Para onde sopram os ventos na economia mundial?
Para onde sopram os ventos na economia mundial?
Mário Murteira
Director, mlsm@iscte.pt
www.mariomurteira.com
Teve recentemente lugar em Davos, na Suíça, a habitual reunião anual do World
Economic Forum. É uma grande assembleia que reuniu cerca de 1400 destacadas
personalidades oriundas de governos, grandes empresas e organizações que
partilham determinadas convicções sobre o sistema da economia mundial, numa
perspectiva conservadora do presente e do futuro desse sistema.
Numa perspectiva crítica, mais ou menos radical, situa-se o Fórum Social
Mundial, originado no Brasil, e que congrega diversas visões do futuro
desejável do capitalismo. Claro que o primeiro Fórum é muito mais preciso e
convergente nas suas análises do que o segundo. Afinal, estar «a favor do
vento» é muito mais simples do que estar na posição oposta, que pode
manifestar-se de formas muito diversas.
A questão que coloco no título deste editorial teve em Davos, no essencial, a
seguinte resposta.
Depois da recente crise global, nota-se uma recuperação sensível, mas ainda de
futuro incerto. Por isso, é urgente passar dos grandes debates à formulação das
opções políticas necessárias. Uma delas respeita à legitimação e entrada em
funcionamento de um G20, capaz de governação sensata e eficaz da ordem mundial.
E, implicitamente, à demissão do antigo G8 que, durante muito tempo deteve o
poder possível nessa (des)ordem.
Além do mais, isto implicará a promoção formal dos chamados BRIC (Brasil,
Rússia, Índia e China) ou, mais geralmente, das «economias emergentes» à
governação económica mundial.
Mas (acrescento eu), há também que rever o mundo, não só de «cima para baixo»,
mas também «de baixo para cima», como no fascinante exemplo do desenvolvimento
da «Bacia Cultural» de Araripe, no Brasil, que incluímos nesta edição da
revista.
E, claro está, repensar as concepções básicas da chamada «corrente principal»
(ou Main Stream) do pensamento económico, conforme é sugerido na petição
dirigida à FCT por um numeroso grupo de professores e investigadores
interessados na temática económica. Também incluímos esse texto neste número de
EGG, que comemora 15 anos de publicação.
De uma publicação que sempre procurou uma visão global e pluridisciplinar da
problemática económica.
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