Imunoterapia com ácaros
ABSTRACT
In Portugal, mites are the most frequent causative agent of respiratory
allergic diseases. In this paper we present a review on some of the fundamental
aspects of immunotherapy with mite allergen, an aetiologic treatment for the
allergic diseases caused by these agents. We briefly review how the mites
started to be regarded as the main allergen in Portugal and in many other
countries, the indication as to when to start or end immunotherapy with mite
extracts and some recent data on adhesion, efficacy and safety of this form of
therapy.
Key‑words: Allergy, efficacy, immunotherapy, mites, safety.
INTRODUÇÃO
Em 1897, Trouessart descreve e classifica os ácaros da espécie Dermatophagoides
pteronyssinus, os quais, na década de 1960, são reconhecidos como os
componentes mais relevantes do designado pó da casa1‑3, que tinha já sido
incriminado como causa de doença alérgica na década de 1920, entre outros por
Kern, Cooke e van Leeuwen, embora sem identificação concreta dos agentes
causadores nele contidos4. Quando a identificação laboratorial da IgE
específica se tornou possível, várias experiências de neutralização/inibição em
doentes alérgicos demonstraram que mais de 80% das IgE séricas que reagiam com
a mistura alergénica do pó da casa eram na realidade dirigidas contra extratos
de Dermatophagoides pteronyssinus. A maioria das IgE séricas restantes eram
específicas para alergénios de gato ou cão4. Tanto em estudos que datam do
início da Imunoalergologia em Portugal5, como em estudos mais recentes
realizados na Unidade de Imunoalergologia do Hospital de Santa Maria, os ácaros
do pó são claramente os alergénios mais frequentemente encontrados em
indivíduos alérgicos em geral, bem como nos doentes alérgicos em geral e nos
doentes com asma ou rinite6‑9dados consonantes com outros estudos
internacionais10.
Esta etiologia alérgica é seguramente a mais importante no nosso país, onde as
características climáticas e das habitações de algumas regiões favorecem a
existência de níveis acarianos elevados, demonstráveis tanto nas casas como nos
colchões11. A alergia aos ácaros é também a alergia mais prevalente noutros
países da Europa, tendo os ácaros do pó doméstico já sido encontrados em lares
de todo o mundo, muito embora existam grandes diferenças quantitativas em
diferentes locais e em diferentes estações, sublinhando‑se a enorme influência
das condições do interior das casas (nomeadamente temperatura e humidade) no
crescimento e proliferação acarianas12.
Na alergia respiratória por hipersensibilidade aos ácaros, a exposição a
partículas alergénicas é praticamente diária e ocorre desde o nascimento, tendo
os doentes uma estimulação alergénica persistente que origina fenomenos de
inflamação crónica, aos quais se sobrepõem picos de agudização sintomáticos. A
hipersensibilidade aos ácaros representa um fator de risco importante e
consistente para o desenvolvimento de doença respiratória, particularmente
asma13‑14 ou rinite alérgica15.
Em termos taxonómicos, os ácaros são artrópodes que podem ser agrupados em
diversas famílias16, estando as mais relevantes indicadas na Figura_1. Como
fontes alergénicas, os da família Pyroglyphidae são os mais relevantes em
termos mundiais e também no nosso país.
ALERGÉNIOS RELEVANTES
Em Portugal, para além dos ácaros do género Dermatophagoides, são também
frequentes as sensibilizações a outros géneros de ácaros. A Figura_2 mostra a
distribuição de sensibilizações encontradas numa série com doentes adultos com
alergia respiratória no nosso país referenciados à nossa consulta de
Imunoalergologia.
No entanto, as sensibilizações podem refletir apenas a presença de reatividade
cruzada e não uma verdadeira sensibilização. Para tentar compreender as
exposições acarianas mais relevantes no nosso país, em 2011 foram publicados os
resultados do trabalho de campo de investigação sobre a distribuição das
diferentes espécies de ácaros nos domicílios de doentes com alergia
respiratória residentes em diferentes regiões e distritos (mapa acarológico de
Portugal17). Nesse trabalho foi encontrada uma grande diversidade de espécies
acarianas ao longo do país. A espécie mais prevalente foi o D. pteronyssinus,
com uma expressão muito superior à do D. farinae, o que representa uma
diferença relativamente ao que se encontra na análise das sensibilizações e que
sublinha uma vez mais a diferença entre verdadeiras sensibilizações e
reatividade cruzada. O estudo demonstrou também que uma grande parte da
população portuguesa tem exposição a outros géneros alergénicos de ácaros que
se supunha serem menos expressivos, como Lepidoglyphus (que nalguns distritos
ocupa a segunda posição em termos de exposição), Glycyphagus Euroglyphus.
Outros géneros menos identificados foram o Tyrophagus Acarus, que apresentaram
valores sempre relativamente baixos de concentração nas amostras de pó
doméstico recolhidas.
Apenas nas regiões insulares (Açores e Madeira) é que se encontraram valores
significativos de Blomia, um ácaro que pode causar taxas elevadas de
sensibilização.
Devido à sua proximidade taxonómica, os ácaros da mesma família partilham entre
si várias proteínas com um grande grau de homologia, pelo que existe uma
reatividade cruzada entre as diferentes espécies de ácaros que pode ser mais ou
menos acentuada e que convém conhecer. Assim, nos ácaros pertencentes à família
Pyroglyphidae existe uma muito elevada reatividade cruzada entre o
Dermatophagoides pteronyssinuse o Dermatophagoides farinaee, embora menor,
existe também uma reatividade cruzada relevante entre Dermatophagoides e
Euroglyphus. Nos ácaros pertencentes à família Glycyphagidae, verifica‑se uma
elevada reatividade cruzada entre Lepidoglyphus Glycyphagus e reatividade
moderada entre estes dois ácaros e a Blomiae o Tyrophagus, este último
pertencente já à família Acaridae. Nesta família Acaridae existe também uma
reatividade moderada entre os géneros Acarus e Tyrophagus. Pode sempre haver
alguma reatividade cruzada entre outras espécies de ácaros entre si, mas a sua
frequência é relativamente baixa.
Em termos de reatividade cruzada com alimentos há a salientar o facto de a
proteína Der p10 ser uma tropomiosina com um grau de homologia significativo em
relação a tropomiosinas de outras espécies animais, onde a tropomiosina é um
alergénio major, como por exemplo nos crustáceos. A tropomiosina é também um
alergénio relevante em vários moluscos, como a lula ou o caracol.
No entanto, recentemente tem‑se questionado se, no caso dos crustáceos, haverá
outros alergénios para além da tropomiosina18 e se, de facto, a tropomiosina é
a proteína responsável pelas reações cruzadas com o caracol que ocorrem em
vários doentes alérgicos a ácaros19. Uma questão conexa foi a possibilidade,
levantada por vários autores, de a imunoterapia com ácaros poder causar
sensibilização de novo às tropomiosinas dos ácaros em doentes que, à partida,
não tivessem essa sensibilização. Contudo, esta hipótese, com as respetivas
implicações em termos de eventual surgimento de alergia alimentar de novo, tem
sido recentemente refutada20‑21, embora o assunto ainda suscite algum debate.
QUANDO INICIAR
A imunoterapia com ácaros obedece às indicações e contraindicações gerais para
a imunoterapia com alergénios, estando indicada em doentes com alergia
respiratória (asma e/ou rinoconjuntivite) e em doentes com dermatite atópica
com sensibilização relevante a ácaros, independentemente da presença de
manifestações de alergia alimentar, especialmente com crustáceos e/ou caracol.
Antes de se decidir iniciar a imunoterapia com ácaros deve‑se ponderar:
a) se a duração ou a intensidade dos sintomas justifica a introdução deste tipo
de terapêutica;
b) se a terapêutica farmacológica é suficiente para controlar eficazmente os
sintomas e sem que tenham ocorrido quaisquer secundarismos terapêuticos
relevantes;
c) se o doente deseja ou não evitar o uso de fármacos a longo prazo;
d) se o doente tem disponibilidade económica e/ou de tempo para assegurar uma
correta compliance, essencial à eficácia da imunoterapia com alergénios.
É reconhecido que nos doentes com rinite alérgica a ácaros existe um risco
significativo de ulterior desenvolvimento de asma e que este risco pode ser
reduzido com a introdução da imunoterapia com ácaros22. Assim, se se considerar
que este objetivo profilático é relevante num dado doente, esse poderá ser um
fator de ponderação adicional que nos leve a iniciar mais precocemente a
imunoterapia com ácaros.
ESQUEMAS POSOLÓGICOS
Em primeiro lugar, há que decidir se a imunoterapia será feita por via
subcutânea ou sublingual e, neste último caso, se há preferência por gotas ou
por comprimidos de aplicação sublingual.
Embora não existam muitos estudos head‑to‑head de comparação direta entre as
duas vias de administração, há alguns trabalhos que apontam ligeiras vantagens
comparativas da via subcutânea23,24. No entanto, outros critérios, como a
conveniência para o doente, o custo ou a preferência por uma das vias, são
muitas vezes o fator dominante na escolha. Este envolvimento ativo do doente na
escolha da via da imunoterapia parece poder também influenciar positivamente a
adesão à imunoterapia25, peloque deve sempre ser procurado. Contudo, poucos
estudos compararam a adesão entre as duas vias26,27, pelo que há claramente uma
necessidade de mais investigação nesta área tão importante. Num nosso trabalho
recente verificámos bons valores de adesão e persistência à imunoterapia
subcutânea em doentes da nossa consulta de Imunoalergologia, tanto na
imunoterapia para pólenes como para ácaros. Para esses bons valores contribui
seguramente a motivação para um correto cumprimento, que sempre tentamos
incutir nos doentes28.
Para além da via de administração, interessa definir os esquemas posológicos de
iniciação e de manutenção, sendo na fase de iniciação que os protocolos mais
divergem.
Relativamente à via subcutânea, no nosso serviço temos vindo a utilizar cada
vez mais os esquemas ultra‑rush, em que num só dia se atinge a dose de
manutenção (0,5 ml de extrato polimerizado, divididos em duas injecções de 0,2
e 0,3 ml com 30 a 60 minutos de intervalo entre elas), só necessitando o doente
de voltar ao serviço no mês seguinte para nova injeção de manutenção.
Inicialmente efetuamos estas induções em regime de Hospital de Dia mas após
termos verificado a sua elevada segurança e uma taxa de reações adversas
comparável à dos esquemas de indução clássicos passamos a efectuar estes
esquemas de indução também na própria consulta externa29. Outros autores têm
também documentado a segurança deste tipo de esquemas na imunoterapia com
ácaros30,31.
Em relação à imunoterapia sublingual com ácaros, a segurança dos esquemas rush
ou ultrarushbde iniciação também se encontra bem demonstrada32‑34, embora neste
caso o benefício para os doentes seja menos nítido, já que não estão em causa
deslocações a unidades da saúde para administração da imunoterapia.
EFICÁCIA E SEGURANÇA
Existe ampla evidência da eficácia da imunoterapia com ácaros, tanto por via
subcutânea como por via sublingual, em vários estudos randomizados e
controlados com placebo e também em estudos de metanálise35‑38, demonstrando‑se
geralmente uma maior eficácia no tratamento da asma do que no tratamento da
rinite. A eficácia tem sido demonstrada através da objetivação de uma melhoria
de scoresclínicos de sintomas e de consumo de fármacos, melhoria essa
estatisticamente superior à que foi induzida pelo placebo, sendo de referir que
na maioria dos estudos sobre imunoterapia o efeito placebo tem uma magnitude
deveras impressionante, chegando a ser superior a 40% em relação à avaliação
basal inicial39.
No entanto, nos estudos em doentes asmáticos nem sempre se verifica uma
influência significativa da imunoterapia com ácaros na função pulmonar.
A segurança também tem sido confirmada nestes trabalhos e também em estudos
mais recentes, envolvendo já a imunoterapia sublingual de altas doses com
comprimidos de ácaros35‑38,40.
No entanto, há que rapidamente tentar colmatar uma grande falta de informação
sobre as doses ou os esquemas posológicos utilizados nos diferentes estudos, o
que dificulta a tradução desses resultados para a prática clínica de cada um de
nós.
No que diz respeito ao tratamento de crianças e adolescentes, existe também
evidência quer de eficácia quer de segurança41, sendo provavelmente no grupo
etário pediátrico que os efeitos a longo prazo mais se farão sentir.
Inclusivamente, há pelo menos um estudo a decorrer para se avaliar eventuais
vantagens em se iniciar a imunoterapia sublingual com ácaros em crianças em
idade pré‑escolar (2‑5 anos), sensibilizadas mas ainda sem clínica42. Neste
primeiro ano do estudo foi já demonstrada não só a segurança terapêutica mas
também a indução de algumas alterações imunológicas que apontam para um efeito
pro‑tolerogenico da imunoterapia com ácaros nesta população de crianças
sensibilizadas assintomáticas, nomeadamente através do aumento da produção de
IL‑10 e TGF‑beta por células reguladoras específicas de alergénio. Se se
confirmar que estas alterações se associam a uma eficácia preventiva e que
também não existem quaisquer problemas de segurança no medio‑longo prazo, então
esse achado poderá eventualmente representar um enorme passo em frente no
controlo da epidemia das doenças alérgicas. Também no sentido de se confirmar a
grande segurança da imunoterapia sublingual, surgiu em 2012 um estudo sobre
imunoterapia sublingual em grávidas, quer de manutenção de imunoterapia
instituída pre‑gestacionalmente (161 gravidezes) quer mesmo de iniciação de
imunoterapia durante a gravidez (24 doentes). Embora com números pequenos, este
estudo não demonstrou o surgimento de qualquer problema com a imunoterapia
durante a gravidez43, o que é tranquilizador se se pensar em tentar o potencial
preventivo da imunoterapia com alergénios na descendência de mães com alergia
respiratória.
É também muito relevante a análise dos dados económicos de cost‑effectiveness
da imunoterapia com ácaros em relação ao tratamento farmacológico. Os efeitos
vantajosos da imunoterapia com ácaros podem‑se traduzir na melhoria de sintomas
e da qualidade de vida, na redução do consumo de fármacos, na diminuição do
recurso a consultas não programadas ou internamentos e na diminuição dos custos
relacionados com o absentismo ou com a diminuição da produtividade laboral,
vantagens que podem persistir no tempo, mesmo para além do término da
imunoterapia. Sendo que a terapêutica farmacológica também tem vários desses
efeitos benéficos, o aspeto relevante é a comparação da magnitude desses
efeitos (alguns dos quais serão seguramente mais difíceis de quantificar em
termos económicos) e o seu impacto económico, algo seguramente relevante para
os decisores em saúde. Um trabalho de revisão sistemática recentemente
publicado, efetuado por autores americanos com larga experiência em
imunoterapia com alergénios, refere que 23 dos 24 estudos de farmacoeconomia
analisando a imunoterapia com alergénios (incluindo‑se a via sublingual e a
subcutânea, pólenes e ácaros) fornecem uma forte evidência sobre as poupanças
que se associam à imunoterapia em comparação com o tratamento farmacológico
convencional44.
Uma intervenção dietética/terapêutica que tem suscitado interesse no tratamento
de várias doenças alérgicas, nomeadamente na asma, é a suplementação com
vitamina D, dadas algumas características imunomoduladoras que esta vitamina
poderá ter. Alguns trabalhos têm por isso também tentado analisar se a
suplementação de vitamina D, concomitantemente com a administração de
imunoterapia específica, poderá potenciar a imunomodulação benéfica desta
última. Um dos trabalhos mais recentemente publicados sobre este assunto aponta
pequenas vantagens do ponto de vista imunológico desta associação45, mas são
claramente necessários muito mais estudos para se poder perceber se há
benefício e se esse benefício de alguma forma compensa o custo dessa
suplementação vitamínica.
QUANDO PARAR?
Hoje em dia está perfeitamente bem demonstrado que os efeitos benéficos da
imunoterapia a ácaros (por via subcutânea ou sublingual) se mantêm nos anos
seguintes à paragem da imunoterapia, sendo esse um dos argumentos fundamentais
na decisão de iniciar este tipo de tratamento. É também consensual que a
imunoterapia a ácaros deve ser mantida pelo menos durante 3 a 5 anos, havendo
alguns trabalhos que apontam para que um período de 3 anos possa ser suficiente
em muitos casos, embora se reconheça que o prolongamento para os 5 anos possa
trazer algumas melhorias adicionais, cuja relevância permanece ainda por
definir46‑49.
Um estudo de autores italianos analisou comparativamente, num período de 15
anos de follow‑up, os efeitos benéficos da imunoterapia sublingual a ácaros que
tinha sido efetuada durante 3, 4 ou 5 anos, tendo concluído que 4 anos de
imunoterapia se acompanhavam de uma subsequente maior duração da remissão da
doença alérgica (em média cerca de 8 anos de remissão) do que um período de
apenas 3 anos de imunoterapia, não tendo os autores encontrado diferenças
significativas entre a duração de 4 ou de 5 anos da imunoterapia no período de
remissão da doença alérgica pos‑imunoterapia, pelo que os autores recomendam os
4 anos como a duração mais indicada na imunoterapia sublingual a ácaros50.
É de salientar que continua a não existir nenhum marcador clínico ou
laboratorial que permita prever quais os doentes em que a eficácia da
imunoterapia a ácaros na redução de sintomas e de consumo de fármacos será
maior. Ao longo da duração da imunoterapia com ácaros tem‑se demonstrado que
aparecem várias alterações imunológicas (redução de IgE específica, aumento da
IgG específica, aumento de Tregs específicas, aumento de IL‑10 ou outras
citocinas reguladoras após provocação, entre várias outras). No entanto, não
existe nenhum valor mínimo para estas alterações que possamos utilizar como
marcador de eficácia ou de não eficácia, pelo que a decisão de parar a
imunoterapia a ácaros deve ser individualizada, ficando ao critério do médico
incorporar também nessa decisão de parar ou não a imunoterapia outras variáveis
importantes, como a adesão, a capacidade económica ou as expetativas dos
doentes.
CONCLUSÕES
A imunoterapia a ácaros é a imunoterapia mais frequentemente prescrita em
Portugal, com ampla demonstração de eficácia clínica e imunológica. É um
tratamento de medio‑longo prazo (3 a 5 anos) que quando utilizado em doentes
corretamente selecionados é mais eficaz e mais cost‑effective (no medio‑longo
prazo) do que a terapêutica farmacológica convencional, tendo a vantagem
adicional de os seus efeitos benéficos persistirem durante vários anos após o
seu término e de poder prevenir a evolução para asma das crianças e
adolescentes com rinite/rinoconjuntivite e talvez também das crianças ainda
assintomáticas mas com vários fatores de risco pessoais e familiares para
alergia respiratória.