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BrBRCVHe0034-71672012000600021

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variedadeBr
ano2012
fonteScielo

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Formações venosas superficiais da fossa cubital: aspectos de interesse para a prática da Enfermagem

INTRODUÇÃO Na fossa cubital encontram-se veias de grande calibre, onde são realizados inúmeros procedimentos médicos, sendo um dos locais mais importantes para a realização de punções venosas. Nessa região são realizadas injeções endovenosas, administração de soluções parenterais, plasma e medicamentos(1-2), introdução de cateteres para obtenção de sangue a partir das câmaras cardíacas e cardioangiografia(1-3).

A realização de punções venosas periféricas representa em torno de 85% das atividades executadas pelos profissionais enfermagem(4-5), embora seja realizada nas veias superficiais, a punção venosa é um procedimento invasivo (6). Geralmente, é guiado pela inspeção da anatomia das veias periféricas do paciente, exigindo conhecimento, treinamento específico e habilidade, uma vez que muitos fatores podem interferir na identificação da rede venosa(7).

Num estudo em recém-nascidos, alguns autores assinalaram que 64,42% das vias eram instaladas em uma primeira punção e 35,58% necessitam mais de uma tentativa(8). Em outro estudo em recém-nascidos, os autores constataram que existe desconhecimento por parte dos profissionais de enfermagem na eleição das veias em intervenções que exijam acesso venoso(9).

A falta de conhecimento científico e técnico pode determinar a execução incorreta deste procedimento, podendo causar ao paciente dor leve local, dor crônica, infecções, novas e/ou múltiplas punções, infiltrações, hemorragia subcutânea e atraso na terapêutica(10). Além disso, pode ocorrer comprometimento nervoso, causando a chamada síndrome da dor regional complexa, uma vez que os nervos cutâneo medial e lateral do antebraço emitem ramos que se apresentam bastante superficiais na região cubital(1,6,11-12).

As veias superficiais do membro superior constam basicamente de duas veias de grande calibre, as veias cefálica e basílica, claramente visíveis quando se aplica um torniquete no braço. Elas se originam da rede venosa dorsal da mão, sendo que a veia cefálica (VC) ascende lateralmente na face anterior do antebraço enquanto que a veia basílica (VB) ascende medialmente na face anterior do antebraço. Em seu trajeto, estas veias recebem diversas tributárias, mantendo a comunicação entre si (2,13). Destas comunicações devemos destacar a veia intermédia do cotovelo (VICo) que comumente apresenta- se com um trajeto oblíquo dirigindo-se mais para proximal a partir da VC até a VB recebendo a veia intermédia do antebraço (VIA) como tributária(1-2).

Não é possível estabelecer um padrão rígido em relação à distribuição venosa na fossa cubital, uma vez que as variações anatômicas são muito frequentes.

OBJETIVO O objetivo deste trabalho é contribuir para o conhecimento que facilite a identificação dos tipos mais comuns de formações venosas da região da fossa cubital, e relatar uma variação anatômica pouco comum, procurando, assim, auxiliar na prática diária dos procedimentos de enfermagem.

MÉTODOS Foi realizado um levantamento bibliográfico a fim de relatar os tipos de formações venosas descritos na literatura. Neste estudo foram incluídos artigos científicos e livros editados nas línguas inglesa, espanhola, portuguesa e francesa, no período de 1908 a 2010. Foram selecionados artigos publicados nas bases ISI, Scielo, Lilacs, Medline, Science Direct (Elselvier), SpringerLink Books (Metapress), Willey Interscience Journals. Foram realizados leitura, análise e registro dos dados obtidos.

Para a classificação das formações venosas foi escolhida a classificação proposta por Del Sol et al.(3), sendo a mesma adaptada para este estudo (Quadro 1), conforme descrição abaixo: Tipo I: Veia Cefálica (VC) se divide em Veia Intermédia Basílica (VIB) e Veia Intermédia Cefálica (VIC) unindo-se à Veia Basílica (VB) e Veia Cefálica Acessória (VCA), respectivamente.

Tipo II: VC origina a Veia Intermédia do Cotovelo (VICo) que se une à VB. Não existe VCA e a VIA (Veia intermédia do antebraço) drena em VB.

Tipo III: não existe comunicação entre VB e VC no nível da fossa cubital. A VIA drena na VB.

Tipo IV: VC drena em VB e a VIA drena na VC.

Tipo V: M clássica e outras disposições.

Além da análise dos artigos científicos, descreve-se também um caso incomum de formação venosa.

Apresentação do Caso O presente trabalho descreve uma variação anatômica encontrada no membro superior esquerdo de um cadáver adulto do sexo masculino pertencente ao laboratório de Anatomia da Universidade de Talca ' UTALCA, Chile. Foi observado que não existia comunicação entre VC e VB no nível da fossa cubital e a VIA drenava na VB. Além disso, observamos a presença da VCA (Figura_1).

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RESULTADOS E DISCUSSÃO No quadro_2 apresentamos os tipos de formações venosas e as porcentagens destas segundo literatura científica.

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As veias superficiais da fossa cubital apresentam grande número de variações anatômicas; porém, é possível estabelecer os padrões mais comuns relatados pelos autores.

Para Del Sol et al.(3)e Del Sol et al.(14)o padrão encontrado com maior frequência foi o tipo I (Quadro_1), apresentando porcentagens de 38,7% e 36,25%, respectivamente. Charles(15), Paturet(16) e Del Sol et al.(17) encontraram frequências bastante similares com 30%, 27,5%, e 30%, respectivamente. Corzo-Goméz et al.(18) relatam que este padrão foi o terceiro mais encontrado em seu estudo, com 14% dos casos (Quadro_2).

Com relação ao tipo II (Quadro_1), no qual se observa a VICo unindo a VC à VB na região de fossa cubital, Yamada et al.(6), Charles(15), Barry & Newton (19)e Halim & Abdi(20) relataram tratar-se de um padrão muito frequente, com 56,7%, 70%, 83%, e 67,5% dos casos, respectivamente. Gardner, Gray, & O'rahilly(21) também relataram tratar-se de uma formação bastante frequente.

Outros autores encontraram procentagens menores, porém bastante expressivas, com 28,3% para Del Sol et al.(3), 28,75% para Del Sol et al.(14), 30% para Del Sol et al.(17) e 24% para Corzo-Goméz et al.(18). Valores menos expressivos foram encontrados por Paturet(16), com 8% e Singh et al.(22), com 11% (Quadro 2).

O Tipo III (Quadro_1), onde observamos a ausência de comunicação entre VB e VC no nível da fossa cubital, foi o tipo encontrado com maior frequência por Corzo-Goméz et al.(18), com 37% dos casos. Del Sol et al.(3)e Del Sol et al.

(17)relataram ter encontrado este padrão em 24% e 25% dos indivíduos pesquisados, respectivamente. Del Sol et al.(14), Halim & Abdi(20)e Singh et al.(22), encontraram valores menores, sendo estes 17,25%, 6,0% e 10%, respectivamente. Esse tipo de formação foi bastante incomum para Barry & Newton(19), com 1%, sendo que Yamada et al.(6) não a encontraram (Quadro_2).

O tipo IV (Quadro_1), formado pela VC drenando em VB e a VIA drenando na VC, apresentou-se em 14,75% para Del Sol et al.(14), 10% dos casos para Del Sol et al.(17)e Singh et al.(22), 12% para Corzo-Goméz et al.(18)e 19,5% para Halim & Abdi(20). Cabe ressaltar que esta formação é pouco encontrada por outros autores(3,15) e, segundo Okamoto(23), não foi encontrada na população japonesa (Quadro_2).

Para Paturet(16)e Singh et al.(22)o "M" clássico (Quadro_1), formado pela divisão da VIA em VIC e VIB no nível do cotovelo, representado pelo Tipo V, foi o padrão encontrado com maior frequência; porém, para autores como Del Sol et al.(3,14,17), Charles(15) e Corzo-Goméz et al.(18), essa é uma formação venosa encontrada com pouca frequência (Quadro_2).

Em nosso caso observamos que não existia comunicação entre as VC e VB na região da fossa cubital, e que a VIA drenava na VB, formação muito similar ao Tipo III, porém foi observada a presença da VCA, caracterizando um padrão de drenagem venosa pouco comum na fossa cubital (Quadro_1; Figura_1).

Para realizar a punção venosa em crianças de 0-1 anos alguns autores recomendam utilizar a VC ou a VIC seguida pela VIB e VICo(17), enquanto outros recomendaram que em pacientes pediátricos deve-se utilizar VIB, VIC e VICo(24).

Para a punção venosa em adultos, Gardner, Gray, & O'rahilly(21) recomendaram utilizar a VICo ou uma de suas tributárias. Del Sol et al.(14) recomendam utilizar a VIB ou VICo apesar de sua estreita relação com o nervo cutâneo medial do antebraço (NCMA) e a artéria braquial. Moore & Dalley(1) afirmam que, em geral, a VICo e a VB devem ser selecionadas para realizar os procedimentos. Del Sol et al.(3) e Del Sol & Olave(25)recomendam utilizar a VIC e VC quando tiverem um calibre semelhante à VIB ou VICo, a fim de minimizar os riscos de puncionar outras estruturas anatômicas importantes. Yamada et al.

(6) afirmam que o melhor lugar para uma punção é a VICo próximo às veias cutâneas radiais que, em seu estudo, observaram que a VC e o NCMA eram adjacentes e tinham seu trajeto paralelo ao nervo cutâneo lateral do antebraço (NCLA). Além disso, observaram que a VB e a VIA eram paralelas e adjacentes ao NCMA. Del Sol & Vásquez(26) recomendam a utilização da VIB no Tipo I e da VICo no Tipo II.

CONSIDERAÇÕES FINAIS Frente a estes dados não temos dúvidas em afirmar que é imprescindível que o profissional da saúde tenha conhecimento das diversas formações venosas e nervosas da região cubital e que além disso, deve fazer um estudo desta região antes de qualquer intervenção a fim de evitar os danos ocasionados ao paciente por um procedimento mal realizado.

Podemos afirmar ainda que, de acordo com a literatura consultada, a VICo é o local de punção mais indicado, seguido da VIB e que a disposição venosa mais frequente é a do Tipo II, seguida pelos Tipos I, V, III e IV. Deve-se, no entanto, considerar sempre as eventuais variações anatômicas que podem ocorrer, como a que foi descrita neste trabalho.


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