Editorial
Editorial
Sociologia, Problemas e Práticas inicia o ano de 2006 com duas comemorações: o
seu vigésimo aniversário e a edição do número 50, dois marcos importantes na
história de uma revista científica. Um tal percurso representa o empenho e
dedicação com que este projecto tem sido abraçado pelos vários directores e
conselhos editoriais que ao longo de duas décadas foram assumindo a
responsabilidade de o levar por diante, tendo feito desta revista um meio de
disseminação no país e cada vez mais a uma escala global da produção
sociológica portuguesa mas, também, da internacional.
Na sua edição regular, quadrimestral desde 1996, Sociologia, Problemas e
Práticas constituiu-se num fórum para muitos cientistas sociais, portugueses e
estrangeiros, aqui publicarem trabalhos seus, na forma de artigo ou na das
várias rubricas que se têm vindo a criar para melhor enquadrar a
heterogeneidade de conteúdos que nos são propostos. Uma breve estatística em
jeito de balanço, mostra que no decurso de vinte anos aqui foram publicados
mais de três centenas e meia de artigos, em cuja autoria estão envolvidos perto
de meio milhar de investigadores, de diferentes nacionalidades. Às demais
rubricas dossiês, registos, notas de pesquisa, recensões, ensaios, debates,
etc. surgem associados mais cerca de cento e cinquenta autores, da sociologia
mas também de outras áreas disciplinares que com a sociologia quiseram
estabelecer pontes de diálogo através da nossa revista. Ao fazer-se este
balanço somos confrontados também com o largo espectro de problemáticas
analisadas, evidência de um património sociológico inesgotável e em constante
acumulação e recomposição.
Os artigos do presente número, pela diversidade temática, de inscrições
disciplinares e de nacionalidades dos autores, representam também contributos
nessa mesma direcção. Tom Burns escreve sobre as teorias que analisam os
sistemas dinâmicos e as alterações que ocorrem nos sistemas sociais
capitalistas. Situa-as no contexto da teoria sociológica e nelas identifica
capacidade integradora face à fragmentação conceptual e teórica existente nas
ciências sociais. Xabier Itçaina cruza a análise de dinâmicas identitárias com
a de formas localizadas de economia social e solidária, para assim identificar
as virtualidades e limitações de tais experiências. O autor estuda o movimento
cooperativo do País Basco na sua ancoragem em distintas matrizes ideológicas e
culturais. De associativismo fala também Daniel Melo, que estudou associações
regionalistas transmontanas sediadas em Portugal e na diáspora. Através da
operacionalização do conceito de capital social, conclui que essas
instituições se estruturam em dimensões que lhes conferem funções distintas e
complementares de mediação e integração. O artigo de Cristina Parente centra-se
na mudança e na aprendizagem organizacionais, e discute o que são condições
organizacionais de aprendizagem, integrando abordagens da psicologia com as da
sociologia. Isabel Estrada Carvalhais escreve sobre a integração política de
cidadãos não-nacionais e problematiza os conceitos de cidadania política e de
cidadania social, ao mesmo tempo que questiona a viabilidade de uma dessas
condições sem a existência da outra. Neste número os leitores encontram ainda
uma interessante entrevista a Michel Agier e as recensões de Teresa Joaquim à
obra L'eclissi della Madre. Fecondazione Artificiale: Techniche, Fantasie e
Borme e de António Dornelas ao livro Por uma Globalização Justa: Criar
Oportunidades para Todos.
Maria das Dores Guerreiro