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EuPTCVHe0874-02832011000300010

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variedadeEu
ano2011
fonteScielo

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O bom professor: opinião dos estudantes

Introdução No contexto educacional atual, o desenvolvimento da docência reveste-se de novos desafios no que se refere ao conhecimento pedagógico, científico e cultural exigido aos professores, com aumento de responsabilidades atribuídas à necessidade de lidar com uma maior diversidade de estudantes, com distintas capacidades de aprendizagens, requerendo capacidade de organizar e sistematizar informação, mobilizar conhecimentos e motivar os estudantes para propiciar as aprendizagens.

um certo consenso sobre os comportamentos que se esperam de um estudante e o mesmo acontece relativamente ao professor. O processo educativo concretiza-se nos mais diversos espaços, pelo que, o professor não pode ser visto isoladamente dos restantes fatores intervenientes. Contudo, não sendo o único elemento significativo, é ao professor que cabem as tomadas de decisão da prática pedagógica a desenvolver. Os múltiplos contextos nos quais o professor se move e os diversos papéis que assume na sua prática quotidiana, vão construindo as representações sobre o ‘bom professor' (Feitoza, Cornelsen e Valente, 2007; Gisi, Ens e Eyng, 2010). Na opinião de Cunha (2008), quando se fala de bom professor as características e os atributos que compõem esta noção são consequência do julgamento individual, mas dimensionadas socialmente no tempo e no espaço. Gebara e Marin (2005) referem que historicamente se tem criado um rol de atributos que fazem parte do papel do professor, assimilado socialmente, sem muita consciência ou atitude reflexiva, em parte através das expectativas dos estudantes. É neste sentido que Nimtz e Ciampone (2006) defendem que a análise relativa ao processo educacional, em qualquer área, deve ser contextualizada no momento histórico, político e social do grupo e do cenário focado.

A tendência educativa atual de centrar os processos no estudante, implica uma mudança no papel do professor e o desenvolvimento de novas competências. Como refere Catarino (2004), não basta transmitir o conteúdo das disciplinas, a ação do professor deve ir no sentido de estimular a autonomia e a participação dos estudantes no processo de aprendizagem. Gebara e Marin (2005) assumem-se concordantes com as diversas teorias de aprendizagem que defendem que os processos de aprendizagem passam necessariamente por uma construção de relações e interação, sendo o estudante ativo e responsável pela direção e significado do aprendido. Neste contexto, o processo de aprendizagem dá-se em virtude do fazer e do refletir sobre o fazer, sendo fundamental no papel do professor, não o saber e o saber fazer, mas, sobretudo, o saber ser para estimular o estudante e criar o ambiente propício à aprendizagem reflexiva e crítica.

O cenário educacional contemporâneo apela à inovação pedagógica, mas o desempenho docente no ensino superior tem-se caracterizado pelo professor especialista no seu domínio de conhecimento, mas que não domina necessariamente a área educacional e pedagógica, vivendo, entretanto, uma situação educacional quer do ponto de vista institucional quer de relação com os estudantes (Santos, 2001). Castanho (2002) cita alguns estudos, versando professores do ensino superior, reveladores de conceções diferentes das tradicionais, apontando para uma nova forma de ver o conhecimento, a formação profissional e o ensino na universidade. Nas práticas dos professores universitários começam a emergir novas formas de conceber as relações entre professor/aluno, o ensino e a investigação, a interdisciplinaridade na conceção do conhecimento. No estudo que realizou sobre a prática pedagógica de professores do ensino superior da área de Saúde, a análise das atividades de ensino evidenciou características inovadoras, pesquisa e aprendizagem que instigam e propiciam autoformação do estudante, favorecem a relação horizontal professor/aluno, evitando a homogeneização, e incorporam a investigação como princípio educativo fundamental que faz a mediação entre ensinar e aprender.

Os dispositivos legais que regem o ensino da enfermagem não são específicos para a formação pedagógica do professor e para a prática docente, contudo, o perfil do enfermeiro a formar, crítico, reflexivo e capaz de intervir sobre os problemas de saúde ' evidenciam as competências e habilidades pedagógicas exigidas ao professor. Se, como refere Oliveira (2007), o imaginário social sobre os professores, que antigamente ingressavam na carreira universitária, assentava no facto de ser um bom profissional na área específica, para que pudesse ser um bom professor universitário, acreditando-se que quem sabe, consequentemente, sabia ensinar. O cenário académico contemporâneo coloca exigências específicas de formação que remetem o desempenho profissional do professor para novas posturas pedagógicas e pessoais.

O perfil profissional docente é cada vez mais complexo, exigindo-se que na sua práxis pedagógica reúna competências que evidenciem domínio tanto do conhecimento da sua Disciplina como da gestão do seu currículo e inovação na prática docente. Tal implica refletir e investigar, integrando o conhecimento disciplinar e pedagógico, propiciando um clima de motivação e trabalho colaborativo, potenciando uma aprendizagem de qualidade.

Professores, estudantes e instituições educativas são o eixo fundamental para a formação humana. A exemplo do que acontece com as instituições de ensino superior portuguesas, parte do processo de autoavaliação da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC) situa-se ao nível de indicadores relativos ao desempenho dos professores e das disciplinas no contexto dos cursos de ministra. De um modo global, esses indicadores contêm a expressão de um valor eventualmente associado ao conceito de ‘bom professor'. No imaginário da comunidade académica, imersa no processo formativo, supõe-se que sejam diversificadas essas conceções, tendo em conta os diferentes níveis de escolaridade e ‘modelos' de professor que para elas contribuíram no percurso dos estudantes. Assim, alicerçado numa base de valores como o sentido crítico e a cidadania, a perspetiva dos estudantes afigurou-se oportuna para gerar subsídios consistentes para o aperfeiçoamento dos mecanismos auto avaliativos da ESEnfC, com base nos seus valores e compromissos.

Metodologia Para a realização deste estudo desenvolvemos uma pesquisa descritiva exploratória, de natureza qualitativa, que tem como objetivo identificar as características de um ‘Bom Professor' na perspetiva do estudante. Os participantes são os estudantes da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, com matrícula nos Cursos de Licenciatura e Pós-Licenciatura de Especialização em Enfermagem. Para a recolha da opinião, utilizou-se um questionário autopreenchido com uma questão aberta o que considera ser um Bom Professor?, a identificação do curso e ano de frequência. A utilização de apenas uma questão aberta foi determinada pelo facto de não pretendermos a indução de respostas mas antes a espontaneidade, dado o caráter exploratório do estudo. O questionário foi distribuído nas diferentes salas de aula, solicitando-se aos estudantes o seu posterior preenchimento e entrega, visando a liberdade de resposta e participação voluntária. Após preenchimento cada estudante colocou o questionário em urna destinada a esse fim, que esteve disponível durante duas semanas nas receções dos dois campus da Escola. A recolha de dados foi desenvolvida em dois tempos diferentes, tendo sido efetuado em janeiro de 2008 a todos os estudantes em atividade letiva e em junho de 2009 apenas os estudantes do ano e dos pós - licenciaturas, que não tinham sido incluídos no grupo anterior. Obtiveram-se amostras intencionais 174 e 52 estudantes nos Cursos de Licenciatura e Pós-Licenciatura de Especialização em Enfermagem.

As respostas foram objeto de análise de conteúdo, recorrendo-se simultaneamente à descoberta de unidades de análise e identificação de ideias chave nos discursos, comparando significados numéricos e verbais. Como estratégia para sistematizar a análise dos testemunhos baseamo-nos em Candau (1983) citada por Rangel (2001), Feitoza, Cornelsen e Valente (2007), e Cunha (2008), que propõe uma visão da prática pedagógica que compreende o entrelaçamento de três dimensões: dimensão humana, que coloca no centro do processo de ensino/ aprendizagem a relação interpessoal. É uma abordagem subjetiva, individualista e afetiva do professor; dimensão técnica, mais objetiva e racional, privilegia as condições que melhor propiciem a aprendizagem. Tem em conta os aspetos instrumentais e de sistematização do processo; dimensão ideológica, que enfatiza a cultura específica, olhando o professor como alguém com uma posição de classe definida na organização social onde se move. Ela impregna toda a prática pedagógica do professor, o qual deve reproduzir a ideologia dominante e integrá-la nos seus comportamentos, como resultado da apropriação que fez da prática e dos saberes histórico sociais do seu domínio de ensino.

Assim, para analisarmos o corpus de informação resultante das respostas seguimos algumas etapas, ocorrendo por vezes em simultâneo: numa leitura exploratória dos discursos procurámos as palavras-chave utilizadas pelos estudantes ao referirem-se ao Bom Professor; novas leituras e análises ao conteúdo dos discursos visaram a identificação progressiva de características discriminatórias, ou seja, procurámos identificar as qualidades que estão mais frequentemente associadas com o conceito; simultaneamente, apurámos o significado numérico das expressões indicadoras das características de um Bom Professor.

Resultados e discussão No nosso estudo emergiram 40 características de um Bom Professor, das quais 20 (50%) se enquadram na Dimensão Técnica, 12 (30%) na Dimensão Humana e 8 (20%) na Dimensão Ideológica. Apesar do maior número de indicadores surgir na Dimensão Técnica, a valorização efetuada pelos estudantes assume maior expressividade na Dimensão Humana com 287 (48,5%) referências, de um total de 591, conforme se visualiza na tabela 1.

TABELA 1 ' Características do Bom Professor

Apesar de concordantes no global, os estudantes têm valorizações diferentes, consoante o curso que frequentam: para os estudantes da Licenciatura os aspetos subjetivos são, praticamente, os responsáveis pela determinação do que seja um bom professor, observando-se que a Dimensão Humana concentrou 41,6% das referências relativas a características do Bom Professor; por seu lado, os estudantes da Pós-Licenciatura de Especialização revelam-se mais objetivos, reunindo 13,2% das suas referências em atributos da Dimensão Técnica do professor. Estes dados sugerem que é a interação com o professor que vai dirigir o processo educativo, na perspetiva dos estudantes da Licenciatura, enquanto para os da Pós-Licenciatura de Especialização é a atitude do professor, permanentemente construída no contexto formativo. Na opinião de Nóvoa (1991), é através da relação interpessoal que se cria um cenário pedagógico mais rico e amplo, que melhor responde às necessidades do aluno, o que ajuda a compreender a opinião dos estudantes em formação inicial. No caso dos estudantes em formação especializada, sendo simultaneamente profissionais, é a atitude de compromisso com o processo de ensino-aprendizagem, visível através das competências cognitivas e didáticas, que encontra paralelismo com os aspetos instrumentais e de sistematização da realidade profissional na qual se inserem e que lhes serve referencial objetivo, que permite perceber a valoração da Dimensão Técnica.

Resultados semelhantes foram encontrados por Gabrielli e Pelá (2004), num estudo com estudantes de enfermagem, no Brasil, para os quais o professor ideal deve, sobretudo, ter domínio do conteúdo teórico-prático e possuir habilidades didático pedagógicas, além de ser paciente, tolerante, amigo, flexível e afetuoso. Os autores concluem que as características e atitudes relativas aos aspetos afetivos do relacionamento professor/aluno são mediadores entre os domínios do conteúdo específico da disciplina e os aspetos didáticos e pedagógicos, para que o processo ensino/aprendizagem se concretize com sucesso.

Características idênticas foram obtidas por Cabalín e Navarro (2008) no estudo realizado com estudantes da Faculdade de Saúde da Universidade de La Frontera - Chile, para os quais o Bom Professor Universitário é principalmente definido pelos atributos: respeitoso, responsável, compreensivo e empático, excetuando- se os estudantes de enfermagem que surgem como os únicos a valorizar o conhecimento e considerá-lo como o atributo mais importante. De modo análogo, no estudo de López et al. (2010) as qualidades do Bom Professor mais valorizadas pelos estudantes universitários inquiridos foram a atitude de respeito, aberta e com capacidade de escuta, a competência, a capacidade comunicacional, a responsabilidade e a pontualidade no cumprimento dos horários.

Subjacentes ao significado de um Bom Professor estão um conjunto de indicadores, dos quais se evidenciam o Domínio dos conteúdos da disciplina que leciona (n = 98) e a capacidade de Cativar e motivar (n = 98).

Independentemente do curso que frequentam, os estudantes parecem concordar que o importante, em sala de aula, é o instruir bem, o que pode ser traduzido pelo domínio de conhecimento da matéria que o professor ministra na aula. Contudo, o domínio do conhecimento não deve estar dissociado da capacidade de ensinar, de fazer aprender. Como dizem os estudantes: - Um bom professor é aquele que leciona a matéria com recurso a material didático, mas que sabe o que está a explicar de forma apelativa e que cativa os estudantes. ECLE 181; - Um bom professor é aquele que domina perfeitamente a matéria que leciona e que sabe transmiti-la aos seus alunos, tem em conta a realidade dos próprios alunos e cria neles o interesse de quererem saber mais sobre os assuntos abordados. ECPLEE 187.

No estudo desenvolvido por Martínez (2010) junto de estudantes da Universidade das Ilhas Baleares, observou-se relação entre estes conceitos: a ideia de segurança na transmissão dos conteúdos revelou-se como um dos principais elementos motivadores do estudante. Esta perceção é concordante com a hipótese confirmada por Cunha (2008), num estudo com estudantes de vários cursos do ensino superior no Brasil, de que o professor em sala de aula é o principal agente da instrução e transmissão do conhecimento, seja qual for o currículo a ser seguido. Defende que o conhecimento não se faz apenas com metalinguagem, com conceitos, mas sim, com didática e com pedagogia. Para a autora, o professor capaz de despertar o interesse nos estudantes faz com que o conhecimento seja assimilado de forma mais clara e efetiva.

Outros aspetos fundamentais aparecem relacionados com a capacidade do professor desenvolver uma Boa relação com os estudantes (n = 55), de ser Disponível e acessível (n = 48), Compreensivo e tolerante (n = 29), como ilustram estas expressões: - Um bom professor, considero que seja alguém que mostre e que procure dar apoio aos seus estudantes. ECLE 179; - É um professor exigente, que explique bem, mas que ao mesmo tempo seja compreensivo e tente ajudar os alunos. ECLE 180; - É aquele que tem competências relacionais, empatia, desprovido de preconceitos. ECPLEE 186; - É aquela pessoa que ( ) estabelece um bom relacionamento com os alunos; está sempre disponível para orientação e esclarecimento de dúvidas; escuta os alunos; respeita e valoriza o seu esforço. ECPLEE 188; - Considero um bom professor: ( ) o que mantém relação professor-estudante baseada numa atitude pedagógica e humanizada. ECPLEE 196; - Sincero e honesto, interativo, correto, dinâmico, disponível e humano.

ECPLEE 204.

Estas enunciações evidenciam a importância atribuída à capacidade que o Professor tem de se mostrar próximo dos estudantes, bem como o relevo imputado à tolerância enquanto característica capaz de fazer o professor admitir modos de pensar, de agir e de sentir, diferentes dos seus. Na opinião de Feitoza, Cornelsen e Valente (2007) esta perspetiva encerra uma conceção eminentemente subjetiva e afetiva do professor no processo de ensino/aprendizagem. Nos estudos desenvolvidos por Gabrielli e Pelá (2004) e Martínez (2010), ressalta esta ideia de que um Bom Professor é aquele que trata os estudantes como pessoas únicas, diferentes entre si, com diferentes histórias e conhecimentos prévios, e não como simples discentes, desenvolvendo assim um favorável relacionamento interpessoal professor/aluno facilitador da aprendizagem, baseado no respeito mútuo.

A habilidade de Relacionar a teoria com a prática (n = 15), sendo Exigente (n = 16) surge de forma menos expressiva. Em idêntica circunstância surge também a Assiduidade e pontualidade (n = 11) do professor. São características que fazem emergir o jogo de influência, determinado pelo conjunto de expectativas da sociedade face a um bom professor, transposto pelos estudantes para o contexto específico no qual atua, se desenvolve e é reconhecido.

Para Feitoza, Cornelsen e Valente (2007) isto significa que parte da opinião dos estudantes sobre o professor é predeterminada socialmente: o contexto envolvente veicula ideias e valores entre os integrantes da sua comunidade, passando a fazer parte das suas expectativas. Alguns exemplos de discursos dos estudantes: - ( ) que conheça a realidade e não seja teórico, obcecadamente. ECPLEE 197; - ( ) coerente na informação que ensina, ser até um pouco exigente, ( ), que cumpra o horário, não falte e chegue atrasado ECLE 182; - É também importante que saiba fazer a ponte para a realidade, para o contexto de trabalho. ECPLEE 190.

Para os estudantes de enfermagem participantes no estudo de Gabrielli e Pelá (2004), o professor ideal deve, sobretudo, dominar profundamente a disciplina que ensina, o que no caso da enfermagem inclui competências e habilidades clínicas relacionadas com a prática. A capacidade de relacionar a teoria com a prática foi o aspeto que recolheu maior homogeneidade entre as expressões utilizadas no estudo de Martínez (2010), deixando entrever como a utilização de exemplos práticos para ilustrar a explicação dos conteúdos puramente teóricos permite não a sua posterior aplicação no contexto real mas também se repercute favoravelmente sobre a atenção do estudante.

Os estudantes do Curso de Licenciatura salientam ainda o facto de ser Imparcial/justo (n = 17), de Facultar o material pedagógico (n = 11) e de Utilizar estratégias pedagógicas eficazes (n = 7), sendo expressivas as palavras destes estudantes: - Um bom professor é um professor que capta a atenção dos alunos, ajuda-os, motiva-os, interessa-se pela sua aprendizagem, e sobretudo não se fixa nos maus resultados, deve ser isento e justo, ( ) ECLE 183; - Um ‘bom professor' é aquele que se preocupa com o seu modo de interagir com os seus alunos, que se preocupa com a maneira como leciona as suas aulas. É aquele que se preocupa com a aprendizagem dos seus alunos arranjando formas de se adotar e de adaptar as suas matérias às necessidades de aprendizagem dos seus alunos. ECLE 187.

Os estudantes dos Cursos de Pós-Licenciatura destacam também a Atitude pedagógica (n = 19), o Direcionar o ensino para práticas profissionais/ realidade (n = 6) e o Estar sempre atualizado (n = 6), como ilustram estes discursos: - Deve ter conhecimento científico atualizado, saber passá-lo, transmiti-lo, envolvendo os aprendentes. Promovendo a reflexão e a crítica. É também importante que saiba fazer a ponte para a realidade, para o contexto de trabalho. ECPLEE 190; - Todo aquele que estimula, apoia, orienta, colabora com o aluno no desenvolvimento de capacidades crítico-reflexivas valorizando as suas capacidade/potenciais. ECPLEE 193.

Transparece a importância que o contexto profissional assume para estes estudantes, uma vez que lhes serve de referência e lhes permite estabelecer significados. Nesta postura, o Bom Professor deve conhecer a realidade global que interfere no seu trabalho, refletir sobre ela, discriminar as práticas, pois assim poderá dar significado e sentido à aprendizagem, o que é concordante com o defendido por Nóvoa (1992) relativamente á atividade docente.

De um modo global, os resultados obtidos estão em conformidade com os encontrados por Gabrielli e Pelá (2004), Feitoza, Cornelsen e Valente (2007), Cabalín e Navarro (2008), Cunha (2008), López et al. (2010) e Martínez (2010), sugerindo que os estudantes valorizam, no Bom Professor, aspetos relativos às suas competências formais ' saber e saber fazer, mas conjugadas com outras de cariz mais pessoal ' saber ser, numa perspetiva multidimensional.

Conclusão Na sua prática, o Bom Professor necessita de entrelaçar as Dimensões Humana, Técnica e Ideológica, colocando no centro do processo de aprendizagem a relação interpessoal, organizando e sistematizando a prática pedagógica enquadrada numa cultura específica que se espera seja reproduzida pelos estudantes.

Do perfil traçado pelos estudantes neste estudo, sobressaem as competências pedagógicas e científicas, sendo um Bom Professor o que tem atualidade científica conjugada com habilidade pedagógica e responsabilidade profissional, num compromisso com os estudantes para o sucesso do processo de aprendizagem.

Vislumbram-se, ainda, elementos concetuais tradicionais - o bom professor é aquele que detém o saber de forma indiscutível, começando a emergir outros mais contemporâneos - um professor construtor do conhecimento, em interação permanente com a realidade construída que lhe serve de referência.

Ao caracterizarem o Bom Professor, os estudantes mobilizaram indicadores que encontram correspondência com a globalidade dos indicadores relativos ao desempenho dos professores constantes no processo de autoavaliação da ESEnfC, contudo colocam em perspetiva a inclusão ou reformulação de outros indicadores tendo em vista o contínuo aperfeiçoamento dos mecanismos auto avaliativos da Escola.

Em síntese, conquanto os estudantes tenham apontado indicadores consensuais a respeito do que esperam da prática docente, que se reconhecer a complexidade de traduzir o Bom Professor num conceito acabado: Não sei se existe o professor ‘ideal'. Em suma o bom professor é aquele que consegue ser exemplo no seu dia-a-dia e que deixa uma marca para sempre.

ECPLEE 192


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