Dissertações defendidas no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação
da UFMG, na década de 1990: um balanço
1 Introdução
Este estudo faz parte do projeto em desenvolvimento A produção do conhecimento
em biblioteconomia e ciência da informação no Brasil dos anos 902, o qual tem
como objetivo principal apresentar um panorama geral da produção científica
brasileira em biblioteconomia e ciência da informação, buscando ampliar o
quadro delineado por pesquisas com objetivos semelhantes e que privilegiaram
recortes cronológicos e metodológicos distintos daqueles aqui propostos.
A década de 90 pode ser considerada um marco importante, na medida em que se
realizaram ou se consolidaram nesse período grandes mudanças, sobretudo no que
diz respeito ao desenvolvimento das novas tecnologias da informação, à sua
rápida difusão e às suas repercussões econômicas, políticas e sociais. A
globalização da economia tem provocado profundas mudanças em vários setores da
sociedade, incluindo as expectativas com relação à pesquisa básica, a demanda
por informação e a relação entre as áreas do conhecimento. O entendimento da
informação como instrumento estratégico de política econômica, considerando-se
que o domínio econômico do mundo está centrado nas organizações baseadas em
informação e conhecimento, coloca diversos desafios ao estudo e à prática da
biblioteconomia e da ciência da informação no Brasil. Esses desafios
relacionam-se tanto às novas tecnologias de armazenagem, recuperação e
disseminação da informação, quanto às novas formas de ação/gestão dos recursos
informacionais, tendo em vista que uma das vertentes de fundamental importância
na nova ordem mundial é, justamente, a qualidade e a competitividade das novas
tecnologias de informação, aliada à gestão de unidades de informação.
No presente trabalho, apresentamos resultados parciais desse projeto, relativos
à análise das dissertações aprovadas no curso de Mestrado do Programa de Pós-
Graduação em Ciência da Informação da Escola de Ciência da Informação da UFMG,
no período de 1990 a 1999. O estudo teve por objetivo caracterizar esse
segmento da produção acadêmica desse curso, enfocando as tendências temáticas,
os tipos de pesquisa e as abordagens metodológicas predominantes. Procuramos
também comparar os resultados obtidos com aqueles encontrados em estudos
semelhantes realizados em outros programas de pós-graduação da área. A escolha
desse programa deve-se ao fato de o mesmo não ter sido ainda objeto de estudo
das pesquisas que analisaram a produção acadêmica nas áreas de biblioteconomia
e ciência da informação, além de ser um dos primeiros programas criados no país
e de manter um excelente nível de avaliação pela CAPES. Buscamos, assim,
ampliar os estudos sobre a produção acadêmica no âmbito dos programas de pós-
graduação da área, apresentando mais indicadores das tendências temáticas e
metodológicas dessa produção.
2 A Pós-graduação e a pesquisa em biblioteconomia e ciência da informação no
Brasil
Considera-se que a ciência da informação foi introduzida no país em 1970,
através do curso de Mestrado em Ciência da Informação instituído pelo então
IBBD, atual IBICT, com mandato acadêmico da Universidade Federal do Rio de
Janeiro - UFRJ -, curso pioneiro no Brasil e na América Latina. Esse curso,
segundo Freitas (2001), trouxe consigo a introdução do termo ciência da
informação, das problemáticas e das idéias dessa área no país. Em 1992, é
criado o doutorado, 22 anos após o início do mestrado. Durante toda sua
trajetória o Curso passou por reformulações em suas áreas de concentração,
linhas de pesquisa e grade curricular, buscando-se adequá-lo às transformações,
necessidades e demandas da sociedade. Atualmente, funciona em convênio com a
Universidade Federal Fluminense - UFF.
Ainda na década de 1970, outros cursos de mestrado em Biblioteconomia,
Documentação e Ciência da Informação foram implantados, com diferentes áreas de
concentração, assim distribuídos: 1976 (UFMG); 1977 (PUC-CAMPINAS/SP); 1978
(UnB) e (UFPB). Grande parte dos núcleos iniciais do corpo docente desses
cursos foi formada pelo curso de Mestrado em Ciência da Informação do IBICT.
Além da criação desses cursos, o Mestrado em Comunicação da USP passou a
oferecer, a partir de 1972, uma área de concentração em biblioteconomia e
documentação. Todos esses cursos também passaram por várias reformulações ao
longo de suas trajetórias, inclusive com alterações em suas denominações, de
biblioteconomia e documentação, para ciência da informação. Em 1992, foi também
implantado o doutorado em ciência da informação na UnB e, em 1997, na UFMG. De
um modo geral, pode-se afirmar que esses programas, inicialmente, vieram
atender às necessidades relativas à preparação de agentes de informação
tecnológica, de analistas de sistemas de informação, de animadores culturais,
de gerentes de recursos informacionais e de administradores de redes e sistemas
de informação. Atualmente, funcionam nove programas de pós-graduação em ciência
da informação, distribuídos da seguinte maneira: PUC-CAMPINAS, UFPB, UFBA e
UFSC (com cursos de mestrado somente) e UFMG, UFF/IBICT, UnB, USP e UNESP (com
cursos de mestrado e doutorado).
A produção acadêmica desses programas - dissertações e teses - vem sendo objeto
de diversos estudos (dentre eles algumas dissertações), constituindo-se em
importantes contribuições para o conhecimento da área, na medida em que seus
resultados apresentam indicadores de tendências da pesquisa. Dentre esses
estudos, destacamos o de Neves (1992), que objetivou resgatar a história do
curso de Mestrado em Ciência da Informação do IBICT/UFRJ e identificar as
tendências temáticas desse curso, no período de 1970 a 1990. Tal conhecimento
foi buscado principalmente nas diversas estruturas curriculares que o curso
conheceu nessas duas décadas e nos temas das dissertações dos alunos; Bufrem
(1996), que analisou 215 dissertações também defendidas no curso de Mestrado em
Ciência da Informação do IBICT/UFRJ, entre 1972 e 1995, sob enfoque histórico
crítico e apoiando-se em análise quantitativa, centralizando a pesquisa nas
opções metodológicas dos autores das dissertações analisadas.
Freitas (2001), em sua tese de doutorado, analisou, entre outros aspectos,
recortes discursivos dos títulos das dissertações de mestrado e teses de
doutorado produzidas nos cursos do IBICT/UFRJ (1972/2000) e da UFMG (1978/
2000); Witter e Oliveira (1996), analisaram a produção acadêmica no período de
duas décadas, 1972-1992, com enfoque no tipo de método usado nessa produção. O
material analisado incluiu 320 dissertações e teses defendidas em seis cursos
de pós-graduação em biblioteconomia e ciência da informação.3 Galvão (1997)
objetivou estudar as características epistemológicas e teóricas da ciência da
informação. O corpus para seu estudo empírico foi formado por 24 dissertações e
17 teses, somando 41 pesquisas elaboradas entre 1975 e 1995, no Departamento de
Biblioteconomia e Documentação da ECA/USP, cujas temáticas estiveram voltadas
para a biblioteconomia, documentação, ciência da informação e/ou suas sub-
áreas. Posteriormente, Queiroz e Noronha (2004) realizaram um estudo de
natureza descritiva com o objetivo de traçar um panorama temático das
dissertações e teses apresentadas ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da
Comunicação da ECA/USP, no período de 1979 a 2002. Foram analisados 114
trabalhos (75 dissertações e 39 teses) e as variáveis referiram-se à
distribuição temporal, temáticas abordadas e sua relação com as linhas de
pesquisa departamentais.
Teixeira (1997), em sua dissertação de mestrado, desenvolveu um estudo
descritivo, de natureza analítico-retrospectiva, sobre as 69 dissertações
defendidas no curso de Mestrado em Biblioteconomia e Documentação da UnB, no
período de 1980 a 1995. Seu objetivo geral foi identificar as tendências
temáticas predominantes, sua relação com as linhas de pesquisa do curso e com
os temas abordados nos artigos publicados, no mesmo período, nos principais
periódicos brasileiros da área; Oliveira (1999) analisou 69 dissertações
produzidas no curso de Mestrado em Ciência da Informação da UFPB, defendidas
entre 1981 e 1998. Seu objetivo foi identificar a formação dos pesquisadores
naquele programa; os temas mais pesquisados; as abordagens metodológicas mais
utilizadas e os autores nacionais e estrangeiros mais citados no embasamento
teórico dessas dissertações. Essas dissertações também foram objeto do estudo
realizado por Araújo, Tenório e Farias (2003), com o objetivo geral de
caracterizar a produção acadêmica do Mestrado em Ciência da Informação da UFPB
em termos de temas pesquisados, estrutura científica dos textos, abordagens
teórica e metodológica e produção de comunicações científicas, no período de
1999 a 2001.
Población e Noronha (2003) analisaram, quantitativamente, as dissertações e
teses defendidas nos períodos de 1990-1999 e 2000-2002, segundo as linhas de
pesquisa de nove programas de Pós-Graduação em Ciência da Informação4. Chamam a
atenção para a mudança no enfoque central das pesquisas, do ambiente biblioteca
para o foco da informação, ampliando para sistemas de informação, análises de
produção do conhecimento, usuários da informação e os processos de comunicação,
contemplando os fluxos e linguagens de informação. Essas mudanças vão ocorrer a
partir da década de 90, com a implantação dos cursos de doutorados.
Seguindo essa linha de estudos, apresentamos os resultados da pesquisa que
realizamos no programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Escola de
Ciência da Informação da UFMG.
3 Metodologia
A análise de conteúdo das dissertações foi a estratégia metodológica utilizada.
A fim de complementar o quadro obtido nessa análise, entrevistamos três
professores que desenvolvem suas atividades de investigação em linhas de
pesquisa diferentes, no programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da
UFMG5. As entrevistas foram realizadas pessoalmente, utilizando-se gravador,
nos dias 23 e 28/12/2004. Foi elaborado um roteiro com questões em aberto sobre
aspectos diversos da área no Brasil e, em particular, do programa de Pós-
Graduação da UFMG.
O corpus para o estudo empírico compreendeu as 63 dissertações defendidas no
curso de Mestrado daquele Programa entre 1990 e 1999, consultadas na biblioteca
da Escola de Ciência da Informação daquela universidade.
3.1 Procedimentos de coleta e análise dos dados
A caracterização das dissertações foi feita a partir da leitura do resumo, da
introdução, de capítulos ou sub-capítulos referentes à metodologia e da
conclusão. Para a atividade de análise, foi realizada uma ordenação preliminar
dos dados com os seguintes elementos: autor, título e número de páginas, ano de
defesa, nome do(s) orientador(es) e respectiva(s) linha(s) de pesquisa, tema,
objetivo, questões ou problema da pesquisa, hipóteses, metodologia e técnica(s)
de coleta de dados utilizadas, comentários à metodologia e observações gerais
sobre aspectos formais e/ou de conteúdo.
Para identificar e classificar os temas pesquisados, utilizamos a tabela de
classificação de assuntos que elaboramos, apresentada em Oddone e Gomes (2003).
Essa tabela está estruturada em dez categorias gerais, cada uma com suas
respectivas subcategorias de assuntos específicos. As categorias ou classes
principais são as seguintes:
01 Aspectos teóricos e gerais da ciência da informação;
02 Formação profissional e mercado de trabalho;
03 Gerência de serviços e unidades de informação;
04 Estudos de usuários, demanda e uso da informação e de unidades de
informação;
05 Comunicação, divulgação e produção editorial;
06 Informação, cultura e sociedade;
07 Legislação e políticas públicas de informação e de cultura;
08 Tecnologias da informação;
09 Processamento, recuperação e disseminação da informação ;
10 Assuntos correlatos e outros.
No que diz respeito à escolha de um instrumento para classificar e analisar as
abordagens metodológicas utilizadas nas dissertações, a maior dificuldade que
constatamos na literatura revisada foi a questão da definição, não apenas do
que seja pesquisa, mas também de uma tipologia relacionada às categorias de
pesquisa, de métodos e estratégias, técnicas ou instrumentos de investigação.
Esses aspectos foram também observados e destacados por outros pesquisadores
que estudaram a produção acadêmica na área como Bufren (1996), Oliveira (1998),
entre outros. Diante das dificuldades encontradas, optamos por utilizar a
tipologia proposta por Bernhard e Lambert (1993)6 que inclui treze métodos de
pesquisa com suas definições, os quais foram já avaliados e testados por
especialistas e considerados importantes na área. São os seguintes:
01 Análise de conteúdo;
02 Desenho de sistemas de informação;
03 Enquete;
04 Estudo bibliométrico;
05 Estudo comparativo;
06 Estudo de caso;
07 Estudo etnográfico/Enquete naturalista;
08 Estudo de avaliação/Pesquisa de avaliação;
09 Estudo experimental;
10 Estudo histórico/Pesquisa histórica;
11 Estudo teórico;
12 Método Delphi;
13 Pesquisa operacional/Análise de sistema.
Cada uma das dissertações foi classificada em apenas uma das categorias, tanto
em relação ao assunto, quanto à metodologia adotada.
4 Breve histórico do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da UFMG
O curso de Pós-Graduação em Administração de Bibliotecas - CPG/AB da UFMG -, em
nível de mestrado, foi implantado em fevereiro de 1976, tendo como principal
objetivo qualificar docentes para os cursos de biblioteconomia. Estruturado na
época em duas áreas de concentração: biblioteca e educação; e biblioteca e
informação especializada, em ambos os casos buscava-se desenvolver no aluno
atitude crítica e capacidade de planejar, implementar, avaliar e reorganizar
bibliotecas e serviços de informação. Foi credenciado pela CAPES em 1980.
Em agosto de 1990 foi reformulado, tendo sido criadas três linhas de pesquisa
focalizando informação gerencial e tecnológica; informação e sociedade; e
tratamento da informação e bibliometria. A partir de 1997, com a implantação do
doutorado, o curso passa a denominar-se programa de Pós-Graduação em Ciência da
Informação. As áreas de concentração até então em funcionamento foram
desativadas e o curso foi re-estruturado em uma única área de concentração:
Produção, Organização e Utilização da Informação. Em 2000, duas linhas de
pesquisa foram desativadas: Tratamento da informação e bibliometria,
substituída por Organização e uso da informação, que inclui estudos sobre a
descrição física e temática de documentos, além de estudos bibliométricos; e
Informação e sociedade, substituída pela linha de pesquisa Informação, cultura
e sociedade, que, com enfoque mais abrangente, investiga a informação enquanto
fenômeno social, apreendendo-a a partir de seus domínios epistemológicos e
contextos sociais. A linha de pesquisa Informação gerencial e tecnológica foi
recentemente re-estruturada e passou a chamar-se Gestão da informação e do
conhecimento.
Segundo depoimento de um docente que acompanhou o processo de reformulações
ocorridas no âmbito do Programa nesses últimos quinze anos, essas mudanças
foram positivas, na medida em que propiciaram uma ampliação do espectro de
profissionais interessados na formação pós-graduada na área, bem como no que
diz respeito ao corpo docente, que também passou a incorporar pessoas com
formações diversas, oriundas da engenharia, sociologia, administração e
computação, dentre outras áreas. "Essa diversificação foi boa, no sentido de
que houve aportes não só teóricos, mas metodológicos de outras áreas do
conhecimento", ressaltou o professor. A opinião do referido docente traduz bem
a proposta do Programa, que "busca a construção de um saber comum, com o aporte
de várias áreas do conhecimento". Na visão de outro docente entrevistado, a
presença de pessoas de várias áreas do conhecimento deveria, em princípio, ser
muito enriquecedora, embora muitas vezes as pessoas não criam compromisso com a
área de ciência da informação, talvez acreditando que, na prática, a agregação
por si só seja suficiente para produzir a integração.
5 Resultados
Das 63 dissertações defendidas entre 1990 e 1999, não foi possível analisar
apenas uma delas, porque durante o período em que consultamos esse material, a
mesma encontrava-se no Setor de Reparos. No período estudado pudemos constatar
que os anos menos produtivos foram os de 1994 e 1995, com quatro e três
dissertações defendidas, respectivamente e que os mais produtivos foram os de
1998 e 1999, com oito e dez dissertações defendidas, respectivamente.
5.1 Os temas e as linhas de pesquisa
As opiniões dos professores entrevistados sobre o funcionamento das linhas de
pesquisa enquanto instância agregadora da produção acadêmica do Programa
revelaram aspectos importantes para o seu entendimento. Um entrevistado
considera que há dispersão temática nos trabalhos dos alunos e que essa
dispersão tem origem na própria falta de amadurecimento da atividade de
pesquisa na área. No que diz respeito, por exemplo, à linha de pesquisa Gestão
da informação e do conhecimento, considera que essa linha desenvolveu-se de
forma caótica e de maneira rápida e pouco sustentada; que não é um tema
característico da ciência da informação, mas que surgiu no rastro da
globalização. Ressaltou que a linha de pesquisa Organização e uso da informação
é a área tradicional da ciência da informação e é para ela que convergem as
questões básicas desse campo científico, e que é da linha Informação, cultura e
sociedade de onde sai a teoria social da área. Outro docente entrevistado chama
a atenção para a dificuldade em se pensar nas linhas de pesquisa como um
mecanismo de fortalecimento da pesquisa e afirma que essas linhas precisam se
articular melhor, pois nota-se uma certa dispersão e variedade de temas
investigados.
No GRÁF._1 são apresentados os percentuais, por classes temáticas gerais, das
dissertações defendidas no mestrado em ciência da informação da UFMG na década
de 1990. Fonte: Dados da pesquisa.
Mesmo sem observarmos uma correspondência total entre o conteúdo das três
linhas de pesquisa do Programa e os temas investigados nas 62 dissertações
analisadas, podemos constatar que essa produção acompanha, em parte, sua
proposta. Vários assuntos estudados no âmbito das classes gerais que
identificamos como as mais pesquisadas ' gerência de serviços e unidades de
informação e estudos de usuários, demanda e uso da informação e de unidades de
informação e comunicação, divulgação e produção editorial, estão relacionados
com os conteúdos das linhas de pesquisa Gestão da informação e do conhecimento
e Organização e uso da informação, mostradas no GRÁF._1. Essas classes gerais
agruparam, em sua maioria, estudos sobre arquivos, recursos humanos,
monitoração ambiental, automação de unidades de informação, estudos sobre
outros serviços e unidades de informação; necessidades de informação, usos da
informação e de unidades de informação, usos e impactos das novas tecnologias
de comunicação e informação; estudos de canais, veículos, ciclos e modelos de
comunicação, estudos de fontes de informação, entre outros.
Esses resultados assemelham-se aos obtidos em outras pesquisas que estudaram a
produção científica em biblioteconomia e ciência da informação, onde se
constatou a predominância de temáticas relativas à gerência de recursos
informacionais, explorando-se aspectos da gestão de informações das
organizações tais como uso, usuários e transferência da informação;
processamento e recuperação da informação; planejamento e gerência de unidades
ou sistemas de informação.
Constatamos também um número muito reduzido de pesquisas que enfocaram os
aspectos teóricos da ciência da informação, perfazendo o percentual de apenas
5% do total das 62 dissertações analisadas. Essa realidade também foi
constatada no estudo de Oliveira (1998, p. 118), que investigou a pesquisa
financiada pelo CNPq na área de ciência da informação no período de 1984 a
1993. A autora considerou que pouca atenção foi dedicada à análise da ciência
da informação, tendo sido identificada apenas uma pesquisa com enfoque nas
questões teóricas da área. Os resultados de outra pesquisa realizada
posteriormente pela mesma autora, que analisou 69 dissertações produzidas no
curso de Mestrado da UFPB, no período de 1981 a 1998, evidenciaram também um
índice muito pouco expressivo de pesquisas sobre aspectos teóricos da
biblioteconomia e da ciência da informação, com apenas duas dissertações
(2,8%), do total analisado (OLIVEIRA, 1999, p. 479). Araújo, Tenório e Farias
(2003) analisaram 24 dissertações também defendidas no Curso de Mestrado da
UFPB, no período de 1999 a 2001 e os resultados obtidos revelaram a
inexistência de estudos teóricos nessas áreas.
Os estudos de Bufrem (1996, p. 87) e Teixeira (1997, p. 76) que analisaram as
dissertações de mestrado defendidas no IBICT/UFRJ e na UnB, respectivamente,
revelaram também um baixo índice de trabalhos que enfocaram os aspectos
teóricos da biblioteconomia e da ciência da informação. No caso da pesquisa de
Bufrem, apenas 3 dissertações, perfazendo o percentual de 1,4% do total de 215
dissertações analisadas; no estudo de Teixeira, que analisou 69 dissertações,
constatou-se a inexistência desses estudos.
Freitas (2001), em sua tese de doutorado, analisou, entre outros aspectos,
recortes discursivos dos títulos das dissertações de mestrado e teses de
doutorado igualmente produzidas nos Cursos do IBICT/UFRJ (1972-2000) e da UFMG
(1978-2000). No caso do IBICT, constatou a presença apenas pontual da
discursividade cultural até a década de 80, firmando-se mais na década de 90.
Já a discursividade política, que se firmara nos anos 90, em 2000, juntamente
com a cultura, a ciência e as perspectivas histórico-sociológicas tradicionais,
invertem seu sentido, com a ascensão avassaladora da discursividade econômico-
gerencial por volta do ano 2000. Já na produção discente da UFMG, essa autora
afirmou que "se podemos constatar a emergência da discursividade científica
apenas ao final da década de 80, vemos forte crescimento do econômico-gerencial
sobrepujar a abordagem cultural" (FREITAS, 2001, p. 107).
Na pesquisa de Población e Noronha (2003) sobre a produção acadêmica em nove
Programas de Pós-Graduação em Biblioteconomia e Ciência da Informação, nos
períodos 1990-1999 e 2000-2002, apenas 27 trabalhos do total geral de 655,
entre dissertações e teses, estudaram os aspectos teóricos dessas áreas. Na
pesquisa de Queiroz e Noronha (2004, p.135), que analisou 114 trabalhos (75
dissertações e 39 teses) apresentadas ao Programa de Pós-Graduação em Ciências
da Comunicação da ECA/USP, no período de 1979 a 2002, a categoria
biblioteconomia e ciência da informação, que abrange estudos relacionados às
questões teóricas dessas áreas, compareceu com apenas dois trabalhos,
perfazendo 1,75% do total, ocupando o penúltimo lugar.
A distribuição percentual por classes gerais das dissertações defendidas no
Mestrado em Ciência da Informação da UFMG/1990-1999, ilustrada no GRÁF._1,
permite constatar a concentração da produção em três classes gerais, indicando,
assim, os eixos temáticos do Programa, conforme destacamos anteriormente.
Talvez pelo fato de não se exigir, em nível de mestrado, estudo de um tema
pouco investigado e com maior aprofundamento nas análises efetuadas, além do
tempo limitado ' máximo dois anos - para o desenvolvimento e conclusão da
dissertação, não se observa um número significativo de pesquisas sobre aspectos
mais teóricos da área, como aqueles ligados à epistemologia, à elaboração de
modelos e a questões conceituais. Conforme consta nos objetivos e organização
geral do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da UFMG,
o mestrado envolve a preparação de uma dissertação na qual o
mestrando deve demonstrar capacidade de sistematização de idéias, bem
como domínio do tema e da metodologia científica. O doutorado envolve
a preparação de uma tese, por meio da qual o doutorando deve
demonstrar habilidade de conduzir pesquisa original e independente na
área de Ciência da Informação, com resultados que representem real
contribuição ao avanço da área.
Nesse sentido, os temas gerais e os assuntos que identificamos como os mais
pesquisados parecem responder às expectativas do programa.
Essa questão das fragilidades teóricas observável no conjunto da área de um
modo geral, vem sendo apontada na literatura especializada. Smit, Dias e Souza
(2002), ao apresentarem uma síntese da ciência da informação no Brasil em 2001,
numa visão construída a partir dos principais elementos de análise adotados
pela CAPES para a avaliação dos programas de pós-graduação, destacaram que
a análise das áreas de concentração e respectivas linhas de pesquisa
é reveladora de uma visão pragmática da área, freqüentemente voltada
à solução de problemas da atividade profissional e menos voltada para
a consolidação conceitual e epistemológica da própria área.
Aliás, é somente a partir do IV Encontro Nacional de Pesquisa em
Biblioteconomia e Ciência da Informação - IV ENANCIB, realizado em Brasília no
ano de 2000, que o grupo temático Epistemologia da ciência da informação foi
criado, mostrando a emergência, embora ainda tímida, do interesse por questões
teóricas, ligadas à epistemologia da área, assunto sem grupo específico nos
Encontros anteriores. No V e VI Encontros, realizados, respectivamente, em Belo
Horizonte, em 2003 e em Florianópolis, em 2005, já podemos observar um
fortalecimento desse grupo temático, o que sinalizaria uma maior maturidade da
área na reflexão sobre os seus conhecimentos teóricos.
5.2 As opções metodológicas
A pesquisa empírica é presença marcante nos trabalhos analisados e destaca-se
em primeiro plano, com 59 dissertações defendidas no período analisado (95% do
total), com o predomínio das abordagens quantitativas, enquanto a pesquisa
teórica esteve presente em apenas três dissertações (5% do total). Quanto às
opções metodológicas das dissertações elas caracterizaram-se,
predominantemente, como estudos de caso, com 31 dissertações. Destacaram-se, em
segundo lugar, a enquete e, em terceiro, a análise de conteúdo, com 8 e 7
dissertações apresentadas (respectivamente, com13% e 11% do total). As demais
metodologias utilizadas ficaram abaixo de 10% . (GRAF._2).
Ao discutir essas opções metodológicas, um dos entrevistados ponderou que não
considera o estudo de caso como uma pesquisa necessariamente inferior, mas que
sua qualidade depende de como ela é realizada. Por outro lado, destacou que a
área precisa desenvolver metodologias mais ousadas e mais sofisticadas e que
mesmo as pesquisas quantitativas necessitam avançar mais, com melhor tratamento
dos dados.
Conforme constatamos no GRÁF._2, foi muito expressivo o número de trabalhos que
utilizaram a metodologia estudo de caso, com 50% do total das 62 dissertações
analisadas. Esse resultado difere daqueles obtidos por Bufrem e por Oliveira.
No estudo de Bufrem (1996, p.105-106), essa prática metodológica comparece em
terceiro lugar, sendo identificada em 23 das 215 dissertações analisadas no
período de 1972 a 1995, perfazendo o percentual de 10,7% desse total. Conforme
destaca essa autora, citando Bruyne, Herman e Schoutheete,
nos anos oitenta, o estudo de caso começava a despontar como
possibilidade metodológica, passando a constituir-se em opção de um
grande número de pesquisas intensivas, onde a determinação de um
quadro teórico seria fundamental para que essas investigações não
caíssem num puro dataísmo, proveniente da crença em que cada elemento
do conhecimento poderia ser reduzido a um conjunto de dados. (p.106).
O estudo bibliométrico foi a prática metodológica mais utilizada, tendo sido
identificada em 58 das 215 dissertações, perfazendo o significativo percentual
de 27% do total de dissertações analisadas (p.91). Já no estudo de Oliveira
(1998, p.122-123), o enfoque metodológico estudo de caso é quase imperceptível,
representando apenas 1% do universo estudado. O levantamento foi o procedimento
metodológico predominante, com um percentual de 70% das pesquisas analisadas.
Dentre as pesquisas que utilizaram a metodologia estudo de caso, destaca-se a
predominância da temática Gerência de Serviços e Unidades de Informação, em 13
dissertações, ou seja, 43% das dissertações usaram esse enfoque metodológico.
Essas dissertações direcionaram-se para estudos sobre outros serviços e
unidades de informação; monitoração ambiental; recursos humanos; automação de
unidades de informação; arquivos e marketing. Em segundo lugar situou-se o tema
Estudos de Usuário, Demanda e Uso da Informação e de Unidades de Informação, em
11 dissertações (33%). Sobre esse tema foram realizados estudos sobre
necessidades de informação; uso da informação e de unidades de informação; usos
e impactos das novas tecnologias de comunicação e informação; sobre oferta,
demanda e transferência de informação e sobre caracterização e comportamento do
usuário. Com menor presença, outros temas foram estudados sob esse mesmo
enfoque metodológico, conforme podemos observar no GRÁF._3.
Esses resultados também diferem daqueles obtidos por Bufrem (1996) em sua
pesquisa sobre a produção acadêmica do Mestrado em Ciência da Informação da
UFRJ. Nos trabalhos que utilizaram a metodologia estudo de caso destaca-se a
predominância de estudos sobre Uso, Usuários e Transferência da Informação e,
em segundo lugar, sobre Comunicação Científica e Tecnológica.
Na opção enquete, constatamos a predominância da temática Gerência de Serviços
e Unidades de Informação, em 4 dissertações, com 49% do total sob esse enfoque,
abrangendo estudos sobre recursos humanos e sobre planejamento, organização e
gerência de serviços e unidades de informação. A seguir, o tema Estudos de
Usuários, Demanda e Uso da Informação e de Unidades de Informação, em 2
dissertações, com 25% do total, uma sobre uso e impacto das novas tecnologias
de comunicação e informação, e a outra, sobre usos da informação e de unidades
de informação. Essas duas classes temáticas foram também as mesmas que
predominaram na opção metodológica estudo de caso. Além dessas, as classes
temáticas, Comunicação, Divulgação e Produção Editorial e Assuntos Correlatos e
Outros foram também estudadas, empregando a enquete como opção metodológica,
com uma dissertação em cada classe (GRÁF._4).
A opção pela análise de conteúdo foi a terceira metodologia mais empregada
pelos autores (GRÁF._5). Foi utilizada em cinco (5) dissertações na classe
temática Comunicação, Divulgação e Produção Editorial, envolvendo estudos sobre
fontes de informação; canais, veículos, ciclos e modelos de comunicação, e
sobre jornalismo científico. As classes temáticas Informação, Cultura e
Sociedade e Processamento, Recuperação e Disseminação da Informação comparecem
com uma dissertação em cada, abrangendo estudos sobre impacto das novas
tecnologias da informação e da comunicação e sobre linguagens documentárias,
respectivamente.
Esses resultados também diferem daqueles obtidos por Bufrem e por Oliveira. No
estudo de Oliveira (1998), não foi identificada a opção metodológica análise de
conteúdo; já no estudo de Bufren (1996), essa prática metodológica comparece em
décimo segundo lugar, sendo identificada em apenas 3 das 215 dissertações
analisadas no período estudado, perfazendo o percentual de 1,4% desse total. Os
temas Processamento e recuperação da informação e Comunicação científica e
tecnológicaforam abordados em duas dessas dissertações.
Outras opções metodológicas foram identificadas, tais como o estudo
comparativo, a pesquisa histórica, o estudo teórico, o estudo bibliométrico, o
estudo etnográfico, a pesquisa de avaliação e a análise fenomenológica, mas
foram utilizadas em proporções bem menores, conforme mostrado no GRÁF._2. Os
temas mais pesquisados sob esses enfoques metodológicos foram Gerência de
serviços e unidades de informação, Aspectos teóricos e gerais da ciência da
informação e Comunicação, divulgação e produção editorial.
Dentre as principais diferenças constatadas entre os resultados que obtivemos e
aqueles identificados na pesquisa de Bufrem (1996), relativos às temáticas mais
investigadas e às opções metodológicas mais utilizadas em cada estudo,
destacamos a predominância da temática Gerência de serviços e unidades de
informação e dos estudos de caso, nas dissertações da UFMG, enquanto que, no
IBICT, destacou-se a predominância da temática Padrões e estruturas da
informação registrada e o estudo bibliométrico foi a prática metodológica mais
empregada. Considera-se que houve uma grande influência dos professores
estrangeiros na adoção dessa metodologia, sobretudo na primeira fase do Curso,
entre 1970 e 1975:
"além da expressiva influência exercida pelos professores
estrangeiros, outra pressão tinha sua origem na política
institucional do país, reforçada a partir de 1975 pela transformação
do IBBD em IBICT, colocando a necessidade de mapeamento da atividade
científica como um todo" (BUFREM, 1996, p.91-93).
Essas pressões já não são mais tão evidentes na década de 90 e, no caso da
UFMG, apenas duas dissertações analisadas utilizaram o enfoque metodológico
estudo bibliométrico (3% do total), com estudos sobre citação e autoria, no
âmbito da classe temática Comunicação, divulgação e produção editorial.
Ao comparar a produção acadêmica da pós-graduação da UFMG com a do IBICT, um
dos entrevistados destacou algumas características básicas dos dois Programas,
acentuando suas principais diferenças, como o volume maior de dissertações e
teses defendidas no IBICT e sua tendência em se lançar em temáticas de maneira
mais independente em relação à biblioteconomia, além de mais experiência no
desenvolvimento de pesquisa em grupo.
6 Considerações finais
Os resultados parciais apresentados acima permitem constatar que a produção
discente do Curso de Mestrado em Ciência da Informação da UFMG acompanha o
estágio de desenvolvimento da área no Brasil. De acordo com a opinião dos
entrevistados, em termos de qualidade, não se observa desnível entre essa
produção e a produção de outros programas, mas em termos de volume, ela ainda é
pequena. No que diz respeito às temáticas mais investigadas, consideramos que
há mais semelhanças do que diferenças entre os resultados encontrados na
produção acadêmica da UFMG e aqueles produzidos nos demais programas da área.
Quanto às opções metodológicas, constatamos a predominância da pesquisa
empírica, com o predomínio das abordagens quantitativas, sendo o estudo de caso
o procedimento metodológico mais utilizado. Destaca-se ainda a presença pouco
relevante da pesquisa teórica ou conceitual, característica que a produção da
UFMG partilha com outros programas revelando, assim, uma das fragilidades
teóricas e metodológicas da própria área.
Esses aspectos vêm sendo recorrentemente apontados na literatura especializada
e nos Documentos de Área da CAPES. Conforme o último Documento, em que são
apresentados os resultados da avaliação dos Programas de Pós-Graduação em
Ciência da Informação relativa ao triênio 2001/2003, a área teve uma evolução
constante, porém discreta e insuficiente para acompanhar o sistema nacional de
pós-graduação como um todo. Mesmo lentamente, a área cresceu tanto quantitativa
quanto qualitativamente, salientando-se essa melhoria, sobretudo, no que diz
respeito a dois aspectos considerados fundamentais pela avaliação: a inserção
das pesquisas no campo da ciência da informação e a produção bibliográfica
resultante deste esforço. Ao longo do triênio 2001/2003 foram realizadas
modificações no enunciado das áreas de concentração e linhas de pesquisa dos
programas de pós-graduação, os quais incorporaram o caráter interdisciplinar de
seu objeto e passaram a perseguir a construção disciplinar do mesmo, conferindo
uma maior consistência a essas áreas de concentração e linhas de pesquisa. Por
outro laado, observou-se também que a pesquisa merece muita atenção, pois ainda
se enuncia de forma excessivamente localizada, no tempo e no espaço, raramente
perseguindo objetivos generalizáveis. Embora a percentagem de "estudos de caso"
venha diminuindo, a mesma ainda constitui a tônica das dissertações de mestrado
e de uma parcela das pesquisas sob a responsabilidade do corpo docente.
Parece que os problemas identificados na produção acadêmica da UFMG refletem os
próprios problemas da área. A dificuldade em definir exatamente o que é ciência
da informação; a ausência de grupos de pesquisa consolidados; e o curto espaço
de tempo de existência da área no país e sua institucionalização, contribuem
para acentuar essa dificuldade. Esses foram alguns dos aspectos destacados por
um dos entrevistados, quando nos referimos à essa produção acadêmica e
sugerimos que fizesse uma avaliação do Programa destacando os seus pontos
positivos e suas fragilidades. Com relação aos pontos positivos, considerou que
são decorrentes da trajetória e experiência da Escola de Ciência da Informação
da UFMG. Essa atuação positiva que a Escola vem mantendo para assegurar uma
produção acadêmica de qualidade também foi destacada por outro entrevistado,
que considerou que a UFMG possui dois grandes trunfos que se refletem na sua
produção: um deles é a boa base institucional que o Programa tem e o outro, é o
corpo docente bem titulado e numericamente expressivo. Outro ponto positivo
destacado refere-se ao fato de, ao longo do tempo, não ter havido interrupção
no ritmo de produção, com uma boa distribuição anual no número de dissertações
e, ultimamente, de teses. Trata-se de um Programa respeitado por sua solidez
institucional, o que é muito importante. Em termos gerais da ciência da
informação no Brasil e não apenas na UFMG, o entrevistado considerou também que
as dissertações já alcançaram um patamar de qualidade muito bom, o mesmo não
acontecendo ainda com as teses. Os doutorados são recentes, carecem ainda de um
maior amadurecimento da área em termos de pesquisa, para que se tenha uma
produção de teses com qualidade. Chamou a atenção para o fato de a década de 90
ter sido muito importante para o desenvolvimento da área e de seus Programas,
tendo havido ganho de visão e amadurecimento, embora a área caminhe devagar, e
seja pouco expressiva na sua produção e pouco conhecida. "Há necessidade de se
criar uma terceira via, um caminho que permita seu desenvolvimento, que ganhe
em expansão e mantenha a qualidade do seu perfil", destacou.