Home   |   Structure   |   Research   |   Resources   |   Members   |   Training   |   Activities   |   Contact

EN | PT

EuPTCVHe1646-21222013000200010

EuPTCVHe1646-21222013000200010

variedadeEu
ano2013
fonteScielo

O script do Java parece estar desligado, ou então houve um erro de comunicação. Ligue o script do Java para mais opções de representação.

Fratura coronal do osso ganchoso

INTRODUÇÃO A fratura do osso ganchoso é uma lesão rara, correspondendo a 2-4% das fraturas do carpo, sendo uma patologia pouco descrita na literatura[1]. Pode atingir o corpo ou a apófise (sendo esta mais frequente). O ganchoso é um osso que ajuda a promover a estabilidade dos e metacarpianos e qualquer alteração na sua geometria pode resultar em artrose cárpica ou impotência funcional com perda de mobilidade e de força de preensão[2].

A lesão coronal ocorre quando o e metacarpianos sofrem uma carga axial ou subluxam posteriormente[1]. A imagem da radiologia cárpica convencional pode ser obscura e pouco esclarecedora pois o fragmento ósseo não é facilmente visível. O diagnóstico diferencial deve sempre incluir as fraturas/luxações do piramidal ou de qualquer outro osso do carpo limítrofe. Outros critérios para suspeitar desta lesão são a fratura da base do metacarpiano com encurtamento concomitante desse mesmo raio e uma disparidade evidente entre a clínica e os exames de imagem obtidos. As lesões coronais normalmente apresentam instabilidade e necessitam consequentemente de fixação interna[3]. A radiografia do punho com 30º de pronação é a melhor incidência para caracterizar a fratura, o seu desvio ou mesmo a luxação articular inerente[1, 4 - 6]. Em caso de dúvida ou para estudo e planeamento pré-cirúrgico a tomografia axial computorizada deve ser realizada.

CASO CLÍNICO Doente do sexo masculino, 26 anos de idade, empregado da construção civil. Sem antecedentes médicos ou cirúrgicos e sem medicação habitual antes do traumatismo. Deu entrada no Serviço de Urgência com história de traumatismo axial do punho com três semanas de evolução tendo, na altura, sido imobilizado no mesmo Serviço com tala de gesso antebraquipalmar com o punho em posição neutra e flexão metacarpofalângica. Apresentava três semanas depois clínica de dor mantida na região cubital do punho, diminuição da força de preensão e compressão do nervo cubital.

Radiologia do punho (face e perfil): fratura da base do metacarpiano (Figura 1). Pela manutenção das queixas foi requisitada uma Tomografia Axial Computorizada que descreveu uma fratura coronal do osso ganchoso e da base do metacarpiano (Figura_2).

Figura_1

Figura_2

O doente foi submetido a osteossíntese do ganchoso com dois parafusos e libertação do canal de Guyon.

Na avaliação aos 4 meses após cirurgia o doente encontrava-se satisfeito com o resultado obtido, sem dor local, um score DASH de 78 pontos, com força de preensão mantida, sem clínica de compressão cubital, tendo retomado a sua atividade profissional (Figura_3).

Figura_3

DISCUSSÃO Este caso clínico está de acordo com os descritos na literatura, até no que diz respeito ao atraso no diagnóstico. Como são lesões raras ou raramente diagnosticadas, as referências bibliográficas não são muitas. Mesmo assim encontra-se uma proposta de classificação por Cain et al[7]: tipo Ia - luxação ou subluxação carpometacárpica sem fratura do ganchoso; tipo Ib - igual à primeira com fratura/avulsão do osso ganchoso; tipo II - luxação com fratura cominutiva da vertente dorsal do ganchoso; tipo III - luxação com fratura coronal do ganchoso (equivalente ao caso descrito).

Quanto ao tratamento proposto estão descritas várias formas: conservador, redução e fixação com fios de Kirschner, redução e osteossíntese com parafusos.

O tratamento conservador apresenta várias contraindicações com exceção do tipo Ia, como sendo a necessidade de imobilização prolongada, a dificuldade evidente de reavaliação com possibilidade de perda de redução e consequentemente maior risco de instabilidade, pseudartrose e desenvolvimento de artrose pancárpica.

As lesões tipo II e III devem ser tratadas cirurgicamente, dependendo o método de tratamento do timing cirúrgico, sendo possível a fixação, a osteossíntese ou mesmo a artrodese carpo-metacárpica[8].

As descrições de atraso no diagnóstico vão de dias a meses[9]. A suspeita diagnóstica deve sempre levar em conta o mecanismo lesional, a dor e deformidade na região cubital do carpo, a instabilidade (difícil de avaliar), a fratura concomitante da base do metacarpiano e a dissociação clínico- imagiológica. Uma referência ainda para as fraturas isoladas do ganchoso, tão raras que se deve suspeitar da presença de um osso ganchoso bipartido, sendo aconselhável obter imagens do punho contralateral.


transferir texto