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BrBRCVAg0100-29452001000200044

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variedadeBr
ano2001
fonteScielo

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MULTIPLICAÇÃO E ACLIMATIZAÇÃO DA MACIEIRA INFLUENCIADA PELO TIPO DE EXPLANTE E PELO TEMPO DE PERMANÊNCIA EM MEIO DE CULTURA DE ENRAIZAMENTO COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA

Diferentes espécies e cultivares possuem características genéticas próprias que as fazem responder diferentemente ao cultivo in vitro. As diferenças na capacidade de regeneração e multiplicação podem ser explicadas pelo tipo de explante utilizado. De acordo com Pierik (1990), são comuns os efeitos da posição e idade dos explantes sobre a regeneração e multiplicação. San-José et al. (1998) verificaram que explantes de segmentos nodais produziram mais parte aérea do que explantes apicais em diversos clones de Quercus robus. A homogeneidade dos explantes é de fundamental importância na precisão da estimativa de multiplicação.

Na aclimatização, etapa compreendida entre a transferência das plântulas das condições assépticas da cultura de tecidos para casa de vegetação, apesar de fatores como substrato e umidade influenciarem na sobrevivência, o tipo e a qualidade do sistema radicular obtidos são importantes para se obter sucesso na sobrevivência. Raízes curtas, em geral, são mais desejáveis, pois, além de facilitarem seu manuseio no momento do plantio, normalmente estão numa fase de crescimento ativo, o que facilita o pegamento da planta (Grattapaglia & Machado, 1990). Por este motivo, discutem-se também os efeitos do tempo de permanência das brotações em meio de enraizamento sobre a percentagem de sobrevivência das plantas durante a aclimatização. Sugere-se que o aumento do tempo de permanência das raízes em meio de cultura pode proporcionar um rápido envelhecimento nas mesmas, tornando-as menos funcionais, e prejudicando a sobrevivência das plantas em casa de vegetação.

Este trabalho foi realizado na Embrapa Clima Temperado, Pelotas-RS e teve como objetivo avaliar a influência do uso de segmentos de origem basal e apical na multiplicação in vitro dos porta-enxertos de macieira 'M.111' e 'Marubakaido' e o tempo de permanência dos explantes da cultivar Marubakaido em meio de enraizamento sobre a sobrevivência das plantas na aclimatização.

Explante de macieira dos porta-enxertos Marubakaido e M.111 de origem basal e apical, oriundos de brotações em multiplicação in vitro, com 1 gema axilar, foi inoculado em meio de cultura de MS (Murashige & Skoog, 1962), suplementado com 30 g.L-1 de sacarose, 100 mg.L-1 de mio-inositol, 1,0 mg.L-1 de benzilaminopurina (BAP) e 6 g.L-1 de ágar e mantidos em sala de crescimento por seis semanas. As variáveis avaliadas foram: número e tamanho de brotações, bem como a formação de gemas. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados, sendo que cada tratamento foi repetido 5 vezes e cada repetição correspondeu a um frasco com 8 explantes.

Após a avaliação, brotações da cv. Marubakaido foram separadas em explantes de 2 a 2,5 cm de comprimento e inoculadas em meio de enraizamento onde permaneceram por 4 períodos distintos: 12; 15; 21 e 30 dias. Para o enraizamento dos explantes, utilizou-se ½ da concentração do meio de cultura MS, suplementado com 100 mg.L-1 de mio-inositol, 30 g.L-1 de sacarose, 0,2 mg.L-1 do ácido indolbutírico (AIB) e 6,0 g.L-1 de ágar. O pH do meio foi ajustado para 5,8±0,1 antes da adição do ágar, sendo este posteriormente autoclavado durante 15 minutos a 121ºC, sob pressão de 1,5 atm. Neste experimento, o delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados. Cada tratamento foi repetido 6 vezes e cada repetição correspondeu a um frasco com 10 explantes.

Ao final de cada período de tratamento em meio de enraizamento, as brotações foram transplantadas para condições de casa de vegetação, em bandejas de semeadura, com substrato composto de terra de mato, casca de arroz carbonizada e esterco bovino na proporção de 3:1:1 (v/v), previamente esterilizados com brometo de metila. Durante as duas primeiras semanas, as plantas foram mantidas sob uma folha de sombrite e plástico transparente e irrigadas diariamente, procurando-se manter as folhas sempre úmidas. A aclimatização das plântulas foi realizada entre os meses de julho e agosto de 1998. Após um mês de permanência das plantas em casa de vegetação, avaliaram-se a percentagem de sobrevivência e o peso seco das raízes e parte aérea das mesmas.

Para ambos os experimentos realizados sob condições in vitro(multiplicação e enraizamento), utilizaram-se frascos de 250 ml com 40 ml de meio de cultura. As condições de cultivo foram: fotoperíodo de 16 horas, radiação luminosa de 19µE.m-2.s-1, fornecida por lâmpadas fluorescentes brancas frias, e temperatura de 25±2ºC.

Os resultados foram analisados estatisticamente com o auxílio do Sistema de Análise Estatística para microcomputadores (SANEST) (Zonta & Machado, 1984). A comparação entre médias foi realizada pelo teste de Duncan, em nível de 5% de probabilidade. Os dados referentes a número de brotações e gemas formadas foram transformados segundo vx+0,5. Os dados sobre a percentagem de sobrevivência das plantas foram transformados para arc sen vx/100.

Verificou-se que para a cv. Marubakaido, o uso de explantes de origem basal proporcionou a formação de um maior número de brotações com 12,04 brotos por explante, em relação ao uso de explantes de origem apical com 7,37 brotos por explante. A cv. Marubakaido mostrou-se significativamente superior à cultivar M.111 para o número de brotações formadas, independentemente da origem do explante (Tabela_1). Na cultivar M. 111, não foram verificadas diferenças significativas quanto ao número de brotações formadas, com o uso de explantes basais ou apicais (Tabela_1).

Quando se avaliou o tamanho das brotações formadas, verificou-se que, para a cv. Marubakido, as brotações originadas de explantes basais foram as que apresentaram maior tamanho, mesmo quando comparadas com a cv. M.111, a qual não apresentou diferenças de tamanho nas brotações formadas com o uso de um ou outro explante (Tabela_1).

Houve um número significativamente maior de gemas formadas na cv. M. 111 do que na cv Marubakaido (Tabela_1). De acordo com Pierik (1990) e Grattapaglia & Machado (1990), são comuns os efeitos da posição dos explantes sobre a multiplicação in vitro. O uso de segmentos de origem basal e apical pode causar uma fonte de variação na resposta final e, desta forma, provocar erros na estimativa da multiplicação. Isto confirma os resultados desse trabalho e salienta a importância de se trabalhar com material vegetal homogêneo para maior precisão na estimativa da multiplicação.

Após um mês de permanência das plantas da cv. Marubakaido em casa de vegetação, não foram verificadas diferenças significativas em relação à percentagem de sobrevivência das plantas. O transplante das brotações, após 12; 15; 21 e 30 dias de permanência em meio de enraizamento, permitiu uma taxa média de sobrevivência acima de 90% (Figura_1). Resultados semelhantes foram obtidos por Ribas (1991), trabalhando com a cultivar de macieira Gala, clone FZ, que observou que períodos de 12; 15 e 20 dias também não apresentavam diferenças significativas na taxa de sobrevivência nas plantas, variando entre 92,19 e 100%. Grattapaglia & Machado (1990) sugerem que, após os primeiros sinais de emergência das raízes in vitro, as plantas devem ser imediatamente transplantadas. Isso confirma os resultados desse trabalho, visto que, após 12 dias de permanência das brotações em meio de enraizamento, se observou o surgimento das primeiras raízes. Porém, é necessário lembrar que outros fatores devem ser observados nesse processo. Assim, além da manutenção da alta umidade durante os primeiros dias de aclimatização, o tipo de substrato, bem como a época do ano, parece influenciar esta variável. Pereira et al. (1998), trabalhando com a mesma cultivar, observaram uma taxa média de sobrevivência menor (71,2%), quando as plântulas foram aclimatadas durante os meses mais quentes do ano (dezembro e janeiro), confirmando os resultados obtidos por Werner & Boe (1980) que obtiveram os melhores resultados quando as plântulas foram aclimatizadas no outono e inverno.

Apesar de não haver diferença significativa na percentagem de sobrevivência das plantas, esta ocorreu com respeito ao peso da matéria seca das raízes e parte aérea (Figura_2). Observou-se um comportamento linear no peso da matéria seca, tanto da parte aérea como das raízes, com o aumento do tempo de permanência das brotações em meio de enraizamento. Assim, quanto menor o tempo de permanência das brotações em contato com o meio, menor foi o tamanho do sistema radicular e da parte área destas plantas em casa de vegetação e, desta forma, originou plantas de menor vigor. Resultados obtidos anteriormente (dados não publicados) demonstraram que uma permanência mais prolongada das brotações em meio de cultura de enraizamento produziu plântulas com parte aérea bastante desenvolvida. Por terem uma alta razão entre parte aérea e raiz, estas plantas tendem a apresentar problemas de sobrevivência, devido à elevada transpiração, com maiores possibilidades de as plantas sofrerem desidratação durante a aclimatização, principalmente se esta ocorrer nos meses mais quentes do ano.

Conclui-se que o uso de explantes basais na multiplicação in vitro da cv.

Marubakaido proporciona aumento no número e tamanho das brotações formadas quando comparado com explantes apicais. A cv. M. 111 mostra diferenças significativas no número de gemas formadas, sendo superior quando se usam explantes apicais. A aclimatização da cv. Marubakaido pode ser feita após 12 dias de permanência das brotações em meio de cultura de enraizamento com sobrevivência superior a 90% das plantas, verificado o período do ano, embora estas apresentem menor vigor (peso seco das raízes e parte aérea) até 30 dias de aclimatização, quando comparadas com plantas originadas de brotações que permaneceram maior período de tempo em meio de cultura de enraizamento.


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