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BrBRCVAg0100-29452003000200010

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variedadeBr
ano2003
fonteScielo

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Efeito da adição de óleos mineral e vegetal a acaricidas no controle do ácaro- da-leprose dos citros Brevipalpus phoenicis (Geijskes) (Acari: Tenuipalpide)

INTRODUÇÃO O Brasil é o maior produtor de citros do mundo seguido dos Estados Unidos e da China.

A cultura citrícola é, entre as frutíferas, a que demanda maior quantidade de defensivos agrícolas, constituindo-se um dos principais componentes do custo de produção da cultura, segundo a AGRIANUAL, 2000, que visam a controlar acarinos, principalmente o ácaro-da-leprose dos citros, Brevipalpus phoenicis (Geijskes 1939), considerado seu transmissor. Trata-se de um ácaro polífago, podendo ser também encontrado em outras culturas e em plantas ornamentais (Oliveira, 1986; Trindade, 1990).

A leprose dos citros constitui-se em uma das principais doenças, devido à grande perda que pode acarretar. É uma doença cujas evidências levam a crer ser a mesma causada por uma entidade viral, dada a possibilidade de sua transmissão por enxertia e por meios mecânicos, e a consistente presença de bastonetes similares a outros vírus descritos (Kitajima et al., 1972; Chagas e Rossetti, 1980; Colariccio et al., 1995; Kitajima et al., 1995; Rosetti, 1995).

Os sintomas da leprose podem manifestar-se em folhas, ramos e frutos. Nas folhas, surgem manchas, inicialmente amareladas com pontuações escuras e, posteriormente, necrosadas. Nos ramos afetados, presença de manchas marrons que, depois secam e destacam-se, provocando sua morte. Em frutos, o sintoma se manifesta através de manchas marrons deprimidas (Bitancourt, 1940).

As plantas doentes têm capacidade fotossintética baixa, os ramos secam e queda prematura das folhas. Quando incidência severa da doença, o pomar pode tornar-se economicamente inviável (Oliveira et al., 1991). Para que isso não aconteça, o produtor deve manejar o seu pomar adequadamente, usando todas as estratégias para garantir a produtividade.

Entre as várias medidas de controle do transmissor, destaca-se o tratamento químico mediante o emprego de acaricidas.

A mistura de defensivos não tem sido uma recomendação generalizada, porém, muitos agricultores a utilizam, objetivando melhorar a eficiência no controle.

A adição de óleo tem sido relativamente freqüente, todavia, pouco se conhece sobre seus efeitos na eficácia de acaricidas.

Nesse sentido, foi desenvolvido o presente estudo que teve por objetivo avaliar os efeitos da adição de óleos mineral e vegetal aos acaricidas, visando o controle do ácaro da leprose dos citros.

MATERIAL E MÉTODOS O ensaio foi conduzido em pomar da Fazenda Novo Mundo, de propriedade do Sr.

Antônio Luppi, no município de Viradouro, SP, em um talhão de laranjeiras da variedade Natal, com 6 anos de idade, plantadas no espaçamento 6 x 7 metros. As plantas encontravam-se medianamente enfolhadas, em razão da prolongada estiagem. Durante a condução do experimento ficaram suspensos quaisquer outros tratamentos fitossanitários com a finalidade de não prejudicar o programa experimental. Adotou-se o delineamento experimental de blocos casualizados onde 21 tratamentos foram repetidos 4 vezes. Os blocos foram constituídos de plantas que possuíam aproximadamente o mesmo número de ácaros, não se levando em consideração a localização das plantas no pomar. Cada unidade experimental constou de 3 plantas, sendo considerada como planta útil a central, e as demais, como bordadura.

Para cada 100 L de água foram estabelecidos os seguintes tratamentos: 500 mL de óleo mineral (Assist ou Triona) ou vegetal (Natur'l Óleo) adicionados às caldas dos acaricidas pyridaben nas formulações CE e PM (Sanmite), respectivamente 75 mL e 20 g; 100 mL de propargite (Omite 720 CE BR); 80 mL de óxido de fenbutatina (Torque 500 SC), 50 g de cyhexatin (Hokko Cyhexatin 500 PM).

A aplicação dos produtos foi efetuada em 19/10/94, com auxílio de um pulverizador tipo pistola, dotado de bico D6, tracionado por trator regulado a uma pressão aproximada de 300 lbf/pol2 e gastando-se 15 litros por planta, até o ponto de escorrimento da calda. Após a preparação da calda e agitação para homogeneização, ou seja, momentos antes da aplicação, foi determinado o pH, através de um pH-metro portátil.

Foram realizados vários levantamentos populacionais do ácaro da leprose no decorrer da condução do ensaio, tendo sido efetuado um antes, em 18/10/94 e os demais a 9, 23 e 37 dias após a aplicação. Coletaram-se, ao acaso, 10 frutos com sintomas de verrugose, colhidos ao redor da copa das árvores (Martinelli et al., 1976). As amostras de frutos foram acondicionadas em sacos de papel identificados e transportados para o laboratório de Acarologia da FCAV-UNESP, Câmpus de Jaboticabal. A retirada dos ácaros dos frutos foi feita com o auxílio de uma máquina de varredura. Os acarinos coletados na placa de vidro do equipamento foram contados com o auxílio de um microscópio estereoscópico (Oliveira, 1983).

Os dados meteorológicos registrados (precipitação e temperatura) 2 meses antes e durante a condução do experimento, foram fornecidos pela Estação Meteorológica da Estação Experimental de Citricultura de Bebedouro, por encontrar-se próxima ao local do experimento.

Os dados observados nos levantamentos foram transformados em log (x + 1,50) e analisados pelo teste F e Tukey no esquema fatorial de 2 fatores com testemunha (sem óleo) (5 x 4), sendo 5 produtos e 4 óleos. Determinou-se o grau de insaturação das misturas aparentes (acaricidas + óleos) através do teste de índice de iodo pelo método de Hübl (Instituto Adolfo Lutz, 1985).

RESULTADOS E DISCUSSÃO Os valores de pH das caldas de pulverização, determinados momentos antes da aplicação, indicam que os acaricidas adicionados à água causaram uma diminuição do pH da ordem de 0,46, em média, em relação ao da água, o mesmo acontecendo com os acaricidas mais o Assist (0,57) e Natur'l Óleo (0,47). Todavia, as misturas de acaricidas com Triona acarretam, em média, um acréscimo no pH da ordem de 0,51. A adição de óleos Assist e Natur'l Óleo pouco influiu no pH, uma vez que as reduções registradas foram muito próximas às reduções causadas pelos acaricidas; em contrapartida, o Triona causou um aumento em relação ao pH das caldas (água + acaricidas) de aproximadamente 1. A despeito desse acréscimo, a eficiência biológica dos acaricidas no controle do ácaro da leprose parece não ter sido afetada devido a essas alterações (Tabela_1).

Pela análise dos dados relativos ao levantamento prévio, constata-se que a área experimental encontrava-se uniformemente infestada, com nível populacional considerado elevado, ideal para estudos dessa natureza.

Verificou-se que, após 9 dias (Tabela_2), os acaricidas aplicados isoladamente apresentaram alta eficiência no controle do ácaro da leprose, não diferindo estatisticamente entre si; todavia, o mesmo não se observou com relação às misturas de acaricidas com óleos, onde o Natur'l Óleo teve uma influência negativa, o que não ocorreu em relação ao Triona.

Decorridos 23 e 37 dias da aplicação (Tabelas_2 e 3), os produtos pyridaben 750 PM, propargite 720 CE, óxido de fenbutatina 500 SC e cyhexatin 500 PM mostraram-se ligeiramente superiores ao pyridaben 200 CE. A alta eficiência desses produtos, exceto o pyridaben 200 CE, foi comprovada por Oliveira et al., 1991. Quanto à adição de óleos, verificou-se que o Natur'l Óleo prejudicou a eficiência do pyridaben 750 PM e cyhexatin, não se registrando nenhum efeito negativo sobre propargite e óxido de fenbutatina.

Para pyridaben 200 CE não houve diferença significativa ao tratamento sem óleo; os óleos Assist e Triona (minerais) diferem do tratamento sem óleo e portanto podem ter seu efeito positivo considerado.

Cottas (1991) constatou que o óxido de fenbutatina 500 SC em mistura com óleo mineral Triona e óleo vegetal Natur'l Óleo, não teve sua eficiência melhorada em função da adição dos óleos.

Com relação ao Assist e Triona (Tabela_3), observou-se que esses óleos minerais não afetaram a eficácia de quaisquer dos produtos testados. Ressalta-se que o experimento foi conduzido após um período de prolongada estiagem com plantas apresentando um acentuado estresse hídrico, voltando a chover dias após a aplicação, o que provavelmente tenha causado direta ou indiretamente a diminuição da população na testemunha.

Pelos índices de iodo calculados (Tabela_4), pode-se constatar que as ligações insaturadas do óleo incorporam as moléculas de todos os acaricidas e não apenas daquelas que, no campo, foram menos eficientes em misturas com óleo; portanto, pelo teste efetuado não se pode inferir que o grau de insaturação tenha sido o responsável pela diminuição da eficiência dos acaricidas em misturas com óleos.

A diferença de comportamento entre o óleo vegetal e o mineral, provavelmente, seja em decorrência de suas composições, uma vez que o mineral é proveniente da destilação do petróleo, fração mais homogênea, e o vegetal é composto por um conjunto de diferentes gorduras, quimicamente distintas, normalmente insaturadas, heterogêneo e mais facilmente oxidável, o que pode afetar a eficácia do acaricida.

Outro aspecto que necessita ser melhor pesquisado é quanto ao efeito das chuvas sobre as misturas dos acaricidas pyridaben e cyhexatin com Natur'l Óleo.


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