compreensão do objeto de estudo obtenha a máxima
clareza, tendo, assim, os seus sentidos desvelados e os objetivos alcançados
(8).
Após a transcrição das entrevistas, houve, primeiramente, uma leitura inicial e
superficial de cada uma delas. Em seguida, foi realizada uma leitura atentiva e
cuidadosa de cada uma das entrevistas em separado para que a essência de cada
um dos participantes pudesse ser captada. A leitura individual de cada
entrevista constitui-se em uma etapa importante na fenomenologia
interpretativa, uma vez que se busca pela apreensão dos significados dos
fenômenos em sua individualidade, considerando a subjetividade de cada
participante(6).
A leitura de toda a entrevista é feita para que se tenha um entendimento global
sobre a história e, em seguida, tópicos, preocupações e eventos são
selecionados para uma leitura mais detalhada do texto(6). Nesta etapa, busca-se
através da leitura cautelosa encontrar em cada uma das entrevistas códigos que
identifiquem partes importantes a serem observadas no texto. Os códigos
correspondem a um olhar mais focado em uma parte específica da narrativa,
podendo-se fazer uma analogia ao que seria um zoom óptico em uma determinada
parte do texto. A codificação ocorreu em todas as entrevistas separadamente.
Destaca-se que o processo de codificação não teve fim nesta etapa, sendo que, a
cada novo olhar da pesquisadora sobre os dados apresentados pelas entrevistas,
os códigos podiam ser alterados, visto que o processo de interpretação não
possui um limite estabelecido de início, meio e fim, mas, sim, conforma-se como
um processo cíclico de compreensão, interpretação, e crítica(6). Deve-se criar
um movimento sistemático entre as partes e o todo do texto, permitindo que o
pesquisador verifique a existência de incongruências e unifique conceitos
repetidos(6).
Durante essa etapa, houve por parte da pesquisadora um reconhecimento de que as
vivências descritas pelos participantes possuíam uma amplitude de significados
para além do sofrimento moral. Dessa maneira, percebeu-se que para além das
vivências de sofrimento moral, os participantes trouxeram em suas falas
diversas situações envolvendo vivências morais que não podem ser desconectadas
para a compreensão de uma forma o mais profunda possível. Ressalta-se que a
explicação sobre os conceitos de sofrimento moral e vivência moral vão além dos
objetivos deste trabalho, portanto, não serão abordadas nesse momento.
Assim, além dos fenômenos relacionados ao sofrimento moral, as situações
descritas pelos participantes referentes às vivências morais também foram
analisadas nesta pesquisa, revelando-se como um novo objeto de estudo. Esse
movimento é de extrema importância, pois se considera que odesign do projeto
interpretativo deve possuir abertura suficiente para que as questões iniciais
do pesquisador sejam confrontadas, alteradas e reformuladas ao longo do
processo de interpretação(6).
Após a codificação de cada entrevista, foi elaborado um resumo para cada uma
das narrativas dos participantes, utilizando-se os itens codificados. O resumo
das entrevistas possibilita que o pesquisador, apesar de focado em partes
importantes do texto, não desconsidere o todo, facilitando o movimento de ida e
vinda entre as partes importantes destacadas e o todo, processo esse de extrema
importância na interpretação.
Ao final da codificação de cada entrevista, os códigos semelhantes foram
agrupados em categorias dentro das entrevistas. Essas categorias de significado
constituíram-se do agrupamento dos códigos que descreviam situações
relacionadas aos mesmos fenômenos descritos pelos participantes.
Para a análise, tem-se como estratégia identificar estruturas e processos
presentes nas narrativas, que são aspectos que apresentam semelhanças e
contrastes nos diversos mundos dos participantes. Com isso, objetiva-se na
leitura minuciosa e atentiva dos textos a busca por casos paradigmáticos e
exemplares(6).
Os casos paradigmáticos constituem-se de exemplos sólidos de conceitos ou
padrões particulares. Ao identificar um caso paradigmático, o pesquisador tem a
possibilidade de entender como os conceitos são colocados em prática no mundo
vivido, sendo este caso uma possibilidade de um entendimento o mais amplo
possível da percepção do fenômeno(6). Os casos paradigmáticos auxiliam o
pesquisador interpretativo por meio de um exemplo rico de significados advindos
da narrativa da vivência do participante que amplificam a compreensão sobre
como um determinado fenômeno pode ocorrer9. Neste estudo, dois casos
paradigmáticos foram encontrados, os quais auxiliaram a elucidar como as
vivências morais dos enfermeiros apresentam-se a partir dos diversos níveis de
engajamento desses profissionais em sua prática assistencial.
Os casos exemplares, por sua vez, auxiliam o pesquisador a demonstrar intenções
e conceitos dentro dos diversos contextos e situações em que o objetivo
atribuído sobre a situação pode ser diferente(8). A maior da parte da análise
desse estudo baseia-se na compreensão dos exemplares encontrados nos textos.
Uma vez que o pesquisador tenha encontrado padrões de significados e situações
em comum, os exemplares devem ser extraídos do texto para demonstrar as
semelhanças e diferenças entre as experiências vividas encontradas nas
narrativas dos participantes(6).
Após a análise interpretativa de cada uma das entrevistas, volta-se o olhar
para o todo buscando por temas que abranjam o conjunto. A análise temática na
fenomenologia interpretativa possui o objetivo de procurar por padrões de
significados, exemplos ou conceitos que devem ser considerados mais do que
apenas unidades elementares, como palavras ou frases(6). Além disso, tem-se na
análise temática a tentativa de articular as compreensões amplas advindas da
constante comparação e leitura lado a lado de diferentes casos paradigmáticos e
exemplares(7). Neste estudo, quatro temas relacionados às vivências morais
foram elencados e descritos na análise dos dados.
CONCLUSÃO
A utilização da fenomenologia interpretativa para o desvelamento e compreensão
do objeto desta pesquisa demonstrou ser um referencial teórico e metodológico
rico, além de potencialmente capaz de contribuir para o melhor entendimento da
prática de enfermagem relacionada ao cuidado ético em pediatria. Verificou-se
que a utilização da interpretação pautada no referencial de Benner desvelou
significados ainda não explorados e que foram identificados com importantes
repercussões no cuidado de enfermagem, bem como na qualidade de vida das
crianças com necessidades especiais de saúde.
Ainda, a utilização do referencial apresentou diversos desafios relacionados à
necessidade de tradução livre de conceitos devido ao fato de ainda não
existirem traduções oficiais desse referencial na língua portuguesa.
Destaca-se que este referencial preocupa-se em compreender experiências
humanas, como também os significados dessas experiências para os diversos
atores dos cenários de estudo, posicionando os seres humanos como centro da
investigação. Desta forma, além da enfermagem, diversos campos de investigação
podem interessar-se por essa metodologia para o alcance de seus objetivos.
Sugere-se que outros estudos utilizando este referencial sejam realizados no
Brasil com vistas à possibilidade de contribuição para a Ciência da Saúde e da
Enfermagem, bem como outras pesquisas que busquem a compreensão das
habilidades, conceitos, práticas, e mundos dos diferentes atores no campo da
saúde.
Como citar este artigo: Santos RP, Neves ET, Carnevale F. Qualitative
methodologies in health research: interpretive referential of Patricia Benner.
Rev Bras Enferm [Internet]. 2016;69(1):178-82.