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BrBRCVAg0100-29452004000100013

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variedadeBr
ano2004
fonteScielo

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Aspectos econômicos da cultura do abacaxi: sazonalidade de preços no Estado do Rio de Janeiro ECONOMIA E MARKETING

INTRODUÇÃO Com base em estatísticas divulgadas pela Organização de Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO), o Brasil destaca-se na produção mundial de frutas, ocupando a terceira posição, precedida da China e da Índia. A participação brasileira na produção mundial de laranja e mamão, considerados isoladamente, é da ordem de 35 %, enquanto, na de abacaxi e na de banana, são ao redor de 13 e 10 %, respectivamente (Santiago & Rocha, 2001). O Brasil é o maior produtor mundial de frutas tropicais e, graças às suas condições de solo e de clima diversificadas, pode também dedicar-se ao plantio de fruteiras de clima temperado e subtropical, produtos com elevado potencial para o mercado externo.

O mercado mundial de frutas frescas movimenta cerca de US$ 20 bilhões/ano. Os maiores países exportadores de frutas são os EUA, a Espanha e a Itália. Esses países são responsáveis por mais de 1/3 do valor das exportações mundiais. A maior parte das exportações desses países é constituída por frutas de clima temperado. Na América Latina, Chile e Equador são os maiores exportadores de frutas frescas. O Chile concentra as suas exportações em frutas de clima temperado, enquanto, o Equador é, basicamente, exportador de bananas. As exportações brasileiras de frutas frescas têm oscilado em torno de US$ 100 milhões/ano, o que representa 0,5 % do mercado mundial de frutas frescas e cerca de 0,8 % do mercado mundial de frutas tropicais (Orioli et al., 1999).

A Tailândia, em 1997, foi o maior produtor mundial de abacaxi. Logo a seguir, com um volume bastante próximo, aparece o Brasil e, em seqüência, Filipinas, Índia, China, Nigéria e Indonésia. A Figura_1 ilustra esta situação.

Souza et al. (1999) compararam as produções médias de abacaxi, no período de 1979 a 1981, dos nove maiores produtores mundiais, com a produção obtida pelos mesmos em 1997 e constataram que o Brasil foi o país que apresentou o maior acréscimo de produção (228,86 %).

No período de 1991 a 2001, a produção brasileira de abacaxi evoluiu de 1.106.960 toneladas para 3.113.464, o que representou um aumento anual da ordem de 8 %. Este aumento foi resultante, não da expansão da área colhida, mas também do aumento da produtividade, que evoluiu de 32,435 t/ha para 49,295 t/ha (Tabela_1).

Analisando-se a Tabela_2, observa-se que, no Brasil, a produção de abacaxi concentra-se nas Regiões Sudeste e Nordeste. Em 2001, estas regiões foram responsáveis, respectivamente, por 40,49 e 37,15 % da produção brasileira de abacaxi, cabendo os 22,36 % restantes ao conjunto das demais regiões.

Os Estados de Minas Gerais e Paraíba são os maiores produtores de abacaxi, cujas produções, somadas, representam mais da metade da produção brasileira. Em seguida, com produções menos representativas, destacam-se: Pará, Bahia, São Paulo, Rio Grande do Norte, Espírito Santo e Rio de Janeiro (Figura_2).

O Estado do Rio de Janeiro, apesar de participar apenas com cerca de 2% da produção brasileira de abacaxi, apresenta um perfil adequado e bastante propício ao seu cultivo. Segundo Gadelha et al. (1996), estudos realizados pelo Ministério da Agricultura sobre a aptidão agrícola dos solos concluíram que, dentre as oito regiões que compõem o Estado, a Norte e a das Baixadas Litorâneas são as mais aptas e promissoras para a exploração da cultura do abacaxi em escala comercial, com médio ou alto nível tecnológico.

O crescimento da produção agrícola, através da ampliação da área cultivada e/ou produtividade agrícola, é oportuna na medida em que existam perspectivas concretas do aumento do consumo. Desta forma, um aspecto importante a ser considerado é o mercado. Os preços dos produtos agrícolas tendem a repetir determinados padrões de comportamento, em decorrência das características de produção e consumo. Dentre esses padrões, segundo Aguiar & Santos (2001), um dos mais importantes é a variação sazonal, ou seja, a variação que os preços experimentam ao longo do ano, como reflexo da alternância entre períodos de maior e menor oferta do produto e/ou de maior e menor consumo.

As Regiões Norte e Noroeste Fluminense(2) são compostas por nove e por treze municípios que ocupam as áreas de 9.767,8 km2 e 5.385,4 km2, respectivamente, que correspondem a 22,3 e 12,3 % da área total do Estado do Rio de Janeiro (CIDE, 2001). A cultura da cana-de-açúcar e a pecuária constituem as principais atividades de importância econômica do setor agrícola desta região. Entretanto, deve-se ressaltar o crescimento da fruticultura, nos últimos anos, sobretudo na Região Norte do Estado.

Hemerly (1996), após realizar um estudo da variação sazonal de preços de produtos agrícolas, nas Regiões Norte e Noroeste Fluminense, concluiu que existem possibilidades de alterar-se o perfil do setor agrícola regional, através de ações de pesquisa e assistência técnica, orientadas para o calendário de produção e para o comportamento do mercado.

O objetivo deste estudo foi analisar aspectos importantes relacionados à produção e comportamento dos preços recebidos pelos produtores de abacaxi.

Foram determinados os índices de variação sazonal dos preços médios mensais praticados nas Regiões Norte e Noroeste Fluminense.

MATERIAL E MÉTODOS O estudo analisou o comportamento do preço do abacaxi, utilizando dados referentes aos preços médios correntes por unidade de abacaxi, pago aos produtores das Regiões Norte e Noroeste Fluminense.

Os dados foram obtidos através dos Levantamentos Sistemáticos da Produção Agropecuária (LSPA), realizados mensalmente pelo IBGE, compreendendo o período de janeiro de 1995 a dezembro de 2001 (Tabela_3).

Os preços médios mensais foram deflacionados, utilizando-se como deflator do IGP-DI da FGV(3), tendo como base de referência o mês de janeiro de 2002.

Esta pesquisa baseou-se em estatísticas, obtidas em relatórios, publicações e páginas na Internet do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro (CIDE), da FNP Consultoria & Comércio: AGRIANUAL 2002, bem como,em uma revisão bibliográfica de trabalhos que analisam a viabilidade da implantação de um pólo de fruticultura na Região Norte e Noroeste Fluminense, elaborada por Orioli et al. (1999).

A metodologia adotada para a determinação do padrão de variação sazonal do preço do abacaxi nesta série temporal é a proposta por Hoffman (1991), com a utilização da média geométrica móvel centralizada de 12 meses.

Considerou-se que o preço é igual ao produto de três componentes: I- um fator Xt, que inclui a tendência e todas as variações no nível de preços entre anos; II- um fator åj que representa as variações sazonais, e III ' um fator Ut, que se refere às variações aleatórias nos preços mensais.

Empregou-se a seguinte expressão: Pij = Pt = Xt åj Ut, Onde: P = preço do produto; i = indica o ano; j = indica o mês.

Foram realizados os seguintes cálculos: i- da média geométrica móvel centralizada (Gt), onde são eliminadas as variações sazonais e grande parte das variações aleatórias; ii- dos índices estacionais de preços; iii- das médias geométricas dos índices estacionais; iv- dos índices sazonais para cada mês; v- dos índices de irregularidades para cada mês; vi- estabelecimento de um intervalo de dispersão dos índices sazonais, limites inferiores e superiores, que são obtidos multiplicando e dividindo o índice sazonal pelo índice de irregularidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Analisando-se os índices sazonais dos preços médios de abacaxi, recebidos pelos produtores do Norte e Noroeste Fluminense, verifica-se que apenas os meses de novembro e dezembro apresentam índices de preços abaixo da média anual. Para todos os demais meses, os índices foram superiores à média anual.

De acordo com Barbosa et al. (1988), o período de floração natural do abacaxizeiro é de julho a setembro, o que faz com que a safra de abacaxi se concentre entre os meses de novembro e janeiro, exercendo forte influência sobre os preços.

Gadelha (1998) observou que a quantidade de abacaxi comercializada na CEASA/RJ tendeu a ser menor no período de fevereiro a setembro, sendo isso agronomicamente correto, por estar diretamente relacionado com a época de produção do fruto. Esta mesma tendência foi também notada por Fagundes et al.

(2000), ao analisarem a evolução das quantidades comercializadas nos CEASAS do Distrito Federal, São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro.

A análise gráfica da variação sazonal dos preços do abacaxi mostra que, no período de janeiro a outubro, ocorre uma certa estabilidade dos preços, apresentando valores máximos nos meses de março e abril. Estas observações coincidem com as de Barbosa et al. (1998) que constataram que os preços do abacaxi são maiores nos meses de fevereiro a maio. Os meses de novembro e dezembro são os que apresentam os menores valores recebidos pelos produtores de abacaxi, do Norte e Noroeste Fluminense.

Apesar de este estudo não ter analisado o comportamento da produção durante o ano, admite-se que a brusca redução nos preços do abacaxi, nos meses de novembro e dezembro, se deve à concentração da oferta neste período (safra).

CONCLUSÕES Os resultados deste trabalho visam a fornecer indicações aos produtores de abacaxi, sobre as épocas de melhores preços de venda, permitindo um planejamento racional da produção e comercialização do produto. Essas informações também podem ser úteis à indústria de processamento para planejar melhor as suas compras e ao governo para adotar políticas de abastecimento que regulem o suprimento e estabilizem os preços.

Com base nos resultados do presente estudo, observa-se a necessidade de pesquisas e adoção de tecnologias de produção que promovam uma expansão do período de safra, bem como, maior atuação das indústrias de beneficiamento do produto nos meses de novembro e dezembro, período em que se concentra a produção, de maneira que o produtor aumente a sua renda.

Em resumo, concluiu-se que: 1) Os preços médios recebidos pelos produtores de abacaxi das Regiões Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro mostram que, no período de janeiro a outubro, ocorre certa estabilidade, enquanto, nos meses de novembro e dezembro, ocorre uma queda brusca.

2) Apesar de este estudo não ter analisado o comportamento da oferta, admite-se que a brusca redução dos preços do abacaxi, nos meses de novembro e dezembro, se deve à concentração da produção, neste período (safra).

3) Existe um grande espaço para os pesquisadores e agentes de assistência técnica e de extensão rural atuarem, no sentido de geração e introdução de novas tecnologias que viabilizem a obtenção de melhores preços pelos produtores, na fase de comercialização.


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